quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Balanços

Agora que o ano acaba. Pode-se fazer um resumo. Ou balanço como lhe chamam. Balançando-me o ano correu bem. Começou com o Obama. Continuou com um dedo partido. Uma ida a África. Os sítios do costume no Verão. Os amigos de sempre. A novidade da paternidade. Que veio mais cedo. O ano acabou em grande. Agora a 3. Venha 2010.

O elogio esteve também melhor do que nunca. Mais posts, mais comentários, mais participação. Longe vão os tempos das 5 visitas (em que 3 eram minhas). Hoje temos uns espectaculares 35 visitas (em média e eu continuo a ter as 3). Continuo sem perceber muito bem para que escrevo aqui. Mas talvez daqui a anos ao ler isto me sirva como memória (por falar em memórias os meus filmes do ano: Valsa com Bashir e Gran Torino) e me permita sorrir.

Para fechar o ano, aqui por casa escolheram-se as seguintes músicas como as que mais marcaram:

a minha:



Não é deste ano, mas chego tarde as coisas, já vos disse. Se bem que o The Rat dos Walkmen esteve sempre lá.

a da S.



para a I.:



e mais esta:

quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

A short album about love

No meu flickr aqui

Uma das maravilhas da paternidade

é a de termos que lidar de perto com a Segurança Social. Vejamos: existe um site da segurança social directa, que permite efectuar uma série de pedidos e requerimentos online. Em teoria. Porque depois na practica quando nos lidamos com dificuldades (e acreditem são muitas) ao ligarmos para a linha de assistência (muito prestativos ponto a favor) dizem-nos que o melhor é esquecer o online e fazer via papel. Ontem quando me dirigi à segurança social na minha area de residência e expliquei que tinha feito o que precisava online, alem de ter sido visto como um herói pude de novo constatar que "sabe isso do online não funciona lá muito bem". Mais uma vez o problema não são as pessoas (todas as com quem falei foram altamente profissionais e atenciosas), mas os processos de merda que precisam de ser revistos e oleados. Não se percebe como se concebe a plataforma sem esta funcionar completamente com os outros serviços. Enfim, valha-nos o papel e a caneta.

ps outra coisa que gostaria de saber é quanto custou a plataforma online e quem o recebeu.

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

A justiça não tem sexo

Não me escandaliza que existam homossexuais a viver em união de facto. Também não me choca que eduquem crianças. Eu não me quero intrometer na busca da felicidade de outros. Mas seria sempre contra a legalização do casamento homossexual e da adopção. As leis existem para resolver conflictos, não para tornar o mundo melhor e/ou mais justo.

"O Sócras é um urso"

Frase escutada na gala pós-natal do programa "5 para a meia-noite"(*), RTP2. O mesmo canal onde há um mês se passou isto. Há já algum tempo que tenho a ideia que a política em Portugal se confinou ao cantinho do humor (vide Gato Fedorento). Um gajo ri-se e tal, mas isto é um sucedâneo de discussão política, not the real thing.

(*) Programa que tendo uma qualidade razoável, conseguiu ser do agrado da senhora minha mãe. O que não é fácil, eu que o diga.

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Obrigada Susana Maiolo mas acabo de me arrepender agora mesmo e, devidamente absolvido pelo sacramento da reconciliação, não aceito críticas

Há duas coisas que desejo ardentemente realizadas nos próximos meses: 1) um referendo ao casamento homossexual, acontecimento que por si só, embora caro, fornecerá a milhares de portugueses em geral, e a mim em particular, várias gargalhadas de fino recorte perante o desfilar de argumentos do tipo Ribeiro e Castro, um tipo que dava um bom presidente do Benfica daqui a dez anos, após quatro ou cinco vitórias no campeonato; 2) o justo reconhecimento do magnífico, mas repudivável, gesto técnico de Susana Maiolo, um acto repugnante, mas de belo efeito, embora censurável, mas interessante, cobarde, mas eficaz, politicamente perigoso e pecaminoso, todavia revestivo de vitalidade, absurdo e incendiário, justo mas desnecessário, ignominioso mas espectacular, isto de um ponto de vista político-mediático, pese embora todo o repúdio que, imediatamente e sem reservas, deve ser votado a qualquer acto de violência contra a pessoa do Santo padre.

Post que agora não me permite ser mais objectivo o problema dos cronistas oriundos de famílias brazonadas

Não há neste blogue, e com este autor que escreve, qualquer bloqueio mental, embora se deva reconhecer um padrão de citações bastante regular, quase tão regular como a inoperância de Fernando, médio centrocampista quase revelação mundial na época passado, que agora parece só jogar para trás, jogo efectivamente tão lento na sua regularidade que pode ser comparado com o referido padrão de citações do blogue a Causa foi Modificada. E qual é o problema? Se frases como a que se apresenta em apêndice 1 emergem nesse sítio em toda a sua fulgurância político-ideológica e rapidamente se colocam na dianteira de um pelotão, ainda por cima dopado, de frases feitas-embora-originais-por-via-da-ascendência-nobilitada da imprensa de referência, que pode um simples leitor fazer senão voltar ao lugar onde se respira, para citar um liberal sedado por visões transcendentais, uma transparente liberdade de espírito? Ao leitor baralhado basta conhecer que o problema aqui vagamente abordado implica várias opiniões retumbantes do Professoral arquitecto desse grande palácio inacabado que é a alma crítica portuguesa, Vasco Pulido Valente, e uma alusão a livros publicado em língua inglesa de que parece todos os portugueses deviam ser conhecedores antes ainda do leite materno mas ao que consta preferem, os portugueses, continuar a chafurdar em coisas inopurtunas num país onde, como todo o universo sabe, ninguém lê, à excepção, naturalmente, de Vasco Pulido Valente, que além de ler tudo, tudo faz para salvar este país da sua indigente ignorância. Deus nosso senhor seja louvado por nos ter enviado Vasco Pulido Valente, verdadeiro Jeremias da crítica crítica, perdido nesta Jerusalém de analfabetos.

Apêndice 1
«Não deve a espécie masculina mostrar solidariedade intra-especifica para nos protegermos destes nossos momentos de fraqueza? Deve! Porquê pegar nessa conjuntura tão particular mas nada infrequente, em que a glande abafa o milhão de livros lidos, ainda por cima instalando-a numa montanha de ironia?»
Apêndice 2
Quando não estou ocupado a sofrer síncopes psico-atléticas com as metáforas de Nabokov sobre os seus tempos de guarda-redes na baliza da Universidade de Cambridge, entre gralhas cinzentas penduradas nos ramos dos salgueiros, ante o relvado verde-fresco do prado e o círculo enlameado da área de baliza, também leio livros de estrangeiros, mas não em estrangeiro, uma vez que fiz votos perpétuos de chafurdar numa língua em que é possível dizer coisas tão pertinentes como «Ainda agora dei uma», citação, como é bom de ver, do grande Luiz Pacheco, um indivíduo que não conheci mas que cada vez mais necessita a Portugal.

Ainda estamos vivos

Apesar das noites mal dormidas e dos turnos de 3h em 3h. Tudo por uma causa maior.
Mesmo assim ainda se vão descobrindo coisas na rádio

domingo, 20 de dezembro de 2009

Próximos dias

Lucílio quê?

Entretanto, encontro-me neste momento em estágio psico-emocional a fim de como espectador suportar as pressões competitivas a que vou estar sujeito, sobretudo ao nível da contenção de arremessos de garrafas de vinho, que serão algumas, na direcção de indivíduos cujo apelido rima com vigarista. Entretanto, a leitura de Nabokov é redentora e aprende-se tudo sobre as infinitas possibilidades de perfilar um percurso literário aristocrático, heterossexual e iniciado com grandes exibições na baliza da equipa da Universidade de Cambridge, confessando o russo americanizado que, em três anos, não entrou na Biblioteca uma única vez e que apenas pisou o enlameado na área de baliza, ao que parece com grande prazer. Obrigado, Senhor, a literatura, afinal, ainda pode salvar-nos. Entretanto posso desde já adiantar que a discussão entre a JR e o estimado Leitor Panão, em torno da sabedoria da Cruz e das inúmeras possibilidades de ligar a homessexualidade a evidências genéticas, com alusões a argumentos antropológicos e sociológicos (ó fragilidade das fragilidades perante argumentos bíblico-sacerdotais) é bastante ilucidativa daquilo a que os católicos chamam o dom da caridade. Já que não podemos recomendar Maria como estrela da manhã, aqui fica um voto de santa paciência e perseverante meditação nos mistérios da Cruz para a JR que ainda tem a generosidade de gastar tempo a discutir problemas institucionais com leitores preocupados com a distribuição matrimonial do poder prersbitérico (grande palavra). Como explicar ao leitor interessado na salvação do mundo, em geral e da JR, em particular, que a verdadeira sabedoria da Cruz é suportar a estupidez dos Católicos, como um indivíduo chamado Cristo, em tempos que já lá vão, suportou a estupidez dos Judeus, e que está tudo bem connosco, e com o Benfica, e com os homossexuais e que o mundo, talvez infelizmente, não vai mergulhar num lago de fogo?

sábado, 19 de dezembro de 2009

Continuação de bom fim de semana. Afinal está sol.

Interrompo o fim de semana com mais uma sugestão musical: luomodellazappa fundamentado pela JR aqui. Tudo muito bom e altamente recomendável. Parabéns ao homem da enxada.

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Bom fim de semana

Não altero uma vírgula

ao que aqui foi escrito. Embora corrigisse um ou outro erro gramatical.

O Natal é quando um homem quiser

Entretanto finalmente descobri a razão de ver tantos Meninos Jesus nas janelas dos prédios, ao jeito do Euro 2004. Ao que parece foi uma ideia de um grupo de famílias que quis trazer a ideia para Portugal vinda de Espanha.

“Em linguagem de gestão e de marketing - indicou Nuno Saraiva da Ponte - criámos e oferecemos um produto para o qual havia procura; quando isso acontece, é natural que haja sucesso na divulgação e na venda.”

Além do site, a difusão dos estandartes passa pela página do «Facebook», onde se juntaram “mais de 1200 amigos em cerca de um mês”.

"O pendão, que tem o Menino Jesus ao centro de um fundo grená, custa 15 euros."

Nada como oferecer um produto de consumo a 15€ cada, de forma a promover o espirito de Natal. Ideia por ideia antes prefiro os pais natais a subir escadas que não levam a lado nenhum.

I got a feeling que a estupidez não tem limites

A história começa assim. Estou parado no meio do trânsito e no rádio do carro ouço isto:



Ao que parece Carlos Queiroz quis agradecer aos Black Eyed Peas pela música que ajudou (??) os jogadores a concentrarem-se para a qualificação: "the music, the song, the lyrics" (???)

Os Black Eyed Peas que são de Portugal desde pequeninos já responderam aqui. Dizem eles que tem o feeling que portugal vai ganhar

Entretanto fui procurar o raio da música inspiradora, à procura também eu de inspiração para esta sexta feira de inverno. Aqui fica:



Depois de ver o clip, fico com a ideia clara de porque ajudou tanto os nossos. Mulheres, festas e bebedeiras não são mais do que o ambiente normal em estágios de selecção. Inspirador diria.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Não é fácil conciliar o jornalismo com a verdade

Parece que a proibição de casamentos mistos afinal é um boato. Tudo volta a estar bem com o mundo, e o Ratzinger volta a ser um dos meus dois bávaros preferidos. O outro usa camisas vermelho vivo e lenços de mulher roxos. Mas isso é uma outra história.

Não era preciso dize-lo, mas a parte 3 é também muito boa

Aqui

Sibéria

Se eu tivesse tempo, um dia ainda gostava de explicar ao Pedro Lomba as diferenças entre um mau uso do significado da falácia ad hominem e da falácia ad personam mas receio que este tipo de sensibilidade cognitiva não faça parte dos seus interesses imediatos, uma vez que se encontra ocupado em duelos de honra com mefistofélicos adversários jornalísticos. Já os vejo, chegando de madrugada com suas pistolas de duelo, pisando a neve estaladiça de um parque de faias, acolitados pelos bravos companheiros de militância político-intelectualizante, levantando a gola do sobretudo de pele de raposa e jurando vingança eterna até à quarta geração de descendentes políticos constitucionais. Depois, quando o olhar raiado de sangue se prepara para o disparo, enquanto o vento uiva nos troncos queimados pela geada, os opositores abraçam-se e perguntam por uma cadeira ministerial. O público sorri, e volta a mergulhar a cabeça na cinza dos dias. É natural e é civilizado que alguém entretenha a plateia. Contudo, antes destas diatribes, Pedro Lomba devia saber que as diferenças entre falácias implicam uma variação de tom entre utilizar um argumento do opositor para desvalorizar a sua argumentação (ad hominem) e utilizar uma crítica ao carácter do opositor para desvalorizar a sua argumentação (ad personam). Feito este pequeno ponto de filosofia clássica não posso esconder a minha satisfação pelo facto de ter perdido os últimos dez minutos a nadar deliciado entre as vagas tumultuosas da prosa intempestiva de Pedro Marques Lopes, Eduardo Nogueira Pinto e Pedro Lombra, três indivíduos que talvez a internet não explique quem são mas que fazem de mim um putatitvo candidato a indivíduo muito mais brilhante do que aquilo que julgava ser. Nestas crónicas e textos, vemos desfilar declarações sobre a necessidade de rigor intelectual. Os estimados autores das crónicas e textos apelidam-se indirectamente de medíocres, e de defensores dos maus governos, apelidam-se de cobardes e acusam-se de serem defensores de cobardes ao serviço de maus governos. Pelo meio fazem uma vénia à liberdade de expressão e apelam à responsabilidade. Ensaiam retiradas da polémica e acusam-se de ensaiar retiradas da polémica. Escrevem em jornais e apelam para a opinião responsável dos que escrevem em jornais. Escrevem em blogues e apelam para a responsabilidade da opinião dos que escrevem em blogues. Depois, com galhardia, rugem ferozmente, mordendo as canelas uns dos outros até ao sangue. E quando chega ao osso dizem: «Chega de barbaridade que somos constitucionais». Passados três dias, chamam irresponsáveis a quem não partilha da mesma opinião e desenham quatro banalidades sobre o país de há quarenta anos e o país como sistema, o sistema de há quarenta anos e o papel da liberdade de expressão no país. Pelo meio, entra uma crítica feroz a Nogueira Leite, alinhavada por Nogueira Pinto (desconheço se há cruzamento entre os antepassados) isto a propósito de Nogueira Pinto ser, segundo Nogueira Leite, neto de avô incógnito, o que para Nogueira Pinto constitui uma prova da irrelevância de Nogueira Leite. Depois há a habitual vénia à necessidade dos factos demonstráveis e uma ofendida censura às barbaridades que se escrevem sobre políticos, perguntando-se todos três sobre quais as reais intenções de quem escreve as barbaridades e quais as suas alianças com outros políticos. Ao que logo um deles responde que é uma barbaridade acusar alguém da barbaridade de escrever contra políticos. No final, um leitor palhaço como eu, sente-se rejuvenescido na sua infinita capacidade de ser irrelevante mas com toda a violência de quem é realmente irrelevante. Como se diz em homenagens cívicas e festas de caridade, o meu bem haja aos três.

O problema do argumento «és um palhaço» é a cota de mercado que poderá retirar aos formandos do Chapitô

Concerteza que o Dr. Medina Carreira subscreverá a exigência argumentativa de Mário Crespo, de certo formado em escolas de altíssimo gabarito, num tempo em que as pessoas calculavam a raiz quadrada de 456797789,56 em três segundos em posição de pé cochinho e ainda recitavam, enquanto efectuavam a operação mental, as três estrofes finais do Canto VIII dos Lusíadas. Mesmo tendo em conta misticismos organizados como os das modernas teorias da liderança, a verdade é que a generalidade das pessoas se divide em dois grandes grupos: a) aquelas que acham que estão colocadas num ponto de vista privilegiado para anotar as imperfeições naturais da estupidez humana, geralmente um ponto que é constituído por uma poltrona qualquer bem remunerada; b) aquelas que acham que no meio de um grupo de palhaços os maiores palhaços são elas próprias pelo simples facto de terem consciência de que existe a palhaçada e de que não há maior palhaço do que aquele que julga que não há palhaços mas pessoas ignorantes que precisavam de gastar mais tempo com essa eterna palhaçada narcisista que é a leitura sileciosa. Não vejo em que é que difere a compra de uma empresa em Porto Rico, sob contornos dignos de um tendeiro da Golegã, da liderança informativa num canal especializado de um programa como Plano Inclinado, espaço cómico-jornalístico onde três espécimes, pertencendo ao grupo das pessoas-de-reconhecido-mérito, entoam elegias sobre a morte da exigência na sociedade portuguesa. Pode até dizer-se - recorrendo áquele baú mágico, qual mala do Sport Billy para frequentadores da cinemateca, que são os federalist pappers - que a palhaçada de Mário Crespo é até mais prejudicial ao arejamento da comunidade do que as obscuras transações com ilhas da América Central. Há muitas coisas que poderiam ser ditas a este propósito e tanto o Maradona como o Casanova citaram Moby Dick no espaço de um mês, o que me deixa melancólico sobre as esperanças da blogoesfera em constituir um discurso individual que possa contrariar o tom "marretas" em que mergulhou a generalidade da imprensa de referência. Embora concorde em grande parte com isto, devo utilizar um argumento de cunho vincadamente liberal para referir que esta lógica, um pouco pedida de empréstimo a Steven Seagal, apenas funciona numa perspectiva de exterioridade sociológica, isto é, quando o indivíduo que vem munido com a catana ou com a bazuca não pretende fazer uma intervenção cirúrgica a céu aberto e ao nível do baixo ventre do interessado em sublinhar a ideia de que na raiz da violência pode estar a mais genuina coragem. Até porque o problema da violência, como o caríssimo maradona devia saber, reside precisamente na dificuldade que coloca à identificação geral dos níveis de coragem praticados por indivíduos munidos com objectos capazes de nos fazer saltar os intestinos para a atmosfera.

