quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Está frio e chove

É o outono que chega. Aqui por cima já se acende a lareira e o cobertor de noite aquece os pés. Mas não há melhor lugar. A serra ao longe espera. E sinto falta de um livro do Torga. Até breve.

terça-feira, 28 de outubro de 2008

"O problema é, pois, político, e não económico."

Ler este artigo "A mentira dos mercados desregulados" por Nuno Garoupa.

"O problema é, pois, político, e não económico. A classe política, durante os últimos dez anos, conviveu, promoveu, defendeu (e em muito beneficiou) a captura da regulação pública por interesses privados. Que credibilidade pode ter agora? Como podemos acreditar que o "novo" Estado regulador não é mais do mesmo, se os personagens são exactamente e literalmente os mesmos? Muito provavelmente, os mesmos interesses políticos de sempre vão "re-regular" o que já está regulado, para favorecer os mesmos interesses económicos de sempre."

Do melhor que tenho lido. Via este senhor

Entretanto este outro senhor faz uma pergunta daquelas.

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

As coisas são assim. Os processos não tem fim

Apesar da pouca actividade aqui no blog, ainda estamos por aqui. Muito trabalho. Vidas por viver, internet à parte. Vou de férias uns dias, a ver se recupero o fôlego. Entretanto deixo-vos uma pérola. Contemporânea diria:



ps e não falei em futebol, já viram? estou a tentar fazer a cura do sporting de ontem. Afinal o homem que me fez os móveis era de Paço de Ferreira e eu achei-o uma boa pessoa. Enfim. Coisas. Até breve.

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Agora sei porque é que ninguém anda dentro dos "limites" de velocidade

Hoje de manhã, antes de entrar na aula recebo um mail dum amigo que me contava um insólito (típico de um português) e que gostaria de partilhar com o caro leitor. Percebo, com o texto que se segue, o porquê da razão de eu e os amantes da velocidade, não respeitarem os "limites" de velocidade, nas estradas portuguesas. Afinal, quem anda a 180 Km por hora (nas auto-estradas) não está mais a andar à velocidade mínima, legalmente exigida a um condutor. Obviamente, percebo ( e o caro leitor também irá perceber) o porquê das marcas fazerem carros potentes ( até 1001 cv com 8000 cm3 como o buggatti veyron, que atinge os 407 km por hora). Ora essas marcas de automóveis não fazem mais do que "a sua obrigação", que é a de zelar pelo cumprimento das normas do código da estrada.
Aqui se segue o texto, de um episódio dum professor da minha "escola", o Instituto Superior Técnico. Parece ter sido verídico este acontecimento, e na minha opinião, este professor merecia uma estátua.

"Argumentação de um português que foi apanhado a 250 Km/h numa estrada onde o limite era de 70 Km/h.

Ex.mo Sr. Dr. Juiz,
Meretíssimo:
Confirmo que vi na estrada a marca de 70 em números negros inscritos num círculo vermelho, sem qualquer informação de unidades.
Ora, como sabe, a Lei de 4 de Julho de 1837 torna obrigatório em Portugal o sistema métrico, e o Decreto 65-501 de 3 de Maio de 1961, modificado de acordo com as directivas europeias, define, como unidade DE BASE LEGAL, as unidades do Sistema Internacional, SI. Poderá confirmar tudo no site do Governo.
Ora, no sistema SI, a unidade de comprimento é o "Metro", e a unidades de Tempo é o "Segundo". Torna-se portanto evidente que a unidade de Velocidade é o "Metro por Segundo". Não me passaria pela cabeça que o Ministério aplicasse uma unidade diferente.
Assim sendo, os 70 Metros por Segundo correspondem, exactamente a 252 Km/h. Ora a Polícia afirma que me cronometrou a 250 Km/h o que eu não contesto. Circulava portanto 2 Km/h abaixo do limite permitido.
Esperando a aceitação dos meus argumentos, de V. Exa.

