sábado, 27 de junho de 2009

Ninguém, se deixarmos de fora Zandinga o que na minha opinião é manifestamente injusto

Procuro desesperadamente seguir no encalço desse grande fenómeno da contemporaneidade que é o sucesso da geração atlântico, sem, contudo, vislumbrar o mais pequeno traço do lugar onde se escondem. Uma coisa, porém, é certa: repetem com grande vénia - dobrando os joelhos, segurando levemente na casaca, e enrolando a cabeleira setecentista -, o seu respeito e penhor eterno por Tocqueville, o homem que vem substituir Marx no panteão da análise política, sem que isto seja sequer uma originalidade pois consiste no argumento mil vezes repetido por François Furet antes de fazer a sua contrição e chorar dois Nilos e um Amazonas em cima da ilusão juvenil: - Ah aquelas paxiões adolescentes por miúdas sabujas embuídas pela revolução e transformadas num bazar indiano ambulante com toneladas de missangas e colares marroquinos, que nos levaram (aos senhores) a ler com devoção as obras completas de Mao Tse Tung. Claro que agora temos a reacção: os filhos desses senhores (Tunhas, Ramos etc) vêm assanhados pelo facto dos pais não terem corrido logo com a chupeta na mão quando eles gritavam no berço. Não compreendem que os pais estavam nesse momento a fazer o seu próprio caminho, mesmo se isso consistia na leitura de Althusser. Daí que agora tenhamos que interpretar estas enternecedoras declarações de génio, com certidão académica e reflexão tão profunda que já sinto pequenas agitãções intestinais: Ninguém como ele previu (e antecipadamente descreveu) o advento de um Estado tutelar e minuciosamente inquiridor dos actos privados dos indivíduos , afirma Tunhas no seu elogio do maior pensador de todos os tempos, de tal modo que A Bola avança hoje com a hipótese de ser, precisamente, Tocqueville o próximo treinador adjunto de Jorge Jesus. Nem se conhece outra missão tão necessária à democracia portuguesa.

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