quinta-feira, 31 de julho de 2008

Estou de volta

e reparo que aqui o blog está com muitas teias de aranha. Vou ali e já volto para actualizar.

ps se forem ver baleias aos açores levem uma cinta lombar. vão por mim que sei o que digo.

domingo, 20 de julho de 2008

Um pouco mais de conhecimento

Caro leitor, e amigo Alf, ando aqui a ler o meu capital vol. I de Karl Marx e depois de alguma curiosidade de saber mais sobre este ícone do séc. XX fui a essa grande invenção que é a Internet e li e reli a biografia deste pensador alemão. O que tem importante isto, pergunta-me o leitor, e talvez o meu amigo Alf, que a esta hora deve tar à espera que chegue as 22.30h na sic notícias para ver o que é que outro grande Magister, como o grande (Ironia) Rui Santos, vai falar sobre o caso do Valentim Loureiro, ou criticar a prestação do SLBenfica por ter empatado com o Estoril, deixo aqui três pensamentos de Marx, que nesta altura de dificuldades que o nosso país atravessa, tanto em termos económicos como sociais, acho que são um bom mote para a reflexão. Aproveito também para deixar um abraço ao leitor e ao caro Apus Apus que vai de férias e que aproveite bem este verão, que lá para Setembro deve vir outra vez a crise, vinda de férias das Ilhas Caimão.

De Karl Marx:
"Os homens fazem a sua própria história, mas não o fazem como querem... a tradição de todas as gerações mortas oprime como um pesadelo o cérebro dos vivos. "

"O primeiro requisito da felicidade dos povos é a abolição da religião."

"As revoluções são a locomotiva da história"

sexta-feira, 18 de julho de 2008

É de antologia.

antes de ir embora, deixo aqui isto:

Metamorfose de carácter

Na chegada da insónia, do manco dedilhar do piano
do despiciendo acto do destronar da pausa
para o condenável concurso do pensar;
O devaneio que devolve ao mancebo a diástole da ideia
a fuga de toda a ambiguidade do sentir,
a diáspora do morganático carácter,
da melodia sedenta que cai no esquecimento do pretexto
E assim, através da mutilação das duas caras
A barca elegia por entre a ortodoxia do rio,
e do liberal da imensidade que se perpectuava
e latia do rugido dos ventos que laureavam a inocuidade
a ingeniudade que bramia da translúcida perífrase
numa falhada tentativa de alimentar toda a ignorância
das naus que oravam para que a foz fosse o final da filosofia

Mísero texto prosaico

Com o bafejar do acre, do sedento odor,
Que se adensava por entre a meritocracia,
Que jaz do terreno murado e adsorvente de capital;
Pelo mísero adjectivo que pensava ser
todo o expoente máximo da escrita poética
resumia-me em voltas num inútil esforço
que levava à teológica e rimática prosa,
Porque, não queria humilhar a palavra,
daqueles que a usam para versar o instante,
todo o tosco sentimento que falaciosamente sentiam,
numa tentativa desesperada de vangloriar todo o inato
toda a rotina do banal que não interessa a alguém
nem às senhoras que rugem do decote da palavra;
Por isso, cinjo-me à ortodoxia dos deuses,
que como eu, respiravam da cigarrilha,
do sinónimo do mísero texto prosaico e, que no fim
resolviam a busílis de toda a promessa verbal

Apus apus novamente em voo

Vou fechar para balanço durante os próximos dias. As ilhas no meio do mar esperam-me.

ps. Alf conto com a tua ajuda para ir pondo aqui de vem em quando uns youtubes.

quinta-feira, 17 de julho de 2008

Ruy Belo, era uma vez


Mas que sei eu

Mas que sei eu das folhas no outono
ao vento vorazmente arremessadas
quando eu passo pelas madrugadas
tal como passaria qualquer dono?