É dificil conciliar doutrina com tolerância

e acho que neste caso, a tolerância ficou a perder: Papa Bento XVI proíbe casamentos entre católicos e não-católicos.

Era de esperar um bocado mais de tino

O Mário Crespo diz o que nos vai na alma. Está certo. Em certos dias eu também gostava juntar o meu nome ao Alfredo Costa e ao Manuel Buiça. Ms este tipo de discurso é falacioso. Os palhaços são sempre os outros, nunca eu ou os meus amigos e família. Esperava bastante mais do Mário Crespo, que já tem idade para ter juízo.

A parte 2 ainda está melhor

Aqui

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Era escusado

Sim a frase inicial é mázinha: "The Danish need for control is a real problem at the climate talks, where protesters should be able to connect with delegates", mas acho que o Maradona abusou ao chamar idiota à Naomi Klein.

Amuei...

As fotos do ano - parte 1

O melhor site do mundo vai fazer nos próximos dias a reunião das melhores 120 fotos do ano. A seguir atentamente aqui

É Verdade caro Alf
O mundo parece caminhar para uma longa fase de desertificação, como se toda a gente quisesse ficar a falar sozinha doravante. Parece estranho, parece louco, mas é verdade. E Louco, sem dúvidas. Ora vê.
o "Economicamente" (seja lá o que isto for) deixou-nos a olhar para baixo, Crise, dizem, mas olhamos para baixo. Acredita, é a forma única de perpectuar o liberal individualismo quando olhamos à volta e percebemos que estamos lixados. Olhamos para baixo, percebe, não por estarmos lixados, mas porque toda a gente o está, o que nos lixa o individualismo. Não há maior comunitarismo que o que deriva da igualdade na ausência de esperança;
o "politicamente" (seja lá o que isso for) traduz-se numa punhado de homens que ,vistos de cima, mais parecem uma cultura de inverno queimada pela geada, não há nada a fazer? Replantar? Acredito que sim, mas desta vez mais fundo.
Ah pois, era disto que eu falava, o futebol português. aqui é mais simples, não há utopia. Olha, mas sem piedade, promete-me, para o Sporting. É verdade que desfruta (porque assim o quis) de anos e anos a sustentar o FCP pela simples razão de detestar o Benfica; mas é verdade que é uma espécie de planta a tentar crescer à beira de uma árvore maior mas maléfica, trazida pelos ventes do norte. à sua sombra não cresceu. Não crescerá agora, esboço de deserto.
Com o Benfica a coisa é diferente. O FCP representa a Idade Média do futebol português, nada cresce, nada floresce à sua volta. Um dia, mais tarde, a perpectuação deste estado de coisas a que alguns chamam sistema, e bem, e que muitos não querem contestar poderá fazer desse maldito clube do norte um vencedor perpéctuo, incontestável quase louvável. E digo quase porque, compare-se, eu poderia ser eleito o melhor escritor do mundo.. se fosse o único, por aniquilar marginalmente todos os meus opositores. Um dia, o FCP será o melhor cristalizado de Portugal. Será o melhor, mas único. Nessa altura já não haverá futebol. E a continuar assim, ainda bem

domingo, 13 de dezembro de 2009

Não há como um jogo em Olhão para me incitar à filosofia da ciência

Como é do conhecimento geral, as cadeias alimentares podem dividir-se, muito generalizadamente, em decompositores, produtores e consumidores o que implica tanto uma divisão do trabalho para sustentar aquela oscilação movimentosa a que chamamos vida como uma certa ideia de que o retorno ao vomitado está inscrito no movimento inconclusivo a que chamamos natureza, para usar pelo centésima vez a bela imagem bíblica. Pensava eu nisto quanto me veio à ideia uma pedrada com milénios mas que escondemos normalmente debaixo do tapete: o conceito de criação divina pode ser apenas um erro desviante formulado por uma espécie que não tem a consciência do seu lugar secundário numa cadeia alimentar. Ou de forma mais erudita, é uma produção natural do sistema nervoso de forma a assegurar que essa espécie não se precipita para o vazio perante o horror do seu lugar subalterno numa máquina que não é nem cruel nem bondosa, simplesmente é, no seu funcionamento cego. Saltando por cima dos problemas da consciência (que agora me dispenso de comentar porque acabei de almoçar douradinhos com puré) é interessante como todos os sistema religiosos, em todos os tempos, se ligam de uma forma umbilical à ideia da preservação do cadáver dos entes queridos diante dessa suprema visão orripilante que é a do nosso irmão corpo transformado em banquete de delícias para outros espécimes do planeta terra. A inumação quer desde sempre esconder esse horror. E tanto a cremação como os banquetes de pendor canibalístico não são mais do que fugas, uma para a frente, a outra para trás, desta triste realidade que é o facto de estarmos carecas de saber que pertencermos ao húmus mas mesmo assim termos alguma dificuldade em assinar uma declaração solene que o confirme. Vem a isto a propósito do inefável padre Portocarrero de Almada (o tal apelido que lembra o cruzamento entre uma pastelaria suburbana e uma loja de roupa de luxo numa rua de Milão) que vem hoje no Público lembrar-nos da naturalidade do matrimónio. Como estou cansado de explicar questões de naturalidade lembro apenas que também é natural algumas aranhas arranacarem a cabeça aos seus parceiros sexuais depois da cópula ou os ratos devorarem os seus filhos numa economia de sobreviência bastante enxuta, não sendo preciso lembrar exemplos humanos similares a fim de poupar o leitor a coisas porcalhonas, deixando isso para a literatura de Possidónio Cachapa e Rui Chafes, dois autores que a internet ilustrará quem são. Em todo o caso, é natural comer com as mãos, é natural não limpar o rabo depois de ir à casa de banho (as crianças, de quem Cristo tanto gostava, adoram saltar olimpicamente esta perversão higiénica da natureza cristã que é a limpeza corporal), é natural esmagar a cabeça de um adversário político com uma moca, é natural tirar macacos do nariz, é natural o Di Maria ser expulso por reagir depois de passar trinta minutos a levar pontapés de jogadores do Olhanense, é natural que o FC Porto não pudesse arriscar uma goleada com a melhor equipa do Benfica dos últimos 25 anos.

E na milésima segunda volta à pista eis que Maradona passa pela milésima segunda vez em primeiro lugar

O Prémio Pessoa deu-se o Prémio de dar-se a si próprio ao Bispo D. Manuel Clemente

sábado, 12 de dezembro de 2009

Come on Ronnie


















Apesar de ter perdido, foi uma grande meia final no UK Championship. Ronnie voltou de um 8-2 para um 8-8, perdendo no ultimo jogo para um Higgins que tremeu mas segurou o jogo. Eu que já era fã, fiquei ainda mais. Valha-nos os outros desportos, porque de futebol não vamos lá.

Aqui a frame com a pontuação mais alta (147 pontos) mais rápida de sempre pelo Rocket. Atentem nos comentadores e no publico sempre em crescente

Rainha Herodes

The real inconvenient truth: The whole world needs to adopt China's one-child policy

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Na velha contenda entre Freud e Nabokov, depois do suado empate conseguido pelo russo, vamos assistindo ao segundo tento do pai da psicanálise

Pio de Abreu descorre sobre a inveja e diz coisas muito avisadas, não fosse ele um indivíduo que se está a borrifar para o Plano Inclinado, programa da sic notícias que se está a transformar numa espécie de barómetro da estupidez, do género «quem concorda com Medina Carreira tem a capacidade de especulação lógico-dedutiva de um musaranho zarolho, quem discorda tranquilamente tem a capacidade cívica de um albatroz e quem discorda furiosamente tem a competência racional de um cruzamento entre Newton e Shakespeare». É interessante descobrir que os futebolistas escapam a este destino: só neste caso, a inveja cede à admiração. Talvez seja porque, à partida, ninguém os conhece, vieram da periferia, não têm nomes de família. Mas também pode ser pela sobranceria com que ainda vemos os jogadores de futebol, coisa a que eles se prestam com uma humildade cultivada. Para ilustrar que Pio de Abreu tem razão basta ver a reacção pública portuguesa ao triunfo glorioso de Cristiano Ronaldo em Madrid, acontecimento que muitos portugueses lamentaram no seu estilo carpideira enlutada pelo bem comum, mas acontecimento que teria feito Píndaro ressuscitar da tumba milenar para vir cantar, com sua harpa de prata, a explosão física, psicológica e intelectual (sim meus amigos, intelectual) de um dos mais sagrados atletas de todos os tempos. É evidente que há aqui uma glorificação do corpo, um ressuscitar da estétita pagã (há quem diga que ela nunca morreu e que toda a arte, desde Nefertiti até Emily Dickinson é um longo desfilar desse princípio) e que o corpo é matéria transitória que vai despenhar-se no abismo do nada. E então?

E eis que George Soros se transforma em Steven Seagal com grande benefício estético e espiritual para a humanidade mais que para o planeta

Nisso das economias ambientalmente relançadas eu e o N Gonçalves partilhamos ideias de forma absolutamene harmoniosa, quais bailarinos russos deslizando sobre o gelo agarradinhos em fato de liga justo ao corpo, saídos daquelas emissões especiais de natal da rtp. E não é que o George Soros tem a solução verde para a crise ambiental a partir dos fundos do FMI que deixam incólumes (bela palavra) os orçamentos públicos? Parece que está disposto a salvar Copenhaga, que digo eu, parece que está disposto a salvar o mundo inteiro. Ou é do Natal, aquela época um pouco desmiolada onde o nível cinematográfico das transmissões televisivas cai a pique para índices de parolice nunca vistos, ou então rapidamente a energia verde se vai transformar no principal foco de poluição atirando o planeta para níveis de destruição muito semelhantes a um filme de Steven Seagal, mas neste caso sem a intervenção de Steven Seagal e sem a indígena formosa a que Seagal acaba invariavelmente agarrado, o que não deixa de ser lamentável num indivíduo com ascéticas virtudes. Não sei porquê, é uma sensação que tenho.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Já é tarde e estou cansado e encontrei isto no youtube

Nada vos prepara para o 1m34. a sério. já para não falar dos 2m20.



já agora a versão com melhor qualidade de som, mas com os mesmos gritos da beth

E claro

lá porque desconfio da "economia ambientalmente relançada" e não caio na tanga dos argumentos de autoridade, não se entenda com isso que ando por aí de Hummer a caçar linces ibéricos.

Próxima estação: marquês de Pombal

Enquanto leio, Nabokov conta que no meio das suas doenças adolescentes, imaginava ou delirava que a sua mãe saía de trenó puxado por corcel nas ruas nevadas a comprar presentes, a sua mãe envergando casaco de pele de foca, de rosto colocado na velocidade que Nabokov imaginava ser um traço distintivo das aristocratas de S. Petersburgo, e sua mãe com pontas de uma volumusoa pele de urso cobria todo o corpo até ao peito, defendendo aquela fortaleza voluptuosa das lanças do frio, e a velocidade aumentava, e a respiração arquejante do cavalo, que lembra aquele cavalo negro que pára de repente no pensamento do poeta louco, aqui era o adolescente louco Nabokov que imaginava o docel castanho claro em velocidade noite dentro, os estalos ritmados dos cascos e os pedaços de terra gelada a saltarem à frente do carro atrelado ao corcel veloz, enquanto Nabokov delirava e a sua mãe sentia as mãos da noite postas geladas no seu rosto aristocrata. E Nabokov fala então de um lacaio que vai pendurado na velocidade do trenó noite dentro, de chapéu empenachado, um mero servo, lacaio, mas pendurado no carro e sentindo arfar o cavalo e a respiração ofegante da mãe aristocrata do escritor Nabokov, e é evidente que neste quadro, eu sou esse lacaio de penacho no chapéu, numa seta de tempo, em velocidade branca sobre a neve, sentindo a terra estalar gelada e o arfar pesado do cavalo, de cascos ritmados e a mãe de Nabokov, aristocrata pensando no presente que há-de levar a Nobokov e Nabokov pensando na mãe preocupada com o menino aristocrata delirante no seu leito, enquanto á volta tudo é noite e apenas o lacaio de chapéu empenachado apoiado no suporte estreito do trenó, recebendo no rosto a terra gelada que salta veloz à sua frente.

O meu Henrique Raposo é maior que o teu

E aproveito para esclarecer que tenho a mania de confundir o Rui Tavares com um outro Rui cujo nome me esquece, e que parece que escrevia na Atlântico. Ou isso, ou estou a confundir as coisas.

Os cães de Angélico estão neste momento a perseguir-me furiosamente pelo que não respondo pelos meus actos

Parece que a A Porto Editora vai lançar «aquela que será a maior antologia de poesia portuguesa reunida num só volume. Poemas Portugueses - Antologia da Poesia Portuguesa do Séc. XIII ao Séc. XXI reúne oitocentos anos de poesia, 267 autores e mais de dois mil textos. Parece que segundo os antologiadores, «o elemento de distinção da obra, relativamente às organizadas no passado, é o facto de ela ser "a primeira antologia panorâmica que abarca a poesia portuguesa desde os seus alvores, na transição do século XII para o século XIII até ao ano de 2008". Parece que para Jorge Reis-Sá e Rui Lage, «esta é "a primeira vez que todo o arco temporal do século XX é objecto de um projecto antropológico não exclusivo, isto é, nem temático, nem tendencioso". Parece que «a antologia está organizada por ordem cronológica do nascimento de cada poeta, abrindo com a Cantiga de Garvala, de Pai Soares de Taveirós, trovador do primeiro decénio do século XIII, e encerrando com um poema de Luís Quintais, Rasto, datado de Outubro de 2008.» Parece que aqui fica o meu contributo, uma variação ao mote de Pais Soares de Taveirós, Canção da Ribeirinha, «No mundo nom me sei parelha/ mentre me for' como me vai,/ ca ja moiro por vos - e ai/ mia senhor branca e vermelha.» que seria escandaloso não incluir nesta antologia que se recomenda a todos os professores que das ilhas a valença participaram com denodo na luta por uma escola pública mais aberta, mais justa, mais fraterna, ai.
Havia senhora vós e eu num canto escuro
mas logo a noite levantou em nós um muro
Lage e Sá mas D'onde me saiu esta parelha
pois que no fundo deste poço o corpo cai
como no ceú cobalto um raio de fogo sai
como de a mim a vós a fúria se assemelha
se não fossem senhora os mariconços ai
minha louçana moça por mim tão vermelha
mais vermelha se por mim louçana e vai
levar com o livro desta mariconça vã parelha
e vermelha a louçana moça vai
como no poço o ar tão vão que cai
a prumo punhal que se assemelha
não fosse a dupla doce tão azelha
neste poço que é o mundo a treva cai
num livro como o bobo triste que ali vai
cortejar o cu do rei d'aver esta vã parelha
e vai de sorrisos na carpete tão vermelha
a moça desvairada sob as brancas luzes sai
leixando-me coitado tão pastor mas assi vai
e diz não posso mais aqui senhor com este calor
e vejo agora que num poço minha cabeça cai
Pois os esconsos Lage e Sá agitam-me com livro ei
grito p'ra esse peditório inda ontem um arroto dei
mas já lá vai louçana minha formosa moça Poesia ai
e minha vã cabeça mais no fundo scuro deste poço cai


Raios X

Conseguem imaginar 17 toneladas?

Agora imaginem 17 toneladas de explosivos.

Agora imaginem 17 toneladas de explosivos cair em cima de vocês.

Em cima dos vossos filhos. Dos vossos avós. Dos vossos amigos

Em cima do que plantaram para comer.

A cair porque vocês ousaram querer algo mais.

A cair porque queriam independência.

A cair porque queriam auto-determinação.

A cair porque queriam igualdade.

Imaginem, mas imaginem sabendo que existem pessoas que viveram isso.



Imaginem que houve um pequeno país que levou com mais explosivos do que todos os países, em conjunto, que se combateram durante Segunda Guerra mundial.

Imaginem que isso foi feito porque esse país estava a ser defendido.

Sim, a ser defendido...

Imaginem agora o que teria sido feito caso esse país estivesse a ser atacado.

Imaginem o que acontece aos terrenos desse país.

Imaginem o que acontece à subsistência desse país.

Imaginem quantas pessoas morreram.

Imaginem agora o que se diz que um país que ficou arrasado de jovens e crianças, arrasado em termos agriculturais (a maior fonte de subsistência da maior parte da população), um país que ficou profundamente traumatizado a todos os níveis...

Imaginem que se diz que esse país ganhou a guerra.

Sim ganhou!

Imaginem lá se tivesse perdido....

O objectivo da invasão do Vietnam do Sul foi traçado desde muito cedo a partir da administração Kennedy: mostrar que as ideias do comunismo (na acepção norte-americana do termo que basicamente quer dizer homogeneidade em termos culturais e económicos) não se podiam espalhar. E visto desta perspectiva (e parece-me ser essa a perspectiva que se deve tomar) a guerra do Vietnam foi um sucesso absoluto.



