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Mas que sei eu
Mas que sei eu das folhas no outono
ao vento vorazmente arremessadas
quando eu passo pelas madrugadas
tal como passaria qualquer dono?
Eu sei que é vão o vento e lento o sono
e acabam coisas mal principiadas
no ínvio precipício das geadas
que pressinto no meu fundo abandono
Nenhum súbito súbdito lamenta
a dor de assim passar que me atormenta
e me ergue no ar como outra folha
qualquer. Mas eu que sei destas manhãs?
As coisas vêm vão e são tão vãs
como este olhar que ignoro que me olha
Ruy BELO
O caro leitor pensará que pretendemos transformar este sítio num panegírico ao nosso espectáculo. Não. Talvez nem sequer ao poeta. É um elogio da derrota. Mais um. Talvez não exista mesmo um outro modo de vencer.
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