quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Estas pessoas são espectacularmente inteligentes

Acontece que dedicar um trabalho académico a Kafka é demonstrar com eloquência como Kafka estava certo quando escolheu um escaravelho para ilustrar os problemas, digamos auto-referenciais, de Gregor Samsa e não uma barata, insecto que, diga-se a talhe de insecticida, cairía muito melhor no espírito que preside ao impulso de escritor frustrado que guia instintivamente todas estas pessoas de cabelo louro. Acontece que Kafka era moreno, judeu, e detestava-se a si próprio com tal energia que foi capaz de produzir um dos textos mais fulgurantes da história de uma disciplina que ainda não foi intentada: a auto-bio-ficção-total, iniciada e desenhada magistralmente nesse monumento do rigor no desespero que é a Carta ao Pai.

Sem comentários: