terça-feira, 8 de novembro de 2011
terça-feira, 4 de outubro de 2011
sexta-feira, 30 de setembro de 2011
O dia dos prodígios
Em 32 anos de vida nesta terra, vi ontem com estes que a terra há-de comer, o Sporting a ser beneficiado pelo árbitro e o Isaltino a ser preso. Tenham um bom fim-de-semana.
sexta-feira, 23 de setembro de 2011
quinta-feira, 22 de setembro de 2011
O país transforma-se não se transformando
Após ler, fiquei com a ideia que o Bruno Carvalho está irritado por Portugal não corresponder ao seu ideal de país, e não por causa das histórias de corrupção e degradação moral que relata. Um tiranete em potência.
quarta-feira, 21 de setembro de 2011
segunda-feira, 19 de setembro de 2011
Afinal somos todos buracos de um queijo
O pior desta história do buraco da Madeira, é o sentimento de impunidade que vem ao de cima. Fala-se nuito, chuta-se a agua do capote, procuram-se responsaveis, mas no final pagamos nós. E se confirmar a história do TGV só com uma linha, parece-me obvio que será apenas de saida daqui para outro lugar.
segunda-feira, 12 de setembro de 2011
Ainda vamos ser campeões
Mais uma semana que começa. A A5 que já está cheia. O sporting que ganhou. O Seguro é só mais um fala barato. Apenas banalidades de quem passou o domingo num quintal debaixo de um chapeu de sol. Com quem estimamos. Precioso.
domingo, 11 de setembro de 2011
Ver o Sporting Clude de Portugal a jogar
é como ver uma telenovela mexicana, daquelas mesmo foleiras e dobradas em brasileiro. O fim-de-semana passado perdemos dois a três, em casa. Depois de estarmos tranquilamente a ganhar por um a zero. Depois de termos empatado dois a dois, num livre marcado por um jogador acabadinho de entrar e que se lesionou logo a seguir. Ontem ganhámos três a dois ao Paços, com três golos marcados nos últimos quinze minutos. Este Sporting está impróprio para cardíacos. Temo pela vida do senhor meu pai.
quinta-feira, 8 de setembro de 2011
Com os juros da dívida a subirem nos mercados
secundários, e os da Grécia para além dos 55% (jesus !), alembrei-me disto.
quarta-feira, 7 de setembro de 2011
De madrugada é que se pensa bem
Esta madrugada, enquanto me deitava no chão do quarto da pequena e ela tentava não dormir, lembrei-me de muita coisa. Inclusivé de como é bom dormir.
segunda-feira, 5 de setembro de 2011
O wilson eduardo vai ser o novo djaló
Setembro começou e voltaram os carros. Acabou-se o meu tempo de tranquilidade para chegar ao sitio onde me sento todos os dias. Hoje o comboio ao parar trouxe muito mais gente para a rua. Daqui ate ao Natal é sempre a descer.
Enquanto isso, esta semana vou tentar nao ver TV e ler jornais. Vem ai o 11 de Setembro e a catadupa de documentários, reportagens e imagens que ja vimos e revemos n vezes. É como o transito. Uma tragédia nunca vem só.
Enquanto isso, esta semana vou tentar nao ver TV e ler jornais. Vem ai o 11 de Setembro e a catadupa de documentários, reportagens e imagens que ja vimos e revemos n vezes. É como o transito. Uma tragédia nunca vem só.
segunda-feira, 29 de agosto de 2011
sexta-feira, 26 de agosto de 2011
A classe média que pague a crise
Eu já vou perdendo a conta ao número de vezes que os ricos foram chamados a pagar a crise nos últimos dez anos. Se a coisa seguir o guião, o governo lá irá produzir a habitual legislação que servirá para coisa nenhuma e mais tarde se verá que isentou, muito por acaso, os amigalhaços do costume.
Até aqui tudo como dantes. Agora, o que eu gostava de lembrar ao ministro das finanças é que pelos jeitos que a coisa vai andando, a classe média é que se está a baldar de pagar a crise. É com agradável surpresa que tenho visto ressurgir o bom velho hábito de não passar recibos, o sempre salutar trabalho feito ao negro, etc. O Gaspar que não se cuide, e vai ver que não tarda não há ordenados para penhorar.
Até aqui tudo como dantes. Agora, o que eu gostava de lembrar ao ministro das finanças é que pelos jeitos que a coisa vai andando, a classe média é que se está a baldar de pagar a crise. É com agradável surpresa que tenho visto ressurgir o bom velho hábito de não passar recibos, o sempre salutar trabalho feito ao negro, etc. O Gaspar que não se cuide, e vai ver que não tarda não há ordenados para penhorar.
quarta-feira, 24 de agosto de 2011
Lamentações
Amanhã, a L.U.M.E. vai estar a tocar à borliú no Jardim de Campolide e nas próximas semanas mais Big Bands vão tocar por noutras praças de Lisboa. Agradeço a cortesia da Tonito Costa, afinal para algum lado tinham que ir os 16 euros/mês que pago por ter uma retrete. Pela mesma altura, o Sportingu von Lissabon deve estar a travar uma batalha épica contra amadores dinamarqueses. Acho que a escolha é óbvia.
E já que estamos a falar de futebol muito dinheirinho se tem feito com transferências na Invicta. A associação regional de casas de alterne agradece. Infelizmente ainda ninguém explicou aos clubes estrangeiros que o sucesso do FCP está no Pinto da Costa, não nos jogadores nem no treinador.
no estaba muerto, andaba de parranda
Hoje é o aniversário do Borges (obrigado Google) um escritor que eu fui encontrando nos vendedores de rua e alfarrabistas do Chile. Tal como o Bolaño, é um escritor que apetece ler devagar, para se ir saboreando com calma e paciência.
sexta-feira, 19 de agosto de 2011
Liedson no meu coração
Olhando para o ultimo post e as vezes que tive que o editar, diria que se perdeu o jeito. O que é verdade é que o Sporting continua uma merda.
Está ai alguém?
Ainda estamos vivos. Parafraseando Twain: as noticias da nossa morte são claramente exageradas.
Curioso de saber se ainda aqui vem gente à procura de derrotas. O melhor mesmo é não parar:
Curioso de saber se ainda aqui vem gente à procura de derrotas. O melhor mesmo é não parar:
sexta-feira, 24 de junho de 2011
segunda-feira, 20 de junho de 2011
Relato de um percurso de 30 minutos a pé por Lisboa
8h00. No cruzamento da Av. de Duque de Loulé com a Luciano Cordeiro passo pelo R2D2, vidrão nas horas vagas
8h10. Um aviso bi-sensorial dos tempos que se avizinham, ao topo da Sousa Martins. A fotografia abaixo e o odor nauseabundo a mictório (ainda não fotografável nem blogável)
8h15. No Saldanha, o duque passa o tempo a apontar para o marquês (simbolismo político da tragédia grega e em breve, lusitana) e não se apercebeu das duas fachadas adulteradas no mesmo prédio.
8h15. Um aviso a quem de direito no prédio ao lado
Eu traduzo: "Se não querem ver isto tudo fodido, apanhem-me antes de fazer o próximo"
Amanhã há mais.
8h10. Um aviso bi-sensorial dos tempos que se avizinham, ao topo da Sousa Martins. A fotografia abaixo e o odor nauseabundo a mictório (ainda não fotografável nem blogável)
8h15. Um aviso a quem de direito no prédio ao lado
Amanhã há mais.
sábado, 4 de junho de 2011
Várias e determinadas coisas que eu já ando para dizer há algum tempo
Amanhã vou votar. Não tenho fé na democracia, muito menos aplicada a Portugal. Nenhum dos candidatos me inspira um módico de confiança ou esperança num futuro melhor. O meu voto não conta para nada. Não sei ainda quem vai levar a cruz, mas sei bem quem é o primeiro-ministro cessante que não ficar com ela. Vou votar porque nestes tempos têem que se tomar decisões difíceis e não para se estar de fora a gritar que são todos uns corruptos e uns incompetentes (que o são).
Na semana que hoje termina li três livros do Dinis Machado. Ok, para ser correcto um do Dinis Machado e dois do Dennis McShade. No "Mulher e Arma com Guitarra Espanhola", um dos gangsters passa o tempo a ouvir obcessivamente o "Concerto de Aranjuez". Como eu o entendo.
Finalmente, uma palavra de agradecimento sincero aos graffiters que andam a pintar os prédios devolutos. Gosto imenso de graffiti e cada vez que descubro um novo sinto-me como um pirata que acaba de desenterrar um tesouro numa qualquer ilha deserta. Gosto de viver numa cidade assim.
Na semana que hoje termina li três livros do Dinis Machado. Ok, para ser correcto um do Dinis Machado e dois do Dennis McShade. No "Mulher e Arma com Guitarra Espanhola", um dos gangsters passa o tempo a ouvir obcessivamente o "Concerto de Aranjuez". Como eu o entendo.
Finalmente, uma palavra de agradecimento sincero aos graffiters que andam a pintar os prédios devolutos. Gosto imenso de graffiti e cada vez que descubro um novo sinto-me como um pirata que acaba de desenterrar um tesouro numa qualquer ilha deserta. Gosto de viver numa cidade assim.
sexta-feira, 27 de maio de 2011
Mitos de um país
Mito: A democracia em Portugal não funciona porque 2/3 dos eleitores não têem o 9º ano de escolaridade.
Realidade: O presidente das Estradas de Portugal renogociou os contractos das SCUTS e demite-se logo a seguir. Em resultado desta "renegociação", a dívida do Estado passa de 178 milhões para 10 mil milhões. Metade do bolo calhou á ASCENDI, do grupo Espírito Santo onde o ex-presidente se encontra agora a trabalhar.
O responsável, Almerindo Marques, licenciou-se em 1969 no ISEG.
Realidade: O presidente das Estradas de Portugal renogociou os contractos das SCUTS e demite-se logo a seguir. Em resultado desta "renegociação", a dívida do Estado passa de 178 milhões para 10 mil milhões. Metade do bolo calhou á ASCENDI, do grupo Espírito Santo onde o ex-presidente se encontra agora a trabalhar.
O responsável, Almerindo Marques, licenciou-se em 1969 no ISEG.
quarta-feira, 25 de maio de 2011
Rana Farhan ou como eu ontem fui agradavelmente surpreendido
pelo filme "Os Gatos Persas", sobre uma banda que tenta fazer pela vida no Irão. Sob o pretexto de encontrar mais elementos para a banda, vamos conhecendo a música rock/pop/blues/heavy metal iraniana. Não é um documentário, mas retrata um aspecto da vida no Irão. Não é um musical, mas qualquer pretexto é bom para passar uma musiquinha. É um bom filme, que faz mais pela revolta verde que imagens de feridos e mortos na televisão. Afinal, a música é uma linguagem universal. Fiquem-se com a Rana Farhan.
Se alguém me souber indicar quem são os moços que aparecem antes da Rana no filme, ficava-lhe eternamente grato. Os iranianos que me acompanharam ao cinema não me souberam dizer.
Se alguém me souber indicar quem são os moços que aparecem antes da Rana no filme, ficava-lhe eternamente grato. Os iranianos que me acompanharam ao cinema não me souberam dizer.
terça-feira, 17 de maio de 2011
O robot do ngoncalves é melhor que o meu
Tenho andado calado. Mas não me esqueci disto aqui. Desliguei foi a TV e por isso não sei nada do que se passa. O D.Quixote é muito bom de se ler. Já lá vão 5 capitulos. Só faltam 900 páginas.
domingo, 15 de maio de 2011
Bendita seja a Nossa Senhora das Autorizações Escritas
Para conseguir acabar o doutoramento, tenho andado nestas últimas semanas a passear um robot pelo campus doTécnico. Regra geral, sempre por volta das 17h em dias de semana, que é quando se verifica um considerável volume de tráfico automóvel derivado ao zelo dos funcionários em sair a tempo e horas do local de trabalho. Para além dos olhares tipo "olha pó crómo c'ali vai", nunca ninguém me incomodou durante os passeios.
Hoje, no justo e exacto dia em que não havia em todo o campus mais de 5 carros, vem ter comigo um dos seguranças (os antigos Mikes) de carro para me explicar que, passo a citar, "sem autorização escrita do professor responsável você não pode andar com o robot pelo Técnico." Porque, e volto a citar, "pode desaparecer com o equipamento e depois é uma chatice." Claro está que o senhor foi simpático comigo já que, novamente cito, "eu até conheço o senhor, sei que não há problema".
