Até ao momento, quase tudo o que tenho escrito nesta casa teve como assunto a forma como o pensamento científico influenciou, e influencia, o mundo actual. Sem exagero, digo que vivemos num mundo em que a ciência foi elevada ao estatuto de religião, abundando as seitas e respectivos sumo-sacerdotes. As maiores barbaridades, por exemplo a eugenia, quando proferidas por cientistas são assumidas como verdades imutáveis.
Assim, para se tentar compreender o mundo em que vivemos é fundamental compreender a forma como a ciência evolui. Tanto quanto consegui entender, força motriz da ciência é a sua capacidade de se contradizer. É provavelmente o único campo de acção da vida humana que não oferece certezas nem dogmas. Por oposição, nenhuma religião, sociedade ou ideologia sobrevive sem dogmas e cai por terra assim que estes dogmas se verificam ser falsos.
E é este o motivo pela qual a ciência não é uma religião. Esta é uma afirmação tão banal que deveria chocar quem a lê. No entanto, peço que antes façam zapping pelo mundo e tentem encontrar um cantinho da vida aonde a ciência não chegou. Na política, nada se faz ou argumenta sem apresentar estudos. Na publicidade todos os produtos que se prezam têm estudos e selos de aprovação de universidades de renome. E não esquecer as sondagens e estatísticas, que partilham com Deus o dom da ubiquidade.
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