sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Solidários com o Egipto

Um bom fim de semana com Charles Bradley

Editar um album aos 62 anos é obra. Mais ainda quando se trata do seu primeiro. Depois de uma vida atribulada (desde viver na rua, o irmão assassinado pelo seu sobrinho, etc - vejam tudo na bio, vale a pena) sai agora isto para o mundo, Charles Bradley:



Numa palavra: uau!

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Isto já começa a chatear

Até pessoas com uma centelha de inteligência como o Joaquim devem de reconhecer que o estado não tem nada que andar a pagar escolas privadas. Ponto. O liberalismo tuga só é a favor da intervenção estatal quando lhes pesa no bolso. Irra que já chateia.

E pela santinha, não me venham com a tanga da proximidade. Quando estava no Chile, dei boleia a um estudante do secundário. O moço fazia mais de 2h30 de autocarro do colégio público onde passava a semana até à paragem do autocarro. Sim, leram bem o autocarro deixava-o a 2h de casa, numa sexta à tarde e sendo o caminho para casa terra batida pelo deserto percorrida quase só por traficantes ou turistas enganados.

Está bem, Portugal não é o Chile. Mas e depois ? O moço tinha duas escolhas: fazer o secundário ou passar o dia na apanha de algas e a noite a fumar ganza como o resto dos coitados da aldeola. Eu tenho a certeza que fez a escolha certa. Tal como colegas que no 10º mudaram para uma escola pública a mais de 30 Km de casa, porque queriam entrar em medicina. Querem uma escola de qualidade à porta de casa ? Também queria que o Paulo Sérgio percebesse mais de futebol.

O exemplo

"Aníbal Cavaco Silva decidiu prescindir do seu vencimento enquanto Presidente da República, no valor de 6523 euros - resultado de um corte de 5% em 2010, mais um corte de 10% em 2011, decisão incluída nas medidas de austeridade para a função pública -, para passar a auferir as sua pensões, que totalizam cerca de dez mil euros mensais, 140 mil euros/ano."

Verdadeiro serviço público

Estes posts do maradona (aqui e aqui) e mais este aqui do aventar. E depois ouço na rádio que estamos a protestar não pelos cortes do dinheiro, mas pela qualidade do ensino que se pode vir a perder. E ainda por cima usam as crianças no meio disto tudo.
E agora assumindo a postura completamente liberal: se não se aguentam sem o subsidio fechem. Porque é esse mesmo o principio do capitalismo. Votaram no Cavaco para que?

And cannot be unseen

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Bom fim de semana

O homem que fica sozinho durante 90 minutos

Naquela que foi das decisões mais polémicas de sempre no futebol moderno (parafraseando Rui Santos), o arbitro Martin Hansson e a sua história num breve, mas muito bom documentário:


e disto tudo impressionou-me a solidão.

A Saca-Rolhas



Nos últimas semanas a minha caixa de email e, julgo, as de toda a gente, foram invadidas por um interminável número de mensagem sobre a castração de Carlos Castro que de humorísticas tinham tanto como uma imagem de cavaco a comer bolo rei ou de Bettencourt a festejar um campeonato do Sporting, um clube que parece castrado desde que, como se faz aqui, se decidiu aceitar e até reforçar a supremacia do FCP, objectivando diminuir, com sucesso, a virilidade do Benfica.
Pergunta Renato "Carlos, castro?" ao que este respondeu: "sim". Não via, confesso, uma castração tão grande desde que Sócrates decidiu apoiar Alegre, uma cambalhota que tem tanto de poética como de patética, transformando a candidatura do homem de combates numa espécie de ejaculação precoce, democraticamente precoce, diria.
Mas a ele ninguém o cala, nem castra, "Renato, seabra!" (ler com sotaque brasileiro), gritou Carlos, e perceba-se aqui a ironia de “gritou”, porque a ele ninguém o cala, perdão, castra. Mas castrou.
Li aqui da semana passada o percurso de dois meninos de sucesso. Ambos nos diriam, e dizem, se para aí for o debate, que são como o vinho do Porto, quanto mais velhos melhor. Renato, percebendo mal o significado das palavras de Castro, foi buscar o saca-rolhas confundido o vintage com o velho, ainda que num palavreado íntimo se aceite alguma brejeirisse, como as alusões à SLN ou a contínua ameaça “ou eu, ou a crise”. Diz o Renato “Então espera aí que eu vou buscar o saca-rolhas!”. E diz “Carlos vou-te sacar um olho.” Diz Carlos “Vais sacar é o caralho…”.
Enrolhado, perdão, enrolado nas sondagens de hoje, diria que estamos fodidos, enrabados até. Mas calma, que eu até não sou pessimista. Sinto-me é como a bovarinho de Manuel de Oliveira a passar por debaixo das laranjeiras em direcção ao Douro ou então, porque também sou pelas modernices, a caminho do metro em Nova York, mas via respiradouro, como o castro, como se me custasse respirar e me faltasse ar com sufuciente qualidade democrática.
Cara Planta