Este tipo de coisas é típico do Técnico, e aventuro-me, de provavelmente o resto do país. Porque haveria um funcionário fazer uso do seu bom senso ou puxar pelas meninges quando basta uma prece à Nossa Senhora das Autorizações Escritas para lhe resolver os enigmas insofismáveis que todos os dias lhe aparecem no local de trabalho. O senhor deseja defecar na porta de entrada enquanto canta o malhão e bate palmas ? Tem autorização escrita ? Pois então, ó meu amigo esteja à vontade.
Hoje, no justo e exacto dia em que não havia em todo o campus mais de 5 carros, vem ter comigo um dos seguranças (os antigos Mikes) de carro para me explicar que, passo a citar, "sem autorização escrita do professor responsável você não pode andar com o robot pelo Técnico." Porque, e volto a citar, "pode desaparecer com o equipamento e depois é uma chatice." Claro está que o senhor foi simpático comigo já que, novamente cito, "eu até conheço o senhor, sei que não há problema".
Este tipo de coisas é típico do Técnico, e aventuro-me, de provavelmente o resto do país. Porque haveria um funcionário fazer uso do seu bom senso ou puxar pelas meninges quando basta uma prece à Nossa Senhora das Autorizações Escritas para lhe resolver os enigmas insofismáveis que todos os dias lhe aparecem no local de trabalho. O senhor deseja defecar na porta de entrada enquanto canta o malhão e bate palmas ? Tem autorização escrita ? Pois então, ó meu amigo esteja à vontade.
quarta-feira, 11 de maio de 2011
terça-feira, 10 de maio de 2011
Há notícias que são e outras que não se sabe
Os juízes do Tribunal de Contas queixam-se de ter sido induzidos em erro para aprovar cinco auto-estradas, no valor de dez mil milhões de euros. A denúncia consta de um relatório de auditoria às parcerias público-privadas rodoviárias, que vai ser aprovado na próxima semana.
Se os juízes sabem que a informação prestada é falsa então porque é que vão aprovar os contractos ? Algo não bate certo nesta "notícia".....
Se os juízes sabem que a informação prestada é falsa então porque é que vão aprovar os contractos ? Algo não bate certo nesta "notícia".....
segunda-feira, 9 de maio de 2011
Com exemplos não se provam argumentos
Em Portugal, que instituições têm sido dirigidas pela mesma pessoa (e não um partido ou um clã) durante dez ou mais anos ?
De memória, o Pinto da Costa no FCP, o Alberto João na Madeira, o Gilberto Madaíl na FPF, o Francisco Louça no BE, o Portas no PP. E dois exemplos que conheço melhor, o Mariano Gago no MCTES e o Narciso Mota na Câmara Municipal de Pombal.
Primeira nota. Não estou a querer louvar nenhuma destas pessoas ou sequer indentificá-las como líderes magníficos e gestores brilhantes. São apenas exemplos de gente que ocupa o mesmo cargo há já bastante tempo, por comparação com outros em instituições semelhantes.
Segunda nota. Não estou a pretender argumentar que estas instiuições servem como exemplos modelo de funcionamento e gestão. Se assim fosse, o problema do FMI resolvia-se com chocolates e fruta antes cada ronda negocial.
Então aonde é que quero chegar ? Que do ponto de vista dos interesses mesquinhos e egoístas das instituições, manter o mesmo chefe (é disto que estamos a falar) durante largos anos é extremamente benéfico. O BE, por exemplo, há 12 anos atrás era um conglomerado de gente sem qualquer expressão eleitoral. Hoje tem 3 deputados europeus, 16 nacionais e é grande o suficiente para meter medo ao PCP e ao PS. Nos restantes exemplos, os resultados falam por si.
E mais importante que os benefícios qualitativos que o chefe de longa duração possa trazer (que ao fim e ao cabo serão sempre subjectivos), é o estabelecimento de uma forma de trabalho e de uma ideia de instituição. Contra as quais é possível construir uma oposição, fazer uma revolta, identificar alternativas. E este é o aspecto fundamental. Se for tudo a mesma merda (vide PS, PSD, PP e BE) acabamos neste marasmo de onde não se vislumbra saída. Exceptuando o BE que ainda não provou o doce sabor da governação, os três restantes partidos não oferecem alternativa. Pior, os partidos mais pequenos não se conseguem fazer ouvir nem representar numa época em (supostamente) os média são livres.
Aqui chegados, convêm ter presente que uma coisa é gerir uma agremiação de interesses, outra é gerir um país. Longe de mim querer um Alberto João ou um Pinto da Costa a presidir em Belém aos destinos do país. É portanto necessário encontrar uma forma para escolher o chefe de longa duração de tal forma que a coisa não produza ditaduras tal como a que tivemos no passado recente. Talvez um colégio eleitoral ? Sinceramente ainda não sei.
A meu ver, o principal problema desta forma de organização governativa sofre do problema da personalização. A Madeira e o FCP são casos paradigmáticos. No dia em que ou o Pinto da Costa for forçado a sair (provavelmente pela morte), o que vai ser do FCP ? Que eu saiba não se conhece dissidência ao homem, para além de alguns arrufos por causa de dinheiros de transferências. É portanto vital que o chefe de longa duração não seque o país, tal como fez o Salazar.
De memória, o Pinto da Costa no FCP, o Alberto João na Madeira, o Gilberto Madaíl na FPF, o Francisco Louça no BE, o Portas no PP. E dois exemplos que conheço melhor, o Mariano Gago no MCTES e o Narciso Mota na Câmara Municipal de Pombal.
Primeira nota. Não estou a querer louvar nenhuma destas pessoas ou sequer indentificá-las como líderes magníficos e gestores brilhantes. São apenas exemplos de gente que ocupa o mesmo cargo há já bastante tempo, por comparação com outros em instituições semelhantes.
Segunda nota. Não estou a pretender argumentar que estas instiuições servem como exemplos modelo de funcionamento e gestão. Se assim fosse, o problema do FMI resolvia-se com chocolates e fruta antes cada ronda negocial.
Então aonde é que quero chegar ? Que do ponto de vista dos interesses mesquinhos e egoístas das instituições, manter o mesmo chefe (é disto que estamos a falar) durante largos anos é extremamente benéfico. O BE, por exemplo, há 12 anos atrás era um conglomerado de gente sem qualquer expressão eleitoral. Hoje tem 3 deputados europeus, 16 nacionais e é grande o suficiente para meter medo ao PCP e ao PS. Nos restantes exemplos, os resultados falam por si.
E mais importante que os benefícios qualitativos que o chefe de longa duração possa trazer (que ao fim e ao cabo serão sempre subjectivos), é o estabelecimento de uma forma de trabalho e de uma ideia de instituição. Contra as quais é possível construir uma oposição, fazer uma revolta, identificar alternativas. E este é o aspecto fundamental. Se for tudo a mesma merda (vide PS, PSD, PP e BE) acabamos neste marasmo de onde não se vislumbra saída. Exceptuando o BE que ainda não provou o doce sabor da governação, os três restantes partidos não oferecem alternativa. Pior, os partidos mais pequenos não se conseguem fazer ouvir nem representar numa época em (supostamente) os média são livres.
Aqui chegados, convêm ter presente que uma coisa é gerir uma agremiação de interesses, outra é gerir um país. Longe de mim querer um Alberto João ou um Pinto da Costa a presidir em Belém aos destinos do país. É portanto necessário encontrar uma forma para escolher o chefe de longa duração de tal forma que a coisa não produza ditaduras tal como a que tivemos no passado recente. Talvez um colégio eleitoral ? Sinceramente ainda não sei.
A meu ver, o principal problema desta forma de organização governativa sofre do problema da personalização. A Madeira e o FCP são casos paradigmáticos. No dia em que ou o Pinto da Costa for forçado a sair (provavelmente pela morte), o que vai ser do FCP ? Que eu saiba não se conhece dissidência ao homem, para além de alguns arrufos por causa de dinheiros de transferências. É portanto vital que o chefe de longa duração não seque o país, tal como fez o Salazar.
sexta-feira, 6 de maio de 2011
Somos um país lusco-fusco
Uma possível resposta à pergunta aqui deixada. Não é original, já O Miguel Esteves Cardoso tinha dito falado na permanente insatisfação que nos caracteriza. E o Pedro Arroja fala constantemente em Portugal como uma figura feminina.
Nunca estamos contentes com nada, existe sempre algo no país que deve ser mudado e melhorado, porque na Alemanha é assim, na Islândia é assado e em Inglaterra cozido. E não se admite que no século XXI, em plena Europa, ainda ... (inserir situação escandalosa e terminar com um sonoro "por isso é que este país nao avança"), etc...
E o resultado é uma multiplicação de esforços, uma divisão de recursos que raramente produz efeito. E lá caímos outra vez na insatisfação. Por isso é que é tão difícil governar este rectângulo de terra. Não se pode ceder a todas as exigências, a maior parte terá que ser ignorada.
A tradição da nossa democracia dita exactamente o contrário. O povo reclama, o povo tem. E com povo quero dizer qualquer agremiação com ligação directa aos média ou ao palácio de São Bento. E actualmente, não existem distinções entre os dois. Existem excepções, como Canas de Senhorim, mas convenhamos que são excepções.
Estou convicto que a democracia, à lá mundo civilizado, não se aplica a Portugal. Anteontem mesmo, o primeiro-ministro anunciava com alegria a suspensão da democracia por cinco anos. E o evento cívico de 5 de Junho tem como único propósito escolher o Miguel de Vasconcelos para os próximos cinco anos.
Note-se, não estou contra o que na generalidade, a troika nos impõe. Apenas que a decisão sobre o caminho a percorrer tem de ser feita de livre vontade. Daqui a cinco anos, anuncia-se o fim da crise (tal como o primeiro-ministro fez periodicamente no passado) e lá vamos nós outra vez ceder a tudo quanto é exigência, necessidade e ou opção estratégica para o país. Portanto, estou convencido que a democracia não é viavél em Portugal.
Voltar para trás também não, para trás mija a burra. Um regime com uma polícia política e personalizado num líder carismático funciona bem apenas enquanto o líder tiver forças para continuar. E sufoca de tal forma a vida intelectual do país, que no dia em que o poder cair nas rua existem apenas ideias enviesadas e tóxicas para o substituir. Ainda hoje considero um milagre Portugal não ter virado comuna em 74.
Uma monarquia também me parece impensável nestes tempos. Que eu saiba, nenhuma dinastia subiu ao trono em Portugal sem antes limpar o sebo à concorrência. A única coisa que os bigodes de Cascais matam é perdiz e lebre, e apenas ao fim-de-semana em espaços próprios para o efeito. Tudo demasiado conforme as regras, mentalidade imprópria para revoluções.
Então fazemos o quê ? Uma possível solução é eleger, periodicamente, um tirano. Eu sei, parece absurdo, mas primeiro estranha-se e depois entranha-se. Escolher uma pessoa, a cada dez ou vinte anos, entregar-lhe as chaves da cidade e deixá-lo fazer o que bem entender. A principal vantagem que vejo nesta solução é moral. Seja quem for que controle a cidade, faça-o da forma que fizer, o povo tem sempre uma figura contra quem a revolta é moralmente legítma. Tem um ponto em que centrar as suas fúrias e as suas bajulações. Evita-se a dispersão de recursos e de vontades. E como todos sabemos, o povo unido jamais será vencido.
Nunca estamos contentes com nada, existe sempre algo no país que deve ser mudado e melhorado, porque na Alemanha é assim, na Islândia é assado e em Inglaterra cozido. E não se admite que no século XXI, em plena Europa, ainda ... (inserir situação escandalosa e terminar com um sonoro "por isso é que este país nao avança"), etc...
E o resultado é uma multiplicação de esforços, uma divisão de recursos que raramente produz efeito. E lá caímos outra vez na insatisfação. Por isso é que é tão difícil governar este rectângulo de terra. Não se pode ceder a todas as exigências, a maior parte terá que ser ignorada.
A tradição da nossa democracia dita exactamente o contrário. O povo reclama, o povo tem. E com povo quero dizer qualquer agremiação com ligação directa aos média ou ao palácio de São Bento. E actualmente, não existem distinções entre os dois. Existem excepções, como Canas de Senhorim, mas convenhamos que são excepções.
Estou convicto que a democracia, à lá mundo civilizado, não se aplica a Portugal. Anteontem mesmo, o primeiro-ministro anunciava com alegria a suspensão da democracia por cinco anos. E o evento cívico de 5 de Junho tem como único propósito escolher o Miguel de Vasconcelos para os próximos cinco anos.
Note-se, não estou contra o que na generalidade, a troika nos impõe. Apenas que a decisão sobre o caminho a percorrer tem de ser feita de livre vontade. Daqui a cinco anos, anuncia-se o fim da crise (tal como o primeiro-ministro fez periodicamente no passado) e lá vamos nós outra vez ceder a tudo quanto é exigência, necessidade e ou opção estratégica para o país. Portanto, estou convencido que a democracia não é viavél em Portugal.
