sábado, 9 de fevereiro de 2008

Senhor engenheiro Ferreira do Amaral, nada mal...

Ferreira do Amaral declarou ao Público em 30 de Janeiro de 2001: "Esta polémica [acerca da negociação do contrato de travessia do Tejo com Lusoponte como ministro de Estado, sendo mais tarde nomeado administrador dessa mesma empresa] não tem nenhuma razão de ser. Se a regra é nunca entrar numa empresa com quem assinou um contrato, devo dizer que assinei milhares de contratos, e com todas as empresas. E a lei determina, e bem, uma quarentena de três anos. Aqui passaram doze", alega. Ferreira do Amaral acrescenta ainda mais três argumentos para "esvaziar uma polémica que desafia o bom senso". "Nunca esperei estar aqui. Só aconteceu porque o principal responsável por esta obra, Morais Leitão, teve uma morte trágica. Segundo, os sócios da Lusoponte não são os mesmos [com quem negociou o contrato], e até o contrato não é o mesmo, porque já foi alterado sete vezes."

Explicação: o senhor engenheiro Amaral refere conceitos como quarentena, assinar milhares de contratos, esvaziar polémica, morte trágica, alterado sete vezes. Na verdade, a polémica desafia o bom senso, porque o caro leitor julgava que se tratava de um problema de confusão entre a defesa do estado (leia-se defesa do interesse dos cidadãos e do Estado de Direito) e a defesa do interesse privado (leia-se defesa do interesse de alguns cidadãos e da sua legítima capacidade de ganhar dividendos). Afinal, tudo não passa de um thriller onde figuram assinaturas de contratos, o número sete, a morte, uma quarentena e o desafio do bom senso, ingredientes básicos do suspense. Agora sim, percebemos.

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