quinta-feira, 30 de julho de 2009

E já que falamos em cavernas e buracos fundos

Para se ver da qualidade do jogo de ontem basta dizer que o Miguel Veloso foi o melhor em campo. E que chamaram de Floribella ao Djaló quando tocou na bola. Isto promete tanto este ano que já me decidi e vou comprar o bilhete de época.

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Viver em cavernas. É de facto o que apetece

Esta noticia do Publico é notável. Primeiro pelo grande nível da escrita descritiva do caso. Segundo pelo teor de importância da noticia. Terceiro pelos comentário caceteiros a tudo o que está mal e que nada tem a ver com a noticia. E finalmente porque pode-se viver nas cavernas nos dias de hoje mas saber na mesma como vai o grande Benfica.

A Polícia Judiciária de Braga desencadeou hoje uma operação que resultou na detenção de um homem, com 54 anos de idade, que se tinha evadido da cadeia em 1993. Na altura da fuga, tinha já cumprido cerca de dois anos e meio de uma pena de dez anos de prisão por homicídio de uma vizinha devido a desavenças entre ambos. Nos últimos 16 anos, o fugitivo acoitou-se em grutas ou cavernas por si escavadas nos montes, próximo da sua residência, na zona de Vieira do Minho, e contava com o apoio de familiares e outras pessoas que lhe forneciam alimentos.

A investigação que levou à sua detenção e entrega no Estabelecimento Prisional de Braga começou há cerca de dois anos, quando a PJ de Braga recebeu informações fidedignas de que o foragido poderia esconder-se nos montes à volta da sua residência. No decorrer das investigações, os elementos da PJ enfrentaram um meio que “não sendo hostil, também não era favorável”. Ou seja: muitos teriam conhecimento do caso, mas, quando interrogados, todos garantiam não saber de nada.

Na manhã de hoje, e depois de muitas caminhadas e vigilância, foi desencadeada uma operação que a PJ baptizou de “Cro-Magnon”. Envolveu 12 agentes que tiveram de se deslocar a pé, visto que o local onde se encontrava o fugitivo não era acessível com veículos motorizados.

O detido encontrava-se na posse de uma arma de fogo, mas, apesar de ter reagido violentamente à detenção, não efectuou disparos. Vivia “em condições minimalistas”, segundo a expressão de um responsável da PJ, e tinha consigo pão e frutas. A sua aparência assemelhava-se à de um mendigo, com barba de vários dias.

Ultrapassado o nervosismo provocado pela detenção, o detido veio a revelar-se um grande conversador – “falava como um papagaio” -, sintoma do grande isolamento em que vivia. A sua única “companhia” era um rádio que lhe permitiu ter conhecimento, por exemplo, das últimas eleições no Benfica. Na Polícia Judiciária de Braga não há memória de um caso sequer parecido.

Exercicio para depois de almoço

Leia-se estes posts (este e este) do João Lopes e faça esta pergunta a si mesmo: porque raios não está este homem na sic noticias a comentar a dita realidade politica e temos que gramar com os "politologos" de serviço do costume?

Unión Ibérica

Caro Leitor: Hoje as 9h20, antes de vir ler, não só o grande intelecto do Raposo, esse guru da opinião da blogosfera, mas também a minha República de Platão, dei um saltinho pelo El País. Sim, porque eu não leio só A Bola, nem tão pouco dedico-me a escrever poesia. E vi a notícia que se segue em baixo, duma sondagem sobre a integração política de Portugal com Espanha. Seria bom? Eu, como o Binary Solo, também não gosto muito dos espanhóis, mas se for para a malta viver melhor, sem ter que levar com a Ferreira Leite, nem com o Sócrates, então vamos. Halla Unión Ibérica. Caro Leitor peço-lhe só um favor: dê-me a sua opinião.

"La unión política entre España y Portugal es una idea que divide a los portugueses y causa indiferencia en España. El 39,9% de los ciudadanos del país vecino es partidario de integrarse con España en una federación, mientras que la mayoría de los españoles expresan su desinterés cuando se les plantea la propuesta, según una encuesta de la Universidad de Salamanca que fue presentada este martes en la sede de la Secretaría General Iberoamericana en Madrid. El 30,3% de los españoles apoyaría la creación de una unión ibérica."

Veja a notícia toda neste link: http://www.elpais.com/articulo/internacional/portugueses/apoya/union/politica/Espana/elpepuint/20090728elpepuint_12/Tes

terça-feira, 28 de julho de 2009

I'm just saying...



E é favor seguir os outros vídeos

Uma primeira achega à globalização

Conforme prometi noutro lado vem aí um post de proporções homéricas (em tamanho) sobre a globalização. Neste momento estou a fazer o trabalho de casa: consultar relatórios, ler textos, ver documentários, enfim a fazer um pouco de pesquisa.

Mas como já tinha aludido só pensar em PIB (seja o total ou per capita) é um péssimo indicador do progresso de um país. E não é preciso nenhum génio especial para reconhecer isto. Basta saber uns rudimentos de estatística e pensar um pouco.

Seja como for porque não há nada melhor que um argumento de autoridade deixo cá os pensamentos de uma autoridade em matérias económicas que é muita crítica do actual paradigma da globalização.



Pelas minhas previsões o post monumental vem em três, quatro dias; mas se por algum motivo eu vir as coisas mais demoradas já pensei em fazer as coisas por partes

E tomem lá um pouco de socialismo para os ricos:



segunda-feira, 27 de julho de 2009

Mais uma oreo

Mas desta vez é mais difícil meus caros. Quem descobrir a proveniência e o significado da seguinte imagem tem direito a uma oreo.




Seja como for este mistério vai ser revelado ao longo dos posts que já cá prometi há algum tempo sobre a evolução do pensamento dito científico.

Aqui está o original:


Porque a globalização realmente ajudar a homogeneizar diferenças culturais e económicas

"Freedom to watch money make more money."

O Raposo que vá a Luanda e depois falamos da realidade

Eu nem queria ler mais coisas deste badameco, mas depois do post aqui em baixo da lógica, dei lá um salto apenas para confirmar o que há muito se escreve aqui. A este senhor falta-lhe muito. Respeito, classe e acima de tudo muita leitura:

"A globalização, caríssimo Ratzinger, retirou centenas de milhões de pessoas da pobreza no 'resto do mundo'. Ao contrário do que diz a "Caritas in Veritate", a globalização diminuiu as desigualdades entre ricos e pobres. Tal como a esquerda, Bento XVI tem dificuldades em aceitar este facto, porque coloca a sua ideologia - a caridade - à frente da realidade"

O elogio ainda mais à frente que o próprio maradona

Um video de 10 minutos com o George Best

Mais lógica

Após a resposta correcta do binary solo à questão aqui colocada, vêm mais umas achegas à lógica.
Número I, número II, e número III.

"E porquê tanta lógica dweebydoofus?" perguntam alguns dos leitores. Bem, porque este senhor aqui parece precisar mesmo muito de saber o que são falácias lógicas e mais importante ainda precisa de aprender a argumentar (e infelizmente muito mais pessoas). E pode ser que por algum acaso ele venha cá parar (ou algum dos seus amigos lhe indiquem este cantinho da blogoesfera) e assim posso sentir que já fiz algo de bom.

Ps: Infelizmente este aqui já não pode ser ajudado de maneira nenhuma. Tantos anos de irracionalidade causam este tipo de efeitos. O caso clássico do fantoche que está mesmo muito contente por ser um fantoche.

Vamos lá tratar de lógica

Você está para receber a sua sentença de morte. Os assassinos o desafiam:

Faça uma afirmação qualquer. Se o que você falar for mentira, você morrerá na fogueira. Se falar a verdade, será afogado. Se não pudermos definir sua afirmação como verdade ou mentira, você será libertado.

Deixe um comentario: O que você diria ?


Tão à frente, mas tão à frente, que já cansa.

domingo, 26 de julho de 2009

É que até parece que me está no sangue

Nenhum animal consome leite depois do desmame, apenas os humanos. E repare bem, a maioria da população é intolerante à lactose. Estes povos não bebem leite e são os que têm taxas menores de osteoporose e quebras ósseas! É o caso dos asiáticos e dos africanos.