Voltar para trás também não, para trás mija a burra. Um regime com uma polícia política e personalizado num líder carismático funciona bem apenas enquanto o líder tiver forças para continuar. E sufoca de tal forma a vida intelectual do país, que no dia em que o poder cair nas rua existem apenas ideias enviesadas e tóxicas para o substituir. Ainda hoje considero um milagre Portugal não ter virado comuna em 74.
Uma monarquia também me parece impensável nestes tempos. Que eu saiba, nenhuma dinastia subiu ao trono em Portugal sem antes limpar o sebo à concorrência. A única coisa que os bigodes de Cascais matam é perdiz e lebre, e apenas ao fim-de-semana em espaços próprios para o efeito. Tudo demasiado conforme as regras, mentalidade imprópria para revoluções.
Então fazemos o quê ? Uma possível solução é eleger, periodicamente, um tirano. Eu sei, parece absurdo, mas primeiro estranha-se e depois entranha-se. Escolher uma pessoa, a cada dez ou vinte anos, entregar-lhe as chaves da cidade e deixá-lo fazer o que bem entender. A principal vantagem que vejo nesta solução é moral. Seja quem for que controle a cidade, faça-o da forma que fizer, o povo tem sempre uma figura contra quem a revolta é moralmente legítma. Tem um ponto em que centrar as suas fúrias e as suas bajulações. Evita-se a dispersão de recursos e de vontades. E como todos sabemos, o povo unido jamais será vencido.
quarta-feira, 4 de maio de 2011
Porquê ?
Basta passar os olhos pelo que se passa para lá fora para perceber que, mutatis mutandis, temos políticos, média e economia na tão maus quanto o resto do mundo. Assim sendo, porque é que nós estamos constantemente a chover no molhado, com uma visita do FMI a cada década, e o resto do mundo parece aguentar-se alegremente ? O que é que nós estamos a fazer de errado ?
terça-feira, 3 de maio de 2011
segunda-feira, 2 de maio de 2011
Do fundamentalismo
Entretanto acordei hoje a saber que mataram o bin Laden. Ao ver as reacções ao longo do dia e especialmente os festejos, não posso deixar de pensar que não andam longe dos mesmos fundamentalistas que pretendem dar caça. Ou como no que melhor li sobre este assunto: "Festejar a morte de Bin Laden como se de uma vitória no Super Bowl se tratasse perpetua o Carnaval do ódio trivializando a vingança enquanto hipótese de justiça."
De regresso
Após uma pausa de alguns dias. Consegui um facto histórico de iniciar a leitura de um livro e acaba-la. Enganam-se se pensaram que era o programa eleitoral do ps. De facto fiz um exercício de me afastar do email e dos blogues por mais de uma semana. E o mais surpreendente para mim: não me fizeram falta nenhuma. O campo tem destas coisas. Roçar mato ou ficar simplesmente à espera que o chapim pouse.
Tenho escutado e lido com cada coisa que até me arrepio
A semana passada era tópico recorrente a comparação Portugal hoje com o país no tempo do Salazar. Penso que todos nós entendemos os saudosismo do passado, frequentemente idealizado nos bons velhos tempos. Por isso que exista quem suspire pelo Salazar, eu entendo. E em certa medida compreendo, pois havia muito menos incerteza já que o poder estava concentrado nas mãos de apenas um homem advesso a aventuras. Se alguém quer realmente voltar a estes tempos, não sei. Eu já antes aqui o disse, a ditadura é em certo sentido romântica pois encoraja actos de transgressão social que não podem ser tolerados em liberdade. Talvez seja isso de que muitos sentem falta.
Depois dizem-me que antigamente não havia déficit porque não havia infraestructuras nem apoio social. Para começar, a afirmação é falsa e serve de base ao mito muito comum de que até ao dia 24 de Abril de 1974 todo o país vivia em cabanas feitas de estrume, caminhava descalço e nú por terrenos ermos. Segundo, ignora-se a conclusão óbvia de que se nos endividámos para ter este bem-estar social, então ele não vai durar muito mais. É muito bonito termos hospitais quasi-gratuitos, mas esquecemos-nos que são quasi-gratuitos porque pedimos emprestado para os pagar.
E depois o Pacheco Pereira publica isto. Eu não entendo como é que alguém com a cultura do Pacheco Pereira não percebe que em democracia não se pode insultar o adversário, e que dê por onde der, o discurso tem que ser sempre cordial e pacificador. Não me confundam, não temos que ser mosquinhas mortas e concordar com tudo e todos. Mas não podemos ser agressivos, birrentos e trauliteiros. Este tipo de comportamento é o Rubicão da democracia. Depois de cruzado, já não se volta atrás. Não dá votos ? Azar para a democracia e o país.
sexta-feira, 29 de abril de 2011
Uma grande malha
tal qual a que o Villa Real levou ontem do Porto. Alvíssaras a quem me souber dizer o nome do baterista.
quinta-feira, 28 de abril de 2011
Coisas que me deixam perplexo
Porque é que nos últimos tempos o Presidente da República, o Fernando Nobre e o Passos Coelho andam entretidos a escrevinhar no Facebook ? Já vem sendo raro o dia em que não aparece uma notícia sobre o que esta gente escreveu no Facebook.
Perecebe-se a estratégia de marketing. Afinal, já vem sendo raro o dia em que não aparece uma notícia sobre o que esta gente escreveu no Facebook.
Façamos uma pausa. Os cidadãos são bombardeados diariamente com notícias e mensagens publicitárias. No meio desta cacofonia, uma forma de se fazer ouvir é gritar mais alto que os adversários. Outra é usar atalhos (Facebook) para os ouvidos e mentes das gentes.
Correcto. Mas então que democracia é esta, que vive e se alimenta do soundbyte ? Se os cidadãos não têem 5 minutos livres para digerir o que escutam, então como é que podem decidir com um mínimo de responsabilidade ? Se esta democracia é mais um espetáculo mediático, então para que a queremos ?
Perecebe-se a estratégia de marketing. Afinal, já vem sendo raro o dia em que não aparece uma notícia sobre o que esta gente escreveu no Facebook.
Façamos uma pausa. Os cidadãos são bombardeados diariamente com notícias e mensagens publicitárias. No meio desta cacofonia, uma forma de se fazer ouvir é gritar mais alto que os adversários. Outra é usar atalhos (Facebook) para os ouvidos e mentes das gentes.
Correcto. Mas então que democracia é esta, que vive e se alimenta do soundbyte ? Se os cidadãos não têem 5 minutos livres para digerir o que escutam, então como é que podem decidir com um mínimo de responsabilidade ? Se esta democracia é mais um espetáculo mediático, então para que a queremos ?
quarta-feira, 27 de abril de 2011
Ainda só vou a meio
mas estou a gostar bastante. A falta que não fazem uma ou duas cadeiras de Filosofia e História da Ciência nos cursos de engenharia deste país.
quinta-feira, 21 de abril de 2011
Gary Lineker revisitado
"Soccer is a game for 22 people that run around, play the ball, and one referee who makes a slew of mistakes, and in the end Germany Mourinho always wins."
segunda-feira, 18 de abril de 2011
quinta-feira, 14 de abril de 2011
Um pequeno reparo a este tipo de impertinências
Pusemo-nos a jeito e neste momento nenhum país nos respeita. Somos vistos como irresponsáveis e aldrabões inconfiáveis, que falam, falam, não resolvem nada e esperam ajudas e subsídios. É merecido? Podem tentar desculpar-nos com os políticos, mas quem escolheu os políticos que nos representam?
Chamo a atenção para um pequeno pormenor, mas já se sabe que é atrás destes que o Diabo se esconde. Os portugueses escolheram por duas vezes o PS do Sócrates ? Sim, mas convêm perceber quais eram as alternativas. Em 2005, escolheram o PS de Sócrates a Santana Lopes, que fora ser lagarto não tem ponta que se lhe pegue. Repetindo para que fique bem vincado nas meninges de suas senhorias. As eleições de 2005 tiveram Sócrates vs Santana Lopes. Dizer que os portugueses votaram ou escolheram o Sócrates é um tanto ou quanto exagerado. Existiu realmente escolha ?
Em 2009 tivemos o PS de Sócrates vs a Ferreira Leite. Que eu me lembre, foi esta senhora quem introduziu a contabilidade criativa nas contas do estado durante a regência do cavalheiro que oportunamente se pisgou para Bruxelas. E que era a favor do TGV quando não estava a masturbar números no Excel. E que a sua solução para o défice traduziu-se em aumento da receita. Existiu realmente escolha ?
Em 2011 temos novamente o PS de Sócrates vs um Sócrates de plástico que apenas de diferencia pela incompetência inata para o jogo político. Sendo que os que debitaram horas de discurso contra o estado na Nação, agora recusam a entrar na bulha. Existe realmente escolha ?
E preciso de lembrar que a abstenção nas duas eleições foi superior a 40% ? Senhores, começo a ficar um bocado farto de se tentar passar esta imagem dos portugueses como brutos que trocam os votos por um tinto a acompanhar o pedaço de bacalhau seco. Era falsa na época do Eça de Queiróz, é falsa agora.
Chamo a atenção para um pequeno pormenor, mas já se sabe que é atrás destes que o Diabo se esconde. Os portugueses escolheram por duas vezes o PS do Sócrates ? Sim, mas convêm perceber quais eram as alternativas. Em 2005, escolheram o PS de Sócrates a Santana Lopes, que fora ser lagarto não tem ponta que se lhe pegue. Repetindo para que fique bem vincado nas meninges de suas senhorias. As eleições de 2005 tiveram Sócrates vs Santana Lopes. Dizer que os portugueses votaram ou escolheram o Sócrates é um tanto ou quanto exagerado. Existiu realmente escolha ?
Em 2009 tivemos o PS de Sócrates vs a Ferreira Leite. Que eu me lembre, foi esta senhora quem introduziu a contabilidade criativa nas contas do estado durante a regência do cavalheiro que oportunamente se pisgou para Bruxelas. E que era a favor do TGV quando não estava a masturbar números no Excel. E que a sua solução para o défice traduziu-se em aumento da receita. Existiu realmente escolha ?
Em 2011 temos novamente o PS de Sócrates vs um Sócrates de plástico que apenas de diferencia pela incompetência inata para o jogo político. Sendo que os que debitaram horas de discurso contra o estado na Nação, agora recusam a entrar na bulha. Existe realmente escolha ?
E preciso de lembrar que a abstenção nas duas eleições foi superior a 40% ? Senhores, começo a ficar um bocado farto de se tentar passar esta imagem dos portugueses como brutos que trocam os votos por um tinto a acompanhar o pedaço de bacalhau seco. Era falsa na época do Eça de Queiróz, é falsa agora.
Para que fique registado algures
Não sei porque o apagou, mas o besugo escreveu isto, como quem escreve numa pedra:
"Há agora um canal na MEO, o 16, que é utilizado para dar tempo de antena aos economistas. Já tentei poupar retirando aquela merda (como já fiz com outros canais que tinha - e ao Mezzo custou-me bastante mandá-lo às malvas), mas não se consegue. Faz parte do pacote grátis. Um senhor de testa bastante baixa e uma senhora que me pereceu retirada dum filme do Allen (e que disse várias coisas, eu até retive uma, que ela repetiu até lhe cortarem a palavra, que era "já não há paciência!") dedicaram-se a explicar ao entrevistador de serviço (melhor dizendo, "do serviço") que "agora é só ELES, os funcionários públicos, dizerem adeus ao trabalho, ao subsídio de férias, ao de Natal e a mais uma fatia dos ordenados". E que, mesmo assim, "isso não vai chegar, porque é preciso que a política dê lugar à técnica". Ou seja: os tempos de agora, segundo eles, são com eles, os economistas. Que nos valha Deus. Esta gente reduz a números a melhor das intenções e eleva ao nível da "quase literatura" a contabilidade. Esta gente não funciona sem o Excel e sem máquina de operar (recuso-me a chamar "máquina de calcular" a um ábaco singelo de tão modernaço). Que nos valha Deus, alumiando os nossos políticos de maneira tão espantosa que eles nos surpreendam dispensando, competentemente e de vez absoluta, estes ansiosos e ambiciosos economistas fortuitos da opinião - remetendo-os à opinião, apenas. Que nos valha Deus, punindo José Barroso pela pusilanimidade cherniana que mantém desde os tempos do MRPP e que, agora, cada vez mais anafadamente, pavoneia nos salões da "europeia coorte". Que nos valha Deus, fazendo com que cada vez mais de nós percebamos, sem paneleirices, que quanto mais nos agachamos mais se nos vê o orifício inserido na anatomia bojuda do nosso "sim, senhor". Não me fodam, senhores. Não me fodam mais. Nunca me fodam, sobretudo, ao ponto de essa vossa pequenina mas nojenta foda começar a mexer-me com a minha natureza plácida, a minha vontade crescente de retaliar, de me fundamentalizar, de vos acabar com a léria e com a vida. Não fiz nada mal, caralho, nada. Não me fodam. Não me chateiem, não me apontem, não tentem tolher-me, não me apouquem, não me lixem, a sério, não me punam por ter sido e continuar a tentar ser melhor do que vós. Já basta de canalha a fazer-se de meu Pai, de minha Mãe. A fazer-se passar pelo tutor que não pedi e não mereço, que eu não preciso de mitras nem mereço tutorias. Não me fodam mais, que eu estou a ficar farto, pelo amor de Deus."
