segunda-feira, 9 de maio de 2011

Com exemplos não se provam argumentos

Em Portugal, que instituições têm sido dirigidas pela mesma pessoa (e não um partido ou um clã) durante dez ou mais anos ?

De memória, o Pinto da Costa no FCP, o Alberto João na Madeira, o Gilberto Madaíl na FPF, o Francisco Louça no BE, o Portas no PP. E dois exemplos que conheço melhor, o Mariano Gago no MCTES e o Narciso Mota na Câmara Municipal de Pombal.

Primeira nota. Não estou a querer louvar nenhuma destas pessoas ou sequer indentificá-las como líderes magníficos e gestores brilhantes. São apenas exemplos de gente que ocupa o mesmo cargo há já bastante tempo, por comparação com outros em instituições semelhantes.

Segunda nota. Não estou a pretender argumentar que estas instiuições servem como exemplos modelo de funcionamento e gestão. Se assim fosse, o problema do FMI resolvia-se com chocolates e fruta antes cada ronda negocial.

Então aonde é que quero chegar ? Que do ponto de vista dos interesses mesquinhos e egoístas das instituições, manter o mesmo chefe (é disto que estamos a falar) durante largos anos é extremamente benéfico. O BE, por exemplo, há 12 anos atrás era um conglomerado de gente sem qualquer expressão eleitoral. Hoje tem 3 deputados europeus, 16 nacionais e é grande o suficiente para meter medo ao PCP e ao PS. Nos restantes exemplos, os resultados falam por si.

E mais importante que os benefícios qualitativos que o chefe de longa duração possa trazer (que ao fim e ao cabo serão sempre subjectivos), é o estabelecimento de uma forma de trabalho e de uma ideia de instituição. Contra as quais é possível construir uma oposição, fazer uma revolta, identificar alternativas. E este é o aspecto fundamental. Se for tudo a mesma merda (vide PS, PSD, PP e BE) acabamos neste marasmo de onde não se vislumbra saída. Exceptuando o BE que ainda não provou o doce sabor da governação, os três restantes partidos não oferecem alternativa. Pior, os partidos mais pequenos não se conseguem fazer ouvir nem representar numa época em (supostamente) os média são livres.

Aqui chegados, convêm ter presente que uma coisa é gerir uma agremiação de interesses, outra é gerir um país. Longe de mim querer um Alberto João ou um Pinto da Costa a presidir em Belém aos destinos do país. É portanto necessário encontrar uma forma para escolher o chefe de longa duração de tal forma que a coisa não produza ditaduras tal como a que tivemos no passado recente. Talvez um colégio eleitoral ? Sinceramente ainda não sei.

A meu ver, o principal problema desta forma de organização governativa sofre do problema da personalização. A Madeira e o FCP são casos paradigmáticos. No dia em que ou o Pinto da Costa for forçado a sair (provavelmente pela morte),  o que vai ser do FCP ? Que eu saiba não se conhece dissidência ao homem, para além de alguns arrufos por causa de dinheiros de transferências. É portanto vital que o chefe de longa duração não seque o país, tal como fez o Salazar.

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