Não está provado que o leite previna a osteoporose, há até muitos estudos que indicam o contrário e há poucos que comprovem que de facto seja verdade.

Aliás, é bom dizer que o leite é constituído por proporções de nutrientes que não são as indicadas para o homem. Contém poucos hidratos de carbono (a nossa gasolina, aquilo que faz o nosso cérebro funcionar e nos dá energia) e muita gordura saturada, que é algo muito prejudicial para a nossa saúde e que é pouco comunicado.

É claro que muitas pessoas podem viver sem grandes problemas consumindo leite todos os dias, mas o que digo é que não vão estar completamente saudáveis.

Estes estudos comprovam sim que o consumo de leite de vaca está associado ao aumento de colesterol, uma vez que o leite contém muitas gorduras, que ainda por cima são saturadas e que são as piores que existem. Não compreendo porque é que nunca ouvimos falar disso nos media, quando ouvimos tanta coisa sobre alimentos que fazem mal.
Nestes estudos encontraram-se também relações fortes com alguns tipos de cancro como o dos ovários e o da próstata e com a diabetes tipo 2. Isto acontece inclusivamente nas crianças, o que é muito preocupante.

Os meus filhos nunca beberam leite e são saudáveis.

Mas a comunicação social diz-nos tanto que precisamos de leite para ser saudáveis, como é que deixamos de beber leite e ficamos bem? Porque é que não nos dizem para comer vegetais, fazer desporto, etc? Porque é que nos dizem que basta beber leite para termos todos os minerais, vitaminas e nutrientes que precisamos para nos manter saudáveis e alimentados?

Veja bem, é preciso ter em atenção quem envia estas mensagens. Normalmente são pessoas/organismos com interesse no leite. E depois é tudo uma questão de lucro, o comércio do leite é muito mais lucrativo que o dos legumes.

uma nutricionista a mencionar que o leite era como outro alimento qualquer, imperfeito e a ser consumido com conta, peso e medida, principalmente na idade adulta.

A intenção não é lançar o pânico, nem tão pouco agredir as produtoras de lacticínios. Mas a verdade é que é necessário alertar para o facto de ser necessário dizer a verdade completa, informar com qualidade. E a verdade pode não ser aquela que nos bate à porta todos os dias.

E fica-me uma dúvida, pendendo como um ponto de interrogação em cima da cabeça: Então eu vou tomar comprimidos para poder digerir o leite?

Segundo Francisco Varatojo, o leite nem sequer é o alimento com maior percentagem de absorção de cálcio e uma caminhada diária de 30 minutos diários pode ser o suficiente para evitar a osteoporose.

Exemplo:
Percentagem de Absorção de Cálcio
Couve de Bruxelas - 63.8%
Brócolos - 52.6%
Rama de nabo - 51.6%
Couve - 50%
Leite de vaca - 32%

segundo Robert Cohen, escritor do livro “leite: Alimento ou Veneno?”, tudo aquilo que nos disseram sobre o leite não passa de uma mentira.

Ninguém põe na balança o poder que o leite tem de fazer mal ao ser humano, apesar de mais nenhum mamífero ingerir leite depois de deixar o leite materno. Em parte, isso é devido à enorme força das campanhas publicitárias e informativas que circulam desde sempre nos órgãos de comunicação social. Ao que parece, para o século XXI o alimento estratégico é o leite. Não a água, não a alimentação saudável, não os vegetais, mas o leite.

Nenhum mamífero bebe leite depois de ser desmamado e muito menos bebe leite de outra espécie. No entanto, todos nós reagimos com repugnância se nos for sugerida a hipótese de beber leite humano.

Por favor mandem um chorrilho de platitudes e lugares comuns sobre o benefício do leite que me está mesmo a apetecer discutir.

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Motor homopolar

E ainda dizem que a física não é gira.

O palimpsesto de Arquimedes













E sim sim ainda vou acabar de escrever aquele texto.

Ciências Sociais... pffffffffffffffff.. talk about contradiction in terms






oito ou oitenta sem nada pelo meio

Nunca a meio de discussões vos aconteceu ter que mostrar à outra pessoa que existe mais que preto/branco?, mais que tudo/nada?, mais que nós/eles? A mim já e foram várias vezes.

E agora um texto que se calhar não tem nada a ver com o que atrás foi dito:

Once a historical event has taken place, it becomes very hard to imagine that you could have achieved a result some other way. When something is happening in history it takes on a certain air of inevitability: This is the only way it could have happened. No.

We are smart in so many ways. Surely, we should be able to understand that in between war and passivity, there are a thousand possibilities.

É já amanhã o Mont Ventoux


Consequências não totalmente assimiladas para a prática dominical da eucaristia

via Aurea mediocritas

Segue à atenção do espectacularíssimo editorial de Paulo Ferreira, hoje, no Público, a propósito de um outro grupo de macacos

PS. A bolacha oreo é minha

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Uma bolacha Oreo a quem descobrir quem disse isto...

...e já agora descubram também quando é que o disse:

"The United States has only one party - the property party. It's the party of big corporations, the party of money. It has two right wings; one is Democrat and the other is Republican."

Cada vez que vejo um artigo em word

Só me apetece esmurrar, esbofetear, pontapear a pessoa que o escreveu. A sério! Apetece-me... Apetece-me pronto... Apetece-me... E inda por cima fico repetitivo. A sério que fico... Repito-me


Ler com cuidado.

Este já é em pdf e ou muito me engano ou foi escrito em LateX. O que é chato é mesmo ser uma grande merda de artigo. Chatinho...

Este é para ler com mais atenção num futuro próximo.

Isso, provavelmente, no dia em que perceber que o cinema de Mikio Naruse, mesmo para um japonês, não vale uma sandes de presunto


O "freelancismo" e o cinema de Mikio Naruse: algumas relações de causa-efeito

Anabela Mota Ribeiro não é como nós: trabalha com independência e tem a sorte de ter cinco trabalhos. Na suas palavras: É que eu sou freelance e, como se dizia na minha terra, quem não trabuca não manduca. Se não trabalhar as 12 horas que trabalho por dia, se não tiver os cinco trabalhos que neste momento tenho a sorte de ter, acaba-se a boa vida. Por outro lado, deve reconhecer-se o facto de a sua estatura intelectual, nem por sombras, nem pelos sagrados bigodes de António Veloso no momento de marcar o penalty, não poder ser comparada à nossa, nós, aqueles que, não sendo pessoas fantásticas, independentes e com um profundo gosto pelas relações pessoais e dinâmicas familiares, merecem o mais profundo desprezo da princesa dos cartazes culturais. Política? Vejamos o que nos responde Anabela, enquanto trincamos a sandes de ovo e prosseguimos o visionamento das obras completas de Jean-Claude Van Dame: Voto e tenho consciência política, mas guardo-a para mim. Do que eu gosto mesmo de falar é de cinema, e de relações pessoais, e do que são as famílias e a sua dinâmica. Para saber do que eu gosto, é preciso ver o filme "O Segredo de um Couscous" do Kechiche ou todo o cinema do japonês Mikio Naruse.

Eu sempre gostei mais do "russo"


Hoje deu-me para isto



As jogadas que começam ao 1:40, 2:07 e 2:22 são absolutamente geniais em termos desportivos, humanos e sociologicos. Um homem face aos adversários mostra-lhes a derrota em forma de mãos e corpo com uma bola rumo ao cesto. A vitória do air jordan. Um senhor.

Economia do conhecimento e desenvolvimento tecnológico: algumas insignificâncias (são pretos) censuradas pelos media

Mas o mercado, assista-nos o espírito santo, se a sociedade civil for libertada pelo Estado, tudo resolverá e choverá felicidade sobre nós

O verdadeiro motivo das guerras na África não é porque os africanos adoram matar-se uns aos outros. São as riquezas que são monopolizadas. É preciso desestabilizar para poder pilhar as riquezas do Congo. O mesmo acontece no Sudão, com o petróleo. Em Sierra Leoa, onde existem diamantes, há também uma guerra. No único país da África ocidental, que era rico e estável, a Costa do Marfim, também foi imposta uma guerra. Onde há riqueza, vemos que uma guerra é imposta.
O que acontece na Bolívia não é diferente. Porque há uma revolução, um presidente indígena que tomou o poder e quer nacionalizar, então provoca-se uma desestabilização. É uma estratégia internacional.
É por causa da guerra e da pobreza que ela acarreta, que os africanos não podem comprar o necessário para viver, ter acesso à saúde, habitação, vestuário, e escolas para seus filhos.
Não falemos mais de generosidade da Europa. Quando os europeus e americanos gastam centenas de milhões de dólares para salvar bancos e não têm 80 milhões de dólares para gastar em saúde nos países pobres... não falemos mais de generosidade.

