quarta-feira, 20 de maio de 2009

Em torno das alusões a orgias

Ora aqui está um tema interessante para primeiro post no blog.
A Ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, que aparentemente não conhece bem o caso, não demorou a qualificar o comportamento da professora, dizendo não ser este corrente, normal e regra.
José Carvalhinho, personagem ímpar entre os seus pares, dispensa apresentações. Pensando melhor, talvez não as dispense para já! Trata-se do presidente da Associação de Pais daquela escola e, como é natural, aponta o dedo à professora, acusando-a de falar de sexo “em termos inapropriados”.
Os alunos defendem a professora, considerando-a espectacular, o que é deveras (e a palavra deveras não está aqui por acaso) suspeito, tendo em conta aquilo que consta da acusação. Parece que a professora terá sido vítima de alguns alunos, caindo na armadilha por estes montada, com recurso à arma mais poderosa do Mundo actual.
Nem uma palavra sobre o facto de um aluno ter gravado uma conversa na sala de aula, ter publicado essa conversa na Internet e contactado os jornalistas e estes, por sua vez, terem publicado a notícia e tornado públicas declarações que de público (e de interesse público) nada têm.
O país ganhou tema para a indignação de que necessita como alimento (justificada, porque as palavras da professora ultrapassam realmente os limites da ética), mas perdeu mais um pouco de confiança, tranquilidade e alegria, rumo ao controlo total de tudo e de todos.

3 comentários:

alf disse...

Será que ultrapassam mesmo? Não será o facto de o caso ter sido publicado, como tu próprio sugeres, um atropelo ético muito mais grave do que os comentários da professora? Pergunto: quantas das conversas que muitos de nós já tivemos (se gravadas e difundidas publicamente) não terão sido faltas de ética?

binary solo disse...

bem vindo JMC! e grande entrada!

JMC disse...

Obrigado!

Acho que ultrapassam, especialmente na parte da ameaça à aluna.
Mas: A publicação parece-me mais grave, porque, por um lado, é feita a um nível incomparavelmente superior e, por outro lado, revela uma total confusão em termos de prioridades.