segunda-feira, 26 de abril de 2010

Aristocrata, demasiado aristocrata.

No mais recente livro de Mário de Carvalho existe uma desvalorização da «bola», alinhada numa crítica mais genérica da classe média portuguesa e sua hipotética câmara de horrores - o servilismo, a ignorância, a complacência, a tibieza, a calvície, o mau hálito, a corrupção, a transpiração, etc. O problema dos vendedores de livros (e outros detergentes) é não terem ainda percebido não ser possível escrever sem ter uma voz humana, sem ser ridículo às criadas de hotel. Ir à bola é vil? É. Como transpirar e limpar o rabo após irrevogável operação de higiene digestiva. A salvação artística não está em vestir luvas de seda e apontar os alunos porcos da turma: o Pires cheira mal da boca; o Tó-jó é gordo: o Elmano é zarolho; a Mi-Zé é galdéria. A salvação artística está em vestir luvas de seda e esbofetear a turma toda com a elegância de uma condessa russsa nos últimos dias do regime czarista.

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