quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Este livro é do caralho e oferece-me a oportunidade para parabenizar os programadores do tradutor automático do Google que estão quase, quase a varrer para o desemprego - como diz um filósofo amigo - os milhares de computadores humanos, denominados pessoas que estudaram literatura (calma), cuja função é em grande medida ensinar línguas estrangeiras às pobres criancinhas.

 
 
Quem tem oportunidade de passar os olhos de quando em vez por essa miséria estilística denominada Porto Canal, simplesmente à cata de uma epifania gratuita, que é o resultado automático do contacto visual  e auditivo com uma miúda gira com sotaque portuense - uma merda que me aconteceu recentemente mas num outro lugar dolorosamente próximo, e cuja intermitência visual decorrente dessa aleatória e maldita memorização da beleza alheia, me valeu duas semanas de sofrimento mental indescritível - ou como dizem as italianas, indescrivibile - pode também por vezes dar de caras com o caralho (salvo seja, deus me livre) do valter hugo mãe a entrevistar um bardo vimaranense cuja reedição da obra poética completa, denominada Arte Nenhuma - ou como dizem as italianas, Arte nessuna - foi o pretexto para o careca mais premiado de Portugal cruzar, sobre um sofá de veludo, a perna debaixo do rabo, e metido dentro de um blazer preto, t-shirt preta com caveira branca, e calças pretas, disparar em todas as direções provocando milhares de mortos entre os meus neurónios que acossados começaram a disparar em todas as direções, na vã tentativa de substituir a imagem dolorosa pela outra dolorosa imagem - ou como dizem as italianas, immagine dolorosa - da portuense giríssima que por aí circula certamente a destruir concepções esperançosas da vida.
 
 
Aproveito para lembrar o Tolan que a editora que publica o irrelevante alcoólico do Charles Bukwolskwksoekikwsksy (ou o caralho que o valha) é exacta e prodigiosamente a mesma que publica o valter hugo mãe, ele há coisas nesta vida. Não vou negar que para travar de imediato a experiência dolorosa e o genocídio de milhares de neurónios bastaria premir o botão do comando, acontece que nesse momento tinha entre as mãos o livro que acima se apresenta e não consegui separar-me da companhia inefável da mais espantosa mulher, Grace Hopper, que não nos foi dado conhecer pela merda de escola que todos tivemos a infelicidade de frequentar. Grace Hooper abandonou as paredes de hera da Academia - na bela metáfora da sinopse apresentada pela MIT University Press - e respondendo ao chamamento que também arrancou Ulisses do seu doce lar, ingressou na Marinha de Guerra, depois dos japoneses terem bombardeado o porto das Pérolas. Grace não só desafiou o inimigo com a espantosa classe que a caracteriza na imagem acima aduzida, como ingressou no laboratório de Computação de Harvard, revolucionando a linguagem da programação, permanecendo no serviço militar até ao derradeiro sopro, como Aquiles, Heitor ou Pátroclo, e sempre com a mais alta performance moral e intelectual ou pelo menos é o que dizem os americanos, mas a uma gaja com esta classe tudo se perdoa, ou como dizem as italianas, a una ragazza con questa classe tutto è perdonato.
 
 
Estava eu, portanto, imobilizado, lutando com a projeção imagética da minha própria derrota espiritual, torturado pela recordação da beleza e pela consciência do falhanço, quando da televisão valter hugo mãe e o seu bardo vimaranense, um gajo que tem Poças no nome e que esqueci de imediato, embora me fosse mais simpático que o careca multipremiado, enveredam por uma conversa que constituiu o mais ridículo e deprimente espectáculo televisual da década. Numa dança amaneirada iniciaram um troca de congratulações cujo objectivo era identificar comemorativamente qual dos dois era mais ignorante em matemática, por oposição ao vasto conhecimento das competências poéticas que ambos, evidentemente possuem aos petroleiros, chegando valter hugo mãe a dizer entre risinhos parvos que não ultrapassava as contas de somar e subtrair, mas isto sem pinga de ironia e numa confessa honestidade que surpreenderia até um babuíno de cu rosado. A dado momento, o bardo vimaranense, que era menos estúpido que valter hugo mãe, deve ter-se dado conta do espectáculo ridículo que sucedia naquele momento - ou como dizem as italianas, deve essere a conoscenza dello spettacolo ridicolo che stava accadendo in quel momento - e recuou lembrando que os especialistas em matemática parece que falam até de estilo e elegância - ou como dizem as italianas, stile ed eleganza, stile ed eleganza, stile ed eleganza.

5 comentários:

Tolan disse...

Está tudo bem, sou licenciado em matemática, eu. Até sistemas de equações diferenciais eu resolvia. Isso e o manejo, sempre fascinante, do número imaginário, um conceito que me escapou durante toda a universidade e que finalmente percebi de repente, uns 8 anos depois de tirar o curso, já não sei porquê, em frente a um quiosque enquanto lia capas da bola e do record.

Izzy disse...

Andas a aprender italiano por causa da Belucci?

Anónimo disse...

Credo! Que escrita tão pirosa e complicadinha. Estes parágrafos são autênticas máquinas do Rube Goldberg tal é o excesso.

O que aconteceu à escrita simples?

Anónimo disse...

escrita pirosa? complicada? poramordedeus!

seja como for, o alf está a transformar-se num daqueles cromos que, meu deus nosso senhor jesus cristo, ganda cromo foda-se!

e é isto.

mil vivas para os robots!

Anónimo disse...

É piroso pá. É uma táctica foleira que já usada desde o famoso blog "O meu Pipi" há muitos anos atrás.

Consiste em escrever c'mo caralho para não dizer coisa de jeito. O autor masturba-se violentamente, o leitor adormece.