Ah, mas os americanos perderam milhares de soldados!
Pois, os vietnamitas do sul morreram aos milhões. Isto claro, directamente. Se contarmos as vítimas de fome, as vítimas de doenças relacionadas com o agent orange (e demais agentes químicos que se utilizaram para estragar as colheitas da população camponesa), com as vítimas das bombas de fragmentação que ainda hoje explodem, os números sobem, sobem, sobem.
Se pensarmos nos números relacionados com os bombardeamentos de Laos e Camboja então nem sei aonde estes números vão parar.

Ah, mas o governo do Vietnam do norte acabou por governar o Vietnam do Sul com um governo "comunista"!
Pois foi. Mas o objectivo de se conseguir uma sociedade mais homogénea estava condenado à partida. Ou melhor a sociedade, de facto, seria do mais homogénea possível: todos pobres, todos miseráveis e todos famintos.

Ah, mas.... Ah, mas... Esta não é a versão que ouço contar normalmente. Que provas tens da merda que estás para aí a dizer?
Ainda bem que perguntas. Aqui está. E sempre esteve aí desde os anos setenta.

Gravel Edition
Top Secret

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Aquecimento global linguístico: um problema em crescimento (espero que isto não traga um súbito aumento de visitantes enganados a este blogue)

Se é verdade que o pensamento escatológico em torno das alterações climáticas mistura uma série de elementos mais contraditórios que uma mala de senhora isso não deve levar-nos a chutar para canto qualquer pensamento crítico a propósito dos modelos políticos de desenvolvimento económico expressão com que costuma caracterizar-se o actual sistema eufemista de esbulhamento de quem trabalha. Receio que a crítica à crítica do aquecimento global (justa em inúmeros parâmetros) possa acabar por ofuscar a crítica à produção industrial sem o reconhecimento dos direitos de propriedade (onde deve incluir-se o direito a não viver no meio da porcaria) tão queridos a uma vasta fauna de cidadãos liberais (desde empreendedores em actividades intensivas de conhecimento a académicos apostados em tecnologias aplicadas e respectivos direitos de patente). Poderia agora falar do vómito intensivo dos resíduos das lavagens de mineral efectuados por empresas de mineração sucessivas na ribeira e nascentes que ladeavam as hortas do meu avô numa aldeia entre o Açor e a Estrela mas não quero transformar este post na minha biografia político-ecológica. Reconheço que o ambientalismo é talvez a forma de hipocrisia mais irritante à face do planeta que se pretende salvar, secundado de perto pela teologia cristã, isto porque o ambientalismo produz indivíduos que conspiram em Copenhaga contra a globalização dos mercados e o terrorismo industrial a partir de terminais informáticos e de ténis de marca registada, ás vezes polos lacoste, que são eles próprios hinos à destruição de espécies animais raras e santuários arborícolas de valor incalculável. É como defender um inspector da polícia que para acabar com os assassinatos em massa use uma metralhadora com que vai eliminando todos os condenados por essa tipologia de crime. Em todo o caso, Henrique Raposo não pode ser comparado a Rui Tavares. E lembro a propósito disso o comentário que faziam em meados do século XIX sobre Almeida Garrett. «O Garrett é capaz das piores porcarias mas não tolera uma frase mal escrita». E se Tavares é elegante nas frases mesmo quando se lhe possam apontar inúmeras críticas, Raposo é capaz de produzir milhares de frase mal escritas a propósito das piores porcarias.

E o prémio idiota do dia vai para...

Convidado da tertúlia 125 minutos com..., que decorreu no Casino da Figueira da Foz, Medina Carreira disse ainda que a educação em Portugal "é uma miséria" e que as escolas produzem "analfabetos".

"[O programa] Novas Oportunidades é uma trafulhice de A a Z, é uma aldrabice. Eles [os alunos] não sabem nada, nada", argumentou Medina Carreira.

Medina Carreira faz lembras os velhos dos marretas. Muita conversa de que está tudo mal, mas no fundo poucas ideias para resolver. Apesar de no final nos rirmos sempre deles:

Defendeu um regime educativo "exigente, onde se aprenda, porque os empresários querem gente que saiba".

"O que é que vai fazer com esta cambada, de 14, 16, 20 anos que anda por aí à solta? Nada, nenhum patrão capaz vai querer esta tropa-fandanga", frisou.

Em relação a isto, dar umas boas lambadas no homem era uma boa ideia de ocupação para malta que anda por ai a solta.

Uma economia ambientalmente relançada

Sou só eu a ver a beleza intrínseca desta sequência de letras e espaços ?

Eu até gosto da palavra fascículo mas tenho mais que fazer

O resto do texto é um conjunto de lugares feitos, que não cumpre a promessa de explicar como se decide com informação imperfeita.

Noto no entanto com agrado que o RT também tem por hábito frequentar "A Ginginha" em Tomar:

O que os cientistas, ambientalistas e políticos minimamente sérios têm para nos oferecer é muito: uma hipótese de salvar o planeta e, de caminho, construirmos uma indústria menos poluente, uma economia ambientalmente relançada e uma nova relação entre ciência e escolhas públicas.

A arte da Guerra, fascículo terceiro

3º: Descubra as fraquezas do inimigo


Seria óptimo - óptimo - que os cientistas estivessem errados e que os cépticos, na sua maior parte amadores, acabassem por ter acertado. No imediato, isso daria uma grande história. A longo prazo, as alterações climáticas seriam esquecidas como uma moda do tempo e acabariam por ser arrumadas ao lado de outros medos dos tempos passados.


Tem toda a razão sim senhor. Assim de repente lembro-me do arrefecimento global que tinha sido previsto nos anos 70.

Está quase a fazer um ano

A arte da guerra, fascículo segundo

2º: Escolha as suas armas

O que uns e outros - especialmente os cépticos - parecem não ter em conta é como devem ser formuladas escolhas políticas numa situação de conhecimento imperfeito.

Esperemos então pela boa nova que RT nos traz. O que faltou nos últimos 20 anos de existência é exactamente saber decidir em situações de conhecimento imperfeito.

A arte da Guerra, fascículo primeiro

1º: Escolha o terreno:

Existe pouca gente, no debate sobre as alterações climáticas, que pode alegar ter conhecimento perfeito - até porque conhecimento perfeito não há. Entre quem estuda o clima a sério e sabe sobre o assunto, parece haver uma quase unanimidade em dois pontos. São eles: primeiro, o clima está a mudar; segundo, a mudança tem origem na acção humana e em particular na poluição atmosférica.

Do outro lado, há também gente que estuda o assunto - em geral são não-cientistas, ou cientistas de áreas que pouco têm a ver com o assunto - e que proclama ter a certeza absoluta contrária, ou dúvidas quase absolutas sobre qualquer dos dois pontos acima.


Quem concorda com o Rui Tavares são reputados cientistas, com servidores de email pouco seguros. Os outros são uma cambada de camponeses supersticiosos.

Encontrei o meu Henrique Raposo

Este texto é, sob qualquer aspecto, uma pulhice.

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

E só porque nada mais tenho a fazer a estas horas...

In the fall of 2000, twenty-five years after the end of the war in Indochina, Bill Clinton became the first US president since Richard Nixon to visit Vietnam. While media coverage of the trip was dominated by talk of some two thousand US soldiers still classified as missing in action, a small act of great historical importance went almost unnoticed. As a humanitarian gesture, Clinton released extensive Air Force data on all American bombings of Indochina between 1964 and 1975. Recorded using a groundbreaking IBM-designed system, the database provided extensive information on sorties conducted over Vietnam, Laos, and Cambodia. Clinton's gift was intended to assist in the search for unexploded ordnance left behind during the carpet bombing of the region. Littering the countryside, often submerged under farmland, this ordnance remains a significant humanitarian concern.
It has maimed and killed farmers, and rendered valuable land all but unusable. Development and de-mining organizations have put the Air Force data to good use over the past six years, but have done so without noting its full implications, which turn out to be staggering.

The Bombing Database

The still-incomplete database (it has several "dark" periods) reveals that from October 4, 1965, to August 15, 1973, the United States dropped far more ordnance on Cambodia than was previously believed: 2,756,941 tons' worth, dropped in 230,516 sorties on 113,716 sites. Just over 10 percent of this bombing was indiscriminate, with 3,580 of the sites listed as having "unknown" targets and another 8,238 sites having no target listed at all. Even if the latter may arguably be oversights, the former suggest explicit knowledge of indiscretion. The database also shows that the bombing began four years earlier than is widely believed -- not under Nixon, but under Lyndon Johnson. The impact of this bombing, the subject of much debate for the past three decades, is now clearer than ever. Civilian casualties in Cambodia drove an enraged populace into the arms of an insurgency that had enjoyed relatively little support until the bombing began, setting in motion the expansion of the Vietnam War deeper into Cambodia, a coup d'état in 1970, the rapid rise of the Khmer Rouge, and ultimately the Cambodian genocide. The data demonstrates that the way a country chooses to exit a conflict can have disastrous consequences. It therefore speaks to contemporary warfare as well, including US operations in Afghanistan and Iraq. Despite many differences, a critical similarity links the war in Iraq with the Cambodian conflict: an increasing reliance on air power to battle a heterogeneous, volatile insurgency. 