"Há agora um canal na MEO, o 16, que é utilizado para dar tempo de antena aos economistas. Já tentei poupar retirando aquela merda (como já fiz com outros canais que tinha - e ao Mezzo custou-me bastante mandá-lo às malvas), mas não se consegue. Faz parte do pacote grátis. Um senhor de testa bastante baixa e uma senhora que me pereceu retirada dum filme do Allen (e que disse várias coisas, eu até retive uma, que ela repetiu até lhe cortarem a palavra, que era "já não há paciência!") dedicaram-se a explicar ao entrevistador de serviço (melhor dizendo, "do serviço") que "agora é só ELES, os funcionários públicos, dizerem adeus ao trabalho, ao subsídio de férias, ao de Natal e a mais uma fatia dos ordenados". E que, mesmo assim, "isso não vai chegar, porque é preciso que a política dê lugar à técnica". Ou seja: os tempos de agora, segundo eles, são com eles, os economistas. Que nos valha Deus. Esta gente reduz a números a melhor das intenções e eleva ao nível da "quase literatura" a contabilidade. Esta gente não funciona sem o Excel e sem máquina de operar (recuso-me a chamar "máquina de calcular" a um ábaco singelo de tão modernaço). Que nos valha Deus, alumiando os nossos políticos de maneira tão espantosa que eles nos surpreendam dispensando, competentemente e de vez absoluta, estes ansiosos e ambiciosos economistas fortuitos da opinião - remetendo-os à opinião, apenas. Que nos valha Deus, punindo José Barroso pela pusilanimidade cherniana que mantém desde os tempos do MRPP e que, agora, cada vez mais anafadamente, pavoneia nos salões da "europeia coorte". Que nos valha Deus, fazendo com que cada vez mais de nós percebamos, sem paneleirices, que quanto mais nos agachamos mais se nos vê o orifício inserido na anatomia bojuda do nosso "sim, senhor". Não me fodam, senhores. Não me fodam mais. Nunca me fodam, sobretudo, ao ponto de essa vossa pequenina mas nojenta foda começar a mexer-me com a minha natureza plácida, a minha vontade crescente de retaliar, de me fundamentalizar, de vos acabar com a léria e com a vida. Não fiz nada mal, caralho, nada. Não me fodam. Não me chateiem, não me apontem, não tentem tolher-me, não me apouquem, não me lixem, a sério, não me punam por ter sido e continuar a tentar ser melhor do que vós. Já basta de canalha a fazer-se de meu Pai, de minha Mãe. A fazer-se passar pelo tutor que não pedi e não mereço, que eu não preciso de mitras nem mereço tutorias. Não me fodam mais, que eu estou a ficar farto, pelo amor de Deus."
domingo, 10 de abril de 2011
Eu até era capaz de fazer um texto para ligar isto tudo mas
está um dia lindo e agora não me apetece.
O Novo Mundo, descobri-o recentemente. Dá um certo trabalho colocar aqui um excerto, por isso vão antes ler. Este está bom, este está melhor.
Ouvi a Idónea Bibliotecária na rádio há já uns tempos, mas só agora é que por lá passei. No essencial, uma alfarrabista online com leilões a preços catitas. O melhor, compradores de livros compulsivos como eu não ficam com remorsos pós compra pois o dinheiro vai todinho para uma associação de ajuda aos portadores de trissomia 21.
O resto de um bom domingo.
O Novo Mundo, descobri-o recentemente. Dá um certo trabalho colocar aqui um excerto, por isso vão antes ler. Este está bom, este está melhor.
Ouvi a Idónea Bibliotecária na rádio há já uns tempos, mas só agora é que por lá passei. No essencial, uma alfarrabista online com leilões a preços catitas. O melhor, compradores de livros compulsivos como eu não ficam com remorsos pós compra pois o dinheiro vai todinho para uma associação de ajuda aos portadores de trissomia 21.
O resto de um bom domingo.
Conta o senhor meu pai que nos domingos
em iam jogar contra uma equipa de fora levavam um garrafão de cinco litros para o aquecimento. E um casaco mais grosso por causa das pedradas com que os locais os brindavam no final do jogo. Um pragmatismo assim é necessário nos dias de hoje. Não nos safamos de carregar uma canga mais pesada, habitue-se o corpo a caminhar dobrado. As palas nos olhos, essas já são de utilização voluntária.
quarta-feira, 6 de abril de 2011
sábado, 2 de abril de 2011
Apetecia-me colocar aqui todas
Mais um belo site com fotos de momentos em que nunca os imaginamos. No seu dia-a-dia. Via João Lopes
quinta-feira, 31 de março de 2011
A situação é desesperada mas não é séria
Musiquinha que inspirou a do post anterior. Que vi no primeiro episódio do Breaking Bad. Que um francês alegre me recomendou. O mundo está todo ligado.
Out of time
Um leilão extraordinário no valor de 1,5 mil milhões de euros vai ser feito amanhã. Curioso valor, semelhante aos 2 mil milhões que a Economist dizia que a gente precisa todos os meses de ir pedir emprestado. Imagino que o BCE vá participar no leilão, porque caso contrário segunda temos o FMI à porta.
quarta-feira, 30 de março de 2011
Valha-nos o Ary para voltar a por isto nos eixos
coloco aqui a versão com a susana félix
só porque ela é mais bonita que o senhor que cantou o original
só porque ela é mais bonita que o senhor que cantou o original
Sabemos que o mundo está perto do fim
Quando descobrimos que o José Luis Peixoto escreve letras para os Quinta do Bill
terça-feira, 29 de março de 2011
Tolentino
Houve alturas em o que gostei muito de ler o Tolentino. Depois fartei-me. Hoje gostei de ler esta entrevista. Há coisas simples na vida.
segunda-feira, 28 de março de 2011
E lá fora
Radiohead have published a newspaper, so Guardian staff including editor Alan Rusbridger attempted to beat them at their own game by recording their version of a Radiohead classic
e a verdade é que a cover está boa.
via complexidade e contradicção
e a verdade é que a cover está boa.
via complexidade e contradicção
O golf lá tambem ficou mais barato
Num notavel exercicio de escrita, a Irlanda escreveu-nos uma carta
via facebook de alguém que já nao me lembro
via facebook de alguém que já nao me lembro
The country's need to issue debt is only €2 billion or so a month
diz a Economist da passada semana sobre Portugal. E logo a seguir afirma, "(...) that is small by most measures". Eu não entendo nada de economia, que fique claro. Mas em que universo paralelo é normal um país ter que pedir dinheiro emprestado todos os meses ? E logo trocados, 2 mil milhões de aéreos.
sexta-feira, 25 de março de 2011
Á deriva
O António Barreto resume nesta entrevista o meu sentimento em relação ao clima democrático que se vive actualmente. Sem o respeito pelo outro, sem a cordialidade e honestidade que é devida nas relações que se mantêm com os adversários políticos não é possível a democracia. Pior, nas eleições que se anunciam vamos ter exactamente os mesmos protagonistas. Não de agora, mas de há pelo menos dez anos. Com os mesmos comportamentos, os mesmos vícios e defeitos. Assim as eleições, a suceder, não serão uma hipótese do povo se expressar mas antes um espetáculo circence de má qualidade em que à populaça será permitido urrar de quando em quando.
A culpa desta situação é da nossa irresponsabilidade passada, mas principalmente da UE. Eu sei que não parece bem atirar as culpas para os outros, mas que se lixem as aparências. Foi a UE quem serviu de fiador aos nossos desvarios orçamentais. Foi a UE quem foi aguentando o barco através dos empréstimos do Banco Central Europeu. E é a UE que está reunida para emitir mais uma vez pronunciamentos ocos que serão ignorados mesmo antes da tinta secar. Sem o apoio europeu, seríamos irresponsáveis na mesma mas à escala da nossa pequenez, não à grande e á francesa.
Penso que é altura de se começar a equacionar o nosso abandono do euro, e caso a UE caminhe para uma união política, virarmos costas à Europa. O euro, que foi apresentado como a panaceia miraculosa para os déficits crónicos da pátria lusa, não só não os impediu como os agravou ao ponto da bancarrota. Não funcionou para impedir as asneiras e impede agora que se resolva com os remédios conhecidos, a Irlanda e a Grécia que o digam.
A culpa desta situação é da nossa irresponsabilidade passada, mas principalmente da UE. Eu sei que não parece bem atirar as culpas para os outros, mas que se lixem as aparências. Foi a UE quem serviu de fiador aos nossos desvarios orçamentais. Foi a UE quem foi aguentando o barco através dos empréstimos do Banco Central Europeu. E é a UE que está reunida para emitir mais uma vez pronunciamentos ocos que serão ignorados mesmo antes da tinta secar. Sem o apoio europeu, seríamos irresponsáveis na mesma mas à escala da nossa pequenez, não à grande e á francesa.
Penso que é altura de se começar a equacionar o nosso abandono do euro, e caso a UE caminhe para uma união política, virarmos costas à Europa. O euro, que foi apresentado como a panaceia miraculosa para os déficits crónicos da pátria lusa, não só não os impediu como os agravou ao ponto da bancarrota. Não funcionou para impedir as asneiras e impede agora que se resolva com os remédios conhecidos, a Irlanda e a Grécia que o digam.
quinta-feira, 24 de março de 2011
terça-feira, 22 de março de 2011
Portugal, o único país do norte de África que ainda não está em convolução
Parece ser esta a ideia que os média andam a veicular cá e lá fora. Amanhã cai o governo, diz-se que, e vai ser o fim-do-mundo em cuecas, afirma-se categoricamente. Eu sinceramente não entendo qual é o problema. Nada como o confronto para se resolverem os problemas, e só tem medo de ir à luta quem não tem com que lutar.
quinta-feira, 17 de março de 2011
Agora que a poeira da manif assentou
é altura de esclarecer alguns dos meus pontos de vista.
Um curso não dá direito a um emprego.
A precariedade de curta duração (menos de um ano) é algo de normal em quem está a começar a trabalhar. Entenda-se, é normal a juventude ter que fazer pela vida.
A falta de emprego, e a precariedade de que todos se queixaram no passado fim-de-semana, é um sintoma do fraco dinamismo da economia portuguesa.
Eu de economia pouco entendo, mas tenho olhos para ver. E consigo perceber que existem demasiadas protecções à concorrência, cujo único objectivo é proteger as rendas dos que gravitam em torno do poder. A área das energias renováveis é um paradigma notável, sei-o por experiência própria. Mais do que discutir o que taxar e a que percentagem, devemos derrubadar todas e quaisqueres barreiras à entrada de concorrentes.
Existe um sério problema de liderança política em Portugal, que não permite afrontar os interesses instalados. Enquanto não se resolver o problema político, o económico vai continuar. Infelizmente não vejo em nenhum dos partidos políticos actualmente na Assembleia da República o indivíduo que nos vai desenrascar.
Um curso não dá direito a um emprego.
A precariedade de curta duração (menos de um ano) é algo de normal em quem está a começar a trabalhar. Entenda-se, é normal a juventude ter que fazer pela vida.
A falta de emprego, e a precariedade de que todos se queixaram no passado fim-de-semana, é um sintoma do fraco dinamismo da economia portuguesa.
Eu de economia pouco entendo, mas tenho olhos para ver. E consigo perceber que existem demasiadas protecções à concorrência, cujo único objectivo é proteger as rendas dos que gravitam em torno do poder. A área das energias renováveis é um paradigma notável, sei-o por experiência própria. Mais do que discutir o que taxar e a que percentagem, devemos derrubadar todas e quaisqueres barreiras à entrada de concorrentes.
Existe um sério problema de liderança política em Portugal, que não permite afrontar os interesses instalados. Enquanto não se resolver o problema político, o económico vai continuar. Infelizmente não vejo em nenhum dos partidos políticos actualmente na Assembleia da República o indivíduo que nos vai desenrascar.
quarta-feira, 16 de março de 2011
Coisas que interessam, que nem só de problemas vive o homem
Esta moçoila ganhou o Grammy para a Revelação do Ano. Saúde-se a insanidade temporária do júri que premiou qualidade à música chiclete, mastiga-deita-fora.
