quinta-feira, 25 de abril de 2013

Uma falha colectiva da qual eu me venho penitenciar

reparei ontem, quando os olhos do mundo estavam postos no Lewandosvky, que esta casa ainda não prestou a devida homenagem ao Luka Modric, o mais próximo possível que a espécie humana consegue de um hipotético cruzamento entre o Deco e o Isaias. Saudações ao Benfas da década passada.



Mas o que me traz aqui não é a anomalia futebolística ontem sucedida em Dortmund, mas sim o post que tem uma audiência superior ao DN. Este aqui.

Se o Modric é o resultado da selecção natural aplicada aos que jogam atrás do ponta de lança, o post acima mencionado é um meme comum na blogoesfera portuguesa. Pode parecer o mesmo, mas não é. Eu explico.

É sobretudo nestas alturas de mais aperto que alguém escreve a história do Zé que é um rapaz inteligente e se lança no empreendedorismo e termina nas manápulas ensanguentadas desse monstro que é o regime fiscal lusitano. Antes de mais uma vénia à inovação, o JCD do Blasfémias fez o mesmo há um par de anos mas o rapaz na altura era o João. E agora não tenho paciência para procurar, mas aposto as chuteiras do Lewandowsky em como o Miguel Sousa Tavares, o Pedro Arroja entre outros, contaram histórias semelhantes. Que aqui sintetizo: o Zé/João é um tipo brilhante e só não inova porque o estado não deixa.


Há muito por onde agarrar, mas eu vou americamente manter os olhos no prémio e vou ao que importa. A historieta é uma falácia. Pronto, é isto.

O caminho mais provável para um empreendedor é a falência, como sabem todos os que alguma vez tentaram fazer algo na vida. Nos US of A, há uns dois ou três anos, 6 em cada 10 startups falhavam no primeiro ano. A não ser que o código fiscal americano seja igual ao português, os impostos não podem ser a causa única dos Zés e dos Joães acabarem a pedir trocados no metro do Marquês para pagar a dívida ao fisco.

Estas historietas são um pouco como os meus compadres sportinguistas que substituem a realidade por uma narrativa reconfortante. É mais fácil apontar o dedo ao Gaspar/Passos Coelho/Álvaro, do que perceber que a inovação é uma cruz que muito poucos conseguem carregar.