segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Há um pós-moderno neste video



ps. um clássico este Cobra. Ando viciado em ver filmes do stallone dos anos 80 e inicios de 90. É em tudo uma forma de cinema que já não se faz mais.

Não só coerente...

... mas também consciente.

Por agora acabaram-se...

... os posts escritos neste estilo.

E como tal fica-me a dúvida...

... serei pósmoderno por fazer a distinção?

Claro que não. Afinal já Einstein tinha dito: "As far as the laws of mathematics refer to reality, they are not certain; and as far as they are certain, they do not refer to reality"

É só uma questão de saber do que se fala e tentar ser-se racional de uma forma coerente.

Não sei se reparam...

... mas acabei de identificar uma representação racionalmente inteligível para nós seres humanos com o fenómeno em si.

Mas fi-lo apenas para simplificar a linguagem.

A sério!

Saber

"A minha colega está com o computador e as previsões à frente e ela sabe que não vai chover mais hoje."

Ai sabe?! Então é bom que essa colega partilhe já esse maravilhoso e poderoso conhecimento com o resto da humanidade. É que ninguém sabe isso. E tanto quanto sei, ninguém pode saber isso. Ninguém!

Mas se calhar estou errado e a natureza altamente caótica do tempo é uma ilusão. Afinal o que é um conjunto de equações de derivadas parciais não lineares com uma data de temos quando se tem uma colega com um computador e previsões à frente?

Se conhecerem as histórias do Super-Homem conhecem o Bizarro e o Bizarro World

E tanto quanto me parece este senhor acabou de vir do Bizarro World.


Pergunta muito sincera

O que tem o Chavez de ditador?

A sério que gostava de discutir isto com alguém que pense/saiba o porquê de tanta vez se dizer que Chavez é um ditador.

Está alguém disponível?

Bom preço

do já conhecido espectacular site vendo a minha mãe

Genial

Aqui



via JR

sábado, 28 de novembro de 2009

Ainda bem que existe o humor

E depois fizeram isto

Entrada para o casamento

Não meus caros, não é a primeira dança como se vê noutros vídeos é mesmo na entrada para a igreja.

Se estão mesmo felizes por que não mostrá-lo?



They then broke the news to the parents that their wedding processional wasnt going to take on the more reserved joy of a typical wedding. Jill admitted that her mom was maybe a little nervous, and Kevin said his parents were definitely apprehensive, but didnt try to talk the two crazy kids out of their plan. They swore them to secrecy so other wedding guests wouldnt know what they were up to.

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Prognósticos de derrotas

Derrota TV actualizada aqui ao lado. É muito baixa a probabilidade de se voltar a ver um jogo destes amanhã. Na memória ainda vive esta desgraça de há uns anos. O futebol não serve para nada se não para isto de facto.

Think small

"As pessoas ainda não compreenderam que só há uma coisa pior do que um Estado monopolizador, burocrata, gigantesco e ineficaz, é um Estado monopolizador, burocrata, gigantesco, ineficaz e HONESTO."

Está correcto, sim senhor. Mas existem coisas melhores. Por exemplo, um estado que não seja burocrata, monopolizador, gigantesco e ineficaz.

Teledisco do ano

Concordo com o João Lopes. Teledisco do ano. Period.

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Ao contrário do que tudo indica