Prestem bem atenção ao que está escrito com letras grandes.


Também temos a versão vida real

Lá em baixo estavam camponeses. Pessoas que tudo o que queriam era uma vida mais justa.

"During the Vietnam war, the US Air Force dropped more bombs on Vietnamese civilian cities than ALL of the bombs dropped in World War II!"

E a maior parte dessas bombas foi largada no Vietnam do Sul. O país que os Estados Unidos da América diziam estar a defender.

Ou então bastava ver isto

Se é para isto bastava ir ao Cacém

Eis a lendária árvore da vida, a imagem mais célebre de todas e aquela que nos diz que antes de nós existiram multidões e depois de nós outras tantas se hão-de suceder...


Laurinda Alves, numa viagen ao Laos ou uma merda dessas assim lá para os lados daqueles sítios onde os Doors tocam por cima de umas palmeiras a ondular ao vento antes de explodir tudo com Napalm.

Frases que é perigoso dizer estando num país asiático e antes de embarcar no avião para Portugal

«As orquídeas, as flores de lotus e do frangipani são de perder a cabeça na Tailândia.»

Estará tudo bem com o Pedro Mexia?

Alguém pode telefonar ao Mexia com rapidez e explicar que há maneiras menos espalhafatosas, decadentes e arriscadas de tentar a sorte?

Alguém é capaz de arranjar o número de telefone de uma prima e enviar a este rapaz?

A pessoa em concreto e não a figura pública, o que significa que Mexia se encontra num estado que deve ser descrito como para-normal. A utilização do conceito true bleu é um convite à imperial e ao remorso, sobretudo por rimar com tremoço. Este texto de Mexia é uma espécie de anti-ansiolítico. Recomendo a Jorge Jesus que faça os jogadores do Benfica ler o texto de Mexia antes do embate com o FCP e garanto resultados espectaculares, ou será que alguém duvida do efeito raivoso de frases onde os olhos atravessam as pessoas? Peço-vos que não enquadrem isto no capítulo dos ódios entre literatos. Nem eu sou Voltaire, nem Mexia é Goethe e, sobretudo, a pessoa em concreto não é a figura pública, o que quer dizer que Mexia nutrindo simpatia pela pessoa em concreto derrama a sua pena apaixonada e clínica sobre a figura pública o que me lança o estômago num efeito de centrifugação a níveis que não conhecia desde a última vitória eleitoral de Aníbal Cavaco Silva.

Espero que ninguém me coloque uma bomba no carro por ser uma pessoa horrível que não anda a rever a obra cinematográfica de Kathryn Bigelow

»Além de muito gira, esta senhora é uma boa realizadora a caminho de ser grande. Kathryn Bigelow merece toda a atenção. Ando a rever (quase) tudo o que ela fez - Point Break, K-19, Strange Days.»

Depois deste esclarecimento encerro a minha tentativa prosélita de trazer ao caminho um irmão tresmalhado e encerro as referências a Henrique Raposo. Em primeiro lugar porque começo a sofrer os efeitos secundários de um tendinite apanhada entre a tecla H e R do meu teclado tal o volume de certeiras verdades e indesmentíveis conclusões produzidas pelo referido autor que me vejo obirgado a ampliar neste desgraçado sítio. Em segundo lugar, porque Raposo finalmente justificou o brilhantismo supersónico da sua escrita: é uma questão de tempo.

Há aqui um problema em manifesta evolução


Se isto é um blogue

Um dos problemas que me tem ocupado ultimamente o hiato temporal que vai de Paço de Arcos ao Cais do Sodré, está relacionado com a identificação entre mérito e reconhecimento, como sabem um dos grandes problemas que sempre preocupou as peixeiras da lota de Matosinhos na hora de achar consensos sobre quem é a detentora do peixe mais fresco. Na verdade, as lotas têm um classificador de peixe que tem como missão separar o peixe pelo tamanho e espécie, a faneca de um lado, a dourada além, o carapau aqui, a sardinha ali. Apesar das tipologias não serem propriamente uma hierarquização, isto indica que talvez fizesse falta um classificador de peixes. Aos que neste momento já gritam - fascista de merda - respondo que na ausência de classificadores de peixe, a definição da relação de forças no cardume é feita pelos graúdos. A questão está em descobrir o que é um peixe graúdo dentro de um cardume com comportamentos selecionados a partir de acções mais aleatórias do que uma resposta de Pedro Passos Coelho a uma entrevista do Jornal de Notícias. Assim, o mérito é um conceito tão escorregadio como o equipamento epidérmico da solha pelo que me vejo frequentemente confrontado com perplexidades que, e isto é claro, apenas do meu ponto de vista podem constituir supresa. Como haver quem ache que apenas hoje vivemos em «tempos de "protagonismo", de ambição pessoal e de interesses, que se tornaram um desvalor em política». Como se ontem estivéssemos de mão dadas e amanhã nos esperasse o banquete dos eleitos á mesa do pai. Isto não é um sintoma de mágoa advindo da idade adulta. É apenas um post confuso e de objectivos mal definidos. Vou comer peixe frito.

Ler este texto tem o seu interesse...

... mas convém dizer que o propaganda model proposto pelo Ed Herman e Noam Chomsky é somente sobre a performance esperada dos media e não sobre os efeitos dessa mesma performance.

De resto ainda me falta ler Gramsci (os extractos que li não contam, assim como também não conta o que li sobre Gramsci) e acabar de ler The Shock Doctrine.

Noam Chomsky e Edward S. Herman, num livro já clássico de economia política dos media - "Manufacturing Consent" (Construindo o Consenso) -, desenvolveram um modelo de propaganda sistemática que explica como os grupos mais poderosos, ligados aos interesses empresariais ou ao governo, condicionam subtilmente aquilo que se pode ler, ouvir e ver nos meios de maior alcance.

Não é só o que se pode ler, ouvir, e ver; é também o que se pode pensar, dizer e discutir. Convém também dizer, como aliás já aqui foi dito, que a maior parte disto já tinha sido notada por Orwell (e realmente só faltou referir o Orwell naquele artigo) no prefácio que ele escreveu à Animal Farm. Nesse prefácio Orwell queixava-se da falta de liberdade de imprensa em Inglaterra, uma sociedade ostensivamente não totalitária e indicou alguns motivos para a situação ser assim.
O livro, que era uma sátira/crítica ao regime de Stalin, foi publicado e o prefácio foi censurado (em Inglaterra).

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Carros que passam enquanto estou por aqui

«Disseram-me que foi um golo lindo»

A limitação do tempo implica escolhas que não são necessariamente um cálculo aritmético. Se apenas tenho duas horas antes do visionamento do Benfica/Académica, posso ocupá-las terminando a leitura do Templo Dourado ou arrumar a casa, posso ir lanchar a uma pastelaria e ler a retirada dos dez mil de Xenofonte ou posso decidir fazer um investimento na bolsa no valor de 350 euros. Qualquer uma destas acções tem consequências contabilísticas correntes diversas mas tem também retorno variável no decorrer do tempo. Posso estar hoje subtraído do preço de um galão e torrada mas munido do conhecimento das peripécias épicas de quem caminha na lama e na neve, entre desfiladeiros e os ataques hostis das tribos inimigas, posso ter menos 350 euros mas daqui a um ano ser beneficiado com 500, fruto de um súbito e lucrativo negócio com o Estado, congeminado pela empresa onde sou accionista, isto enquanto desfaço a pestanas a ler as variações interiores de um jovem candidato a monge budista num templo perto de Quioto. Posso ainda introduzir a minha consciência num saco de plástico do pingo doce e depositá-la com todo o vigor num arrabalde da periferia e depois aclamar José Pedro Aguiar Branco como o maior líder parlamentar dos últimos quinze segundos. Claro que todo o retorno variável das acções (atenção à variação espectacuar desta palavra), é sempre assumido pelos comentadores políticos de um ponto de vista neoclássico, e como um problema esfingício, ainda assim ao alcance das suas capacidades adivinhatórias, supreendendo o espectador toda e qualquer ausência de cálculo em defensores da economia de mercado como um sistema de preços. Isto deve explicar-se pelo facto de a economia ser apenas uma forma de governar os descontentes como no passado o direito feudal. Assim como os guinchos de Manuel Luís Goucha são uma forma de manter disciplinadas aquelas velhas desocupadas que esperam o momento de fraqueza do condutor do programa para cumprir a sua missão de fúrias do destino. No escasso tempo de que disponho posso também ler o ensaio de Tony Judt, prosa de um cariz infelizmente não abuntante no território pátrio.

