segunda-feira, 22 de junho de 2009

«Vivo uma grande paixão pelos petróleos e pelo gás», afirma Amorim, que é como quem diz recebi um título honoris causa sem saber ler nem escrever

Américo Amorim é um empreendedor. Ora, Von Mises bem nos alertou para a importância do empreendedor a partir do clássico exemplo que misturava o homem que toma um café pela manhã, sem consciência de que é o sistema capitalista que lhe traz, despreocupadamente, aquele café, e o mesmo homem que lê no jornal as ordens do governo brasileiro, no contexto da grande depressão, ordenando a destruição das plantações de Café. Mises dizia que esse homem diria, inconscientemente, «é nisso que dá o capitalismo». Conseguimos imaginar Von Mises abanando a cabeça e retomando a sua explicação do nossos erros, descrevendo como o intervencionismo é o verdadeiro cancro da criação de riqueza. Mas tanto Mises como Amorim ignoram factos determinantes, mesmo tendo em conta as dificuldades que tendem a instalar-se em sociedades com uma tendência inapelável para a burocratização: falamos da interferência económica de investidores do gabarito de Jorge Jesus. Isto leva-nos, inevitavelmente, à enorme relevância do texto assinado por mais de trinta economistas, invocando a necessidade reavaliar o investimento público, recorrendo a estudos custo benefício das mesmas obras, texto depois espalhado em tudo quanto mexe para que os portugueses interiorizem bem o peso dos argumentos produzidos pela ciência económica. Eu sugiro um estudo custo benefício dos referidos estudos já que entre os economistas se encontra uma percentagem considerável de potenciais receptores da roda viva de valores gerada pela cascata de estudos que vai precepitar-se sobre as nossas cabeças. Entretanto, os comentadores especulam sobre os índices de suavidade utilizados por Ana Lourenço em entrevistas políticas. Por mim, desde há muito, por influência de Artur Jorge, assisto a entrevista política ou comentário reduzindo o som da televisão e colocando um cd de Tony de Matos, por exemplo o tema «Procuro e não te encontro», onde podemos ouvir sínteses espectaculares da ciência política como esta: «Só sei, que por vezes ficamos frente a frente/E ao ver-te ali finalmente /Procuro, mas não te encontro!». Não sei ao certo qual a relevância deste assunto para a interpretação do plano geral de obras públicas mas esse mistério pode facilmente ser decifrado com um telefonema ao doutorado Honoris causa Américo.

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