Já esta rapariga surpreendeu-me a mim. Não se deixem enganar pelo fogo-de-artifício promocional da editora, a moça tem voz e nota-se que gosta do que faz. Não canta em português ? A qualidade não tem pátria. A Esperanza Spalding, por exemplo, deslumbra em inglês, em português sem falhas e em espanhol.
domingo, 13 de março de 2011
E agora ?
Ontem foi muita gente para as ruas. Mesmo muita gente. Gente o suficiente para deixar estupefacto meio-mundo e cínicos pessimistas como eu. Não sei para aonde nos encaminhamos, mas espero que ontem tenha sido o catalizador para um país melhor.
sábado, 12 de março de 2011
Preciso de colocar aqui música boa
estavam aos gritos com o "baby baby" da britney spears. isto é um pesadelo sem fim.
200.000 e há muito tempo que não passava aqui
1. foi muita gente para a rua. e isso é bonito. para mim o melhor mesmo é que já se discute o que fazer a partir daqui. vejam-se os comentários aqui e os posts do ngoncalves. há que pôr duvidas. sair à rua. descobrir novos caminhos. e só por isso já valeu a pena a manifestação.
2. o sporting empatou. perdi o meu tempo e vi a 2ª parte. de antologia a falta que o polga marca para ele próprio. a liga dos últimos deve andar distraida com estas coisas que acontecem naquele que é o clube mais deprimido da história do futebol moderno.
3. escrevo estas palavras enquanto os meus vizinhos de baixo gritam (eles acham que cantam) no sing star que devem ter lá por casa. Se volto a ouvir o "Always" dos Bon Jovi ou o falsete dos Scissors sisters não respondo por mim. já se fizeram manifestações por menos. ou mesmo revoluções.
bom domingo a todos. à procura de novos caminhos. ou como um dia disse o poeta esquecido de queluz:
"Seria muito mais cómodo para mim, no presente momento eleitoral, continuar a escrever os meus versos e a publicar os meus livros sobre temas predominantemente literários, em nome de um apelo irresistível. Mas parece-me que não seria honesto nem corajoso. Não sou político, não tenho ambições políticas, mas intervenho nesta luta desigual em nome de uma posição moral. Nem a divisão da oposição bastou para me servir de pretexto para não intervir. Se é certo que a divisão enfraquece na luta contra o inimigo comum, não é menos certo que ela representa afinal a diversidade de tendências e constitui a expressão de um pluralismo sem o qual não há democracia verdadeira. De maneira que aqui me encontro a lutar ombro a ombro
...
Um dia se fará a história nos diversos domínios e então se verá, no espelho dessa história feita para todos, a importância real, a verdadeira contribuição de cada um para a vida ou para a morte dos outros e de todos."
Ámen digo eu.
ps. agora estão a arrepiar o losing my religion dos REM. perdoa-lhes pai porque não sabem o que fazem.
2. o sporting empatou. perdi o meu tempo e vi a 2ª parte. de antologia a falta que o polga marca para ele próprio. a liga dos últimos deve andar distraida com estas coisas que acontecem naquele que é o clube mais deprimido da história do futebol moderno.
3. escrevo estas palavras enquanto os meus vizinhos de baixo gritam (eles acham que cantam) no sing star que devem ter lá por casa. Se volto a ouvir o "Always" dos Bon Jovi ou o falsete dos Scissors sisters não respondo por mim. já se fizeram manifestações por menos. ou mesmo revoluções.
bom domingo a todos. à procura de novos caminhos. ou como um dia disse o poeta esquecido de queluz:
"Seria muito mais cómodo para mim, no presente momento eleitoral, continuar a escrever os meus versos e a publicar os meus livros sobre temas predominantemente literários, em nome de um apelo irresistível. Mas parece-me que não seria honesto nem corajoso. Não sou político, não tenho ambições políticas, mas intervenho nesta luta desigual em nome de uma posição moral. Nem a divisão da oposição bastou para me servir de pretexto para não intervir. Se é certo que a divisão enfraquece na luta contra o inimigo comum, não é menos certo que ela representa afinal a diversidade de tendências e constitui a expressão de um pluralismo sem o qual não há democracia verdadeira. De maneira que aqui me encontro a lutar ombro a ombro
...
Um dia se fará a história nos diversos domínios e então se verá, no espelho dessa história feita para todos, a importância real, a verdadeira contribuição de cada um para a vida ou para a morte dos outros e de todos."
Ámen digo eu.
ps. agora estão a arrepiar o losing my religion dos REM. perdoa-lhes pai porque não sabem o que fazem.
sexta-feira, 11 de março de 2011
Trio d'ataque
O Manuel juntou-se na caixa de comentários daqui, e chamou a atenção para a minha total incapacidade em articular ideias. A questão dos dez anos é simples. Não é para estar parados por uns tempos até a economia melhorar. Antes, que quaisquer que sejam as medidas tomadas hoje os efeitos só se sentem a médio e longo prazo. A noção de que é possível resolver os problemas do país num par de meses parece-me rídicula. Isto não é obviamente impeditivo de organizar protestos e entregar folhas A4 com reclamações/ideias, tudo bem. Afinal nem só de pão vive o homem, nem só de frio racionalismo contabilístico se alimenta a mudança. Já dizia o poeta: Deus quer, o homem sonha, a obra nasce. Portanto tudo bem, protestar por uma vida melhor é o primeiro passo para uma vida melhor. Mas não chega.
Vamos olhar para um caso concreto, os recibos verdes. A minha percepção era de que uma porção significativa da juventude era paga através de recibos verdes, mas parece que os números dizem exactamente o contrário. Longe de mim de estar a afirmar que os números não podem ser massajados, adulterados e torturados para dizer o que se pretende. Mas uma coisa é eu falar do que penso ser a realidade da precariedade no país, outra diferente é dar-me ao trabalho de quantificar a realidade. Este trabalho de quantificação não só não é contrário ao sonho que nos move, por definição inquantificável, como é necessário para nos movermos em direcção ao sonho. Dito de outra forma: sabemos para onde queremos ir, precisamos de saber onde estamos. Não vi ninguém no movimento dos enrascados a fazer este trabalho. No site apenas encontrei um JPEG com as estatísticas do desemprego, claramente favoráveis à malta com curso superior e em consonância com o que a Priscila Rêgo tem vindo a ilustrar.
E após este trabalho básico, é necessário tomar decisões que necessariamente não vão agradar a toda a gente. Suponha-se que os recibos verdes são proíbidos e apenas os contractos de trabalho, a termo ou não, são permitidos. Quais são as consequências ? Vai aumentar o desemprego ? Vão diminuir os salários dos que agora estão a recibos verdes ? Se realmente a percentagem de pessoas a recibos verdes for neglegenciável então não aquece nem arrefece. Pontualmente alguns poderão ficar pior, mas quanto a isso não há nada a fazer. Se por outro lado existir uma fracção significativa, pondo números acima dos 10% ou mais, a recibos verdes o caso muda de figura. Vai-se correr o risco de lançar para o desemprego uma porrada de gente ?
E não me venham com conversas sobre leis para proibir os empresários de despedir, baixar salários ou obrigar a contractar. As leis contornam-se, como todos sabeis, e para efeitos ilustrativos relembro o nosso primeiro quando apadrinhou uma lei de seguros automóveis. O efeito foi que se acabou a pagar mais após a introdução de uma lei que pretendia exactamente reduzir o custo do seguro automóvel contra todos os riscos. Ou mais recentemente a mudança nas fracções dos parques de estacionamento que redondou num aumento generalizado dos preços quando se pretendia exactamente o contrário. Moral da história: de boas intenções está o governo cheio. Novamente isto não é um apelo à inacção e ao conformismo, antes um aviso à navegação. Reclamar amanhã é bonito, é necessário e tem efeitos positivos não quantificáveis. Mas não chega.
Vamos olhar para um caso concreto, os recibos verdes. A minha percepção era de que uma porção significativa da juventude era paga através de recibos verdes, mas parece que os números dizem exactamente o contrário. Longe de mim de estar a afirmar que os números não podem ser massajados, adulterados e torturados para dizer o que se pretende. Mas uma coisa é eu falar do que penso ser a realidade da precariedade no país, outra diferente é dar-me ao trabalho de quantificar a realidade. Este trabalho de quantificação não só não é contrário ao sonho que nos move, por definição inquantificável, como é necessário para nos movermos em direcção ao sonho. Dito de outra forma: sabemos para onde queremos ir, precisamos de saber onde estamos. Não vi ninguém no movimento dos enrascados a fazer este trabalho. No site apenas encontrei um JPEG com as estatísticas do desemprego, claramente favoráveis à malta com curso superior e em consonância com o que a Priscila Rêgo tem vindo a ilustrar.
E após este trabalho básico, é necessário tomar decisões que necessariamente não vão agradar a toda a gente. Suponha-se que os recibos verdes são proíbidos e apenas os contractos de trabalho, a termo ou não, são permitidos. Quais são as consequências ? Vai aumentar o desemprego ? Vão diminuir os salários dos que agora estão a recibos verdes ? Se realmente a percentagem de pessoas a recibos verdes for neglegenciável então não aquece nem arrefece. Pontualmente alguns poderão ficar pior, mas quanto a isso não há nada a fazer. Se por outro lado existir uma fracção significativa, pondo números acima dos 10% ou mais, a recibos verdes o caso muda de figura. Vai-se correr o risco de lançar para o desemprego uma porrada de gente ?
E não me venham com conversas sobre leis para proibir os empresários de despedir, baixar salários ou obrigar a contractar. As leis contornam-se, como todos sabeis, e para efeitos ilustrativos relembro o nosso primeiro quando apadrinhou uma lei de seguros automóveis. O efeito foi que se acabou a pagar mais após a introdução de uma lei que pretendia exactamente reduzir o custo do seguro automóvel contra todos os riscos. Ou mais recentemente a mudança nas fracções dos parques de estacionamento que redondou num aumento generalizado dos preços quando se pretendia exactamente o contrário. Moral da história: de boas intenções está o governo cheio. Novamente isto não é um apelo à inacção e ao conformismo, antes um aviso à navegação. Reclamar amanhã é bonito, é necessário e tem efeitos positivos não quantificáveis. Mas não chega.
quinta-feira, 10 de março de 2011
Eu sou um indivíduo capaz de muita coisa
excepto produzir um texto com um mínimo de clareza e inteligibilidade. A ver se consigo desta vez.
O Gonçalo Teixeira fez um longo comentário ao que eu aqui balbuciei. Vamos por pontos. Li no Público, na entrevista feita aos organizadores da manifestação da geração à rasca, que não escolheram o fim-de-semana do Carnaval porque acreditavam que a maior parte da malta não estaria para disponível. Supondo que é correcto, isto mostra que os manifestantes têem outras prioridades. Seja visitar a família fora de Lisboa, como o Gonçalo lembrou, ou ir até a neve em Espanha esturrar o dinheiro dos pais. Seja qual for o motivo, têem outras prioridades e isso desvaloriza e enfraquece o protesto.
Adiante, para os dez anos de miséria que nos esperam. Os manifestantes do próximo sábado querem, presumo eu, mudanças agora e não daqui a dez anos. O problema está que, fora um milagre superior ao de Fátima, eu não vejo como é que as condições de vida podem melhorar significativa e sustentadamente no espaço de meses. Poderá ser miopia da minha parte, mas sinceramente não sei como é que tal pode vir a suceder.
As manifestações são acontecimentos mediáticos, por natureza de curta duração. E é também esse o entendimento que tenho do grupo que está a dinamizar o movimento. Lido o manifesto, continuo na ignorância sobre o que pretendem. É tão vago que facilmente são confundidos com outros movimentos.
E depois do protesto, o que sucede ? O objectivo do movimento é apenas fazer ouvir as vozes que os compoẽm ? Vão formar um partido e concorrer a eleições ? Vão fazer a revolução ? A ideia que me fica do movimento é a de uma amálgama de gente onde a única condição para se ser membro é querer reclamar. Até os sócios do Sporting são mais homogéneos que o movimento Geração à Rasca.
O Gonçalo, presumo, e os que no sábado estarão a reclamar têm bons motivos para isso. E mutatis mutandis, eu também estou no mesmo barco dos enrascados. Mas eu não me revejo neste protesto, não me revejo neste movimento e estou convicto que o protesto nada mais serve do que reforçar os esterótipos: quem protesta quer tacho, quem critica já tem tacho. Aliás a comunicação social tem sido incapaz de fazer mais do que repetir estes esterótipos.