Mas as virtudes cristãs, bendito seja nosso senhor jesus cristo e maria santíssima, vão ganhar esta luta moral em favor da democracia liberal

Deus abençoe a economia de mercado que por interseção do sagrado coração de jesus nos trouxe o desenvovimento sustentado e a criação de riqueza

A maldição das riquezas assola a região há anos: as guerras se acumulam e os mortos se amontoam. A ONU documentou em 2002 a conexão direta entre a guerra na região dos Kivus e a luta pelos recursos naturais: um relatório demolidor revelou a insondável teia de interesses criados para saquear a zona. O estudo não poupava ninguém, exceto os milhares de mineiros locais (incluindo crianças) que trabalhavam em condições de semi-escravidão. As responsabilidades eram divididas entre as autoridades do Congo, ávidas por dólares e fáceis de subornar, dos países vizinhos (sobretudo Ruanda e Uganda), que exportavam tudo de graça e sem autorização, e empresas multinacionais -foram citadas 114 entre americanas, britânicas, belgas, alemãs-, beneficiárias finais do saque organizado.

Classificação geral por etapas

Marco Chagas é, sem dúvida, o maior comentador desportivo português de todos os tempos, incluindo as famosas transmissões neolíticas do lançamento do cacete, mas já repetiu, em dez minutos de emissão, que Alberto Contador é o maior corredor por etapas do mundo, conclusão que não necessita de qualquer esboço refutativo, tão evidente é o nível de sabujice que Contador carrega em cada subida de montanha.

Não sei o que vos diga

Foi com algum espanto que descobri este novo site twitica onde os nossos deputados "twitters" fazem comentários ao que se vai passando na AR.

Na pagina principal pode-se ler:

O twitica é um projecto independente e isento, construído para ajudar a que o debate político esteja mais próximo da comunidade. A intervenção activa da sociedade só pode ser conseguida através de um diálogo aberto e permanente. Leia o que os nossos dirigentes e activistas políticos têm a dizer, participe na construção do seu país.

Ficamos a saber que:

230 Deputados
49 Tweeters
181 não utilizam o Twitter.

Então e que dizem os dirigentes e activistas politicos? Entre outras coisas , pode-se ler:

Jorge Seguro Sanches -ps
A chegar a Lisboa! 8 horas | responder

Jorge Seguro Sanches -ps
A caminho de Castelo Branco! 15 horas | responder

Hermínio Loureiro -psd
Acabei de defender a Igualdade de oportunidades. Vamos corrigir as desigualdades e promover a igualdade no Desporto. 17 horas | responder

Heloísa Apolónia -pev
Boa tarde e fiquem todos bem :0) 17 horas | responder

Heloísa Apolónia -pev
@Rodolfo129 Procure lá onde eu lhe disse... e ponha uns óculos!!! LOL 17 horas | responder |

Maria Ofélia Moleiro -psd
@DAbrunheiro que andas a fazer ? 18 horas | responder | em resposta a DAbrunheiro

Hermínio Loureiro -psd
@Berrador eu vou projectar NOVOS HORIZONTES em Oliveira de Azeméis 18 horas | responder

De facto, um grande contributo para o debate. Isto é tudo gente séria, como diria alguém que ouvi um dia. Não se pense que sou contra as novas tecnologias. Antes pelo contrário. Sou um utilizador diário de muitas delas, mas de apenas aquelas que me permitem fazer o meu trabalho mais eficazmente. Coloca-se aqui a questão: até que ponto isto não começa a transformar uma profissão, um cargo de importância nacional em pedaços de texto com 160 caracteres? Não devíamos antes estar a focar no essencial que é o que de facto se passa no hemiciclo? não é de surpreender que o gesto de Pinho tenha sido visto primeiro nos monitores dos deputados e não ao vivo enquanto ele o fazia.

Como dizem os miúdos hoje: k cena tão fixe LOL

terça-feira, 21 de julho de 2009

Só hoje descobri Robert Capa



Mais aqui

Contador 1 - Armstrong & Cia 0

"Não venham depois dizer que foi o que as pessoas quiseram"

Tendo estado fora alguns dias só agora reparo neste post da JR:

Contributo para um debate político

"Encontramo-nos hoje em Portugal mergulhados numa dupla crise: uma que vem muito de trás, resultante de uma não-definição clara de objectivos consensuais para o futuro do País e outra, que resultou da aceleração e agudização desta pela crise global.

Estamos em vésperas de eleições. Os cidadãos, mulheres e homens, poderão ficar, mais uma vez, perante um menu diversificado de propostas avulsas, raramente bem esclarecidas e coerentes, sem terem em seu poder os dados necessários para fundamentarem e fazerem as suas escolhas. Continuarão alienados pela retórica dos discursos e cada vez mais descrentes quanto à importância do seu voto.

Urge, pois, neste momento crítico da sociedade portuguesa e da democracia, encontrar modos de proporcionar uma opinião pública esclarecida. (...)

É com este propósito que um grupo de cidadãs e cidadãos, insatisfeitos com os conteúdos e a qualidade do debate político partidário, tomou a iniciativa de reunir neste documento alguns contributos para um melhor equacionamento de opções com que o nosso País se tem de confrontar, nesta encruzilhada em que se encontra o mundo contemporâneo.

O link é este: http://www.cidadaosdebatempolitica.net/"

Entretanto o Rui Tavares também escreveu umas coisas muito boas sobre o manifesto e não só.

Eu já tirei o pdf do site e tentarei lê-lo nos próximos dias. O tempo porque passamos assim o exige.

Ainda há alguém de respeito no CM

Esta frase dá que pensar, abaixo, dá que pensar. A nossa conivência com a corrupção é gritante, mas quando alguém faz um gesto menos próprio, que não é tão grave como a corrupção, as meninas da aldeia se exaltam e quase gemem da dor da violação intelectual. Um conselho que deixo a esta gente, e citando o meu amigo Alf, é que leiam e deixem-se de tretas.


"Neste sítio um ministro pode ir para a rua por um par de cornos infantis ou por uma piada de mau gosto. As roubalheiras, os negócios escuros, os compadrios, a corrupção a céu aberto e o tráfico de influências, não só são tolerados como premiados nas urnas"

António Ribeiro Ferreira, Jornalista do CM

A saudade mata mesmo

Não é só nos poemas que se morre de saudade.

Bebés a dormir em caixas de cartão; pessoas a morrer, literalmente, de tristeza; ameaças à integridade física; roubo de dignidade humana: mais um dia de negócios para os EUA e RU.

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Foi há 41 anos



entretanto o homem chegou à lua há 40 anos. Um facto extraordinário. A prova de que a vontade humana quando orientada para um sentido comum pode construir e realizar grandes.

Calhou na semana passada de ver este episódio dos Mythbusters ao caçarem um do maiores mitos urbanos: o homem nunca ter ido à lua. Fica aqui a parte I, II, III, IV e V.

Estamos de volta

e já ouvi o Sócrates prometer 1000 estágios e o Toy a chamar pelo António nas festas de Porto Salvo. Podia dizer que não notei muitas diferenças ao chegar.

Já não tenho cura

Começo a pensar que estou mesmo degenerado e qualquer esperança na minha recuperação espiritual é infundada.

O que é que vocês acham?

domingo, 19 de julho de 2009

Não haverá por um aí um livro para quem se interesse (ainda) pela questão: de onde raio sairam estes gajos que se conhecem todos uns aos outros?

«E o fim da tarde inspira-me; e incomoda»

Sem grande elaboração em torno do conceito de normalidade - ou de como essa normalidade nos morde as canelas qual cão raivoso - a obsessão com a gripe começa a instalar-se silenciosamente. Já sei que o caro leitor vais esgrimir furiosamente a preocupação com a dignidade da vida e agitar descabelado a experiência de quem assistiu ao sofrimento atroz dos contagiados. Não se enerve, eu conheço - ou julgo conhecer - a via sacra do medo (nós os que acreditámos na catequese até aos nove anos vivemos tempo suficente perante o horror do inferno). Vem a propósito uma velha canção popular sobre encomendação das almas: cuida da morte que o inferno é mui fundo. A preocupação com a dignidade da vida talvez não esteja em tremer cobardamente quanto chega o momento em que a brincadeira perde a graça: é claro que estou preparado para ver retornar ao curral (a igreja) todas as cabisbaixas ovelhinhas que fingiram não cuidar de assuntos sérios e andaram nos últimos decénios (talvez desde os anos 60) na tripaforra. Também espero, com benévola paciência, o esfregar de mãos dos sacerdotes - de olhos brilhantes - acompanhando a cotação da vida post-mortem, isto do ponto de vista das expectativas. Eu - como os caros leitores já sabem - fico onde sempre estive: à cabeceira de Cesário, quando a tuberculose veio e o supreendeu em plena vitalidade poética. Os testemunhos de familiares não fingiram cenários de esperança. O próprio Cesário tinha crescido com a enorme mágoa de uma irmã, a alegria da casa - rapariga muito bela, segundo todas as fontes - que lhe morrera aos 19 anos, deixando um rasto de sombra pelo resto dos anos a que lhe sobreviveu. Cesário fechou a porta, largou os papéis em cima da secretária e foi descansar. Não se acobardou, não correu a hospitais, nem a vacinas, não foi inensar-se com os pózinhos da salvação, não pediu protecção, não confiou no governo, não implorou informação clara e transparente. Recolheu ao seu quarto, numa quinta do Lumiar. Tinha 31 anos. As últimas palavras tornaram-se famosas. Quando lhe perguntaram se pretendia alguma coisa, perante a agonia, Cesário terá respondido: «Não quero nada, deixem-me dormir". Corria o Verão de 1886. Mais precisamente, o dia 19 de Julho. Tal como hoje, 19 de Julho, dia em que não há uma puta de uma televisão que seja capaz de trocar uma inutilidade sobre a gripe por uma palavra de quem sabe como vencer a morte.

Gosto deste jornalista

Não vejam isto!

A sério não vejam:

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Toca de utilizar os outros países como caixotes de lixo

Aparentemente o Brasil é um dos caixote de lixo do Reino Unido.

The authorities say they fear it may represent an attempt to use South America's largest country as a dumping ground for hazardous waste in the way that has happened in other parts of the world, including Africa.

Public resentment over the issue increased when it was revealed that inside one of the containers was a collection of dirty toys with a note in Portuguese saying they should be washed before being given to "poor Brazilian children".

Alguns pensamentos não originais e alguns comentários meus

There is an astonishing imagination, even in the science of mathematics... We repeat, there was far more imagination in the head of Archimedes than in that of Homer.

Voltaire

E agora alguns pensamentos de um físico que muito admiro:

I learned very early the difference between knowing the name of something and knowing something.

Our imagination is stretched to the utmost, not, as in fiction, to imagine things which are not really there, but just to comprehend those things which are there.

On the contrary, it's because someone knows something about it that we can't talk about physics. It's the things that nobody knows about that we can discuss. We can talk about the weather; we can talk about social problems; we can talk about psychology; we can talk about international finance... so it's the subject that nobody knows anything about that we can all talk about!

Tell your son to stop trying to fill your head with science — for to fill your heart with love is enough.

Poets say science takes away from the beauty of the stars — mere globs of gas atoms. Nothing is "mere". I too can see the stars on a desert night, and feel them. But do I see less or more? The vastness of the heavens stretches my imagination — stuck on this carousel my little eye can catch one-million-year-old light. A vast pattern — of which I am a part... What is the pattern or the meaning or the why? It does not do harm to the mystery to know a little more about it. For far more marvelous is the truth than any artists of the past imagined it. Why do the poets of the present not speak of it? What men are poets who can speak of Jupiter if he were a man, but if he is an immense spinning sphere of methane and ammonia must be silent?

So, ultimately, in order to understand nature it may be necessary to have a deeper understanding of mathematical relationships. But the real reason is that the subject is enjoyable, and although we humans cut nature up in different ways, and we have different courses in different departments, such compartmentalization is really artificial, and we should take our intellectual pleasures where we find them.

Feynman

Após estas citações cá vêm os meus pensamentos.

A primeira citação é de Voltaire. Não vou aqui fingir ter um conhecimento muito profundo de Voltaire, mas o pouco que sei dele permite ter-lhe alguma admiração. Mas não é isso que aqui está em causa. O que está em causa é a frase dele e o porquê de eu a ter escolhido.

Eu escolhi esta frase (e peço desculpa por não ter encontrado a original em francês) por que ele expressa uma ideia muito importante e muito desconhecida sobre Matemática (em Ciência na verdade). O facto de a imaginação ser muito importante. Eu se calhar usaria a palavra creatividade, mas imaginação serve para o que quero expôr.

Se calhar estou enganado, mas a ideia que tenho da ideia que as outras pessoas têm da Ciência e dos cientistas (como odeio esta palavra!) é muito longe da realidade. Primeiro que tudo o objectivo não é compreendido. Depois os métodos (sim métodos, o método científico não existe e já a noção de métodos me faz muita confusão) também são na maior parte dos casos extremamente mal entendidos.

Então qual é o objectivo da Ciência: muito simplesmente o objectivo da Ciência é saber. Mas saber na verdadeira acepção da palavra. Uma experiência que eu gosto muito de citar, e para mim exemplifica de uma maneira estrondosa o que é saber, é a experiência do cone de luz feita por Newton.

Só isto daria um blog. Teria que falar das teorias de visão, da luz e sei lá mais do quê para se sequer se ter uma noção da importância do que Newton fez e do que Newton compreendeu. Mas por favor confie em mim caro leitor. Isto é um tema importante. Não só importante para académicos, mas para toda a gente.
Seja como for haviam algumas hipóteses (só o distinguir o que é uma hipótese do que é uma teoria já parece ser um passo intelectual gigante para a maior parte dos jornalistas) sobre qual era a natureza da luz solar. Newton que na altura tinha vinte e poucos anos e tinha algum tempo livre começou a pensar nestas questões.
Trancou-se num quarto escuro com um buraquito que deixava passar um raio de luz solar. Ele também sabia (era conhecimento geral na altura) que ao passar a luz por um lado de um prisma de vidro do outro lado sairia o arco-íris.



Na altura as ideias que pairavam era que de alguma forma o prisma tinha acrescentado as outras cores todas a cor branca do sol.
Newton decidiu testar esta hipótese. Se assim fosse pensou Newton então ao conseguirmos separar uma das novas sete luzes e fazendo-a passar por outro prisma deveríamos continuar a ver as sete luzes.
Depois de por mãos à obra isto foi o que ele obteve:

Hmmmm que estranho... Ele só obteve uma cor. Parece então que algo está mal com a hipótese anterior. CNewton começou a pensar que talvez a luz branca fosse composta pelas sete cores anteriores e de alguma forma o que prisma fazia era separar as cores consituintes da luz incidente.
Sendo isto uma hipótese Newton como a pessoa entendida que era tinha que a testar. Sendo assim a nova experiência era juntar de novo as cores e ver o que acontecia.
Newton fê-lo ao inverter o prisma e observou que do outro lado de facto saia luz branca.



Sucesso! Com mais algum formalismo, com mais explicações dadas, e mais previsões feitas estas hipóteses de Newton ganharam forma como uma teoria de facto.
Para uma prova mais terrena que o leitor pode fazer deste fenómeno recomendo que faça um disco destes

e depois o faça girar e observe.

