sábado, 16 de fevereiro de 2008

O PSD e o caos na oposição

Actualmente tem-se verificado na governação socialista um enfraquecimento das suas políticas e de alguma instabilidade governamental, através das mudanças em certas pastas ministeriais, como a saúde e a cultura. "É verdade que um partido político não ganha ou perde eleições por causa da pasta da cultura" dizia Ricardo Costa, director de informação da Sic, em entrevista à própria estação. Até tenho de concordar com esta personagem do jornalismo português, apesar de na maioria dos casos não concordar com ele. Porém, mesmo estas mudanças não fragilizaram o governo Sócrates e a maioria PS. Apesar do grande descontentamento social permanece, de uma maneira quase inalterável, a posição do partido socialista, como força política vencedora, para a nova legislatura que se avizinha em 2009.Mas porquê é que será que as sondagens continuam a dar ao PS valores da ordem dos 40, 45%? Tudo porque a oposição não faz o seu papel de defrontar o governo e as suas políticas e ajudar a solucionar tantas matérias para a sociedade portuguesa. Também porque, e talvez este seja o papel mais decisivo que é o da credibilidade dos partidos da oposição, que não é das melhores. Mais à esquerda temos o Bloco de Esquerda, chefiado por Francisco Louçã, que até se vai safando na luta contra Sócrates e até faz alguma mossa política, mas que passa, na maioria das vezes, despercebida à maioria das pessoas. Jerónimo de Sousa, com o seu ortodoxo comunismo não se revela, na minha opinião, uma alternativa credível a este governo. O papel do partido dos fracos e oprimidos e do mais dinheiro para a função pública e do combate às grandes corporações já não convencem a maioria dos portugueses, que estão interessados é no crescimento da economia, de melhor justiça e de melhores cuidados de saúde. É de salientar a este político que são os trabalhadores privados que sustentam toda a pesada máquina da função pública.Relativamente à direita, e antes de falar nesse monstro obsolento da oposição portuguesa, o PSD, falemos do CDS-PP. Este partido dos "betinhos" e dos "engravatados", que de vez em quando tira uma ideia da cartola e que até apresenta algumas propostas no sentido de melhorar iniciativas da governação PS, como a avaliação de professores. Mas, e como há sempre um mas na vida, o CDS-PP tem andado, ultimamente, em polémicas de corrupção. Desde os 300 despachos assinados pelo antigo ministro do turismo, Telmo Correia, ao caso dos sobreiros e da "Portucale", ao caso dos famosos submarinos e das fotocópias sobre assuntos de natureza classificada. É certo que, como defensor dos valores da democracia, tenho que admitir que todos os intervenientes destes casos são inocentes até serem culpabilizados (se chegarem a ser) pelos actos ilícitos que alegadamente terão cometidos. Mas convém dizer que o clima de suspeição que atinge os "Populares" não é dos melhores para se continuarem a afirmar como força política e, nomeadamente, como rosto de oposição política.Por fim o partido Laranja. Parece que o PSD anda a tentar ganhar legislativas sem fazer oposição, ou seja, a não ter opinião sobre os mais variados assuntos que dominam a agenda política portuguesa. O PS até deve gostar deste tipo de oposição. Pelos resultados das sondagens que o PSD tem tido, faz com que o PS se sinta confortável, e até deixe os seus directores de campanha para as legislativas de 2009 a tomar café no Largo do Rato ou até mesmo ir aos saldos às Amoreiras, enquanto o PSD não se define nas suas estratégias de oposição ao governo PS.Na última edição da revista "Sábado", José Pacheco Pereira diz: "Já repararam que, na maioria das questões, o PSD não toma posição a tempo, promete tomar e depois esquece-se de tomar posição, ou qualquer destas três variantes?". É notória a crítica de Pacheco Pereira à forma como o presidente do partido, Luis Filipe Menezes conduz a estratégia para as próximas legislativas.Um dos grandes problemas do PSD, na minha opinião, é a existência de Santana Lopes como presidente do grupo parlamentar do partido. Santana Lopes aparece como próprio presidente do partido enquanto Menezes se esvanece na pacata Gaia, onde não tem voz, e mesmo quando a tem não diz nada de realmente importante. Ao principio pensei que a utilização de Pedro Santana Lopes até seria uma boa cartada política de Menezes para "gastar" a figura do primeiro-ministro e para que ambas as personagens se "consumissem" em acusações e que no fim Menezes se sobressaísse como alternativa ao governo. Feliz ou infelizmente a minha expectativa não se verificou. Agora até fico contente, já que Filipe Menezes apresenta políticas vagas para solucionar as grandes questões que Portugal atravessa.No artigo de ontem "Cortar cabeças" de Vasco Pulido Valente, no jornal "Público", este refere Santana Lopes como o "responsável" pela maior derrota do PSD desde 1975. Na opinião do mesmo, Santana já deveria estar morto politicamente, mas parece que sucumbiu dos mortos políticos, ao fim de dois anos, para vir afundar ainda mais o PSD.Enquanto não há qualquer política do PSD e Santana Lopes vai ganhando forças e o PSD se afunda na sua própria "loucura", José Sócrates vai sorrindo e dizendo para os seus ministros: "Esta política do PSD é porreira pah!". Já o ministro das obras públicas deve confidenciar, nos intervalos das discussões sobre a terceira travessia do tejo com o seu primeiro-ministro :"Oh José tem calma, nós ainda vamos estar no governo na inauguração do Aeroporto... Com a política de oposição do PSD jamais eles serão governo". Cada vez estamos piores. Assim sem uma boa oposição não há uma boa democracia. Certamente e para o bem do país tem de haver eleições antecipadas no PSD com pessoas creíveis que façam mais e melhor oposição.

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