Eu não vejo outra forma de mudar a não ser através de um trabalho de fundo, estabelecendo prioridades, definido objectivos e ignorando os protestos mediáticos que se vão fazendo. No sistema político actual, estas tarefas cabem em exclusivo aos partidos políticos. Ou nasce um novo partido ou se modificam os actuais. Isto não é um convite à inactividade, apenas um convite a estar quieto em vez de fazer asneira.
Este texto continuaria não tivesse eu que contribuir para produção científica do país. Mas não termino sem deixar claro que faço minhas as críticas do Gonçalo ao estado do país. E que à geração à rasca faltam objectivos, organização e vontade para cumprir o seu manifesto.
O Gonçalo Teixeira fez um longo comentário ao que eu aqui balbuciei. Vamos por pontos. Li no Público, na entrevista feita aos organizadores da manifestação da geração à rasca, que não escolheram o fim-de-semana do Carnaval porque acreditavam que a maior parte da malta não estaria para disponível. Supondo que é correcto, isto mostra que os manifestantes têem outras prioridades. Seja visitar a família fora de Lisboa, como o Gonçalo lembrou, ou ir até a neve em Espanha esturrar o dinheiro dos pais. Seja qual for o motivo, têem outras prioridades e isso desvaloriza e enfraquece o protesto.
Adiante, para os dez anos de miséria que nos esperam. Os manifestantes do próximo sábado querem, presumo eu, mudanças agora e não daqui a dez anos. O problema está que, fora um milagre superior ao de Fátima, eu não vejo como é que as condições de vida podem melhorar significativa e sustentadamente no espaço de meses. Poderá ser miopia da minha parte, mas sinceramente não sei como é que tal pode vir a suceder.
As manifestações são acontecimentos mediáticos, por natureza de curta duração. E é também esse o entendimento que tenho do grupo que está a dinamizar o movimento. Lido o manifesto, continuo na ignorância sobre o que pretendem. É tão vago que facilmente são confundidos com outros movimentos.
E depois do protesto, o que sucede ? O objectivo do movimento é apenas fazer ouvir as vozes que os compoẽm ? Vão formar um partido e concorrer a eleições ? Vão fazer a revolução ? A ideia que me fica do movimento é a de uma amálgama de gente onde a única condição para se ser membro é querer reclamar. Até os sócios do Sporting são mais homogéneos que o movimento Geração à Rasca.
O Gonçalo, presumo, e os que no sábado estarão a reclamar têm bons motivos para isso. E mutatis mutandis, eu também estou no mesmo barco dos enrascados. Mas eu não me revejo neste protesto, não me revejo neste movimento e estou convicto que o protesto nada mais serve do que reforçar os esterótipos: quem protesta quer tacho, quem critica já tem tacho. Aliás a comunicação social tem sido incapaz de fazer mais do que repetir estes esterótipos.
Eu não vejo outra forma de mudar a não ser através de um trabalho de fundo, estabelecendo prioridades, definido objectivos e ignorando os protestos mediáticos que se vão fazendo. No sistema político actual, estas tarefas cabem em exclusivo aos partidos políticos. Ou nasce um novo partido ou se modificam os actuais. Isto não é um convite à inactividade, apenas um convite a estar quieto em vez de fazer asneira.
Este texto continuaria não tivesse eu que contribuir para produção científica do país. Mas não termino sem deixar claro que faço minhas as críticas do Gonçalo ao estado do país. E que à geração à rasca faltam objectivos, organização e vontade para cumprir o seu manifesto.
terça-feira, 8 de março de 2011
Por qué no te callas ?
Leio que a malta que está à rasca armou banzé no jantar do PS em Viseu. E que, passo a citar, "Enquanto os jovens eram expulsos do salão onde decorria o jantar, os participantes gritavam PS." Trocado por míudos, enquanto uns berravam por não ter mama outros chamavam pelam mama que têem.
Este tipo de comportamentos, a copiar os Euro-festivaleiros Homens da Luta, não se pode admitir em democracia. A democracia exige, vão ao dicionário, respeito pelo outro e o entendimento que o diálogo é a única forma de discurso possível. Ora, torna-se difícil dialogar com quem nos está a gritar aos ouvidos de megafone na mão.
Aqui chegados, convêm fazer um esclarecimento. Com a possível excepção do juiz de Aveiro, ninguém neste país tem mais vontade do que eu em chegar a roupa ao pêlo ao nosso primeiro-ministro. Mas para além de conseguir cama e comida durante uns meses em estabelecimento prisional a designar e um breve estrelato no facebook, isso ia resolver exactamente o quê ? Os protestos em democracia fazem-se através das urnas. E se o povo é demasiado asinino para escolher correctamente (seja lá o que isso for), então tanto pior para o povo.
A terminar uma nota de humor. Reza a crónica do evento que entregaram aos Sócrates duas máscaras: "Uma delas laranja e a outra rosa, que era para se decidir pela políticas que toma, porque estamos fartos, não só das políticas do PS, como do PSD. Varia sempre entre os mesmos, o país vai de mal a pior e somos nós que sofremos". Lindo, um protesto contra toda a classe política. Portanto vamos governar o país com o voto do público, likes no facebook e número de seguidores no twiter. Para memória futura, convêm lembrar que estes métodos elegeram o Salazar como o maior português de todos os tempos (esta ainda não consigo perceber) ou os Homens da Luta para a Eurovisão. Auspicioso futuro nos é prometido pela democracia directa.
Este tipo de comportamentos, a copiar os Euro-festivaleiros Homens da Luta, não se pode admitir em democracia. A democracia exige, vão ao dicionário, respeito pelo outro e o entendimento que o diálogo é a única forma de discurso possível. Ora, torna-se difícil dialogar com quem nos está a gritar aos ouvidos de megafone na mão.
Aqui chegados, convêm fazer um esclarecimento. Com a possível excepção do juiz de Aveiro, ninguém neste país tem mais vontade do que eu em chegar a roupa ao pêlo ao nosso primeiro-ministro. Mas para além de conseguir cama e comida durante uns meses em estabelecimento prisional a designar e um breve estrelato no facebook, isso ia resolver exactamente o quê ? Os protestos em democracia fazem-se através das urnas. E se o povo é demasiado asinino para escolher correctamente (seja lá o que isso for), então tanto pior para o povo.
A terminar uma nota de humor. Reza a crónica do evento que entregaram aos Sócrates duas máscaras: "Uma delas laranja e a outra rosa, que era para se decidir pela políticas que toma, porque estamos fartos, não só das políticas do PS, como do PSD. Varia sempre entre os mesmos, o país vai de mal a pior e somos nós que sofremos". Lindo, um protesto contra toda a classe política. Portanto vamos governar o país com o voto do público, likes no facebook e número de seguidores no twiter. Para memória futura, convêm lembrar que estes métodos elegeram o Salazar como o maior português de todos os tempos (esta ainda não consigo perceber) ou os Homens da Luta para a Eurovisão. Auspicioso futuro nos é prometido pela democracia directa.
terça-feira, 1 de março de 2011
Uma mão cheia de nada, outra de coisa nenhuma
O curioso epi-fenómeno auto-denominado Geração à rasca pretende reunir malta para protestar. Era para ser no fim-de-semana que se avizinha mas como é o de Carnaval ficou para a semana seguinte. No que respeita às prioridades da organização estamos entendidos. Primeiro a folia, depois os problemas.
Um dos objectivos, parece, é uma alegre procissão até ao adro da Assembleia da República para que cada um possa entregar uma folhinha A4 com propostas para a resolução dos problemas que apoquentam a malta. Fantástico. Repito, fantástico. Eu aproveito para pedir, que não custa tal como protestar ao um fim-de-semana não prolongado, à organização que passe pelo Campo Grande e entregue também as soluções para os problemas da agremiação desportiva que ali tem sede. Basta uma folhinha A5, nada de esforçar as meninges que a malta é jovem.
É tanta parvoíce junta que eu nem sei por onde começar. Talvez pelo início. Quaisquer que sejam as soluções para que isto melhore, uma coisa é certa. Não são de efeito imediato mas sim de médio e longo prazo. No imediato, entenda-se os próximos 10 anitos mais coisa menos coisa, vamos ter uma vida de trampa. Eu sei que isto é complicado de penetrar nas cabecinhas de quem prefere Carnaval a encarar a vida, mas é assim mesmo.
O que me leva ao ponto seguinte, as soluções em formato A4. Gente da minha terra, será que é assim tão difícil de perceber que as escolhas que enfrentamos hoje são difíceis de tomar ? Não se trata de acabar com os recibos verdes (que deviam de ser extintos mas isso é outra história) ou aumentar os salários (que são muito baixos). Ou criar emprego. (que faz falta) O Estado português assumiu compromissos que agora não pode pagar. O povo português fez empréstimos que agora não pode pagar. Ou posto de uma forma que até vocês conseguem entender. Nós e o Estado temos que decidir o que é supérfluo e o que é necessário. E aguentar a bronca que aí vem quando os credores começarem a bater à porta.
Se realmente a mundança é o que se pretende, então actualmente só existe um caminho possível. Entrar num partido, ou formar um novo, e concorrer a eleições. Mais nenhum caminho, incluíndo protestos é válido. Porque o Governo tem a obrigação de velar pelos interesses de todos os cidadãos, não apenas os que conseguem berrar mais alto. É triste, mas é a democracia. Eu suspeito que muitos no próximo dia 12 de Março vão estar a suspirar secretamente por um homem providencial que venha do nada e ponha o país na ordem, fazendo o trabalho que os manifestantes se recusam a fazer. Se é para fazer figuras tristes, vão antes em procissão até ao cemitério de Santa Comba Dão.
Um dos objectivos, parece, é uma alegre procissão até ao adro da Assembleia da República para que cada um possa entregar uma folhinha A4 com propostas para a resolução dos problemas que apoquentam a malta. Fantástico. Repito, fantástico. Eu aproveito para pedir, que não custa tal como protestar ao um fim-de-semana não prolongado, à organização que passe pelo Campo Grande e entregue também as soluções para os problemas da agremiação desportiva que ali tem sede. Basta uma folhinha A5, nada de esforçar as meninges que a malta é jovem.
É tanta parvoíce junta que eu nem sei por onde começar. Talvez pelo início. Quaisquer que sejam as soluções para que isto melhore, uma coisa é certa. Não são de efeito imediato mas sim de médio e longo prazo. No imediato, entenda-se os próximos 10 anitos mais coisa menos coisa, vamos ter uma vida de trampa. Eu sei que isto é complicado de penetrar nas cabecinhas de quem prefere Carnaval a encarar a vida, mas é assim mesmo.
O que me leva ao ponto seguinte, as soluções em formato A4. Gente da minha terra, será que é assim tão difícil de perceber que as escolhas que enfrentamos hoje são difíceis de tomar ? Não se trata de acabar com os recibos verdes (que deviam de ser extintos mas isso é outra história) ou aumentar os salários (que são muito baixos). Ou criar emprego. (que faz falta) O Estado português assumiu compromissos que agora não pode pagar. O povo português fez empréstimos que agora não pode pagar. Ou posto de uma forma que até vocês conseguem entender. Nós e o Estado temos que decidir o que é supérfluo e o que é necessário. E aguentar a bronca que aí vem quando os credores começarem a bater à porta.
Se realmente a mundança é o que se pretende, então actualmente só existe um caminho possível. Entrar num partido, ou formar um novo, e concorrer a eleições. Mais nenhum caminho, incluíndo protestos é válido. Porque o Governo tem a obrigação de velar pelos interesses de todos os cidadãos, não apenas os que conseguem berrar mais alto. É triste, mas é a democracia. Eu suspeito que muitos no próximo dia 12 de Março vão estar a suspirar secretamente por um homem providencial que venha do nada e ponha o país na ordem, fazendo o trabalho que os manifestantes se recusam a fazer. Se é para fazer figuras tristes, vão antes em procissão até ao cemitério de Santa Comba Dão.
terça-feira, 22 de fevereiro de 2011
Sporting
quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011
terça-feira, 15 de fevereiro de 2011
Já este aqui
é bem real e as mãos de bobby robson na cabeça e mourinho aos saltos no final do video dizem bem do que se tinha acabado de fazer. Ronaldo.
quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011
Daily life
sendo pai de familia, não consegui ficar indiferente a estas crianças, uma vez mais no melhor site do mundo.
sábado, 5 de fevereiro de 2011
sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011
quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011
O Paulo Sérgio nem estaleca tem para dizer coisas destas
especialmente o Minuto 3:05:
«isso reforça, reforça a confiança da equipa, eu tinha dito que a equipa antes do jogo que nesta altura tava muito melhor quando nós jogamos aqui para o campeonato, ela justificou isso, também tínhamos a vantagem de ter feito o já cá um jogo e portanto AHRRrrcK analisámos e também não cometemos alguns posicionamentos que nesse jogo nos fez que com nós não fonssemos a mesma equipa e portanto tudo isso, o factor acrescido para esta vitória é a 14ª vitória consetiva e nada de mais quisto vai ter consequências»
via Tolan
quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011
Comprada subrepticiamente
às escondidas da senhora minha esposa, na loja do ti Belmiro por cinco aéreos. Experimentei hoje, com o único café moído que cá tinha em casa, um "café" canadiano com aroma a mapple siroup que a senhora minha esposa adquiriu no Quebéc num acto impulsivo de que parece só as mulheres são capazes. Qual não foi portanto o meu espanto, com a qualidade da infusão. Ainda não tentei mas tão certo como o Cristiano ser mais um desperdício de graveto do SCP, que se lá puser água da fonte, sai um Primitivo di Manduria.