estou mesmo tramado, isto numa perspectiva de realização socio-profissional, e tendo em conta todos os indicadores das performances económicas dos próximos trintas anos e das suas implicações no mercado de trabalho, (não esquecendo os estudos e barómetros internacionais ou as novas colunas de opinião de José Manuel Fernandes e Martim Avillez de Figueiredo, dois vultos do panorama vencedor que hão-de cuspir na minha sepultura com níveis estratosféricos de gozo, o que no fundo, é merecido), o que quer dizer que estou completamente quilhado, e nem uma banda sonora desenhada por Vangelis ou um quadro de El Greco me safavam agora o coiro, já que acabo de sair de um respeitável colóquio científico onde começei num registo de elevada atenção ao raciocínio lógico-semântico dos intervenientes, desde o catedrático de Coimbra, passando pela jovem promessa de além-Atlântico, acompanhando a leitura cerebral de todas as académicas figuras com copiosas notas interpretativas e comentários das suas inóquas comunicações, num esforço sobre-humano para espremer as laranjas secas em que rapidamente as suas ideias se transformavam, e acabei a anotar dispersos sobre uma investigadora porto-riquenha chegada de Yale a fim de relatar sonhos políticos proféticos de mulheres do povo, em 1589, em Castela, e suas repercussões nos sentimentos populares, nos mercadores aflitos com o comércio da Ásia, comércio que se ia perdendo para os Ingleses e Holandeses, ou as repercussões desse sonhos da mulher do povo nas leituras sinistras dos cortesãos de Felipe II, preocupados com os possíveis danos na honra da monarquia, isto se fossem escutados esses sonhos, sobre possíveis desgraças do império espanhol, e isto se insistissem no domínio do espaço português, Ai de ti Madrid, toda esta procissão de aflições e farrapos de passado circulando na minha consciência como os dejectos no lavatório, numa espiral cósmica, escatológica, a verdade é que não sei se levado pelas alusões literárias ao facto de que a vida é sonho, ou se impressionado pela licenciatura em Literaturas daquela porto-riquena, tirada na Universidade do Minesota, dei por mim completamente derrotado, extremamente fatigado, isto, como é evidente, numa perspectiva em nada relacionada com interpretações científicas mas, sobretudo, lançada no domínio da ficção biográfico-especulativa, que entretando fui ensaiando no caderno, nervosamente colocado no colo, e dei por mim atónito, mas calmo, à medida que me ia afundando na insignificância, num ódio visceral a todas as formas de sucesso, vergastado por um tédio mortal, apenas interrompido pelas referidas alusões ao erro, à desilusão, aos sonhos que empurram os humanos para as mais bizarras situações de vida, eu mesmo, no meio dessas notas, levantando a cabeça e escutando os sinos da Igreja nas imediações da Universidade, como um chamamento para a desgraça, como o gongo da condenação definitiva, que dizem ressoa como bronze, que todos vimos ouvindo desde que nascemos, ou o sinal de que me devo colocar a caminho para o lugar onde se dirigem todos os movimentos literários contemporâneos dignos desse nome e que significa, enfim, a assunção formal do meu mais profundo falhanço profissional, apostado num futuro literário incerto e, concerteza, conducente ao abismo.

A realidade ultrapassa sempre a ficção

Estes miúdos têm 6 anos

O melhor site do mundo volta novamente ao elogio

Mais fotos no Afeganistão aqui

A ler à tarde

O Rui Tavares acerta mais uma vez: um país de sucata

Que fique bem claro

Poucas coisas me causam tanto sofrimento e irritação como conduzir em Lisboa. Uma delas é conduzir em Lisboa, à chuva e à hora de ponta.

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Ai foi?! Aposto que sei o que dizia a carta

A carta era muito curta e simples. Dizia: More of the same!

No "propaganda model" isto tem nome

Chama-se flak, financiamento e a posse. São três dos filtros que influenciam o que sai nos jornais e para quem tem atenção nada disto é novo e é até esperado.

Para aqueles que por acaso não viram quando falei destas coisas cá está outra vez:
Propaganda Model
Liberdade de Imprensa

Tendo tudo isto em conta só mesmo as almitas mais puras é que se espantam com isto. Case in point:
Vamos a factos
Explicações
Se parece ser um pato, se anda como um pato, se nada como um pato, e se, ainda por cima, faz "qua, qua", então deve ser um pato

Sim eu sei que o Henrique (já o insultei tantas vezes que acho que tenho intimidade para prosseguir na fase first name basis) providencia o email dele naquele eloquentíssimo blog e se eu tivesse realmente interessado poderia indicar o seguinte livro (que até se encontra a venda na fnac)



mas muito mais divertido é incorrer neste tipo de atitudes plenas de maturidade e seriedade intelectual.

Só para terminar deixo este vídeos que mostram o propaganda model em toda a sua força:

~



Directamente dos anos 80 com a mais alta das qualidades

A mais alta das qualidades!



E quem acha que já ouviu algo parecido com isto, mas não está a ver bem aonde aqui está:



E prontoxe, por hoje é tudo...

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Este senhor é um sinhor com S grande



E até lhe desculpo os golos que marcou contra os sub-21 tugas no torneio de Toulouse (ou mariquice parecida). Os irlandeses que se lixem, a batota faz parte do jogo.

