quinta-feira, 23 de julho de 2009

Mas o mercado, assista-nos o espírito santo, se a sociedade civil for libertada pelo Estado, tudo resolverá e choverá felicidade sobre nós

O verdadeiro motivo das guerras na África não é porque os africanos adoram matar-se uns aos outros. São as riquezas que são monopolizadas. É preciso desestabilizar para poder pilhar as riquezas do Congo. O mesmo acontece no Sudão, com o petróleo. Em Sierra Leoa, onde existem diamantes, há também uma guerra. No único país da África ocidental, que era rico e estável, a Costa do Marfim, também foi imposta uma guerra. Onde há riqueza, vemos que uma guerra é imposta.
O que acontece na Bolívia não é diferente. Porque há uma revolução, um presidente indígena que tomou o poder e quer nacionalizar, então provoca-se uma desestabilização. É uma estratégia internacional.
É por causa da guerra e da pobreza que ela acarreta, que os africanos não podem comprar o necessário para viver, ter acesso à saúde, habitação, vestuário, e escolas para seus filhos.
Não falemos mais de generosidade da Europa. Quando os europeus e americanos gastam centenas de milhões de dólares para salvar bancos e não têm 80 milhões de dólares para gastar em saúde nos países pobres... não falemos mais de generosidade.

7 comentários:

ateixeira disse...

A Naomi Klein (The Shock Doctrine) que se aplica muito bem a tudo isto.

Quem quiser pode também ver as entrevistas dela que estão no youtube.

Nelson Gonçalves disse...

Um outro problema de África foi a colonização que criou países a régua e esquadro, sem qualquer tipo de consideração por quem lá vivia. O Vasco Valente, no livro sobre o Paiva Couceiro, relata o rídiculo que foi o establecimento da fonteira angolana e moçambicana. França e UK fizeram igual.

Portanto, os países em África na sua maioria ou são governados por ditaduras ou têm senhores da guerra locais a competir entre si. O terreno ideal para a tal exploração de que fala o post. Mas se não existisse, nós não teríamos telemóveis de última geração a 5 tostões. Quem é que está disposto a abandonar este tipo de conforto ?

A propósito da Bolívia, uma pequena correcção. De acordo com a wikipédia, a imensa maioria dos presidentes foram militares e duraram menos de 2 anos em média, no poder. (http://en.wikipedia.org/wiki/President_of_Bolivia#Presidents_of_the_Republic_of_Bolivia_.281826-1964.29)
Acusar os EUA ou quem quer que seja de interferência esquece a história bastante atribulada deste país composto por aymaras, quechuas e mestiços que se detestam mutuamente.

ateixeira disse...

Ó meu caro amigo quer já levar com um rol de links sobre as atitudes de sucessivos governos dos EUA na América Latina? É que nem sequer mando sobre o resto do mundo é só mesmo a América Latina.

E já agora tem visto os documentários que tenho posto?

Nelson Gonçalves disse...

Caro, interferências de uns países noutros é o normal. No caso de Portugal foi principalmente a Inglaterra ao longo dos tempos, mas França também andou a meter a colher.

O caso da América Latina é diferente do de África. Porque os países sul-americanos foram independentes muito mais cedo e com instituições políticas mais fortes do que em África. A américa latina tem practicamente a mesma religião e a mesma língua, excepção feita ao Brasil. Portanto existe um aspecto de responsabilidade destes países em relação à sua história que não pode ser ignorado.

Em África a situação foi diferente porque aquando da descolonização, poucos países tinham instituições nacionais ou sequer qualquer laço que unisse as differentes tribos e etnias. A Guiné-Bissau é um exemplo paradigmático.

Em relação à sra. Klein, tentei comprar um dos livros à tempos mas estavam esgotados. Voltarei a tentar no futuro.

ateixeira disse...

Bem se considera normal o que os EUA fizeram pela América Latina isso é lá consigo. Vulgar é sim senhora, agora normal não deveria ser.
As instituições políticas da América Latina tiveram como único ganho de uma independência que veio mais cedo o facto de serem fantoches mais cedo só isso. Porque cada vez que se tentava trilhar o caminho da independência ou se era atacado pelos EUA ou se levava com um golpe de estado financiado pelos EUA. E se isto lhe parece exagerado tenho provas.
Mas ainda assim penso que não tem noção das barbaridades que por lá foram feitas. E não falo das colossais barbaridades feitas por portugueses e espanhóis feitas por portugueses aquando dos Descobrimentos. Falo de barbaridades dos tempos modernos.

A Naomi Klein é uma autora interessante mas se posso sugerir, sugiro que começo pelo "Manufacturing Consent". Um grande livro para se começar a entender o que se passa. Outro que já tenho mas infelizmente não tenho tempo de ler é o "People's History of the United States of America" do Howard Zinn e segundo diz que sabe do assunto é um grande livro segundo qualquer padrão.

Nelson Gonçalves disse...

Quando digo que é normal estados interferirem nos assuntos de outros estados, entenda-se como sendo algo próprio da natureza do homem. Não que seja moralmente correcto ou aceitável.
De resto, penso que discordamos apenas nos pormenores. Como já vem sendo hábito...

ateixeira disse...

Então vamos lá a tratar dos pormenores que é a discutir que a gente se entende. ;)