Eu sei que é vão o vento e lento o sono
e acabam coisas mal principiadas
no ínvio precipício das geadas
que pressinto no meu fundo abandono

Nenhum súbito súbdito lamenta
a dor de assim passar que me atormenta
e me ergue no ar como outra folha

qualquer. Mas eu que sei destas manhãs?
As coisas vêm vão e são tão vãs
como este olhar que ignoro que me olha

Ruy BELO


O caro leitor pensará que pretendemos transformar este sítio num panegírico ao nosso espectáculo. Não. Talvez nem sequer ao poeta. É um elogio da derrota. Mais um. Talvez não exista mesmo um outro modo de vencer.

quarta-feira, 16 de julho de 2008

A derrota no blog ao lado

Transcrevo aqui um texto muito interessante do Complexidade e Contradição:

Com 7 honrosas excepções

Estas merdas de se festejar os aniversários de blogues têm de acabar (pecado de que não estou inocente, reconheço). Alimentar um blogue não é algo digno de mérito. Não é nenhuma vitória, nenhuma conquista, nenhuma qualidade. Apenas é. Falo por mim: escrever aqui tira-me muito tempo, sim, mas não custa nada: ligo esta coisa e debito o que me apetece, sem pedir licença a ninguém, sem respeitar seja o que for (o resto é talento puro, admito). O único resultado é a minha humilhação pública. Mais nada. Não ajudo ninguém com isto; o mundo à volta deste blogue não está melhor pela sua existência. Agora toda a gente anda a dar-se palmadinhas nas costas por causa dos «5 anos», como se alguém se tivesse esquecido de que foi no verão de 2003 que esta merda arrancou como deve ser. Sim, eu também estou cá há cinco anos, mas não ando aí pelos cantos com balões atados ao pescoço. Isto é egoísmo puro, é narcisimo refinado, é uma actividade que não paga impostos. Não serve para nada. Cinco anos a escrever na «blogosfera» é digno de pena e caridade, nada mais."

terça-feira, 15 de julho de 2008

Radiohead did it again



o novo video clip feito sem o auxilio de camaras. Mais aqui

Ára bátur ou como ontem fiquei sem palavras

A ler à tarde:

Na minha leitura diária das edições electrónicas dos jornais portugueses, não há nenhuma que me divirta mais que a secção "Jogo da Vida" do Record. Hoje pude ler este belo artigo:

Cristiano Ronaldo e Nereida separados?

Depois de umas férias “calientes” nas águas do Mediterrâneo, o internacional português e o modelo espanhol parecem ter posto fim à relação.

Segundo o “24 horas”, Cristiano Ronaldo terminou o namoro de 7 meses com Nereida Gallardo há uma semana, antes de ser submetido à cirurgia ao tornozelo direito que o manterá afastado dos relvados até Outubro.

Não são conhecidos os motivos da separação do casal que, durante as férias, foi fotografado sempre em clima de romance.

O artigo não tem interesse nenhum, mas se lermos os comentários que dele fazem parte, é uma nova dimensão que surge diante dos nossos olhos:

COMENTÁRIOS
Terca-feira, 15 Julho
• 14:22 - Daniel
Sou sincero, nao gosto da maneira de ser dele em relaçao a maneira como gere a carreira... Mas a gerir a vida pessoal nao ha melhor que ele... xD

• 01:59 - Francisco
Cristiano Ronaldo da.lhe tanto.. ano passado ou a 2 anos altas ferias com a merche MARRETA para cima.. meses de marco/abril ate a mesma data julho/agosto, agora outra vez de ferias mas com Nereida..tambem gosta pouco de MARRETA... ate ao mes de julho/agosto.. Deixem la que o Ronaldo sabe muito anda um tempinho com elas obtem o que quer e manda.as cagar... esperto e' ele com uma idade destas e com o dinheiro que tem, tem maze mais do que tempo para pensar em mulheres...casamentos etc.. eheh

• 01:04 - Peter
pode ser que agora fique com a cabeça no lugar e resolva ver que o seu lugar é no MU. A mudança para os espanhoizecos devia ter algo a ver com o veneno de saias

ps. estou a tentar manter a táctica aqui do elogio da derrota. texto inteligente, com valor e sóbrio. seguido de disparate e vídeo no youtube. o youtube segue já de seguida.

aqui fiquei em tudo quilo que passei



«Aqui eu fui feliz aqui fui terra
aqui fui tudo quanto em mim se encerra
aqui me senti bem aqui o vento veio
aqui gostei de gente e tive mãe
em cada árvore e até em cada folha
aqui enchi o peito e mesmo até desfeito
eu fui aquele que da vida vil se orgulha
Aqui fiquei em tudo aquilo em que passei
um avião um riso uns olhos uma luz

eu fui aqui aquilo tudo até a que me opus»