Desde "O Último Tango em Paris" que não que via na manteiga uma sugestão tão libidinosa como os cartazes publicitários espalhados pela cidade de lisboa. Vi e agradeço. Mas não querendo parecer retrógrado e manteigoso, é preciso muita imaginação para relacionar migalhas na cama com manteiga e, sublinhe-se, as respectivas nódoas, com um aumento do desejo feminino. Mesmo que seja graficamente tão sugestivo como muitas das coisas que encontramos aqui.
Sobretudo porque as nódoas de manteiga são difíceis de tirar como o caraças e, matrimonialmente, instigadoras de um percurso amoroso muito mais próximo do anti-erotismo do fado do que dos preliminares da dança originária ad Argentina.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Declaração de voto

Eu votava no João Lopes

A regra é sempre a mesma: transfigurar o espaço público em pueril tribunal popular, com cada cidadão a ser forçado a assumir-se como “juiz” do que lhe colocam à frente dos olhos.

...
estamos também a viver uma campanha eleitoral que, com obscena exuberância, tem mostrado a miséria de pensamento que passou a dominar a nossa vida política.

Uma mentira dita muitas vezes transforma-se em politica

Queria manter-me afastado do circo politico dos últimos dias, mas a ideia de ter Cavaco outra vez como Presidente é me tão atroz que não tenho remédio. Querem exemplos de como o homem anda a brincar connosco? olha só este aqui:

"O que Cavaco diz sobre os gastos de campanha:

"Não me sentiria bem com a minha consciência, num tempo em que são pedidos tantos sacrifícios aos portugueses, gastar centenas de milhares de euros por todo o Pais" (aqui)

O que Cavaco faz em relação aos gastos de campanha:

O candidato à Presidência da República Cavaco Silva foi o candidato que apresentou o orçamento mais elevado para a campanha eleitoral, de 2,1 milhões de euros, seguido de Manuel Alegre, que prevê gastar 1,6 milhões. (aqui)"

via Arrastão

Haverão muitos mais (aquela história dos amigos BPN cheira tão mal que nem vale a pena entrar por ai). Dirão-me os apoiantes de Cavaco que os outros são iguais ou piores. Que só ele representa a estabilidade que precisamos. O que precisamos é de gente com valores. Isentas. E do que vejo Cavaco representa o pior do português (oportunista, matarruano, ideias fixas,...) de que ando a fugir de ser há uns anos. Aquele tipo de pessoa que levou isto ao fundo.

Bailamos no teu Microondas - Os Capitães da Areia



É verdade Alf, do sucesso do B Fachada e de algumas horas de Vampire Weekend nasceu esta merda. Será uma luta perdida ou com uma pequena adaptação destes meninos a Lady Gaga, teríamos tão bons músicos como se, por anti-teimosia, o melhor defesa esquerdo do Benfica nascesse de uma adaptação de Jara, por Jesus, a essa posição? É possível

Mais ou menos


No dia em que descobri o Bansky português.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Vamos ter saudades tuas JEB

Demos graças à demissão do Bettencourt

que finalmente suscitou algum interesse nas eleições presidenciais, do Sporting. O que me leva a colocar a seguinte pergunta ao staff do Cavaco ou do Alegre, os outros candidatos não têem graveto sequer para colocar um cartaz quanto mais pagar um assessor a recibos verdes. Perguntava eu, senhores consultores eleitorais quão burros, estúpidos e incompetentes sois que estas eleições têem sido um paradigma de desinteresse e imagina-se, abstenção ? Nem o Benfica do Graeme Souness concentrava tamanha palermice por metro quadrado.

Mas vós não estois sós. Os "jornalistas" que acompanham os candidatos publicitam a superior bosta de formação que receberam. O Alegre foi ontem a Vila Real, mas teve mais tempo de antena o pobre diabo que empurrava a sandes de porco no espeto com um copo de tinto. O Francisco Lopes esteve algures na margem sul, não me perguntem onde que para mim é tudo deserto, e não podia faltar o grande plano aos velhotes seguido pela "jornalista" a comentar o cozido que foi servido ao jantar. É pá, sinceramente. A campanha supõe-se, é feita por profissionais do marketing e relatada por profissionais da comunicação social. E o resultado é este ?

domingo, 16 de janeiro de 2011

Um fim-de-semana como eu já não tinha há muito tempo

Ontem foi o "Sanjuro", à tarde, o e o "Aconteceu no Oeste" depois de jantar. A esposa gostou, de estar a dormir no sofá, enquanto eu me ia deleitando com o filme. Uma das cenas finais, com o puto a segurar o pai nos ombros é brilhante. Nada de texto, apenas um movimento da câmera que vai descobrindo a cena. E a música, a música senhores. Hoje, a sobremesa foi o "Por mais alguns dólares". Enfim, um fim-de-semana como os de antigamente. Até o Sporting perdeu.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Só à sueca é que não se podem fazer renúncias

Existe uma personagem heróica que emerge invariavelmente no imaginário popular: o eleitor que vota em branco. Se em Abril a canção era uma arma, parece que agora é o papel por preencher, cuidadosamente dobrado em quatro, delicadamente enfiado na urna. Como qualquer romancista medíocre bem sabe, todo o herói precisa de um vilão. Emerge o vilão eleitoral, efeito dramático assim obriga, o tipo que se abstêm. Eu, por exemplo.

O votante em branco é tipo impecável, toma banho e corta as unhas, enquanto que os abstinentes cheiram mal dos sovacos e fazem peregrinações ao cemitério de Santa Comba Dão. O voto em branco é um protesto válido e corajoso, não votar uma cobardia ignóbil. Pena que os factos contam uma hist+oria diferente. Primeiro que tudo, o voto em branco não conta assim o diz a CNE. É eleito quem tiver mais de metado dos votos expressos, sejam 10 ou 10 mil.

Segundo, aceitemos a ideia de que a populaça está a passar uma mensagem com um significativo voto em branco. Qual é exactamente essa mensagem ? Não se sabe porque o papelinho está por preencher. Quem votou em branco é monárquico ? Facista ? A caneta não escrevia e teve vergonha de pedir outra ? Não se sabe, ponto final parágrafo

Se a mensagem é de protesto, não sabemos mas vá lá eu deixo essa porta aberta, é de protesto contra o quê e contra quem ? Suponhamos que o Fernando Nobre (o único a quem eu convidaria para jantar, fazia-lhe um ceviche corvina que o homem se regalava todo) ganha as eleições e 90% dos votos foram em branco. O que é que deve o presidente eleito fazer ? Convocar novas eleições ? Demitir-se ? Ignorar e seguir em frente como se nada fosse ? O distinto leitor faria o quê ?

