segunda-feira, 29 de junho de 2009

Quod erat demonstrandum se bem que talvez seja mais qualquer coisa relacionada com um ornitorringo

Revelo em primeira mão ao auditório que quase sofria, ontem, pelas 21h47, uma paragem cardíaca ao deparar com uma alusão súbita de José Pacheco Pereira a Vitorino Nemésio, chegando aquele a invocar, como hipotético souvenir de tão cómico programa, essa lendária figura do panorama (palavra bela, entre o miradoiro bracarense e a teoria sociológica) literário português. Acontece que Pacheco Pereira não é um bom romancista, não é um homem erudito, não é um grande professor, não é um excelente comunicador, não nasceu em Ponta Delgada, não usa óculos de massa, não impõe respeito, não segura o telespectador mais do que 23 segundos, não faz elaborações sobre as investigações náuticas do Infante D. Henrique, não publicou livros de poemas, não escreveu o Mau Tempo no Canal, não se recostou no sofá de casa, não coçou os tomates em directo e assim sucessivamente, parafraseando César Monteiro. Pelo contrário, Pacheco Pereira farta-se de ler jornais de referência e relatórios do Parlamento Europeu o que não chega para invocar Nemésio como guarda-chuva para os insultos de mediocridade que vao desabar na sua cabeça quando Portugal perceber que inaugurou uma nova modalidade nacional: a censura em estilo pesca à linha disfarçada de Programa crítico em directo no horário nobre da Sic notícias.

1 comentário:

binary solo disse...

Posso comprovar, caso seja necessário, que Pacheco Pereira ontem não conseguiu segurar-me mais do que 11 segundos. Tempo esse em que percebi que o que ali estava não era mais do que re-interpretação do homem a quem parece que aconteceu nao sei que. No fundo eles falam e não fazem nada. Ponto por ponto.