quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Calma que ainda são 15 horas e treze minutos, pelo que o dia não estará perdido se desde já fores fazer algo de útil

Uma das vantagens substanciais em ler os textos da Ana de Amsterdam é ficarmos a saber, entre variadíssimas e preciosas pérolas, que: a) o pai de Ana tem uma secretária que veio de Moçambique; b) arranjou um corrector goês que lhe trata dos investimentos na bolsa indiana; c) entra na cozinha muito alegre a pedir um beijinho à mulher, o que na teoria hermenêutica da família de Ana de Amsterdam significa que as «coisas têm corrido bem»; d) tem uma prótese fixa, amanhada algures num país exótico; e) há batalhas que já não merecem ser travadas, referindo-se ao casamento homessexual. Vejo-me forçado a concordar, sobretudo com esta última conclusão: mais que todas, a batalha do talento é uma batalha perdida desde a primeira hora. Mesmo quando a perseverança se revela uma virtude elegante e necessária, nada salva uma frase escrita com uma intenção mal fundamentada, isto é, pouco apoiada nessa coisa indeterminada que é a inequívoca sensação de tranquilidade (o que explica os encómios a Paulo Bento na hora da despedida,) que inunda todos os que sempre souberam que «nada se perde por mais que aconteça/ uma vez já tudo se perdeu».


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