Isto para mim é saber. E mal do mundo se só os cientistas têm este tipo de atitudes. Se só os cientistas têm dois dedos de testa e tentam de facto perceber antes de falar. E saber abarca sempre o porquê e o como. Muitas das vezes um dos factores tem maior relevância que o outro, mas quem sabe o que é saber, e se interessa por saber tem noção destas duas noções.

E o que tem isto a ver com imaginação e creatividade poderá (deverá) perguntar algum leitor mais aborrecido. Tem tudo a ver com creatividade. Primeiro que tudo as experiencias que Newton concebeu (tão creativas que eram que de toda a gente que se preocupava com estas questões só Newton se lembrou de as realizar) e depois o entendimento que Newton fez do seu resultado.

Outros exemplos mais poderia dar acerca de imaginação em Matemática. A teoria de conjuntos de Cantor (atenção que em Matemática o termo teoria tem uma conotoção ligeiramente diferente), a sua demonstração que o conjunto dos números reais tem uma cardinalidade superior que a dos números racionais, a primeira demonstração de Euler que



e sei lá mais quantos exemplos poderia eu dar envolvem uma dose enorme de imaginação. Uma dose enorme de gosto e respeito pelo que se está a fazer.
E se alguém duvida da imaginação de Arquimedes por favor leia isto, isto, e isto. E tenha em atenção o período histórico em que ele se encontrava.
Não sei se de facto ele tinha mais imaginação que Homero, mas grandes cientistas de certeza absoluta têm muita creatividade.

Passando agora para o que disse Feynman:

A primeira citação é deliciosa e acho que fala bem por ela. Aqui vou apenas dar o exemplo que ele próprio dava. Ao conversar com amigos sobre qual o nome de um pássaro em particular chegou-se a conclusão que afinal o nome que Feynman pensava ser o do pássaro não o era. Claro que ele foi gozado pelos outros miúdos e disseram-lhe logo que afinal ele e o pai não sabiam nada. Após isto o que o pai lhe explicou é que aquele mesmo pássaro tinha vários e muito diferente nomes se tomarmos em conta as línguas humanas. Mas o que ele era: o que ele comia, como se limpava, o seu ciclo migratório e outras características era sempre o mesmo para todos os humanos. E isso é o que interessava. O nome dado nos EUA ao tal pássaro era acidental o que ele fazia era essencial.

A segunda frase expressa de maneira bastante concisa (o que muitas vezes acontece com quem sabe do que está a falar) a ideia de todo este post. Ou seja eu preciso de frases de outros, imagens, e sei lá quantas palavras para dizer o que ele diz em duas linhas. Mas só o compreender o mundo que nos rodeia é um esforço imaginativo de todo o tamanho. Muito mais imaginação também é colocada no esforço cumulativo que é a Ciencia.

Um exemplo para tornar concreto o que quero dizer. Pensemos novamente no grande Newton. Após uma vida que na maior parte foi dedicada a estudar a Biblia e alquimia (campos altamente científicos) ele também chegou a uma conclusão ou outra nos campos de Física e Matemática.

Aqui não consigo resistir a dois parênteses. O primeiro é que este passatempo de Newton foi a base e o motor da revolução industrial e assim sendo a base e o motor da sociedade ocidental contemporânea.
O segundo é que apesar de tudo a maior parte das descobertas de Newton tinham sido realizadas por Alhazen no século dez/onze. Claro que sendo ele um membro de um país do actual terceiro mundo e que ainda por cima está ligado ao Islão fica mal reconhecer-lhe a precedência de sete/seis séculos.
Fim dos parênteses

Seja como for graças a Newton toda uma nova dinâmica ganhou forma. E a sua dinâmica teve um sucesso estrondoso na explicação, compreensão, e dominação no mundo que nos rodeia.
Não obstante tudo isso no princípio do século XX, finais do século XIX, alguns problemas não eram resolvidos segundo o paradigma da Física a Newton. Para os solucionar surgiram a mecânica relativista, e a mecânica quântica na sua primeira forma. Estas novas teorias têm que vir complementar a anterior teoria de Newton. O corte acontece e é radical, mas não pode ser absoluto uma vez que a física newtoniana tem provas dadas em termos preditivos.
Ou seja os físicos têm que maginar novas soluções para problemas que não têm resposta nos moldes anteriores, mas que ao mesmo tempo não contradiga as respostas que nós sabemos serem correctas.
Acho que não fui muito claro neste ponto mas temo ser necessário demasiado espaço para explicar convenientemente este ponto.

A terceira frase está aqui apenas devido a elevada dose de cinismo.

A quarta frase está aqui devido a grande dose de verdade. Encher o coração de amor basta. Amor por nós, pelos outros, e pelo que nos rodeia.

As duas últimas frases serão discutidas num próximo post a ser publicado durante o fim-de-semana.

Chateia-me cada vez...

...que vejo alguém a defender o Lincoln como um grande defensor da liberdade. Como alguém que só permitiu a guerra civil porque queria um bem maior e queria acabar com o grande mal que era a escravatura. Mentira das mentiras!

Toca de ler isto que isto são factos inquestionáveis e já sabidos há bastante tempo.

Denson's argument, and that of other Lincoln revisionists such as Thomas DiLorenzo, should not be misunderstood. He does not contend that the policy of Jefferson Davis was beyond reproach. Perhaps Davis ought not to have fallen into Lincoln's trap; on this issue Denson does not commit himself. The point, rather, is that Lincoln set a trap. Neither does Denson deny that the Southern states, in seceding, were in part motivated by fear that Lincoln would interfere with slavery. The question that interests him is rather why Lincoln would not let the South depart in peace, and here the answer lies in the tariff, not slavery.

E prontoxe, por hoje é tudo.

O silêncio devia ser obrigatório

Já batemos no homem suficiente vezes aqui no elogio. Eu até já nem vou ao blog dele. Mas lê-se um post brejeiro (onde tentou ter piada, mas falha redondamente roçando o baixo nivel de tasca)e pergunta-se como é que escreve onde escreve e haja quem lhe dê importância e relevo suficiente para aparecer na TV.

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Bah para o Obama



"The american society does not operate by sitting around and waiting for handouts. Why should we as Africans?"

E aqui está a entrevista toda para os resistentes:

Havia um menino ontem que empurrava um pneu

E havia ali um movimento cheio de encanto. Enquanto isso, o carro onde me deslocava, saltava entre faixas ziguezeando o transito em Luanda. Hoje de manha fiquei parado e embrulhado no meio de outros carros. Aqui o caos é a ordem:



Um dos maiores perigos da ignorância é acabar em arrogância. Tem sido o que tenho experimentado com algumas das pessoas que encontro aqui. E normalmente são essas que tem poder de decisão. Uma forma de resposta ao não saber é responder que não quer saber. Acredito que seja uma reacção ao pensamento que os estamos a enganar. Não há muita maneira de dar a volta a isto. Aceitam-se sugestões. E até lá é ter paciência.

Onde se econtra finalmente um bloguer que compreendeu (o senhor seja bendito) o que é o iluminismo de Rosseau

Teoria do reconhecimento: ou Truffaut embevecido por Hitchcock (sou ou não sou um pós-moderno)