Foi preciso chegar ao fim do ano para o maradona criar o post do ano

Senti um objecto cavernoso negro em forma de minarete a penetrar repetidamente no meu recto, mas, por acaso, só posteriormente percebi realmente que me tinham era ido ao cu

Adorava estar enganado quanto a isto

A sério que adorava. Mas parece-me mesmo que estas raparigas foram roubadas do seu futuro...


domingo, 6 de dezembro de 2009

Alguém consegue explicar o risco ao meio de Domingos Paciência?

João Luís Duque, um comentador académico de grande prestígio, exibiu ontem elevando nível performático (grande palavra), juntamente como Nuno Crato e Fátima Bonifácio (uma pessoa que oscila perigosamente entre o look freirático e a ambivalência pós-moderna dos relativistas sociais), naquela actividade que representa, neste momento, o desporto nacional da comunidade dos académicos prestigiados com vagas ambições político-mediática: esgalhar com denodo na mediocridade dos alunos portugueses (sejam eles do jardim infantil ou das pós-graduações). Passo por cima de um aspecto que desde logo nos levaria longe (a sensação de que isto não passa da lamúria de profissionais preguiçosos a queixarem-se da dificuldade do seu ofício, que é ensinar, tal como o carpinteiro se pode sempre queixar de que a madeira não tem qualidade, ou o futebolista de que o relvado não se econtrava nas condições adequadas) e passo agora a referir-me à questão que interessa. Na esteira de Medina Carreira, que começa a fazer escola na área do comentário sabujo, ele que nunca originou qualquer corrente de seguidores na área do direito ou das finanças, João Luís Duque contou a história de um concurso para secretária numa empresa de um amigo, em que as 100 candidatas, exceptuando uma, não teriam sabido resolver um problema do género «um armário tem cinco prateleiras e cada prateleira leva sete dossiês, quantos dossiês leva o armário?». A questão não é grave, uma vez que a resposta correcta não poderia ser facultada pelas candidatas, sob pena de sofrerem as represálias inevitáveis, já que a resposta correta, como é sabido, consiste em afirmar «depende de quantos dossiês o chefe quiser que o armário leve», o que mergulhou as infelizes candidatas em tortuosas piruetas lógicas para solionar o dilema moral de forma airosa. Mas João Luís Duque utilizou o exemplo para fazer demonstração da sua sagacidade. «É que isto tem consequências», afirmou com a orgulhosa convicção de quem vai destapar a arca do tesouro. «Num supermercado, para fazer a reposição dos produtos, se a empregada souber fazer a conta, utilizará apenas uma ida ao armazém e trará todos os produtos restantes, tendo em conta a capacidade de armazenamento do espositor do dito supermercado, enquanto que nesta ignorância do cálculo, irá quantas vezes lá dentro? E assim, quantos empregados terá a empresa que contratar para fazerem a reposição, isto face ao tempo disponível para a tarefa?». João Luís Duque é claramente um indivíduo talhado para o prémio nóbel da economia. Não vou comentar agora a descoberta do factor que explica a dessarrumação dos espositores nos hipermercados portugueses mas a abnegação com que faculta a sua consciência para ilustrar uma vez mais a análise de Marx «a história repete-se, primeiro como tragédia (Henrique Medina Carreira) e depois como comédia (João Luís Duque).» Entre cânticos de louvor à ciência, o plano inclinado acabou por perder o concurso da minha atenção no momento em que abri um livro intitulado O templo dourado. Com grande perplexidade notei que este problema mais vasto do significado da ciência se encontra hoje novamente abordado em contornos ligeiramente diferentes, mas que não deixaram de me surpreender, isto mediante a constatação de que alguém como o Maradona perde tempo a comentar posts de Pedro Mexia. sobre Darwin, um poeta que nem poemas sabe escrever e que se espera que venha iluminar a sociologia da prática científica com declarações sobre as ideias políticas dos Vitorianos. Parece que Mexia temia que Darwin fosse um ateu fanático. Mas não, afinal Darwin era agnóstico e Mexia suspirou de alívio, uma vez que se sentiu sossegado na sua condição de crente. Maradona, por sua vez, responde com apologias da ciência (ou não fosse ele um assalariado académico) em torno da pertinência da pergunta que permanece, apesar do desconhecimento do rumo, altruísticamente a saltitar de problema em problema como uma fada de nenúfar em nenúfae. Ou isto resulta de um problema de oscilação nervosa de Maradona ou é o chamado investimento na dimensão mediática do seu blogue. Eu, por mim, pode dizer-se que sou praticante não católico. Aos mais cépticos relativamente à natureza da minha prática, diria que pratico a vida, dando graças a deus por não ser crente. Meus caros leitores, pode dizer-se que uma teoria é prodigiosa (como a de Darwin é) quando consegue explicar até os explicadores do próprio autor da teoria!



sábado, 5 de dezembro de 2009

As horas grandes e as pequenas

De acordo com Marcos Perestrello, «Antero demonstra que Portugal entrou sempre em declínio quando se afastou dos valores que inspiraram a sua fundação e as horas grandes da sua história - a liberdade, a tolerância e fraternidade, a abertura ao mundo e aos outros, a curiosidade pelo desconhecido, o espírito crítico e o sentido de modernidade e de futuro». E eu que julgava que Antero era um espécie de declínio em movimento contínuo, com génio suficiente para enganar deputados constitucionais como quem despreocupadamente confia a barba ruiva, e se tinha dirigido a um jardim no termo da cidade de Ponta Delgada para, contra o tumultuoso rugido das ondas atlânticas, dar um tiro na cabeça por esta merda não valer um chavo, ou então a fim de ver o resultado físico-químico da sempre inolvidável experiência de não apetecer estar aqui a ler o Marcos Perestrello. Como estava enganado. Afinal, Portugal esteve aberto aos outros, sempre curioso pelo desconhecido, o que foi demonstrado por Antero, e nós sabemos como a curiosidade pelo desconhecido é um atributo dos países encomendados à providência, talhados para grandes coisas. Penso por exemplo na Jamaica, esse país com um sentido de modernidade muito aguçado, onde Bob Marley desfez um dedo a jogar à bola e foi depois morrendo pelos cantos a fim de não dar de caras com o Marcos Perestrello. Antero demonstra ainda uma outra coisa. O melhor é não haver pistolas nas arcas da família, sobretudo ao Sábado de manhã, quando saiem as crónicas do Expresso.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

A perturbada relação entre a estupidez e a idiotice

A perturbada relação entre futebol e literatura


Poder-se-ia dissertar sobre as oscilações exibicionais do jogador representado na imagem. Ou pder-se-ia elaborar sobre os desejos que temos de fingir amar os pedaços de identidade de que somos feitos. O valor de uma coisa é ou não medido pelos seus resultados. É vedadeiro o amor votado às coisas, ou, como escreveu um dia Sebald, alguns de nós estão condenados a amar violentamente as coisas pequenas e inúteis, torturados pela incapacidade de se libertarem das imagens, das longas listas acumuladas no tempo: as caixas com soldados de chumbo, os berlindes, um lenço de seda que pertenceu a um avô emigrado, um livro de piratas, um colar de conchas, duas chaves antigas, um cromo de Gary Lineker, o caderno da terceira classe. Alguns de nós passarão o resto dos dias procurando ordenar estas coisas. Mas não são precisos muitos anos para chegar a um ponto de não retorno, isto é, para entender como a guerra se inscreve sempre no nosso tecido muscular, esvaziando as coisas do seu valor nominal, sem que reste senão o valor de uso. Em todo o caso, nada há de mais permanente na história do tumultuoso progresso do mundo do que o ódio que os literatos cultivam entre si. Não conhece barreiras regionais ou linguísticas, não conhece consciência de classe ou sensação de pertença, não conhece desejo ou redenção. Não foi preciso muito tempo para ecnontrar num texto de um famoso crítico português a afirmação de que os textos de Sebald são comparáveis a uma narração portuguesa sobre solares minhotos ou a participação de Joaquim Paço de Arcos em companhias da Zambézia. A questão que preocupa aqui não é a valorização sobre Sebald, o seu valor no mercado literário, mas saber o que pensar da próxima vez que se abrir uma crítica de Eduardo Pitta sobre o que quer que seja. Deus me guarde, de dia e de noite, na eterna protecção dos seus braços e vigilante bondade dos seus olhos, das iras do escritor frustrado.