António Nogueira"

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Na segunda de manhã

Foi giro de ver o zé carlos ontem com a sua dedicatória ao magalhães. Mais giro de ver foram os benfiquistas a rasca com um Penafiel valente da II divisão. Ainda mais giro foi a cara de alivio de Quique Flores quando aquilo acabou a bem para ele. Extraordinário mesmo é o besugo. Não me canso de dizer isto. Vão lá ler o homem.

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Um verdadeiro elogia à nossa derrota

Estava aqui eu no meu computador, sem nada para fazer, a vaguear pelas páginas da net e deu-me a vontade de espreitar o Orçamento de Estado para 2009. Fiz o download, passei o indice e comecei a lê-lo vagamente (já que o mesmo tem 375 paginas e tenho mas é de estudar química- fica aqui o meu desabafo) e cheguei a um quadro-resumo na página 17 com as receitas e despesas do estado para o ano 2009. Fiquei impressionado até com a redução do défice, ou a sua possível redução dado a conjuntura económica que vivemos actualmente, com a crise financeira. Reparei que o nosso défice em 2009 será de 2.2%, o que corresponde a 3850.5 Milhões de Euros.
Não prestando muita atenção ao que vinha a seguir no quadro, já que não domino, ainda, os altos conceitos da "suprema ciência da gestão", vejo uma bela frase do texto que dizia e passo a citar: "O facto de termos colocado as contas públicas em ordem exige um elevado sentido de responsabilidade". Pelo menos até estou de acordo com a entidade que escreveu esta frase tão digna. Mas como sou um pouco céptico em relação a estas coisas e não tinha mais nada para fazer, voltei a reler e a tentar analisar mais detalhadamente o quadro e vejo uma coisa espantosa: Podemos ter um défice baixo, relativamente a anos anteriores, e não estou a desculpa ninguém, fazendo elogios ao trabalho orçamental do governo ao tentar reduzir o nosso défice, mas quando se vê que nós, o Estado, temos uma dívida pública de 111 176.9 Milhões de Euros que representa 64.0% do PIB e que queremos investir em certos projectos que, na minha opinião, não são necessários, no imediato e mais vale agora continuar sem comboios que andam a trezentos à hora e aviões a aterrar no "deserto". O importante seria pagar a nossa dívida que temos no estrangeiro para podermos, mais tarde, viver folgadamente, fazendo com que o Estado (nós todos) pague as suas dívidas e cumprindo com todas as suas obrigações, exigindo ao governo que não desculpe crimes fiscais, como vem uma notícia hoje no Jornal Metro (quando não há tempo para ir comprar o publico aqui ao quiosque perto da minha casa lá tenho de ler o gratuito no comboio pa Lisboa).
Enfim um verdadeiro elogio à nossa derrota, enquanto povo que não liga à discussão política.

Para o leitor interessado em ler o OE para 2009 deixo aqui o link
http://www.governo.gov.pt/Portal/PT/Governos/Governos_Constitucionais/GC17/Ministerios/MF/Comunicacao/Programas_e_Dossiers/20081014_MEF_Doss_OE_2009.htm

Aos trinta já vemos os quarenta

Em jeito de repetição seguem palavras em jeito de parabéns:

Conserto a palavra com todos os sentidos em silêncio
Restauro-a
Dou-lhe um som para que ela fale por dentro
ilumino-a
Ela é um candeeiro sobre a minha mesa
Reunida numa forma comparada à lâmpada
A um zumbido calado momentaneamente em enxame
Ela não se come como as palavras inteiras
Mas devora-se a si mesma e restauro-a
A partir do vómito
Volto devagar a colocá-la na fome
Perco-a e recupero-a como o tempo da tristeza
Como um homem nadando para trás
E sou uma energia para ela
E ilumino-a

Daniel Faria
homens que são como lugares mal situados

Retratos de uma realidade

Desculpai a insistência em colocar videos e imagens. Não sei escrever basicamente. Falta-me a paciência dos Atlânticos e dos 5dias para escrever/discutir tudo o que se mexe. Tenho mais coisas para fazer diria. Lobo Xavier dizia a Pacheco Pereira que trabalhava e não era como ele que passava o dia a pensar. Talvez. Adiante. Seguem mais duas do Scott Adams. Mais um retrato de uma realidade bem perto de mim. De todos nós.



