sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Há quem lhe chame vigarice intelectual, oportunismo, falta de vergonha, despudorada falácia, fuga para a frente, demagogia: quanto a mim, julgo que é apenas falta de exposição suficiente diante das obras completas de William Shakespeare.

Entendemos a cidadania como o estatuto jurídico do cidadão do qual emanam direitos e deveres e que se traduz na faculdade de participar na vida colectiva do Estado. Consideramos que a vida do Estado é a nossa vida porque vivemos dentro dela e, por isso, somos todos responsáveis pelo rumo do país. Pretendemos contribuir para combater a resignação, a passividade e o sentimento de impotência que nos preenche, enquanto portugueses, face às más opções que o país assumiu nas várias "mãos" pelas quais passou.
 
Conjunto de frases cómico-trágico aparentemente confundido pelos autores do má despesa pública com uma sucessão de pressupostos logicamente organizados em que alegadamente «somos todos responsáveis pelo rumo do país» mas mantendo um «sentimento de impotência que nos preenche, enquanto portugueses, face às más opções que o país assumiu nas várias "mãos" pelas quais passou» o que me deixa confundindo sobre a saúde psicológica de pessoas que sendo responsáveis pelo país se sentem eventualmente impotentes pelas más opções assumidas pelas várias mãos pelas quais o país passou e pretendem agora disciplinar com a cabeça as más opçoes das futuras mãos que queiram vir a passar futuramente pelo país.
 
 
Por volta das 13 horas e 34 minutos do dia de ontem foi libertada no blogue má despesa pública uma contra argumentação ao pressuposto ideológico no qual estão encavalitados os valorosos denunciadores da má despesa pública. Logicamente, o comentário não foi aprovado, ainda que no referido blogue se refiram os direitos dos cidadãos e se apele à qualidade da vida do Estado que aparentemente é a nossa vida porque vivemos dentro dela (frase esfíngica que é bem capaz de me tirar hoje o sono). Note-se que a minha contra-argumentação não continha um único insulto, muito menos recursos vernaculares e fazia até menção a reputadas autoridades académicas nos vários domínios onde alegadamente o má despesa pública se funda como observatório da má despesa pública. Denunciar a má despesa pública é um acto valoroso, litúrgico, nobre, revolucionário, progressista, purificador. Já pensar durante três segundos sobre a irrelevância dos protestos morais perante a grotesca falácia do mecanismo democrático e o ridículo conceito de transparência, carece de um esforço que parece estar para lá da missão denunciante  e dos objectivos comerciais do má despesa pública. Lamento, inclinando silenciosamente a minha cabeça durante um minuto a fim de celebrar as exéquias pelo pudor intelectual e pela ausência de vergonha cívica dos membros do má despesa pública, desejando muitas felicidades aos representantes cívicos da Ford e da MEO-PT e seguindo tranquilo o meu caminho solitário.

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