sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Aquele país é muito grande, é gigantesco, ainda há-de levantar-se das cinzas e, guiado pelo espírito de Gogol, governar o mundo, isto culturalmente falando, é claro.

Aqui, uns gloriosos 4 minutos e 55 segundos.

E se duvidam, é considerar isto.

Mas se ainda assim, hesitarem perante esta cabal demonstração da magnificência, é observar aqui tudinho até ao fim. Um país que tem ciganos destes nunca poderá temer o futuro. É aprender com eles. Finalmente compreendi por que razão no romance russo clássico se está sempre a incorrer em jantaradas com esturjão e conjuntos de ciganos. É estudar Tchékhov até nos doerem os olhos. Com efeito, com muito efeito, eis Nabokov finalmente compreendido, querida e amada Rússia. Nunca te esqueceremos. Exijo desde já aos meus caros leitores que o meu velório e incineração em forno (quando chegar o momento, quando chegar o momento) seja integral e rigorosamente efetuado tendo como cenário projeções continuadas deste vídeo. Para quem quiser explicações sobre o espírito da antiga música «Katyusha», uma melodia composta durante a Segunda Guerra mundial, abram A Trégua, de Primo Levi, está lá tudo, o encanto de Maria Fiodorovna, a madura e abrutalhada enfermeira, o doutor Dantchenko, sem se ocupar de mais nada a não ser cortejar raparigas, «com divertidas maneiras de grão-duque de opereta» (na p. 78 da edição portuguesa) ou Galina, a rapariguinha de dezoito anos, por quem Levi se apaixonou e a quem nunca foi capaz de confessar o seu amor, e que no dia dos festejos da paz, em pleno campo de refugiados, atuou sozinha, «em traje de circo e botins, numa vertiginosa dança em que revelou dotes atléticos fantásticos e insuspeitados; foi submersa por aplausos, e agradeceu comovida, de faces vermelhas, que nem um tomate e com os olhos cintilantes de lágrimas», ou o espírito gigantesco da Rússia, com «a sua homérica capacidade de alegria e de abandono, uma vitalidade primordial, um talento pagão, incontaminado, para as manifestações, as romarias e pândegas corais» (p. 113) e a para sempre intransmissível felicidade do dia em que terminou a guerra, «russos por toda a parte, como formigas saídas de um formigueiro: abraçavam-se como se conhecessem todos, cantavam, berravam; se bem que em grande parte mal se aguentassem nas pernas, dançavam uns com os outros, e arrastavam nos seus braços todos os que encontravam pelo caminho» (p. 114). Proponho que enfrentemos a próxima década com este espírito.

E pró caralho a crise, os Bancos, os filósofos da linguagem e o Presidente da República Portuguesa.

Já a Grécia, não me parece que seja possível alguma vez aspirar a sair deste buraco. Tudo o que está a acontecer com o sul da Europa deve-se a este tipo de situações. Ou a este tipo de comportamento. E os Franceses não estão isentos deste sarilho.


Mas quero terminar em apoteose e, por isso, vejam isto: nunca mais serão os mesmos, nunca mais serão, sobretudo, as mesmas. Esqueçam os chineses, a Rússia é que vai mandar nisto.

Para a semana teremos o segundo capítulo de O Rapaz da Periferia. Divirtam-se

2 comentários:

silvia disse...

Curioso este teu post.
Intuo o mesmo.
A Rússia prepara-se utilizando a duplicidade tosca dos alemães para uma vingançazinha.
Ha pouco quando deixaram montar na praça vermelha o baú da LV e logo a seguir quando estava pronto o mandaram retirar . Lembrou me a destruição dos budas pelos talibans. Ninguém ligou a este facto ahahahah porque era um material de luxo
A vida imita a arte ;))) ui ui ui

Que de literatura e de história tem muita experiencia

Veremos .

silvia disse...

Dizes culturalmente eheheheh
A Rússia que a Europa vai sentir será a bélica ;) claro; sobre um manto diáfano de fantasia ;)

Eheheheh para combater a profundidade da alma russa só um povo que deixa a alma em casa quando precisa de fazer trabalho duro ;) e estes são os ingleses ;))))