Dedicado a todos os criativos

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

O debate de ontem entre Obama e McCain. Completo

Aqui

O post do dia

Daqui

Limito-me a dizer que isso não explica tudo, e que há o problema da demissão regulatória e da anarquia (fabricada, produzida, incentivada) dos mercados e dos operadores financeiros que ele omite completamente. Mas adiante.
O André, porém, não toca no que está nos bastidores da discussão – que são também as suas fundações.
Não há, da sua parte, sinal do reconhecimento que o “modelo americano” tantas vezes elogiado pelos Atlânticos contra os “velhos e esclerosados europeus”, aparentemente, não existe – era, parece, uma espécie de bolha, de mentira, ou de artifício.
Não há reconhecimento que, afinal de contas, o processo iniciado por Reagan de destruição da “América industrial” – ou seja, destruição dos sindicatos e consequente aumento das desigualdades - deixou o país sem capacidade exportadora, a consumir aquilo que não produz, e refém de um sector financeiro onde, até McCain admite, reina o mais puro greed e onde vale quase tudo.
Não há o reconhecimento que taxas de juro baixas e crédito fácil constituem a “galinha de ovos de ouro” do sector financeiro a quem tudo passou a ser permitido. Acabe-se com as primeiras e eu queria ver o que aconteceria ao segundo (daí o tal oportunismo “neo-liberal” deste tipo de críticas).
Não há o reconhecimento do facto de que a classe média e a classe trabalhadora americana, apesar do brutal aumento de produtividade que a economia americana registou nas ultimas décadas, têm ficado com uma ínfima parte desses ganhos, e que, por isso, para continuar a consumir o que a sociedade de consumo impõe, gastam o que não têm.
Sobre isto, nem uma palavra. Mas isto, afinal de contas, é o fundamental.

A capa do dia


De facto a culpa é de Scolari. Habituamo-nos a ver Portugal nos ultimos 5 anos a ganhar e a chegar a Europeus e Mundial com (relativa) facilidade, com resultados acima da média. Depois do jogo de ontem voltamos ao passado. Sofrivel para não dizer mais.

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Shiny Happy People

Hoje ao ver as noticias da bolsa a subir, os rostos felizes dos investidores, da Euribor a descer, dos bancos confiantes, o novo orçamento do estado espectacular, os combustiveis a descer, recordei REM. Uma semana depois parece que o mundo não vai acabar e estamos todos de novo felizes e contentes.

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Novamente os ciclos da história

Absolutamente delicioso. Bandeira ao vento regressou:

Há dois mil e seiscentos anos (tanto assim? Como o tempo passa), também em Atenas havia problemas de endividamento, e graves. Flagelados por um sem-número de contrariedades – más colheitas, pragas, aumento de taxas de juro, etc. –, os cidadãos não conseguiam pagar os seus ecrãs plasma gigantes e a taxa da Sport TV (ok, era mais os cereais e coisas assim) e viam-se reduzidos pelos seus credores à condição de escravos.

Temendo os episódios sanguinolentos e as competições de lira que sempre acompanhavam os períodos de ruptura na Grécia antiga, os atenienses, pobres como ricos, concordaram em pedir ao seu compatriota Sólon, um dos “sete sábios” da Antiguidade, que reformasse as leis da cidade e restaurasse por meios pacíficos a paz social. Sólon aceitou, mas impôs uma condição: por um período de dez anos, nenhuma das suas leis poderia ser alterada sem que antes lhe fosse pedido um parecer. Os atenienses acolheram com prazer a aparentemente inócua cláusula, e pelas costas riram-se muito e chamaram ao sábio “Sólon Freitas do Amaral”.

O legislador pôs mãos à obra e substituiu a maior parte das leis de Draco, que condenavam um grego à morte por cortar uma unha (ou a duas mortes por unha e meia), por outras mais humanas. Criou novas classes de censo baseadas na capacidade de produção agrícola e já não no nascimento. Proibiu a escravidão por dívidas. E, last but not least, simplesmente anulou todas as dívidas existentes à data – quem devia alguma coisa ficou a dever nada.

