segunda-feira, 3 de maio de 2010

O Sporting lá conseguiu o quarto lugar

não obstante o empenho que demonstrou jogo após jogo em lutar pela não despromoção.

Estou a acabar o "Black Mass" do John Gray, que foi em todos os aspectos excelente excepto, claro, a parte final. Avança-se com o argumento que a espécie humana em nada difere dos restantes animais. Porque estamos sujeitos às mesmas leis naturais que os demais ser vivos neste planeta. Porque os humanos são apenas um producto da evolução natural das espécies.

Ora vamos lá ver bem. A evolução das espécies não é uma lei universal da natureza. Mesmo que fosse e embora todos os ser vivos estejam sujeitos às mesmas leis naturais, não se pode concluir que todos desenvolvam as mesmas capacidades. Os pássaros conseguem voar, os humanos não. A constante gravitacional é a mesma para ambas as espécies.
Segundo, a evolução natural das espécies é um processo cujos resultados estão bem delimitados à partida pelas leis naturais do planeta. A altura máxima que uma árvore pode atingir e as dimensões extremas dos mamíferos, por exemplo, estão limitadas pelas leis da física. O relojoeiro afinal não é assim tão cego quanto isso.

Embora a mente humana seja um produto da evolução natural, dificilmente se pode concluir que as suas capacidades únicas resultam de acidentes de percurso. Como o John Gray bem notou, a espécie humana parece estar programada para a teleologia. Uma vez que esta característica faz parte dos resultados possíveis da evolução natural, porque razão terá de ser uma característica improvável ? O Robert Rosen argumentou precisamente que o que distingue os seres vivos das máquinas (Turing & Ca) é exactamente a característica teleológica dos primeiros.

Nenhum destes argumentos prova a existência de um relojoeiro, embora comecem a ser coincidências a mais. O "Black Mass" é brilhante enquanto chama a atenção para o perigo das utopias e para a contribuição do Cristianismo na génese das mesmas. Falha ao argumentar o retorno a um mundo pré-cristão de comunhão mágico-mística com a natureza. Não obstante, estou curioso para ler os argumentos do "Straw Dogs".

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