Está claro que todos os valentes que se levantam no domingo de manhã para serem os primeiros a votar em branco e/ou desenhar o Cavaco a ser sodomizado, sabem porque é que estão a "protestar". Mas os candidatos não sabem e não têm forma de saber. Por isso mesmo eu conto (se a esposa assim o permitir) passar a manhã eleitoral com o Sanjuro ou o Kagemusha. Para quê perder o meu tempo a fazer passar uma mensagem que não vai, nem pode, ser entendida pelos destinatários.

Posso eventualmente ser uma carraça democrática, sorvendo os benefícios da vida no Portugal de Abril mas sem contribuir com peva para um Portugal melhor. Está bem, mas só á sueca é que não se podem fazer renúncias, e não é por isso que elas deixam de ser feitas. É, digamos assim, parte das regras do jogo.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Sempre gostei de heróis

Pediu que se salvasse primeiro o seu irmão mais novo. Com o sacrificio da sua própria vida ao tomar esta decisão. Mais Aqui

sábado, 8 de janeiro de 2011

Tenho muitas dificuldades em lidar com a frustração

Este trabalho de Vangelis é uma verdadeira porcaria - como quase toda a sua obra -, na sequência de um aproveitamento bárbaro e infame de um artista sério, martirizado, genial e como não podia deixar de ser, melancólico. Os sons sensacionalistas, usados em comícios populares, mergulham o amante da música na mais violenta desilusão, por ser tão escassa a qualidade de homens políticos capazes de se furtarem ao ridículo consumo das aparências: uma música que quase parece ser aquilo que não é. Não por acaso, nos próximos dias que serão os últimos, ouviremos concerteza falar da honrbilidade, uma coisa que não se experimenta fora do corpo. Acontece que a honorabilidade não se discute, é o que parece gritar surdamente aquela golilha espanhola pintada por El Greco, aqui em cima, que fez as delícias de Thomas Mann, um escritor que, à semelhança de Hulk, está claramente sobrevalorizado. Falemos com franqueza: a Montanha Mágica promete nas primeiras trinta páginas conceder-nos a experiência da grande literatura, referências ao vinho Porto, situação da classe burguesa na Hamburgo de final do século XIX, um jovem entalado entre o desejo de mulheres bonitas, elegantes, e a tortura de uma profissão que se não deseja, enfim, estão lá todas as promessas eternas. Acontece que, tal como o Benfica de Fernando Santos, à passagem da meia hora de jogo, isto é, trezentas páginas depois, confirmam-se os piores pesadelos: o livro resvala na irrelevância palavrosa de um germânico fim de século desorientado entre referências filosóficas, o cansaço alpino das neves eternas - ah, o terror da cor branca já identificado por Melville - e uma enorme chatice de cornucópias narrativas a terminar num perfeito desastre artístico. Algo de semelhante se passa com o Professor Aníbal Cavaco Silva. Não está em causa a vitória nas próximas bodas presidenciais, e o transformar da água em vinho é mais do que uma certeza: é uma satisfação anunciada, o festim de todos os sabujos, tão abundantes em Portugal como a gaivota-asa-de-ladrão. Em todo o caso, já nem sequer José Pacheco Pereira consegue esconder um certo tom fim de festa, o que nos devolve ao tema inicial: a vida é uma estranha viagem a caminho do inferno.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

O meu momento parvo do dia

The power of internet

História simples. Homem sem abrigo com uma voz incrivel de rádio pede dinheiro num cruzamento. Um jornalista entrevista-o a caminho do trabalho. Passados dias não só já se tornou num fenomeno na internet como já tem casa e várias propostas de emprego. Notável.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

"Isto é a antitese do futebol moderno"

Ia dando razão ao Rui Santos, quando o André Santos foi abalroado pelo Carriço e isto ainda no meio campo do Sporting. Contudo (gosto desta palavra) conseguiu a proeza de ganhar ao último da tabela e continuar a ser a equipa mais bipolar da história.