Ruy Belo, Toda a Terra


«Passou um simples tempo do verbo e tudo mudou». Que dizer a respeito do espectáculo de Sábado? Seria um concerto? Seria uma encenação da poesia? Terá sido uma incoerência incluir hip-hop (bruscamente, disseram alguns)?
É verdade. Foi brusco. Nós também duvidámos. (Duvidamos sempre, sobretudo de nós mesmos). «Este meu ódio visceral contra mim mesmo, este meu profundo amor pela arte». Sem dúvida, trata-se de um problema estético. Na fractura onde o amor e o ódio pela arte se confundem. A dúvida impeliu-nos para a violência da cidade. Não foi a autenticidade, foi a experiência contingente da vida em cada um. E para nós acabou por fazer sentido. Foi também uma forma de questionar o artista como animal jardinizado a fim de servir o olhar civilizado. O palhaço amestrado que aprende a singularidade do seu truque e faz depois dinheiro reproduzindo a raridade do seu gesto. Mas arte, pelo menos desde a modernidade, talvez trilhe agora outro caminhos, tão velhos como o próprio homem.


Outros elementos terão sido bruscos. O negro das mulheres que ainda vêm no inverno chegar-se junto ao fogo, com o terço entre as mãos e o rosto envolto pela treva da noite ou do xaile, ou da capucha, ou do leço enlutado pela morte (às vezes de cabelo despenteado: a título de exemplo, o vento no cimo da montanha, ou as mãos percorrendo as rugas humedecidas pela ausência de um filho afogado). Como Antígona, como as velhas que choram na praia os barcos que se afundam.

Outras passagens terão sido incoerentes. Uma outra vez, o problema da complacência com os ritmos da moda. É verdade. Todos os miúdos ouvem o beat. Mas eu não conheço todos os miúdos. Conheço alguns. Que ouvem o beat. Que esperam um vida mais difícil que a dos nossos pais. Que sabem muito mais do mundo do que os nossos pais sabiam. Que são muito menos comparsas do poder corrompido e de uma burocrática e burguesa forma de comprar a vida. Talvez seja essa a sua imperdoável falta.

Mas nós somos o elogio da derrota. Nada é para nós mais íntimo que estar desajeitado sobre a cena. Parecer mal, errar o passe, falhar o acorde. Não de forma total e autêntica. Antes fingidamente. E em tão completo fingimento quanto o poema mente.

O que é a verdade? Eu acho que talvez seja o avião que passa pelo doente saindo da convalescência à porta do hospital. Há regras sobre a estética, é certo. Mas há também a a guerra que cada flor trava para romper a terra. As regras são permeadas de mortes e confrontos. Eu sei, estamos fora de moda. Que insulto, trazer a política para o poema. Que insulto, trazer a verdade para dentro da mentira. Ou a unidade estética e a harmonia burguesa da técnica institucionalizada ou o artista com a sua torre de marfim incompreendido na violência do seu disparate.

Seria um concerto? Seria uma incoerente mistura de estilos remediados? Seria?
Não sei. Só o poema responde.

A ler de manhã:

Rogério Casanova:

um transcrito aqui e outro lá no sitio dele. Qual deles o melhor. Rir é mesmo o melhor remédio.

domingo, 13 de julho de 2008

No dia a seguir

Ao Ruy Belo, era uma vez. Podemos dizer que foi bonito. E muito mais.

A Ermida - Associação Cultural agradece a todos que ajudaram e vieram ver.

sábado, 5 de julho de 2008

Novos caminhos

Acordar com isto na cabeça em repeat:



"Seria necessário voltar a repicar esses discos não é? como os outros para poder avaliar bem coisas que talvez nos esclarecessem e nos abrissem novos caminhos"

quinta-feira, 3 de julho de 2008

Poesia é viver

Após dois textos de alta qualidade do Alf, e na continuação do tema inauguramos aqui o momento Carlos Ribeiro. O tema de nome "Poesia" relembra a beleza da vida e da poesia que dela brota. Convosco senhores e senhora Duo SãoLindas:



Todos juntos:

Poesia nas noites de amor
Que se tornam magia a dar poesia
Poesia é viver
Viver é poesia

Há poesia e poesia Há ir e não fazer porcaria

Talvez não tenha sido compreendido. Porquê falar de poesia?Tantos bons poetas, deus meu. Tantos bons poetas. Para quê policiar a forma, se a rolha não tira passaporte no momento de deixar a garrafa de champagne?
Não é que tenha mentalidade de chefe. O problema é a falta de paciência, já dizia Séneca, a mais preciosa das virtudes. Meteu-se com Nero e foi o que se viu. Paciência, contudo, não faltou. De modo que não é uma polícia dos costumes. É apenas a dança do bailão. O'neil vem dançar na roda:

A poesia é a vida? pois claro!
Conforme a vida que se tem o verso vem
- e se a vida é vidinha, já não há poesia
que resista. O mais é literatura,
libertinura, pegas no paleio;
o mais é isto: o tolo de um poeta
a beber, dia a dia, a bica preta,
convencido de si, do seu recheio...
A poesia é a vida? Pois claro!
Embora custe caro, muito caro,
e a morte se meta de permeio.