Estou de volta e com saúde, obrigado

E pronto para participar no debate que move o país. Sim, os anos 80 foram uma chachada. Provas em anexo:





Tecnicamente acho que isto é dos inícios dos anos 90. Mas Portugal, como é certo e sabido, é um atraso de vida.

Explicação do pós-modernismo

Os anos oitenta foram o quê?

Um comboio pode esconder outro


Para além do tempo de duração de uma viagem Cacém-Rossio na linha de Sintra, enquanto passam na janela farrapos de nuvens, espirros de pombos ondulando como um leque, e letreiros luminosos de pastelarias, não existe nada de mais consensual do que o conceito de pós-modernismo na agitada história do pensamento ocidental, pelo que as solicitações para qualquer esclarecimento neste domínio serão tão vãs como um bomba de oxigénio nas mãos de um indivíduo que acabou de se afogar. Descontando a parte que cabe à estupidez de cada um de nós, seres humanos que vamos a caminho da decomposição (que bem o merecemos), o pós-modernismo tem qualquer coisa de vernáculo, o calão com que se insulta o primo na aldeia; chama-se pós-moderno como quem diz «és um filho da puta». Como calcularão, eu não entendo nada destas matérias, muito menos das que implicam candidaturas à verdade, sobretudo quando a verdade, para o “cientista”, se prova com a performance da ventoinha mágica na tarefa de esfacelar cenouras em vinte segundos. Se substituirmos ventoínha mágica pela compreensão do movimento dos astros, digamos que a coisa se amplia no seu impacto mas não varia na insignificância do seu alcance para quem aprecia as movimentações do vento no final do Outono. (Peço que não invoquem aqui a vida eterna, a fim de evitar o vómito do autor destas linhas). Quem entende, e muito, acerca destas matérias pós-modernas é o Vasco Campilho e o Henrique Raposo. Vou por isso recorrer à sabedoria qualificada dos dois ilustres filósofos políticos (aqui o leitor deve tentar não rir). Quando Vasco Campilho comenta «O bio-poder na obra de Henrique Raposo» penso que estamos conversados sobre o que é o pós-modernismo. O pós-modernismo é aquele estádio do capitalismo tardio em que todos metem golos com a mão mas Paulo Bento não comparece a comentar na conferência de imprensa a “roubalheira” perpetrada contra os seus jogadores. Quer isto dizer que já não se aceitam metanarrativas sobre a verdade e, portanto, todo o golo metido com a mão, desde que sancionado pelo juiz (que é uma produção humana referente a objectivos parciais e tão humanos como o suor que lhe escorre das narinas (ao juiz) quando sopra no apito uma grande penalidade que [não?] existiu) é na verdade um golo perfeitamente aceite como funcional no marcador do jogo (Jorge Jesus diria “score”). Como se depreende desta alusão ao poder de assinlar grandes penalidades, a matéria mais atingida pelo pós-modernismo terá que ser inevitavelmente a configuração do poder, certo? Errado. Mas oiçamos antes de mais a autorizada opinião de Vasco Campilho sobre o pensamento de Foucault: «Não fiquei, contudo, com a sensação que Foucault visse o poder como um sistema desgovernado: nos tais centros e pontos de apoio que animam as redes de poder, há sujeitos dotados de vontade, tal como a "avó [do Henrique] desviava a água através do sistema de canais". Vendo bem, a metáfora da rega casa-se lindamente com a noção foucaldiana de bio-poder. É que regar e fazer carreirinhos é exercer um poder sobre a vida: não um poder que mata e deixa viver, mas um poder que dá a vida e deixa morrer (neste caso, às hortaliças).» Isto é tudo tão bonito (a metáfora da avó de Raposo a regar a horta, notando-se desde logo que Campilho nunca na vida colocou os pés no em qualquer sistema de rega tradicional, as noções foucaldianas, a ternura de Campilho pela “obra” de Raposo, enfim todo um sistema de nostalgias intelectuais que nos sobrem pelo intestino grosso) mas acontece que temos que prosseguir, não podendo nós erguer aqui três tendas para contemplarmos a face de Deus e as noções foucaldianas explicadas por Campilho, com Raposo em pano de fundo. Sendo assim, o que nos diz Henrique Raposo em contra-resposta ao contra-comentário de Campilho? «O biopoder – segundo Foucault - está em todo o lado, aliás, está dentro das pessoas. É uma espécie de consciência colectiva que toma conta da agência de todos os indivíduos. É uma espécie de nevoeiro de Carpenter que domina as pessoas sem estas o sabem (Marcuse também tentou esta charada: as pessoas são controlados pelo poder capitalista, sem saberem que são controladas...). »Ignorando o espectáculo das metáforas cinematográficas mais desconexadas da história da blogoesfera, sinto dentro de mim o biopoder, mesmo junto ao folhado de carne e à imperial tomados à pouco na pastelaria da Amadora, um pouco antes de assistir à forma como um indivíduo chamado Lanzarotti (isto só pode ser a gozar) é capaz de insultar na sua própria casa o treinador do Benfica. Depois das três piruetas encarpadas que quase valeram ao leitor a cadeira de rodas da análise política, devo perder-me aqui do meu objectivo inicial (explicar o pós-modernismo), pois que o pós-modernismo se explica a si próprio pelos mais insuspeitos representantes da produção institucional de consensos em torno da autoridade da tradição, neste caso a metanarrativa das liberdades constitucionais e da individualismo político: dois meninos que não fazem a mais pequena ideia do que estão a dizer mas insistem em produzir discursos convencidos de que nós tomamos as palavras pelas coisas. Qualquer um que digite num motor de busca o nome de Foucault demorará aproximadamente dois minutos a perceber que Foucault nunca foi um teórico do poder (ele próprio o afirmou várias vezes, na primeira pessoa) mas sim alguém que procurou fazer a história da subjectividade (daí as batalhas mortais contra a ciência), ou seja, na tradição inaugurada pelas “Luzes”, conjunto de ideias nada pós-modernas e que é “ao mesmo tempo, início da modernidade europeia - como processo permanente que se manifesta na história da razão - e desenvolvimento da racionalidade e da técnica – o que leva a colocar a questão “da autonomia e da autoridade do saber”, mas não simplesmente como um episódio na história da ciência. Daí a fractura entre os que como Chomsky pretendem, com sua “piedade”, que se guarde viva e intacta a herança da Aufklärung, e os erradamente conotados com o pós-modernismo, autores como Foucault, a quem indivíduos como Henrique Raposo, com manifesta dificuldade na leitura da língua portuguesa, qualificam como capazes de comer iluministas ao pequeno almoço. É tão dificil explicar aqui porque razão estas confusões são recorrentes (tanto como resolver problema de adpatação de extremos esquerdos à defesa das lateraia) que prefiro remeter o leitor para as páginas centrais da Revista TV 7 dias, que é onde se colhem com mais proveito analogias sintomáticas das relações entre discurso e verdade. Como diria Foucault, de quem recomendo a leitura, se era isso o pretendido, e senão tiverem que descascar as batatas para o jantar, «Esta piedade (dos que julgam a racionalidade universal como algo benéfico) é claramente a mais tocante das traições. Não são os restos da Aufklärung que se trata de preservar, é a questão mesma deste acontecimento e de seus sentidos (a questão da historicidade do pensamento universal) que é preciso manter presente e guardar no espírito como o que deve ser pensado.». Peço desculpa, mas o revisor pediu-me o bilhete.