Lá está, toda a gente sabe que as moka fazem um café do catano. Mas exceptuando uma tia-avó que agora bebe Nexpresso, não conheço mais ninguém que a tenha em casa. O que obviamente que me obriga a desconfiar do que toda a gente sabe. Por exemplo, toda a gente sabe que o FCP é a melhor equipa no campeonato mas não foi por isso que hoje encaixou dois do Benfica e saíu de Alvalade com um empate. Um empate senhores, contra o pior SCP de que tenho memória.
segunda-feira, 31 de janeiro de 2011
Liedson resolve
Não me deixa chateado esta saída do Liedson. Tudo tem o seu tempo. Vi em anos anteriores ele sozinho arrastar aquela equipa e a malta agradece os golos. O que me deixa lixado é de entrar um rapazola com nome de Cristiano que a única coisa que fez na vida foi marcar um golo ao Sporting. Diz que o Paulo Sérgio o conhece bem. É o fim senhores. É o fim.
Entretanto é ler sff as crónicas no Liga Aleixo do homem que melhor escreve sobre o Sporting. Aqui deixo um pouco da jornada 16:
"O terceiro e último momento ganha forma no preciso instante em que o universo ganha consciência de que o treinador Paulo Sérgio vai fazer entrar o atleta Grimi. Este argentino, e isto é do conhecimento geral, está qualitativamente mais longe de Paíto ou de Pedrosa do que da possibilidade de vencer, no mesmo ano, o Prémio Nobel da Física e o Oscar de melhor actor-secundário. E isso é dizer tudo. Pois quando aquele que, em termos oficiais, é o treinador do Sporting manda entrar Grimi, o universo revolta-se e, dominado pela raiva, pune o Sporting com o terceiro golo do Paços – embora, sejamos justos, mandar fechar o mundo fosse pena bem mais congruente. E quem pode, neste caso em concreto, censurar o universo?"
Entretanto é ler sff as crónicas no Liga Aleixo do homem que melhor escreve sobre o Sporting. Aqui deixo um pouco da jornada 16:
"O terceiro e último momento ganha forma no preciso instante em que o universo ganha consciência de que o treinador Paulo Sérgio vai fazer entrar o atleta Grimi. Este argentino, e isto é do conhecimento geral, está qualitativamente mais longe de Paíto ou de Pedrosa do que da possibilidade de vencer, no mesmo ano, o Prémio Nobel da Física e o Oscar de melhor actor-secundário. E isso é dizer tudo. Pois quando aquele que, em termos oficiais, é o treinador do Sporting manda entrar Grimi, o universo revolta-se e, dominado pela raiva, pune o Sporting com o terceiro golo do Paços – embora, sejamos justos, mandar fechar o mundo fosse pena bem mais congruente. E quem pode, neste caso em concreto, censurar o universo?"
domingo, 30 de janeiro de 2011
sexta-feira, 28 de janeiro de 2011
Um bom fim de semana com Charles Bradley
Editar um album aos 62 anos é obra. Mais ainda quando se trata do seu primeiro. Depois de uma vida atribulada (desde viver na rua, o irmão assassinado pelo seu sobrinho, etc - vejam tudo na bio, vale a pena) sai agora isto para o mundo, Charles Bradley:
Numa palavra: uau!
Numa palavra: uau!
quinta-feira, 27 de janeiro de 2011
Isto já começa a chatear
Até pessoas com uma centelha de inteligência como o Joaquim devem de reconhecer que o estado não tem nada que andar a pagar escolas privadas. Ponto. O liberalismo tuga só é a favor da intervenção estatal quando lhes pesa no bolso. Irra que já chateia.
E pela santinha, não me venham com a tanga da proximidade. Quando estava no Chile, dei boleia a um estudante do secundário. O moço fazia mais de 2h30 de autocarro do colégio público onde passava a semana até à paragem do autocarro. Sim, leram bem o autocarro deixava-o a 2h de casa, numa sexta à tarde e sendo o caminho para casa terra batida pelo deserto percorrida quase só por traficantes ou turistas enganados.
Está bem, Portugal não é o Chile. Mas e depois ? O moço tinha duas escolhas: fazer o secundário ou passar o dia na apanha de algas e a noite a fumar ganza como o resto dos coitados da aldeola. Eu tenho a certeza que fez a escolha certa. Tal como colegas que no 10º mudaram para uma escola pública a mais de 30 Km de casa, porque queriam entrar em medicina. Querem uma escola de qualidade à porta de casa ? Também queria que o Paulo Sérgio percebesse mais de futebol.
E pela santinha, não me venham com a tanga da proximidade. Quando estava no Chile, dei boleia a um estudante do secundário. O moço fazia mais de 2h30 de autocarro do colégio público onde passava a semana até à paragem do autocarro. Sim, leram bem o autocarro deixava-o a 2h de casa, numa sexta à tarde e sendo o caminho para casa terra batida pelo deserto percorrida quase só por traficantes ou turistas enganados.
Está bem, Portugal não é o Chile. Mas e depois ? O moço tinha duas escolhas: fazer o secundário ou passar o dia na apanha de algas e a noite a fumar ganza como o resto dos coitados da aldeola. Eu tenho a certeza que fez a escolha certa. Tal como colegas que no 10º mudaram para uma escola pública a mais de 30 Km de casa, porque queriam entrar em medicina. Querem uma escola de qualidade à porta de casa ? Também queria que o Paulo Sérgio percebesse mais de futebol.
Verdadeiro serviço público
Estes posts do maradona (aqui e aqui) e mais este aqui do aventar. E depois ouço na rádio que estamos a protestar não pelos cortes do dinheiro, mas pela qualidade do ensino que se pode vir a perder. E ainda por cima usam as crianças no meio disto tudo.
E agora assumindo a postura completamente liberal: se não se aguentam sem o subsidio fechem. Porque é esse mesmo o principio do capitalismo. Votaram no Cavaco para que?
E agora assumindo a postura completamente liberal: se não se aguentam sem o subsidio fechem. Porque é esse mesmo o principio do capitalismo. Votaram no Cavaco para que?
terça-feira, 25 de janeiro de 2011
"Se MFL fosse primeira-ministra, Portugal já tinha saído da crise… e eu andava aí de Ferrari"
Piscoiso comentando a tentativa de ironia da Helena Matos.
sexta-feira, 21 de janeiro de 2011
O homem que fica sozinho durante 90 minutos
Naquela que foi das decisões mais polémicas de sempre no futebol moderno (parafraseando Rui Santos), o arbitro Martin Hansson e a sua história num breve, mas muito bom documentário:
e disto tudo impressionou-me a solidão.
e disto tudo impressionou-me a solidão.
A Saca-Rolhas
Nos últimas semanas a minha caixa de email e, julgo, as de toda a gente, foram invadidas por um interminável número de mensagem sobre a castração de Carlos Castro que de humorísticas tinham tanto como uma imagem de cavaco a comer bolo rei ou de Bettencourt a festejar um campeonato do Sporting, um clube que parece castrado desde que, como se faz aqui, se decidiu aceitar e até reforçar a supremacia do FCP, objectivando diminuir, com sucesso, a virilidade do Benfica.
Pergunta Renato "Carlos, castro?" ao que este respondeu: "sim". Não via, confesso, uma castração tão grande desde que Sócrates decidiu apoiar Alegre, uma cambalhota que tem tanto de poética como de patética, transformando a candidatura do homem de combates numa espécie de ejaculação precoce, democraticamente precoce, diria.
Mas a ele ninguém o cala, nem castra, "Renato, seabra!" (ler com sotaque brasileiro), gritou Carlos, e perceba-se aqui a ironia de “gritou”, porque a ele ninguém o cala, perdão, castra. Mas castrou.
Li aqui da semana passada o percurso de dois meninos de sucesso. Ambos nos diriam, e dizem, se para aí for o debate, que são como o vinho do Porto, quanto mais velhos melhor. Renato, percebendo mal o significado das palavras de Castro, foi buscar o saca-rolhas confundido o vintage com o velho, ainda que num palavreado íntimo se aceite alguma brejeirisse, como as alusões à SLN ou a contínua ameaça “ou eu, ou a crise”. Diz o Renato “Então espera aí que eu vou buscar o saca-rolhas!”. E diz “Carlos vou-te sacar um olho.” Diz Carlos “Vais sacar é o caralho…”.
Enrolhado, perdão, enrolado nas sondagens de hoje, diria que estamos fodidos, enrabados até. Mas calma, que eu até não sou pessimista. Sinto-me é como a bovarinho de Manuel de Oliveira a passar por debaixo das laranjeiras em direcção ao Douro ou então, porque também sou pelas modernices, a caminho do metro em Nova York, mas via respiradouro, como o castro, como se me custasse respirar e me faltasse ar com sufuciente qualidade democrática.
Pergunta Renato "Carlos, castro?" ao que este respondeu: "sim". Não via, confesso, uma castração tão grande desde que Sócrates decidiu apoiar Alegre, uma cambalhota que tem tanto de poética como de patética, transformando a candidatura do homem de combates numa espécie de ejaculação precoce, democraticamente precoce, diria.
Mas a ele ninguém o cala, nem castra, "Renato, seabra!" (ler com sotaque brasileiro), gritou Carlos, e perceba-se aqui a ironia de “gritou”, porque a ele ninguém o cala, perdão, castra. Mas castrou.
Li aqui da semana passada o percurso de dois meninos de sucesso. Ambos nos diriam, e dizem, se para aí for o debate, que são como o vinho do Porto, quanto mais velhos melhor. Renato, percebendo mal o significado das palavras de Castro, foi buscar o saca-rolhas confundido o vintage com o velho, ainda que num palavreado íntimo se aceite alguma brejeirisse, como as alusões à SLN ou a contínua ameaça “ou eu, ou a crise”. Diz o Renato “Então espera aí que eu vou buscar o saca-rolhas!”. E diz “Carlos vou-te sacar um olho.” Diz Carlos “Vais sacar é o caralho…”.
Enrolhado, perdão, enrolado nas sondagens de hoje, diria que estamos fodidos, enrabados até. Mas calma, que eu até não sou pessimista. Sinto-me é como a bovarinho de Manuel de Oliveira a passar por debaixo das laranjeiras em direcção ao Douro ou então, porque também sou pelas modernices, a caminho do metro em Nova York, mas via respiradouro, como o castro, como se me custasse respirar e me faltasse ar com sufuciente qualidade democrática.
Cara Planta
Desde "O Último Tango em Paris" que não que via na manteiga uma sugestão tão libidinosa como os cartazes publicitários espalhados pela cidade de lisboa. Vi e agradeço. Mas não querendo parecer retrógrado e manteigoso, é preciso muita imaginação para relacionar migalhas na cama com manteiga e, sublinhe-se, as respectivas nódoas, com um aumento do desejo feminino. Mesmo que seja graficamente tão sugestivo como muitas das coisas que encontramos aqui.
Sobretudo porque as nódoas de manteiga são difíceis de tirar como o caraças e, matrimonialmente, instigadoras de um percurso amoroso muito mais próximo do anti-erotismo do fado do que dos preliminares da dança originária ad Argentina.
Desde "O Último Tango em Paris" que não que via na manteiga uma sugestão tão libidinosa como os cartazes publicitários espalhados pela cidade de lisboa. Vi e agradeço. Mas não querendo parecer retrógrado e manteigoso, é preciso muita imaginação para relacionar migalhas na cama com manteiga e, sublinhe-se, as respectivas nódoas, com um aumento do desejo feminino. Mesmo que seja graficamente tão sugestivo como muitas das coisas que encontramos aqui.
