sábado, 9 de janeiro de 2010

Ruth Marlene o quê?

Como tutti quanti também aqui se celebra o aparecimento de mais um blogue - constituído por pessoas que, além de uma manifesta incapacidade em espremer uma ideia que seja, a partir dos citrinos evolucionados que são as suas cabeças áticas de grandes personalidades, têm a particularidade de escrever bastante mal (veja-se o post Pelo regresso à república dos professores!), isto, como é evidente, do ponto de vista de alguém que nunca foi administrador do grupo Melo nem estudioso de ciência política e que se penitencia por não ter avisado os portugueses de que a hora é de sacrifício. Mas nem tudo são cardos. Temos também o cheiro de Rosas deste novo blogue, o Albergue Espanhol. Com efeito, o Elogio da Derrota junta-se com satisfação ao imenso auditório e aplaude. Aplaude. Porque um blogue que junta António Nogueira Leite, Carlos Abreu Amorim e José Adelino Maltez só pode aspirar a chegada aos cornos da lua, isto se entretanto não chegar a uma doença venérea. O blogue tem também a particularidade de publicar fotografias de Clara Pinto Correia num esgar de extâse sexual (pode ser também do momento em que Clara Pinto Correia televisionava o gesto técnico em que Veloso falha a grande penalidade na famigerada final de 1989. Comprove o caro leitor As caras de Clara, enquanto aguardamos esclarecimentos sobre este mistério. Reveste-se de particular beleza um post muito bonito, Quem é aquele senhor meio-escondido, em que Carlos Abreu Amorim chama homossexual a Paulo Portas sem chamar homossexual a Paulo Portas, num gesto político-analítico de pura elegância elefantina. Claro que todas estas personalidades partilham de um justo mediatismo, conferido pelo brilhantismo com que defendem ideias em público, mesmo quando o público tem alguma dificuldade em distinguir onde se escondem essas ideias, quais coleópteros refugiados perante o incêndio de uma floresta de frases mal urdidas, fotografias de veleiros oitocentistas e ideias políticas que parecem forjadas na bigorna de Nuno Graciano. Mas Nogueira Leite merece destaque. Não só assina uma crónica chamada Economia Livre no Correio da Manhã como assina uma crónica chamada Sociedade Livre no Expresso. Nogueira Leite é um homem livre que gosta de insistir no conceito de liberdade. Recupera crónicas de 2001. É livre. É sempre com ternura que o público assiste à defesa abnegada da liberdade, principalmente quando a liberdade se casa com a ideia de que não temos em casa crianças suficientes para um dia serem contribuintes activos do sistema de segurança social e pagar a nossa tosta mista, perdão, as nossas reformas. É uma ideia da ordem do prodígio. É uma ideia da ordem do progresso. É uma ideia que nos põe em ordem. Connosco e com as nossas qualidades reprodutoras. Os coelhos de capoeira não diriam melhor. Em suma, uma lição de elegância e boa formação escolar, muito necessárias num tempo em que o ensino, como saudosamente lembrou Paulo Rangel, ontem, no sempiterno Concelho de Anadia, precisa de exigência e autoridade. Venha de lá essa réguada que o meu rabinho está pronto.

2 comentários:

ateixeira disse...

Porra que adorei ler isto!

Carlos disse...

Muito bem escrito - quer entrar para o Albergue?

CAA