A ler à tarde

Ficção e realidade ou vice-versa.

Os anos 80 foram mesmo parvos



sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Bom fim de semana

O que dizes disto alf?

CHOMSKY: Not even the most extreme postmodernist can seriously argue that there is no such thing as human nature. They may argue that the exact properties of human nature are difficult to substantiate -- this is certainly correct. However, it is impossible to coherently argue that an intrinsic, universal human nature does not exist. This amounts to the belief that the next human zygote conceived might just as well develop into a worm or a crab as a human being. Postmodernists might limit their assertion to denying any effect of human nature on our mental make-up -- our values, our knowledge, our wants, etc. This also makes no sense. The postmodernist will argue that a child growing up in New York will develop a certain way of thinking, and if that child had grown up amongst Amazon tribespeople she would have developed a completely different way of thinking. This is true. But we must then ask how a child could develop these different consciousnesses. In whatever environment it finds itself, the child will mentally construct a rich and complex culture on the basis of the extremely scattered and limited phenomena it is exposed to. That consideration tells us (in advance of any detailed knowledge) that there must be an extraordinary directive and organisational component to the mind that is internal. We can begin to see human nature in terms of certain capacities to develop certain mental traits. I think we can go further than this and begin to discover universal aspects of these mental traits which are determined by human nature. I think we can find this in the area of morality. For example, not long ago I talked to people in Amazon tribes and I took it for granted that they have the same conception of vice and virtue as I do. It is only through sharing these values that we were able to interact -- talking about real problems such as being forced out of the jungle by the state authorities. I believe I was correct to assume this: we had no problem communicating although we were as remote as is possible culturally.

