domingo, 7 de fevereiro de 2010

A pesca milagrosa

A todos os cidadãos um forte abraço em forma de calduço. Este Domingo foi dia de alegoria piscatória nas homilias deste Portugal Sacro-profano. Contudo devo confessar que apenas retive o conceito de pesca milagrosa, enquanto bocejava violentamente perante algumas piruetas, carregadas de reumático, perpetradas por um sacerdote a caminho mental de Jerusalém, procurando pendurar-se numas argolas que pendiam do tecto creio que a propósito das aventuras do profeta Isaias (grande remate de meia distância). Ainda invoquei o espírito da Flor Caveira (eles percebem mais exegese do que de música) mas apenas compareceu no filme da minha mente um garrafa de tinto, herdade do esporão, 1987, (julgo que isto se deveu a uma longínqua mas estreita relação com o calvário profético atravessado por outro grande apreciador de vinhos alentejanos, Mats Magnunsson). O dia continua chuvoso sem que se vislumbrem hipóteses, ainda que remotas, de sermos salvos de uma semana de intensa discussão em torno do conceito de liberdade de imprensa e pelo menos dois comunicados à imprensa interpretados pelo tenor-predestigitador-social-democrata, José Pedro Aguiar Branco, o líder político mais adequado a uma publicidade da Gant, meia idade, com veleiros em fundo. Lobo Xavier, como é sabido, seria, na verdade, o mais indicado mas está lesionado. Ainda não tive oportunidade de ser regado com o balsâmico perfume das 1034 metáforas que neste momento devem flutuar na prosa inundada por preciosas tiradas plenas de ironia, alinhadas com esmero e rigor, o leitor já adivinhou, ora aí está, por Henrique Raposo, isto se o estudioso das relações internacionais ainda não foi asfixiado no banho por um qualquer enviado obscuro calçado com as luvas pretas do socialismo, a soldo do engenheiro José Sócrates, esse homem que todos perseguem com a fúria de uma aldeia puritana do oeste americano no momento em que uma das suas jovens e virginais filhas acaba de se descobrir engravidada pelo jovem filho do mecânico, dono da bomba na auto-estrada mais próxima, e indivíduo que nunca compareceu ao serviço dominical e, pior que tudo, não lava as mãos depois de usar o urinol colectivo. A propósito de Portugal, como a questão não tem solução e acabará inevitavelmente numa revolução ou num assassinato (um grande abraço ao Vasco Pulido Valente), temo que a coisa, por outro lado, acabe na eleição de um indivíduo - como é sabido, um orangotango seria muito mais indicado, mas não há nenhum símio social-democrata disponível no jardim zoológico -, ou à semelhança de Sócrates, em tudo honesto e pouco claro, ou à semelhança de Ferreira Leite, em tudo clara e pouco honesta (um grande abraço ao Pacheco Pereira, sem demasiado contacto, claro está), de maneira que estou melancólico, como já devem ter notado pela sistematicidade do travessão seguido de vírgula, até porque a baliza onde Cardozo marcou ontem uma grande penalidade falhou a postura mais acertada do ponto de vista fisico-mecânico, coisa que me é muito familiar há cerca de 31 anos e alguns meses, mas não vamos aqui entrar em questões de pormenor uma vez que todos sabemos o que é ser acordado violentamente a meio da madrugada por uma "questão-essencial" desgrenhada e de cabeça perdida, pelo que é necessário reconhecer aqui a impossibilidade de falar sobre o que quer que seja, (um grande aperto ao Mário Crespo, sem magoar, como é evidente) e até breve.

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