Francisco José Viegas escreveu recentemente, no seu ressuscitado blogue, um mini-ensaio sociológico sobre a blogosfera. Entre vários conceitos que não retive, tenho andando aos trambulhões com pelo menos dois: «maledicência», esta palavra que encarna a espiritualidade portuguesa, desde a ética quotidiana prescrita pela irmã Lúcia até às considerações amorosas de uma donzela descrita por Camilo Castelo Branco, e «ressentimento», tipo de emoção sobre o qual gostaria de tecer um ou dois comentários, movidos por uma inveja irremediável, após consulta médica ao blogue da menina do limão. Parece que a blogosfera destila ódio, ressentimento, maledicência. José Pacheco Pereira queixa-se muito deste padecimento. Talvez seja necessário explicar, uma vez que ninguém explica, porque surge aqui um dos mais interessantes problemas das sociedades mediáticas. Quem não aparece, não existe. Quem não está na televisão, não tem existência pública. Quem não é visitado no seu blogue, vê definhar lentamente a sua massa cerebral. Quem não escreve no jornal - e lê quotidianamente as crónicas de Constança Cunha e Sá ou César das Neves - envelhece à velocidade da luz, enquanto agita nervosamente os dedos das mãos em direcção á chávena de café. Com efeito, sem existência pública, que nos perdoem todos os apóstolos pequeno-burgueses, a psique tem tendência para a degenerescência. Algures entre Cabo Ruivo e a Venda do Pinheiro, li no outro dia um pequeno ensaio que identificava na origem da ciência económica - Smith e também Rosseau, pasme-se, o inimigo da liberdade - o reconhecimento dos outros como grande motor da acção humana. O reconhecimento, após três séculos de cultura capitalista, onde a riqueza material era o meio fundamental para o obter, faz-se cada vez mais através da comunicação. E temos um simbiose explosiva entre comunicação e visibilidade humana. Ora, o acesso à visibilidade já não se faz por via da cidadania mas pela inscrição na comunicação social. Não vou citar José Gil, uma vez que penso aqui num outro tipo de inscrição, mais relacionado com a praxis - estilo inscrição de sócio do Benfica - e menos o conceito giliano meta-psicótico. A verdade é que se repararmos no próprio conceito - comunicação social - logo se torna evidente que é por ela que a sociedade comunica. Quem não comunica tem, necessariamente, que desabafar. Tudo isto pode adquirir foros de raiva - estilo Paulinho Santos no momento de eguer o cotovelo - quando o recrutamento para a dita inscrição não se faz por recensamento territorial, nem sequer por extração meritocrática, mas simplesmente através de critérios de maximização económica ou, na pior das hipóteses, após uma jantarada de família. O que é então o ressentimento na blogosfera? É apenas uma forma de dizer, atrapalhadamente: estou aqui, logo existo.

quarta-feira, 15 de julho de 2009

3 instantâneos em forma de elogio à derrota




ps: para descobrir o preço em euros é ir por aqui

E o ilustre autor, às 19:01, começa a aproximar-se perigosamente do problema

Tenho de começar a meter uma tag nas crónicas e nos posts: "isto é ironia", "isto é sarcasmo". O problema, como alertei, isso antes de pisar um dejecto canídeo, no momento em que me dirigia ao quiosque para comprar a Bola, não é a obtusidade: o problema é não saber escrever.

Pedro Pestana Bastos: larápio travestido de historiador, popular travestido de liberal ou apenas um cientista que não sabe nada de história francesa?

Pedro Pestana Bastos, um alegado dirigente do CDS, escreve nesse espaço ilustre que dá pelo nome de o Cachimbo de Magritte mas devia antes chamar-se a cova dos plagiadores que nem sequer detectam uma merda de um brasileirismo mas, concerteza, devem ter cuspido bolas de fogo contra o acordo otrográfico, porque a língua portuguesa e a sua preservação e outras pérolas como esta. O facto é que neste post merdoso, Pedro Pestana Bastos joga lama no ventilador. E lama da grossa. Com efeito, ou o senhor Pedro Pestana Bastos plagiou escandalosamente o seu texto ou deu-se na blogosfera, em blogue tão distinto como o cachimbo do ladrão, perdão, de Magritte, uma fantástica coincidência. Se não vejamos: onde Pedro Pestana Bastos escreve «Para os habitantes das zonas rurais de França, os primeiros meses da revolução representaram a promessa de um mundo mais justo e de uma vida melhor», José Francisco Botelho da Revista Aventuras na História, no site http://historia.abril.com.br/guerra/vendeia-revolucao-revolucao-434168.shtml, escreve «Para os habitantes das zonas rurais, os primeiros meses da Revolução haviam representado a promessa de um mundo mais justo e de uma vida menos árdua.» Bastos continua: « as reformas de 1789 foram dominadas pela burguesia das grandes cidades e a revolução não resolvia os problemas da população rural» e Botelho diz «No entanto, as reformas de 1789 foram dominadas pela burguesia das grandes cidades – e quem mais lucrou com elas foram os proprietários e comerciantes urbanos. “A República não estava resolvendo os problemas imediatos da população rural. Pelo contrário, estava agravando-os”, diz a historiadora Beatriz Franzen, da Universidade do Vale dos Sinos, no Rio Grande do Sul,» uma vez que Botelho cita as suas fontes. Mas Bastos insiste: «Os impostos continuavam a subir e as pessoas continuavam a passar fome. Os camponeses sentiam que a revolução nada lhes tinha trazido de bom.» O problema é que Botelho tinha afirmado «Os impostos continuavam a subir e as pessoas continuavam passando fome. Por isso, os camponeses sentiam que a Revolução os havia deixado de lado.» É então que Pestana Bastos, cansado de vasculhar arquivos bolorentos, redigindo estas magníficas ideias à dolorosa luz das lâmpadas eléctricas, dispara furioso: « Em 1791, o descontentamento político aliou-se à indignação religiosa. Com o intuito de diminuir a influência da Igreja Católica sobre a população rural , o governo decretou que todos os padres deveriam jurar fidelidade à Constituição. Aqueles que se recusassem seriam expulsos das suas igrejas e proibidos de rezar a Missa. A medida foi condenada pelo Papa Pio VI e o governo revolucionário passou a ser inimigo da Igreja. Foi a gota de água, já que nas zonas rurais, a Igreja exercia um papel de assistência social essencial.» Porém, Botelho, que não tem o rigor cronológio do nosso caríssimo plagiador, há muito tinha escrito: «Em 1790, o descontentamento político aliou-se à indignação religiosa. Com o intuito de diminuir a influência da Igreja Católica sobre a população, o governo decretou que todos os padres deveriam jurar fidelidade à Constituição da República. Aqueles que se recusassem seriam expulsos de suas paróquias e proibidos de rezar a missa. A medida foi condenada pelo papa Pio VI e o governo revolucionário passou a ser tachado de inimigo da religião. Para os camponeses da Vendéia, católicos fervorosos, essa foi a gota d’água. “Nas zonas rurais, a Igreja exercia um papel de assistência social”, diz Beatriz (a tal professora já citada) “Quando o estado e a Igreja se desentenderam, o povo sentiu-se abandonado e desprotegido.”» Pedro Pestana Bastos, decide então brilhar arrancando das suas entranhas esta metáfora fulgurante: «Em Paris, a “navalha da República” manchou ruas e praças. Em Nantes, homens, mulheres e crianças foram afogados no rio Loire. Foi nesse clima de intolerância que o governo revolucionário decidiu enfrentar a revolta na Vendeia.“Destruam a Vendeia”, exclamou o deputado republicano Bertrand Bariére de Vieuzac. Este apelo foi levado à letra e em 1 de Agosto de 1793, o governo iniciou aquele que foi o maior extermínio da história das guerras civis com feridas que perduram na sociedade francesa até aos dias de hoje. Em setembro de 1793, o exército republicano atacou a província rebelde. A Vendeia mobilizou-se numa resistência desesperada: agora, o lema dos camponeses era “Vencer ou morrer”. E Botelho, enigmáticamente, havia recebido dos céus a mesma inspiração metafórica: «Em Paris, a “navalha da República” (apelido dado à guilhotina) manchou ruas e praças com o sangue azul dos nobres. Em Nantes, homens, mulheres e crianças foram fuzilados ou afogados no rio Loire. Por todos os lados, o pau comeu. Foi nesse clima de intolerância que o governo revolucionário decidiu enfrentar a revolta na Vendéia. “Destruam a Vendéia”, exclamou num enfurecido discurso diante da Convenção Nacional, o deputado republicano Bertrand Bariére de Vieuzac. Seu apelo foi levado ao pé da letra. “Em 1º de agosto de 1793, o governo decretou a aniquilação da Vendéia”, afirma o historiador François Furet, em seu Dicionário Crítico da Revolução Francesa. “A ordem era de incinerar florestas e casas, derrubar cercas, retirar os animais e transformar a região em um deserto.” Em setembro de 1793, um novo exército republicano atacou com fúria a província rebelde. A Vendéia inteira mobilizou-se numa resistência desesperada: agora, o lema dos camponeses era “Vencer ou morrer”. É escandaloso e degradante que Pedro Pestana Bastos tenha aqui saltado esta rica imagem, dsenhada por Botelho: «por toso os lados, o pau comeu.» Ou o pau, comendo por todos os lados, feriu a delicada suceptibilidade do senhor Pestana Bastos, ou tudo isto não passa de uma bela e meláncólica cornucópia que não envergonharia Magritte. Moral da história: a defesa da propriedade é uma questão muito relativa, quando se trata de fazer funcionar a massa cerebral. Na verdade, compreendemos Pestana Bastos. Seguir a política portuguesa, liderar departamentos do CDS/PP, fazer umas pernadas no pensamento liberal e ainda elaborar sobre história francesa, não é tarefa terrestre que se exija a um colaborador ilustre do Cachimbo, e nem com um mestrado na Católica isto seria exequível, mesmo após ser tocado pelas mãos taumatúrgicas de Roberto Carneiro ou pela saliva de João Carlos Espada. Mais estudo e menos ladroagem.


Nossa senhora de Fátima salvai-me e salvai o Henrique Raposo, pois ele incomoda muita gente e todos lhe querem mal

O caso mental de Henrique Raposo merece estudo. Não porque o conteúdo dos seus textos incomode mas pela perplexidade decorrente de que uma tão completa impreparação psicológica, cultural e escrita possa arrastar-se num suposto jornal de referência, semana após semana, sem que alguém com o mínimo de exigência argumentativa toque levemente no ombro do senhor Raposo e lhe diga: tem que ler mais e trabalhar com mais subtileza os seus textos, já que eles resultam num estranho cruzamento entre o estilo polémico, mas ignorante, de Carlos Castro e a acutilância vistosa, mas serôdia, de Constança Cunha e Sá. Os amigos de Raposo, ou o próprio Raposo disfarçado de amigo, poderão obstar: Raposo incomoda porque é um liberal, um livre pensador, num país com escassa cultura democrática e falta de personalidades desassombradas que questionem os ídolos de uma sociedade iludida por mitologias obsoletas, totalitárias e socializantes. Seria épico, mas não teria, com pena minha, confesso, a mais pequena semelhança com a realidade. Desgraçadamente, o que incomoda em Raposo, como neste último caso, é muito parecido com aquilo que incomoda o veraneante, quando, no momento em que procura ler em tranquilidade o jornal, uma mosca vem rodear a sua face. Com efeito, não é a vontade livre ou a erudição descomplexada da mosca que perturba o veraneante: é aquele zumbido nervoso e atrapalhado, sem a mínima elegância, fingindo cumprir um movimento de belo feito, ainda que ziguezagueante, enquanto, na verdade, o que a mosca procura é apenas saciar-se com a nossa humilde carne. Quando enxotamos uma mosca reconhecemos que ela incomoda, não deixando, no entanto, de a fazer voar para bem longe, a fim de nos furtarmos ao desconforto que a falta de higiene da mosca insinua. O problema com os textos de Raposo, como neste último caso, não é o conteúdo acutilante: é a forma desajeitada. Não é o relâmpago da verdade que nos atordoa, é o grotesco da sua gramática que nos fere. Raposo tem razão quando vitupera o higienismo histérico mas esgota rapidamente o mais pequeno crédito de paciência benévola quando redige frases como esta: «Este histerismo sanitário ainda vai produzir milhões de Michael Jacksons, isto é, milhões de pessoas que encaram a rua e os vizinhos como permanentes ameaças médicas, enquanto ficam em casa a divinizar os Ronaldos, os deuses da metrossexualidade bacteriologicamente pura.» Porque isto pressupõe que Raposo sabe, como bom liberal e libertino que é, o que é bom para nós. Sabe também que aquilo que não é bom para nós vai, além do mais, produzir milhões de pessoas iguais a nós, padecendo do que, já sendo mau para nós, irá ainda sê-lo pior para os milhões que vierem. Estes vão encarar os outros, tão iludidos como nós (menos Raposo) como permanentes ameaças médicas, ficando em casa, e não sendo cosmopolitas viajados pelas Américas e pelas Turquias (como Raposo), todos perdidos a contemplar o pobre Ronaldo, um homem que ninguém conhece, (ao contrário de Raposo, que é uma referência mundial na sua área de trabalho), dizia eu, Ronaldo, um deus da metro-sexualidade bacteriologicamente puro, e não um varão liberal, bacteriologicamente contaminado mas intelectualmente puro (como Raposo). Daí que não nos espante o conflito que Raposo congemina, logo de seguida, com a exgese bíblica e os sacerdotes da Santa Madre Igreja: é que ambos disputam esse grande espaço da educação do povo. E é com grande tristeza, digo-o agora sem pinga de ironia, que a vanguarda do pensamento político liberal, cavalgada por Raposo - sempre a relegar para o passado as ideias socializantes e marxianas (uma abraço ao Paulo Rangel, nesta sua nova vida) - se engalfinha, à moda do século XIX, numa bela discussão sobre o papel do culto cívico na domesticação dos cidadãos, com vista à unificação do mercado e adequada vida mental na contemplação dos heróis sociais, que bem prescrevam a emancipação dos povos ignorantes, a fim de que estes não se percam nas futilidades burguesas de Jacksons e Ronaldos, tendo todos bem guardadas, em estantes compradas no Ikea, as obras completas de Milton Friedman - sem a mais pequena contaminação bíblica ou marxizante - ou, para os menos bafejados pela livre competição do mercado de trabalho, as crónicas reúnidas de Henrique Raposo, que são mais baratas mas servem, com a mesma pureza de intenções, a conspurcação do corpo e a livre higiene de um espírito liberto, livre, libertino, liberal como só os defensores dos bons costumes intelectuais e comportamentais sabem sê-lo.

E se querem saber por que é que ela é uma SENHORA...

Só têm que ver isto.

E se quiserem passem também por este site e por este.

Para os mais impacientes deixo isto:



Democracia directa e horizontal com tons de federalismo, acção directa, anarco-sindicalismo: liberdade.

E não foi preciso ler livros. Não foi preciso haver líderes. Não foi preciso haver incitação. Foi só o modelo falhar e as pessoas seguirem a sua natureza.

Ocupar, resistir,e produzir. Tão simples que é!

As linhas de demarcação como problema de interpretação moral

Por vezes a bola rola sobre a linha, enquanto os pés do futebolista se multiplicam em pequenos toques na tentativa de evitar a (im)possível transposição. Na linha de golo existe um problema ainda mais terrível: a bola entrou ou não entrou? Isto tem consequências sérias para o marcador e mesmo para o funcionamento cardíaco de milhões de indivíduos em todo o planeta, no caso de se tratar de um futebolista pertencente a um clube afadistado, cujos ex-presidentes não representam a associação de empresas construtoras de obras públicas. De qualquer foram, e de acordo com aquele clube de velhinhos que se ocupa destas coisas, a boa deve transpor na totalidade a linha de baliza, sendo que a totalidade sempre foi um dos problemas candentes da física. (deixo a questão em aberto ti, dweebydoofus). Em todo o caso, o Osservatore Romano vem ilucidar-nos sobre alguns destes problemas, se bem que num sentido mais profundo. O novo filme de Harry potter terá atingido um ponto de equilíbrio, alcançando «uma clara linha de demarcação entre os que trabalham para o bem e os que praticam o mal». Na verdade, desde os tempos da Palestina ocupada por Roma, a sociologia instantânea sempre espreita em cada sacerdote que arrisca um juízo sobre as coisas.

terça-feira, 14 de julho de 2009

Movimentações

Explicação do génio: até um insulto se transforma no manto diáfano da fantasia sobre a nudez forte da verdade

Aprender a encaixar na era da decadência literária

A questão não é a literatura a questão é a falta de um espírito que compreenda porque falamos de gaivotas quando todos falam de rendimento decrescente

Podiamos conversar sobre a relação entre ciência e matematização do real (a estatística como instrumento metafísico que nos salvaria da morte). Grande parte dos cientistas políticos (cientistas que são políticos) recorrem quotidianamente a este número circense - crítica dos intelectuais que não leram os livros correctos e que, por isso, padecem de um desvio flagrante na leitura dos factos. O trabalho destes intelectuais é abrir os nossos olhos, não recorrendo ao lodo (feito de saliva divina e um pouco de areia) mas a listas infindáveis de artigos publicados em língua inglesa, em que tudo se torna inteligível apenas porque se mostrou, com suposta clareza, como a realidade se tornou possível. Dizem com sistematicidade: eu tenho uma ideia de justiça, eu tenho uma visão sobre os problemas sociológicos dos partidos, eu tenho uma solução para o aprofundamento democrático da vida pública. Da vida pública, meu deus, da vida pública. «O desenvolvimento económico do país, ou mesmo a reforma da justiça, não valem um só dos teus cabelos», frase que me perturbava insistentemente durante a leitura de um romance que sugeria, com delicadeza, a tragédia de não possuirmos identidade unívoca. Acontece que ninguém ensinou aos ditos cientistas que isto fervia de consequências para a organização da realidade. Isto estando eu algures entre Moscavide e a Azambuja, avistando um farol muito ao longe, entre a neblina que subia do mar da palha e um pano de seda azul, ondulando ao vento e pulvilhado de nuvens, um lençol marinho cuidadosamente estendido sobre a linha do horizonte. Isto sabendo eu que a multiplicidade das imagens é o mais claro sinal da decadância pequeno-burguesa e tendo, como é evidente, um grande rio passando à minha frente.

Alguém falou por aí em morte da social-democracia?

Carlos Martins e a poesia mediterrânica

O meu problema é que não tenho passado algum tempo a estudar a poesia de Ausiàs March, um dos grandes espíritos da primeira metade metade do século XV mediterrânico. Pelo contrário, só me interessam espíritos pequenos, daqueles que depois de arranjarem moscambilha no balneário do Sporting, seguida de entrevista de três páginas ao jornal Record, passam a responder a perguntas difíceis com reflexões sobre o trabalho quotidiano, elaboração que não se encontra ao alcance de todos. Como referi, só mesmo os pequenos, muito pequenos, os pequeníssimos espíritos são capazes de tais cambalhotas, isto na eventualidade de não desejarem ardentemente partir o pescoço. Isto quando não me encontro a estudar ciência política e relações internacionais com vista à preparação do programa de governo do CDS, já que todos nós queremos servir Portugal, servir Portugal, servir.

Para citar o incontornável maradona, afinal, nós não andamos mesmo aqui a fazer nada

Nuno Garoupa is Professor of Law and the H. Ross and Helen Workman Research Scholarat the University of Illinois College of Law. He is also Research Professor of Law atIMDEA (Madrid) and Research Affiliate, CEPR (London). He received his Ph.D. in Economicsfrom the University of York (UK), also holds an LLM from the University of London. He isa former Associate Professor (Tenured), Universitat Pompeu Fabra, Spain; Professor(Catedrático), Universidade Nova de Lisboa, Portugal; and Research Professor of Law atthe University of Manchester School of Law, UK. He has a long established researchinterest in the economics of law and legal institutions. The results of this researchhave been published in the Journal of Legal Studies, Journal of Law and Economics,Journal of Law, Economics and Organization, American Law and Economics Review, Journal ofEmpirical Legal Studies, Oxford Journal of Legal Studies, American Journal of ComparativeLaw, Journal of Law and Society, Berkeley Journal of International Law, Columbia Journalof Transnational Law, Alabama Law Review, European Business Organization Law Review, Maastricht Journal of European and Comparative Law, European Economic Review, EconomicJournal among other journals. Nuno has served as Vice-President of EALE (2004-2007) andas a Member of the Board of ISNIE (2006-2009). He currently serves as co-editor of theReview of Law and Economics and as a Member of the Board of ALACDE (Latin America andCaribbean Law and Economics Association).

O Nuno Garoupa leu muitos livros, embora ninguém saiba quem é, e tem pensado imenso nos últimos tempos

Enquanto os fulgurantes analistas do real continuam a utilizar conceitos como neoliberalismo e social-democracia como se fossem entidades objectivas que se movem alternadamente no micro-ambiente sobre-aquecido da história - esgrimindo, além do mais, certidões de óbito, e declarações de revigoramento, conforme a qualidade do leitinho com que foram alimentados pela mamã - eu prefiro analisar as entrevistas de Carlos Martins, um homem que trabalha durante toda a semana para isto, entenda-se para aquilo, livres prodigiosamente marcados seguidos da introdução de um dedo da mão na boca, sem lavagem prévia, facto que, automaticamente, o transforma num indíviduo a abater pela direcção geral de saúde.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

A corporação

Tenho aproveitado o tempo livre para ver este filme. Nunca um filme se adaptou tão bem ao que estou a viver nestes dias:

Parte I


Parte II

Imprensa desportiva sempre na vanguarda

Carlos Martins de fora MÉDIO INTEGRA LISTA DE LESIONADOS E FALHA SHAKHTAR

ainda bem que o vi agora mesmo marcar um golo ao Shakhtar. Para variar estou rodeado de benfiquistas. Chiça.

Luanda é um lugar estranho

A viagem para cá foi diferente. Primeiro no avião vinham tantos portugueses como angolanos. Segundo uma criança decidiu mostrar ao pais e a todos os passageiros a sua relutância a imigrar chorando a noite toda, o que tornou a já minha tentativa de dormir absolutamente impossível. Pelo meio li um clássico do Homero a preparar-me para a odisseia que me esperava.
A chegada foi normal. As palmas de alegria ao tocar no solo. Cá fora abafado. Ao passar pelo controlo de segurança, o primeiro contacto com a realidade daqui. Era necessário preencher um papel de imigração, mas que não existia em lado nenhum. "Não há problema, passa assim mesmo". As vezes somos nós que complicamos a vida. É um facto. Cá fora tenho o meu motorista à espera. Primeiras impressões de Luanda. Pó castanho por todo o lado. O cenário dos musseques, habitações precárias que tapam todo o caminho entre o aeroporto e a cidade. Muita gente na rua. O transito aqui é dinâmico. As regras são adaptadas à medida do condutor e dos carros que passam. Acabamos por nos habituar.
A cidade está em obras. Por todo o lado. Edifícios enormes crescem no meio de outros a cair ou em estado de cair. Há toques de luxo (jipes, lojas) no meio de lixo. O cenário chega a tocar a surrealidade, mas todos parecem viver com isto normalmente.
No fundo o dinheiro é que manda aqui. Quem o tem pode tudo. Quem não tem deseja ter. Falar de politica é proibido. Antes beber cerveja e pensar no Mantorras que é uma espécie de herói. Descobri que o Akwá, essa glória do Alverca agora é deputado. O presidente vive lá no alto no palácio. E cá em baixo o povo vive como pode. Enquanto espero no carro que o transito ande, olho pela janela como num aquário e vejo muita gente. Gente nova na sua maioria. Rapazes que vendem de tudo. Desde chinelos, chocolates a telemoveis. Vejo um cartaz em que se diz que se estão a criar 1 milhão de empregos. Aqui o Sócrates é um menino.
Estou aqui porque a empresa para quem trabalho ganha muito dinheiro com o dinheiro daqui. Como precisam de quase tudo, compram tudo. E todo este crescimento não é sustentado. Há um desequilíbrio enorme na balança. A história é comum a tantos outros países africanos. Alguns tem tudo, e outros nada. E nós estamos a alimentar este sistema. As corporações que invadem a cidade e o país com promessas de desenvolvimento, apenas querem uma coisa: dinheiro e maneiras de ganhar mais. "É a economia de mercado, estúpido", diria-me o Henrique Raposo se tivesse a oportunidade de visitar um local como este. Talvez nem imagina o que isso é. E eu poderia responder-lhe que não há preço que pague a tristeza e a desgraça de um povo às mãos de gananciosos. Esta ideia não me sai da cabeça. Estamos aqui a alimentar o sistema. E eu sou a faca que corta o bolo. Vou acabar por ficar deprimido.
Concordo com o aqui se diz e que Obama relembrou há umas semanas. África só depende de si e da coragem e honestidade dos seus lideres para acabar com o aproveitamento miserável de empresas e grupos económicos dos recursos e dinheiro e da-los a quem de real direito pertence: o povo que vive e suspira por dias melhores.