O texto na íntegra está aqui

O que achas das frases que pus a bold? A impressão que tenho do Chomsky é que ele lê mesmo tudo o que há para ler e quando fala/critica um assunto é porque pensou mesmo naquilo.
Claro que isto não faz com que ele esteja sempre certo, mas ao menos denota um esforço sincero.
Quanto a muito do que se diz ser pósmodernismo a impressão que tenho é que existe muito pouco de esforço sincero tanto em compreender como em realmente criticar.
Mas como já te pedi. fico a espera do Idiot's Guide to Postmodernism.

Tenho escrito inapto na minha cédula militar, pelo que devo ser desculpado

Num dos locais onde melhor se pensa em Portugal li há pouco que existe em alguns de nós, como pedra irremediavelmente presa ao calcanhar (Aquiles parece que tinha este problema, o que não o impediu de esmagar Heitor), uma certa propensão para a inação. Parecendo que não vem ao caso, até vem. Isto porque o que se discute no âmbito do pós-modernismo é muitas vezes uma questão de método e de alcance. É claro que biltres e saloios existem em toda a parte. Da mesma forma, não foi um auxílio à clareza as misturas da crítica à hegemonia do discurso científico com os próprios espaços onde se faz o discurso científico. Em todo o caso, o facto de não se perceber um texto, hipoteticamente apelidado de pós-moderno, não quer dizer que isso implique legitimidade para passar ao dito texto umcertificado de desquailificação racional. Há muitas coisas que nós não percebemos e que mesmo assim transportam carradas de utilidade. Eu, por exemplo, nunca percebi porque é que o Benfica contratou um jogador chamado Vata que era qualquer coisa entre o Mantorras depois da lesão e a lentidão desconchavada do Bruno Caires, traduzindo-se a sua acção numa espécie de cruzamento entre o curandeiro africano e a melancolia inapta dos poetas clássicos, isto até ao momento em que, aí pelos 11 anos, no ano de 1989, pelas 20h45 da noite, de ouvido colado ao plástico perfurado do transistor, já com uma certa afluência lacrimal a subir à janela da alma, perante a iluminação nas meias finais da Taça dos Campeões Europeus, a multidão explode abruptamente, confundindo-se com o ruído do sinal da emissão, altamente distorcido, e o relatador apenas concebe balbuciar incrédulo que aos 89 minutos, num canto marcado por Vitor Paneira, Vata entra na área e com a mão empurra a bola para dentro da baliza do Marselha.

Ora portantos

Estou com duas horas (não consecutivas) de sono, o café sabe a lama, e daqui a quatro horas vamos ter que mostrar uma "live demo" do funcionamento do sistema, sendo que até às vinte e duas horas de ontem o bicho nunca tinha funcionado sequer razoavelmente. Aaaahhh.....

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Para o ex-jogador de Coritiba, Flamengo e Corinthians, seria 'injusto' para o mundo ver uma Copa sem a equipe onde atua o melhor jogador em atividade


