quarta-feira, 20 de maio de 2009

A ética católica e o espírito do capitalismo

Segunda a Lusa, o Grupo de Oração do Renovamento Carismático da Vigaria de Almada (GORCVA), colaborador da organização das comemorações do cinquentenário do Cristo Rei, vendeu quinze mil velas e cinco mil terços mas sublinhou no final da cerimónia que "os números podiam ser o dobro se os vendedores ambulantes não tivessem feito concorrência". A estimada representante do Grupo afirmou ainda: "Acabámos por não vender tanto quanto esperávamos","Nestas coisas há sempre oportunistas. Muitos fiéis compraram velas e terços a vendedores ambulantes, achando que estavam a ajudar as paróquias. Foram baralhados". Com efeito, foram duplamente baralhados. Em primeiro lugar, porque compraram objectos religiosos não confirmados oficialmente e, segundo, porque compraram objectos religiosos numa das mais idiotas celebrações colectivas de que há memória na história da humanidade. A imagem de Nossa Senhora visitou o Cristo Rei. Segundo fontes oficiais, foi a décima saída da Imagem da Capelinha das Aparições, sendo que a sexta ocorreu no ano da inauguração do Monumento a Cristo Rei, em 1959, momento em que foi concretizada a consagração de Portugal aos Corações de Jesus e Maria. Ninguém reparou mas, entretanto, levámos com uma guerra colonial no bucho, uma revolução falhada, uma tentativa de democratização agonizante, e duas maiorias absolutas atribuídas a indivíduos que, manifestamente, não tiveram a inteligência iluminada por qualquer sagrado coração. Das duas uma: ou falhámos na consagração ou alguém estava a fazer figas com muita força.

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