(Alexandre O'neil)

Poesia

Um destes dias conversámos em casa da viúva do poeta. Sobre poesia, sobre a sua impossibilidade. Há quem julgue a coisa pelo nome. Há quem venda sabão à beira da estrada e há quem recolha os copos depois da festa. Qual dos dois praticou o melhor poema? Coisa tão difícil de mapear como a forma mais eficaz da reacção defensiva ao jogo aéreo. O poema é uma espécie de marcação. Disfarçada. Um forma de mentir em estilo sincopado. Um vigarista aprumado. Um enganador que sabe dança. Mas há quem insista na disciplina, na emoção, na coisa autêntica. Na contra-dança. O problema é que bailar exige ritmo (ferrinhos ao som da concertina). Quem nunca foi ao Minho deve escrever poemas. Quem nunca foi abaixo não pode fazer outra coisa. Poetas deprimidos? Não conheço. Mas sei de quem compre o sono em comprimidos na farmácia, que é coisa bem distinta, para os mais distraídos aqui fica atenção: poeta deprimido, NÃO (grande Ary).
Entretanto escrevem-se umas notas em rabeca, mesmo que soe a relatório timbrado em folha papel-bíblia. Universos e frigoríficos, cada um escolhe os que mais lhe convém. Em todo o caso, confesso que nunca votei CDS.
Um destes dias conversámos sobre uma velha que atravessa uma porta em parede branca. Melhor dito: não atravessa, vai atravessando, atravessando, até ser a folha do jornal enrolada na avenida ao fim do dia. Acontece que a poesia é essa folha de jornal que o vento vai enrolando, como os dejectos enrolando, em espiral aquática, até ao centro do lavatório. O poeta apenas tem que sacar a tampa do ralo. E já não é pouco.
Um destes dias pensámos ser possível uma comovida homenagem ao poeta. Só depois chegou a notícia sobre a emoção: fez as malas e partiu para a América. Daí o termos ficado sós, com as palavras e o jogo inútil do vento que as agita. Quem sabe seja ainda possível a famigerada homenagem. Recordar a trajectória que pelo ar descreve a ave. Sá de Miranda andou por Roma e não consta que tenha assinado tratados.
Quanto à homenagem?
Pode ser no Zé dos Bifes, no Porto de Peniche, nas cheias de Rio Maior.
Tanto faz.
Não importa onde jogar, não há como fugir à falha.
Qualquer lugar é bom para atirar a malha.

quarta-feira, 2 de julho de 2008

terça-feira, 1 de julho de 2008

O mistério revela-se em forma de milagre

A razão do mistério redentor de Jesus Cristo ressuscitado ser o 25 de Abril que a sociedade portuguesa precisa está aqui. Se isto continua não vamos ter desculpa para a economia não crescer.

via maradona (e por ai adiante)

Mais um grande momento...

Bem depois de ouvir a Deusa do jornalismo português, Constança Cunha e Sá (ave deusa do jornalismo ave)e do rosto da seriedade política,a sempre credível Manuela Ferreira Leite (ao leitor mais desantento é só para dizer que estou a ser irónico na parte do credível), fiquei a saber, que os sucessivos governos em Portugal, têm-se esforçado imenso pa conseguir um facto inédito: mais dois ou três anos teremos uma dívida externa de 100% do PIB que equivale a cerca de 200 e qualquer coisa mil milhões de euros...O que dizer a isto? (Sem comentários) o melhor é comer um chupa e continuar a ler o meu Capital, Vol.I de Karl Marx (aconselho a todos a lerem. Muito bom!), ao som desta grande música!!!

À sombra é que se está bem

Do outro lado do oceano, a policia vai incluir uma taxa de 12$ nas multas para cobrir as despesas de perseguir os bandidos:

Speeders to pay for police chases

Sugerem também que quando estiverem parados, os policias não usem o ar condicionado. Como diz o chefe da policia no artigo:

"If you want to stay cool, park under a tree."

É a América a preocupar-se com o ambiente. À sua maneira.