Recorrentemte, inúmeros comentadores desportivos, sejam eles retardados, como Queiró ou Querido Manha, ou amaneirados, como Rui Santos ou Freitas Lobo, emitem juízos jocosos em torno dos "brasileiros" da selecção. Freitas Lobo, um dos mais complexos fenómenos do desvario mediático em que tropeçando vamos a caminho da desgraça, é o campeão dos briosos portucalenses de velha cepa, como se não tivessemos sido nós a inventar o Brasil. Se me é permitido, eu gostaria de chamar a atenção para o facto de os alegados "brasileiros" serem cidadãos da República Portuguesa, com tantos direitos e deveres como qualquer nascituro de Moreira de Cónegos. E para que não se repita, lembrem-se de que a qualificação da selecção não se deve a Raul Meireles, nem a Queirós, mas a esta instituição do empenho e do sacríficio altruísta em prol da equipa, que aparece aqui em cima num momento de rara elegância, que valeu o apuramente, no momento em que definitivamente estávamos arrumados, Liedson, varão ilustre da terra de Camões, que maneja desde pequeno essa pátria que é a língua portuguesa, com bastante mais rigor e clareza que Rui Santos ou Oliveira ou Rui Costa, mesmo estando estes num dos seus raros melhores dias. No final do jogo, Liedson afirmou: «Seria injusto para o mundo não ver Cristiano Ronaldo»: quem, nascido em Portugal, seria capaz de produzir esta prodigiosa frase?

Já a génese do Espírito Santo é uma coisa completamente explicada

Tempo

Steven Seagal é seguramente um dos vultos mais marcantes da cultura ocidental. E tem sido injustamente esquecido. No filme On Deadly Ground, aqui invocado, que a RTP ontem passou em hora apropriada, após a exibição de Bruno Alves no estádio de Zenica, Seagal procura desmontar uma tremenda urdidura contra a cultura Apache, ou Sioux, ou lá o que é, pela exploração horrorosa de uma montanha sagrada, onde repousam as neves eternas e um apetecível poço de petróleo. No filme, os diálogos com Michael Caine, atingem cumes de realização artística e filosófica que levariam Nuno Crato a ler Rosseau com atenção. Mas o que aqui me interessa é a capacidade de Seagal terminar uma cena de sova num bar repleto de operários petrolíferos numa lição espiritual sobre a conversão humana. Muito antes de Tarantino, Seagal encerra um sequência de quatro pontapés, duas fracturas expostas e uma cabeçada no nariz do operário-vilão com uma pergunta pela substância da natureza: «O que é preciso para mudar a natureza de um homem?» ao que o homem, sangrando violentamente do nariz, devolve uma majestática perplexidade de servo ferido e sofredor; «tempo», levando Seagal a abandonar o saloon com um silêncio maiêutico que faria inveja a Sócrates (é uma merda um gajo agora não poder citar o grego sem ser assombrado pelo fantasma do engenheiro da Covilhã). Isto leva-me até ao mais recente debate sobre o referendo ao casamento homossexual. Ribeiro e Castro e Jorge Bacelar Gouveia fizeram as despesas da protecção da família e do sagrado instituto do casamento, de tal modo que me arrependi, pelo menos duas vezes e meia, de ter trocado a última oração do terço (como é sabido a oração, por excelência, da família) pelos resumos da liga Europa. Ribeiro e Castro é aliás um indivíduo que idealiza a família ancestral como uma comunidade de afectos e de laços entre pais, filhos, tios, irmãos, padrinhos, primos, onde o Estado «ai de nós» não deve meter o nariz, em matéria de sexualidade. Agora não tenho tempo para apanhar um táxi e correr a avisar o Doutor Ribeiro e Castro que o Estado, a Psicologia, a Igreja, a Polícia, o Direito, o Seminário, a Medicina, os Escoteiros, o Hospital, a Empregada Doméstica, o Exército, o Bispo, a Prostituta, o Farmacêutico, o vendedor da Planeta Agostini, já metem todos os nariz na sexualidade há umas boas centenas de anos.

