segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Luta de cães ou como somos reles quando os donos dos cães tentam fazer qualquer coisa pelo mundo e nós a ler livros, meu deus, a ler livros


A pessoa que escreveu as linhas que se seguem, foi convidada para falar, repito, para falar, no âmbito da comemoração do dia mundial da filosofia, repito, do dia mundial da filosofia, não no dia mundial da filosofia para crianças, nem no dia mundial da luta de cães, nem no dia mundial da luta contra as mulheres que vestem mias 100 peças de roupa branca por ano, mas sim no dia mundial da filosofia, e sobre política e cidadania, ao que parece no Colégio do Sagrado Coração de qualquer coisa (agora não me recordo, vejam no link), pelo que tenho tido dificuldade em respirar nestes últimos minutos e tenho mesmo procurado suicidar-me continuadamente com um volume das obras completas do cardeal Ratzinger atado ao pescoço, tendo enchido a banheira para tal efeito, mas sendo apenas obsequiado, até ao momento, com algumas escoriações, um tapete molhado e um resfriamento, para grande infelicidade de todo o auditório que nos segue.


Algumas palavras interpretativas. O cão que de certa forma foi vítima, prepara-se, alegadamente, para fazer cócó, defronte da fachada neo-clássica da Igreja dos Mártires (a necessitar de confirmação), ou está na ressaca de uma epifania da ética. Como não louvar os donos de cães que apesar da tensão do momento conseguem transcender-se e não espetar dois tiros de caçadeira nos miolos de meio Portugal a propósito de uma desesperante mordidela de um cão no seu próprio cão? Faça-se notar aos mais distraídos, e aos menos especializados nestas coisas da política e da cidadania, a éticamente irrepreensível posição dos transeuntes. E o que dizer dos romenos, não se desiquilibrando das escadas, nem do passeio, nem nada? E o que não seria de prazer ético e de sabedoria se lá tivessemos estado, e presenciado aquela cena muito agressiva e breve em que dois cães foram de certa forma vítimas da inteligência de Laurinda Alves? Mas o que somos nós? Eu que tenho falhado os grandes momentos da vida pública portuguesa, tenho a irrelevância e a infâmia de ter também falhado esta performance ética inolvidável, apesar dos nervos, dos muitos nervos do momento.

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