Os cidadãos escravizados foram libertados e ficaram contentes. As grandes famílias nobres perderam privilégios e ficaram possessas. Os pobres queriam mais direitos políticos e ficaram chateados. Os ricos ficaram um pouco menos ricos – e furiosos.

Então Sólon viajou para parte incerta por um período de dez anos.

No fundo temos todos a mesma ideia

Depois de ler os jornais de manha, com as noticias dos descalabros das bolsas mundiais, o crash financeiro, o empate do benfica, apenas me restam os REM:

It's the End Of The World As We Know It (And I feel Fine)

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Anda um expectro pela Europa

Quem for dado como morto vive mais. Na qualidade de teórico activo e crítico, Karl Marx já foi dado como morto mais do que uma vez, mas sempre conseguiu escapar à morte histórica e teórica. Tal feito deve-se a um motivo: a teoria marxista só pode morrer em paz juntamente com o seu objecto, ou seja, com o modo de produção capitalista. Esse sistema social, que é "objectivamente" cínico, vomita exigências de comportamentos tão descaradas impostas aos seres humanos, produz ao lado de uma riqueza obscena e insípida uma pobreza em massa de tal dimensão, é marcado na sua dinâmica de cólera cega pelo potenciamento de catástrofes tão incríveis que a simples sobrexistência desse sistema necessita, inevitavelmente, de sempre fazer ressurgir temas e pensamentos de crítica radical. Por sua vez, o ponto essencial dessa crítica consiste na teoria crítica daquele Karl Marx que, há quase 150 anos, já analisara, sem ser superado, a lógica destrutiva do processo de acumulação capitalista em seus fundamentos.

Robert KURZ, Ler Marx (Marx Lesen), Frakfurt am Main, Eichborn, 2001

A técnica da táctica. Da derrota. Em forma de elogio

Uma reunião dos melhores posts sobre o que se passou ontem em alvalade por volta da hora do jantar. Uma azia. E a sensação de perda de tempo que fica.

Aqui, aqui e aqui.

domingo, 5 de outubro de 2008

Em directo

Cavaco discursa neste momento na comemoração de 5 de Outubro. Mário Lino dorme em directo na SIC Noticias. As mesmas banalidades deste dia. "Sejamos realistas" diz ele.

Em dia de festa, deixo-vos o psicadelismo dos Jefferson Airplane. Sempre ajuda a ouvir este discurso.

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Humilde Contributo Para Um Rápido e Swingado Controlo dos Mercados Financeiros - Parte IV

O JPP no 5dias colocou este crash course para compreender os subprimes. Ajudava se os media explicassem assim:

O seu Biu tem um bar, na Vila Carrapato, e decide que vai vender cachaça “na caderneta” aos seus leais fregueses, todos bêbados, quase todos desempregados. Porque decide vender a crédito, ele pode aumentar um pouquinho o preço da dose da branquinha (a diferença é o sobre preço que os pinguços pagam pelo crédito).

O gerente do banco do seu Biu, um ousado administrador formado em curso de emibiêi, decide que as cadernetas das dívidas do bar constituem, afinal, um ativo recebível, e começa a adiantar dinheiro ao estabelecimento, tendo o pindura dos pinguços como garantia.

Uns seis zécutivos de bancos, mais adiante, lastreiam os tais recebíveis do banco, e os transformam em CDB, CDO, CCD, UTI, OVNI, SOS ou qualquer outro acrônimo financeiro que ninguém sabe exatamente o que quer dizer.

Esses adicionais instrumentos financeiros, alavancam o mercado de capitais e conduzem a operações estruturadas de derivativos, na BM&F, cujo lastro inicial todo mundo desconhece (as tais cadernetas do seu Biu).

Esses derivativos estão sendo negociados como se fossem títulos sérios, com fortes garantias reais, nos mercados de 73 países.

Até que alguém descobre que os bêbados da Vila Carrapato não têm dinheiro para pagar as contas, e o Bar do seu Biu vai à falência. E toda a cadeia sifideu !

Viu… é muito simples…!!