On Deadly Ground

Apesar de neste momento me ocuparem o espírito coisas tão relevantes como a liquidação de um carreiro de formigas que circula na bancada da cozinha, não posso deixar de manifestar, pela enésima vez, o meu mais profundo protesto pelo espectáculo deprimente protagonizado pelo mais destacado divulgador de ideias-estúpidas-acerca-de-problemas-filosóficos, o catedrático Nuno Crato. Começo por dizer que Crato é um homem simpático, que é fácil ouvir, com um esmerado sentido de comunicação e alguma acutilância na ponderação de assuntos científicos. O problema começa quando Crato, à boa maneira americana, como é sabido a sociologia ianque está impregnada do provincianismo pioneiro de familías de rurais analfabetos largadas em desgraça nas desertificações continentais de um mundo violento e hostil ao homem branco - depois transformada na postiça ideologia do vencedor (que não é mais do que um tremendo medo de tudo e de todos disfarçado, depois, com o deslumbramento dos novos ricos, com muita ignorância e self confidence), dizia eu que o problema é quando Nuno Crato procura catequizar-nos sobre os méritos educativos do «método científico» e sua suposta iluminação colectiva. Procurando não começar já a rir, eu gostaria de explicar a Crato, se alguém, por acaso, tiver o seu telefonte, que ninguém pretende contrariar a ciência. Mas Crato ainda não percebeu que aquilo a que chama de Ciência pode ser o mesmo que vários outros pensadores chamam de Crítica. Acontece que Crato quer reduzir todo o paradigma de conhecimento à delimitadíssima noção de «exigência», não lhe ocorrendo que o seu paradigma de compreensão do mundo, embora fundamental, não esgota a realidade e muito menos permite que Crato compreenda melhor o mundo do que qualquer um de nós, sejamos ou não pós-modernos, uma vez que Crato explicará como funciona a torradeira e o telemóvel, mas o cigano, como bom selvagem que é, explicará a Crato como se educam filhos que não choram ao primeiro espirro de contrariedade. Certo é que Crato compreende melhor uma parte do mundo, assim como os historiadores e os pós-modernos ou mesmo os preguiçosos compreendem outra parte, não menos importante. Quanto muito, Crato fica habilitado a dominá-lo de forma mais efectiva (não vou invocar o aquecimento global), sendo que é muito discutível se este domínio não o afastará da compreensão do mundo, mais ainda do que à minha tia analfabeta que beija os pés da imagem de Nossa Senhora e calcula a metereologia pela direcção das nuvens, mas sobreviviria sozinha na montanha vários anos (quando Crato não duraria três semanas). Não é preciso ser Jorge Jesus para perceber que há muitas maneiras de ganhar um jogo. Isto são banalidades, é certo. Contudo, seria necessário explicar ao catedrático Crato que a objectividade do real move-se por caminhos bem mais misteriosos do que aqueles que julga vislumbrar. Dois exemplos: 1) Crato afirma no seu justamente famoso livro sobre o eduquês, apoiando-se num absurdo dicionário de filosofia de língua inglesa que Jean Jacques Rosseau influencia, alegadamente de forma negativa, a pedagogia pós-moderna. 2) na recente autobiografia publicada no Jornal de Letras, Crato afirma ter sido fascinado na juventude pelas ideias de Marx mas menos pelas de Foucault. Ora, concordo profundamente com Crato quando afirma que os programas educativos não podem ser configurados a partir do que os alunos gostam ou que a formação dos professores é essencialmente na matéria que vão ensinar. Todavia não é desculpável que Crato ande a invocar o nome de filósofos que não leu. Pois é, isto é tão objectivo como a matemática: bastam duas linha de crítica a filósofos como Rosseau ou Foucault para alguém que os tenha lido, perceber em dez segundos, se a pessoa que os critia os leu ou não. E é óbvio que Nuno Crato não leu nem Rosseau nem Foucault. Porquê? Isto leva-me à derradeira e mais relevante questão deste post. Crato nem repara, na sua impância tecnocrata, que pretende resolver um problema histórico (porque razão os teóricos da educação se profissionalizaram dando origem ao eduquês) sem sequer conseguir identificá-lo o que o leva, em desespero, a atirar todos os disparates pedagógicos (e concordo que eles existem como cogumelos) para as pobres costas de Jean Jacques Rosseau. Apetece-me citar Nossa Senhora de Fátima e rogar a todos os exigentes da educação que «não ofendeis mais a Jean Jacques Rosseau que já está muito ofendido». Pois é: seria o mesmo que um historiador procurar comentar equações de Einstein a partir de leituras da sua biografia. O resultado das deambulações de Crato por matérias que lhe escapam (como a complexa história das instituições educativas) é o retorno à crítica do céu (a estratosfera das ideias na definição dos comportamentos) que representa no pensamento da história mais ou menos o mesmo que um retorno à Síntese Matemática ptolomaica para explicar o movimento da terra: é bonito mas não chega.



Não li com muita atenção mas parece-me interessante

outra Física.

Chamada de atenção

A JR já o colocou aqui, mais ao menos ao mesmo tempo em que lia a noticia no Publico. De facto são estas pessoas que me fazem lembrar que faço muito pouco ou nada pelos outros.

