sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Valente, descansa que tu não és como a gente


Vasco Pulido Valente, outro titã do comentário acutilante, opta por uma estratégia menos elaborada, mas igualmente impante. Segundo Valente o «ideal olímpico» é uma treta, um «horror sem alívio». Na linha do que têm sido as análises de Jorge Jesus (para quem o “fair play” é também uma treta e, seguramente, um horror sem alívio, sobretudo se o adversário está em vantagem e faltam apenas dois minutos para o fim da partida), o historiador diz que no «meio de tanta conversa sobre os Jogos de Pequim, quase não se falou dos Jogos de Pequim». Entenda-se que assim é, de facto. E porquê? Porque até o titã da análise comentar o assunto, o assunto não está comentado. Entre diversas pérolas do pensamento ocidental dos últimos dois séculos, Valente deixa-nos esta conclusão: «alguns “desportos” mais recentes (o triatlo, para começar) não fazem o mais vago sentido, execepto provavelmente comercial. E, como se isto não chegasse, o golfe (com dezenas de milhões de praticantes no mundo inteiro) não aparece (…)». Aqui, não sei o que mais espanta o leitor desprevenido. Será a escândalo presente no facto de o golfe não conhecer a glória olímpica? Será o facto de conspurcarem o ideal olímpico com aproveitamentos comerciais?
Em jeito de conclusão magoada (sim, a sabedoria também por vezes sente comoção) Valente diz não se imaginar nada mais triste do que aquele «nadador que ganhou aos 21, uma medalha para que se tinha preparado 15 anos». Valente, façamos um esforço! Não consegue mesmo imaginar nada mais triste?

Sem comentários: