sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Adagio para mim próprio que ao contrário do grande pensador Pedro Arroja, sou apenas um parvo que gosta muito do som das palavras em corrida.

No mais recente episódio de bullying digital de que foi vítima Pedro Arroja, o que impressiona, comove, indigna, mal dispõe, é a facilidade com que desinstitucionalizados dos códigos discursivos onde se movem parvalhões economistas como Pedro Arroja, a olímpica, monumental, homérica, glaciar, galáctica ignorância destes indivíduos se espraia sobre as surpreendidas inteligências do mundo inteiro. Ainda eu mal tinha esboçado uma crítica de um post de maradona que me parecia apressado nos seus fundamentos, por resvalar perigosamente para o tipo de argumentação comunista baseada na idéia de que há um destino evolutivo na tecnologia, que roda sobre um conjunto de propulsores cegos para a decisão humana, e já Pedro Arroja ilustrava com invejável clareza e perturbante limitação o absoluto mistério de ser possível um gajo doutorar-se numa Faculdade canadiana, com um trabalho sobre política monetária nacional, publicar um livro sobre teoria das probabilidades e não obstante, ser um burro chapado que nem sequer consegue responder com um mínimo de inteligência e elegância a um post no mínimo rico de conteúdos, o que sempre constitui um factor de fragilidade para o atacante (devido à própria fertilidade contraditória das ideias complexas) e um manifesto incentivo para a resposta se o atacado possuir o mínimo de destreza mental e jogo de rins.
 
 
Como poderemos nós dormir tranquilamente no interior de um circuito onde as portas de input são controladas por pessoas deste calibre intelectual, pessoas que engrossam a opinião, respondem a problemas decisivos, influenciam políticas públicas, presidem a cursos superiores, acumulam meios de pagamento, contribuem com determinação (ai de nós) para a vida em comum, se não existir uma oficina prévia onde os Pedros Arrojas sejam expostos, testados e criticados com puritana e protestante clareza, isto é, onde os candidatos a posições críticas no sistema sejam sujeitos aos mais diferentes e variados estímulos eléctricos, permitindo validar e avaliar a sua consistência? Não pretendo com esta manifestação comovida diante da tragédia humana construir uma hipótese para fazer subir a taxa de adaptabilidade do regime democrático português, mas se a seleção natural é um relojoeiro cego, e além do mais, maluco, ao menos, na boa tradição clássica, deixem-nos perecer com dignidade. De certa forma, com todos os defeitos que me assistem, é este o serviço que presto a mim próprio, que vossas excelências também contribuem para adensar e concretizar, e pelo o qual seremos todos alegremente esquecidos nesta nau envelhecida que caminha teimosamente, como elefante ferido, para o local da sua morte anunciada.

1 comentário:

Izzy disse...

Arrrghhh! Ja chega de postas sobre o ArrojA!!! Move on, people!