Sobretudo porque as nódoas de manteiga são difíceis de tirar como o caraças e, matrimonialmente, instigadoras de um percurso amoroso muito mais próximo do anti-erotismo do fado do que dos preliminares da dança originária ad Argentina.
quarta-feira, 19 de janeiro de 2011
Declaração de voto
Eu votava no João Lopes
A regra é sempre a mesma: transfigurar o espaço público em pueril tribunal popular, com cada cidadão a ser forçado a assumir-se como “juiz” do que lhe colocam à frente dos olhos.
...
estamos também a viver uma campanha eleitoral que, com obscena exuberância, tem mostrado a miséria de pensamento que passou a dominar a nossa vida política.
A regra é sempre a mesma: transfigurar o espaço público em pueril tribunal popular, com cada cidadão a ser forçado a assumir-se como “juiz” do que lhe colocam à frente dos olhos.
...
estamos também a viver uma campanha eleitoral que, com obscena exuberância, tem mostrado a miséria de pensamento que passou a dominar a nossa vida política.
Uma mentira dita muitas vezes transforma-se em politica
Queria manter-me afastado do circo politico dos últimos dias, mas a ideia de ter Cavaco outra vez como Presidente é me tão atroz que não tenho remédio. Querem exemplos de como o homem anda a brincar connosco? olha só este aqui:
"O que Cavaco diz sobre os gastos de campanha:
"Não me sentiria bem com a minha consciência, num tempo em que são pedidos tantos sacrifícios aos portugueses, gastar centenas de milhares de euros por todo o Pais" (aqui)
O que Cavaco faz em relação aos gastos de campanha:
O candidato à Presidência da República Cavaco Silva foi o candidato que apresentou o orçamento mais elevado para a campanha eleitoral, de 2,1 milhões de euros, seguido de Manuel Alegre, que prevê gastar 1,6 milhões. (aqui)"
via Arrastão
Haverão muitos mais (aquela história dos amigos BPN cheira tão mal que nem vale a pena entrar por ai). Dirão-me os apoiantes de Cavaco que os outros são iguais ou piores. Que só ele representa a estabilidade que precisamos. O que precisamos é de gente com valores. Isentas. E do que vejo Cavaco representa o pior do português (oportunista, matarruano, ideias fixas,...) de que ando a fugir de ser há uns anos. Aquele tipo de pessoa que levou isto ao fundo.
Bailamos no teu Microondas - Os Capitães da Areia
É verdade Alf, do sucesso do B Fachada e de algumas horas de Vampire Weekend nasceu esta merda. Será uma luta perdida ou com uma pequena adaptação destes meninos a Lady Gaga, teríamos tão bons músicos como se, por anti-teimosia, o melhor defesa esquerdo do Benfica nascesse de uma adaptação de Jara, por Jesus, a essa posição? É possível
terça-feira, 18 de janeiro de 2011
Demos graças à demissão do Bettencourt
que finalmente suscitou algum interesse nas eleições presidenciais, do Sporting. O que me leva a colocar a seguinte pergunta ao staff do Cavaco ou do Alegre, os outros candidatos não têem graveto sequer para colocar um cartaz quanto mais pagar um assessor a recibos verdes. Perguntava eu, senhores consultores eleitorais quão burros, estúpidos e incompetentes sois que estas eleições têem sido um paradigma de desinteresse e imagina-se, abstenção ? Nem o Benfica do Graeme Souness concentrava tamanha palermice por metro quadrado.
Mas vós não estois sós. Os "jornalistas" que acompanham os candidatos publicitam a superior bosta de formação que receberam. O Alegre foi ontem a Vila Real, mas teve mais tempo de antena o pobre diabo que empurrava a sandes de porco no espeto com um copo de tinto. O Francisco Lopes esteve algures na margem sul, não me perguntem onde que para mim é tudo deserto, e não podia faltar o grande plano aos velhotes seguido pela "jornalista" a comentar o cozido que foi servido ao jantar. É pá, sinceramente. A campanha supõe-se, é feita por profissionais do marketing e relatada por profissionais da comunicação social. E o resultado é este ?
Mas vós não estois sós. Os "jornalistas" que acompanham os candidatos publicitam a superior bosta de formação que receberam. O Alegre foi ontem a Vila Real, mas teve mais tempo de antena o pobre diabo que empurrava a sandes de porco no espeto com um copo de tinto. O Francisco Lopes esteve algures na margem sul, não me perguntem onde que para mim é tudo deserto, e não podia faltar o grande plano aos velhotes seguido pela "jornalista" a comentar o cozido que foi servido ao jantar. É pá, sinceramente. A campanha supõe-se, é feita por profissionais do marketing e relatada por profissionais da comunicação social. E o resultado é este ?
domingo, 16 de janeiro de 2011
Um fim-de-semana como eu já não tinha há muito tempo
Ontem foi o "Sanjuro", à tarde, o e o "Aconteceu no Oeste" depois de jantar. A esposa gostou, de estar a dormir no sofá, enquanto eu me ia deleitando com o filme. Uma das cenas finais, com o puto a segurar o pai nos ombros é brilhante. Nada de texto, apenas um movimento da câmera que vai descobrindo a cena. E a música, a música senhores. Hoje, a sobremesa foi o "Por mais alguns dólares". Enfim, um fim-de-semana como os de antigamente. Até o Sporting perdeu.
quinta-feira, 13 de janeiro de 2011
Só à sueca é que não se podem fazer renúncias
Existe uma personagem heróica que emerge invariavelmente no imaginário popular: o eleitor que vota em branco. Se em Abril a canção era uma arma, parece que agora é o papel por preencher, cuidadosamente dobrado em quatro, delicadamente enfiado na urna. Como qualquer romancista medíocre bem sabe, todo o herói precisa de um vilão. Emerge o vilão eleitoral, efeito dramático assim obriga, o tipo que se abstêm. Eu, por exemplo.
O votante em branco é tipo impecável, toma banho e corta as unhas, enquanto que os abstinentes cheiram mal dos sovacos e fazem peregrinações ao cemitério de Santa Comba Dão. O voto em branco é um protesto válido e corajoso, não votar uma cobardia ignóbil. Pena que os factos contam uma hist+oria diferente. Primeiro que tudo, o voto em branco não conta assim o diz a CNE. É eleito quem tiver mais de metado dos votos expressos, sejam 10 ou 10 mil.
Segundo, aceitemos a ideia de que a populaça está a passar uma mensagem com um significativo voto em branco. Qual é exactamente essa mensagem ? Não se sabe porque o papelinho está por preencher. Quem votou em branco é monárquico ? Facista ? A caneta não escrevia e teve vergonha de pedir outra ? Não se sabe, ponto final parágrafo
Se a mensagem é de protesto, não sabemos mas vá lá eu deixo essa porta aberta, é de protesto contra o quê e contra quem ? Suponhamos que o Fernando Nobre (o único a quem eu convidaria para jantar, fazia-lhe um ceviche corvina que o homem se regalava todo) ganha as eleições e 90% dos votos foram em branco. O que é que deve o presidente eleito fazer ? Convocar novas eleições ? Demitir-se ? Ignorar e seguir em frente como se nada fosse ? O distinto leitor faria o quê ?
Está claro que todos os valentes que se levantam no domingo de manhã para serem os primeiros a votar em branco e/ou desenhar o Cavaco a ser sodomizado, sabem porque é que estão a "protestar". Mas os candidatos não sabem e não têm forma de saber. Por isso mesmo eu conto (se a esposa assim o permitir) passar a manhã eleitoral com o Sanjuro ou o Kagemusha. Para quê perder o meu tempo a fazer passar uma mensagem que não vai, nem pode, ser entendida pelos destinatários.
Posso eventualmente ser uma carraça democrática, sorvendo os benefícios da vida no Portugal de Abril mas sem contribuir com peva para um Portugal melhor. Está bem, mas só á sueca é que não se podem fazer renúncias, e não é por isso que elas deixam de ser feitas. É, digamos assim, parte das regras do jogo.
O votante em branco é tipo impecável, toma banho e corta as unhas, enquanto que os abstinentes cheiram mal dos sovacos e fazem peregrinações ao cemitério de Santa Comba Dão. O voto em branco é um protesto válido e corajoso, não votar uma cobardia ignóbil. Pena que os factos contam uma hist+oria diferente. Primeiro que tudo, o voto em branco não conta assim o diz a CNE. É eleito quem tiver mais de metado dos votos expressos, sejam 10 ou 10 mil.
Segundo, aceitemos a ideia de que a populaça está a passar uma mensagem com um significativo voto em branco. Qual é exactamente essa mensagem ? Não se sabe porque o papelinho está por preencher. Quem votou em branco é monárquico ? Facista ? A caneta não escrevia e teve vergonha de pedir outra ? Não se sabe, ponto final parágrafo
Se a mensagem é de protesto, não sabemos mas vá lá eu deixo essa porta aberta, é de protesto contra o quê e contra quem ? Suponhamos que o Fernando Nobre (o único a quem eu convidaria para jantar, fazia-lhe um ceviche corvina que o homem se regalava todo) ganha as eleições e 90% dos votos foram em branco. O que é que deve o presidente eleito fazer ? Convocar novas eleições ? Demitir-se ? Ignorar e seguir em frente como se nada fosse ? O distinto leitor faria o quê ?
Está claro que todos os valentes que se levantam no domingo de manhã para serem os primeiros a votar em branco e/ou desenhar o Cavaco a ser sodomizado, sabem porque é que estão a "protestar". Mas os candidatos não sabem e não têm forma de saber. Por isso mesmo eu conto (se a esposa assim o permitir) passar a manhã eleitoral com o Sanjuro ou o Kagemusha. Para quê perder o meu tempo a fazer passar uma mensagem que não vai, nem pode, ser entendida pelos destinatários.
Posso eventualmente ser uma carraça democrática, sorvendo os benefícios da vida no Portugal de Abril mas sem contribuir com peva para um Portugal melhor. Está bem, mas só á sueca é que não se podem fazer renúncias, e não é por isso que elas deixam de ser feitas. É, digamos assim, parte das regras do jogo.
quarta-feira, 12 de janeiro de 2011
Sempre gostei de heróis
Pediu que se salvasse primeiro o seu irmão mais novo. Com o sacrificio da sua própria vida ao tomar esta decisão. Mais Aqui
sábado, 8 de janeiro de 2011
Tenho muitas dificuldades em lidar com a frustração
Este trabalho de Vangelis é uma verdadeira porcaria - como quase toda a sua obra -, na sequência de um aproveitamento bárbaro e infame de um artista sério, martirizado, genial e como não podia deixar de ser, melancólico. Os sons sensacionalistas, usados em comícios populares, mergulham o amante da música na mais violenta desilusão, por ser tão escassa a qualidade de homens políticos capazes de se furtarem ao ridículo consumo das aparências: uma música que quase parece ser aquilo que não é. Não por acaso, nos próximos dias que serão os últimos, ouviremos concerteza falar da honrbilidade, uma coisa que não se experimenta fora do corpo. Acontece que a honorabilidade não se discute, é o que parece gritar surdamente aquela golilha espanhola pintada por El Greco, aqui em cima, que fez as delícias de Thomas Mann, um escritor que, à semelhança de Hulk, está claramente sobrevalorizado. Falemos com franqueza: a Montanha Mágica promete nas primeiras trinta páginas conceder-nos a experiência da grande literatura, referências ao vinho Porto, situação da classe burguesa na Hamburgo de final do século XIX, um jovem entalado entre o desejo de mulheres bonitas, elegantes, e a tortura de uma profissão que se não deseja, enfim, estão lá todas as promessas eternas. Acontece que, tal como o Benfica de Fernando Santos, à passagem da meia hora de jogo, isto é, trezentas páginas depois, confirmam-se os piores pesadelos: o livro resvala na irrelevância palavrosa de um germânico fim de século desorientado entre referências filosóficas, o cansaço alpino das neves eternas - ah, o terror da cor branca já identificado por Melville - e uma enorme chatice de cornucópias narrativas a terminar num perfeito desastre artístico. Algo de semelhante se passa com o Professor Aníbal Cavaco Silva. Não está em causa a vitória nas próximas bodas presidenciais, e o transformar da água em vinho é mais do que uma certeza: é uma satisfação anunciada, o festim de todos os sabujos, tão abundantes em Portugal como a gaivota-asa-de-ladrão. Em todo o caso, já nem sequer José Pacheco Pereira consegue esconder um certo tom fim de festa, o que nos devolve ao tema inicial: a vida é uma estranha viagem a caminho do inferno.
sexta-feira, 7 de janeiro de 2011
quinta-feira, 6 de janeiro de 2011
The power of internet
História simples. Homem sem abrigo com uma voz incrivel de rádio pede dinheiro num cruzamento. Um jornalista entrevista-o a caminho do trabalho. Passados dias não só já se tornou num fenomeno na internet como já tem casa e várias propostas de emprego. Notável.
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