Oscilações do vento

Nos últimos dias os autores deste blogue têm sido atingidos por referências à falta de rumo com que irresponsavelmente conduzem o camião desgovernado do seu batimento cardíaco. Dei por mim a pensar se isso estaria relacionado com o índice de inutilidade representado pela dedicação às chamadas matérias do conhecimento, como todos sabem, uma espécie de desordem mental que desvia infalivelmente os seres humanos das suas funções biológicas vitais para práticas completamente desadequadas ao bem-estar, como sejam passar várias horas a percorrer os mesmos caminhos lógicos, repetir frases com pequenas oscilações de artigo até que as palavras deixem de significar coisas, dobrar a cabeça várias horas sobre folhas de papel e outras que me escuso agora de referir por motivos que se prendem com a própria desordem já referida. Isto é tanto mais grave quanto mais incisiva e definitiva é a falta de rumo, sobretudo num momento em que se celebra a capacidade de definir objectivos. Porém, a falta de objectivos é um dos desportos mais praticados em todo o mundo, actividade capaz de garantir a salvação humana, apenas com o efeito devastador de uma mesa de matraquilhos. Ora, este é o acontecimento que se manifesta na própria condução deste post, linhas esguias, acumulações de letras, uma cobra incapaz de percorrer o deserto branco da folha, assim cada frase vai mergulhando na inutilidade do seu próprio desenho. O Gonçalo M. Tavares e o Lobo Antunes dizem que é preciso escrever todos os dias, mesmo quando o resultado é este. Claro que aqui não se invocam faias de cabelos desgrenhados, filas de pombos nos telhados, naprons dormindo sobre a televisão, o risinho irónico das louças nas prateleiras, e a divorciada que se abandona à pena de si própria, derramando lágrimas na mala de napa carmezim. Escrever é muitas vezes um acto ignóbil mas que nos traz dinheiro, conforto e lisonjeadores. Ninguém morre da escrita. Há é quem escreva para não morrer. E talvez fosse por isso que os egípcios preferiam as imagens.

Isto até me deu arrepios

Clint está de volta. E que filme que isto deve ser:



"It matters not how strait the gate,
How charged with punishments the scroll.
I am the master of my fate:
I am the captain of my soul."

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Momentos memoráveis em que "não pensámos nisso"

"Por amor de Deus, é óbvio que "não pensámos nisso". Há alguém que duvide que "não pensámos nisso"? Os dirigentes do Sporting têm um extenso e verificável currículo de "não pensámos nisso". A nossa longa história está pejada de momentos memoráveis em que "não pensámos nisso". Se eu tivesse de apostar todo o meu património na veracidade das declarações de um dirigente desportivo português, apostá-lo-ia sem hesitar num dirigente do Sporting que confessasse simplesmente que "não pensámos nisso"."

O Casanova lá naquele sitio dele

Agir legalmente não é sinónimo de agir correctamente

O Armando Vara pode muito bem ter feito o que muitos portugueses fazem
todo o santo dia e não ter quebrado nenhuma lei
. E o sucateiro pode ter tido apenas jeito para o negócio num país de corruptos.

Mas o Vara e o Godinho não são o Zé Povinho e as funções que ocupa(vam), obrigam a uma ética mais rígida. Um ladrão que rouba ladrão pode ter cem anos de perdão, mas não deixa de ser ladrão por isso. Para quem vem criticando a OMS por mudar a definição de pandemia por forma a incluir a gripe porcina, o Joaquim está a utilizar para este caso duas medidas e dois pesos.

A verdade dita por terceiros

Ontem, duas pessoas distintas me disseram em duas ocasiões distintas,
que a minha vida não tem rumo e que convinha começar a ter.

Não há como discordar

"Todas as pessoas de bom senso com quem tenho conversado, concordam comigo.", dito
pelo dono do café "A Ginginha", ali ao pé da estação de comboios de Tomar, como
quem vai para a estrada da Serra.

Conta aberta na CGD

Penso que foi o Quinito que uma vez terá dito que só lamentava não ter
dinheiro para ter o Pedro Barbosa a jogar só para si no seu quintal.

Eu só lamento não poder pagar a este cavalheiro para me seguir o dia
todo, acompanhado por uma orquestra sinfónica. Quem de entre vós,
sente esta minha infelicidade tem uma conta aberta na CGD para onde
podem enviar as vossas contribuições.

Aqui está uma belissima ideia

Bolsa Social de Valores

descoberto via JR (quem mais poderia ser?)

Há empregos chatos

"This summer, Glacier Park Magazine editor Chris Peterson undertook a photographic project to take photos of Montana's Glacier National Park over 100 consecutive days, starting on May 1, 2009, for a traveling photo show in 2010 to commemorate Glacier's Centennial. He used a mix of film and digital cameras, including an 8 by 10 field camera, a Kodak Pocket Vest camera, circa 1909, and a Speed Graphic, among others. His idea was to use the cameras that would have been used over the course of the Park's 100 years. While Chris was kind enough to share some of his photos below, you really should check out his whole set of 100. All photos and captions are from Chris Peterson. (24 photos total)"

do melhor site do mundo como é obvio

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Ora aí está

Se a situação melhorar, se as notícias de mortes no Afeganistão desaparecerem da agenda mediática, Obama poderá sair vitorioso desta arriscada estratégia, e encarar as eleições de 2012 com mais tranquilidade.

Ou seja o que importa é as mortes desaparecerem da agenda mediática, não é as mortes (de civis e militares (suponho que os "insurgentes" não contem)), serem reduzidas (idilicamente passarem a ser inexistentes). 
Meus caros, o que conta é o que passa como sendo real (neste caso o que não passa) nos media e não o que de facto acontece. 
Este senhor percebe mesmo muito bem como funciona a indústria de relações públicas do estado.


Acho que o Edward Bernays, o Harold Lasswell e o Walter Lippman ficariam extremamente orgulhosos deste pupilo.

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Estamos a ficar sem heróis

Morreu o Jorge Lopes

Shakira o quê?

A situação política de Portugal deixou de me interessar desde ontem à noite, quando pela primeira vez em cerca de quinze anos silenciei furiosamente um comentário de EduardoBarroso sobre o derby com o comando da televisão, enquanto regressava à leitura de O Tumulto das Ondas, claramente a mais espectacular bofetada na minha biografia intelectual desde Os aneis de Saturno, descontando, como é evidente, a obra de walter hugo mãe, que representou no electrocardiograma das minhas frequências literárias o mesmo que o desembarque na Normandia nas areias de Cabourg, uma sensação de botas militares desesperadas por me pontapearem com todo o entusiasmo libertador que é possível num indivíduo munido com umas botas militares. O facto é que uma doença que me condicionava a arrumação do espaço mental parece estar a ser vítima de uma cura milagrosa, sem que seja necessário tecer aqui comentários em estilo Casanova sobre os fantásticos poderes taumatúrgicos da literatura. Se António Pedro Vasconcelos continua a representar qualquer coisa entre Viseu e um filme de que gostamos mas apenas até aquela parte em que o vietnamita começa a grunhir ideias de vingança por lhe terem chacinado a família, é preciso reconhecer que Silvío Cervan, não obstante a subida vertiginosa que representa numa comparação performática com Fernando Seara, terá, mesmo assim, que deixar de contar com o meu apoio telepático, porque eu, alf, acabei de me libertar destes programas merdodos para me entregar, de uma vez por todas, e definitivamente, aquela actividade que tanto fascinava George Sand e Virginia Woolf, duas mulheres que não renegariam dirigir o plantel do Sporting se este alguma vez se transformasse numa equipa passível de ser orientada por pessoas munidas de um sistema portador de relações neuronais.

Alien no Panamá

Li esta frase praí umas dez vezes...

... e ainda assim não a percebo:

Misturar ciência com política não é próprio do espírito científico, nem dos espíritos livres.

Atenção que não estou a dizer que discordo, ou que é mais uma das iditioces a que já nos habitou o Henrique. Estou mesmo a querer dizer que não a percebo. E isto é bastante frustrante uma vez que se calhar estou a perder uma oportunidade de o insultar :-(

Ps: Gostaram do pormenor do smiley?

«Olha a pernita dela»

Entusiasmado com o facto de terem sido iniciados os insultos à minha pessoa no mundo da blosgosfera, com alusões à minha ancestral capacidade de fazer dormir o auditório, bem como a uma total ausência de humor, o que confesso é uma verdade indesmentível (o que só pode augurar-me um belíssimo futuro num país de chatins, diga-se de passagem) aqui volto a mais uma reflexão profunda que dá o mote para a quadra natalícia: por cada Shakira que pretende mudar o mundo há sempre um segurança, por trás dos óculos raiban espelhando as nuvens celestes e o sol invernoso de Lisboa, que avisa, duro e compenetrado, a quem pretende entalar o altruismo de saltos altos e longas esbeltas pernas entre uma pergunta acutilante e a porta traseira de uma limosine.