quinta-feira, 8 de maio de 2008

Os jovens e a Política: Alf o regresso

Lides académicas me têm retido noutros locais menos democráticos que estes textos ocasionais. Entretanto, pouca coisa a referir: mais três ou quatro derrotas sob a batuta do maestro florentino (benfiquista desde pequenino) e um texto presidencial sobre jovens. Ora aí está um bom tema: os jovens e a participação política. Em primeiro lugar porque o grupo escolhido é de uma homogeneidade sociológica evidente. Pelo menos tanta como o grupo dos morenos que usa camisa azul à segunda–feira. Em segundo lugar, porque ficamos a saber que a Presidência da República encomenda estudos à Universidade de proveniência recente do Presidente da República, o que só sublinha a cooperação estratégica das instituições.

Seria de facto um bom tema, se tivesse lembrado aos estudiosos e ao senhor Presidente que a política não é questão de participação. É questão de funcionamento cardio-vascular. Se estamos vivos na «cidade» somos políticos. Não participar politicamente é já participar politicamente. Eu diria mesmo que é uma das mais violentas e consequentes formas de participação. Basta ver como os alemães da década de trinta participaram ao desparticiparem na eleição de um senhor austríaco que, por sinal, não tinha caves no quintal.
Os jovens de então, tal como o nosso venerando santo padre, correram atrás da disciplina, do mérito, do desenvolvimento económico, do sucesso (reconhecem?) e puseram todos umas coisas vermelhas no braço com umas cruzes esquisitas. Raciocínio causal: mas o que terá sucedido antes para tal demissão colectiva da consciência?

Já se vê qual a preocupação da Presidência: se o sistema vigente deixar de contar com os jovens e passar a reproduzir-se noutra forma que não a democracia liberal, pode sobrar para os descendentes da vivenda «mariani». E para os restantes cidadãos? Será melhor ? Pior?

Depende de onde soprar o vento.

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