A derrota, essa amiga da mão na bola

Yes, that is true. But what is done is done. I admit it: there was a hand. The referee did not see it. Mais aqui

Interessante


quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Agnus Dei



Já foi identificado e está tranquilamente a ser encaminhado pelos verdugos para a pira, há já muito preparada. Quase que tenho pena do moço.

Ich bin ein Vienner



Similar protests began last week at Vienna’s Academy of Fine Arts after students and teachers rejected changes under a Europe-wide reform of higher education called the Bologna Process. The reforms are aimed at making it easier for students to study abroad and making university degrees equally recognizable in participating countries.
But the University of Vienna protesters say the reforms take away their flexibility to personally structure their degree programs. They also reject discussions of the reintroduction of tuition for Austrians and EU citizens, and want fees for foreigners and longtime students to be scrapped. The protesters also want entrance exams to be abolished, saying education should be open to everyone.

"The result is intercontinental as well as inter-EU competition, within which single universities and their departments compete amongst themselves for the best results and statistics. The processes involved in the creation of an education economy with knowledge as the traded commodity correspond with the general ambitions of privatization and commodification in all spheres of life under neoliberal capitalism. They lead to educational institution’s increased dependency on their sponsors; cynically defined as the autonomization of the universities."

In the composition of the Bologna 3-level study model, a paradigm change has manifested itself, in the last few years there has been a shift from a pluralistic education ideal to an economy orientated education. The Academy of Fine Arts Vienna has repeatedly and explicitly positioned itself against this degradation and the establishment of the Bachelor-Master system.

We declare solidarity with the education protests in Bangladesh, Brazil, Germany, Finland, France, Greece, Great Britain, India, Iran, Italy, Japan, South Korea, Croatia, Netherlands, Serbia, South Africa, USA.


What started as a spontanious act of protest, within the course of just a week, evolved into massive student protests throughout all major Austrian university cities. The University of Vienna, for example, has been constantly occupied by several thousand people. Self-organised action groups have built an efficient infrastructure that includes a public kitchen, first aid and legal consulting. In addition to that 100 work groups have been formed, whose main subject is the discussion of strategy and demands.

The students have presented a broad catalogue of demands to government and university policy makers. Demands include the democratisation of all aspects of university life, a massive increase in funding, free and equal admission for all with the necessary qualifications and the implementation of accessible/barrier-free studying for those with special needs. The students are also calling for a ``50% women’’ clause for all positions in university administration and the education system.

Leading figures from politics, culture and society at large consider the protest movement as a seismograph for problems that reach far beyond the education system. So far, more than 350 university lecturers and researchers have declared solidarity with the occupying students and many actively participate in the protests. The highly precarious working conditions that university staff increasingly face, including short-term contracts and little job security, has a detrimental effect on the quality of research and teaching.

After the widening of the protests and the numerous declarations of solidarity from all over the world, the Austrian government finally reacted. The minister of science and research Johannes Hahn promised 34 million euro from the ministry’s reserve budget. The protesters believe this gesture is not in the least adequate to effectively solve the range of structural problems.

Nem só de jazz vive o homem

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Thinks have taken a turn for the worse

Não sei o que é pior. Se ter que fazer uma directa, se ter que a fazer com café que sabe a lama.

Obviamente que isto não é digno de ser noticiado

Enquanto se fala da visita do Obama e da sua defesa dos direitos humanos (coisa que iraquianos, afegãos, sauditas, angolanos, turcos, etc, etc, etc pelos vistos não têm) eu prefiro ver e saber destas notícias.

Claro que manifestações de 10000 estudantes, universidades ocupadas durante vários dias, movimentos estudantis que se espalham pela Europa, são tudo acontecimentos comezinhos e no máximo dos máximos insignificantes.



Fotos.
Fotos II.

Link
LinkII
LinkIII
LinkIV
LinkV
LinkVI

Comparado com isto, Alcácer-Quibir foi um passeio à beira-mar



Valha-nos o Freddie Hubbard.

Um problema famoso e a sua explicação.

Hilariante!!!

É também importante saber se a banca portuguesa é, ou não, manipulável pelo partido do poder. O MP deveria investigar tudo isto, porque seria bom verificarmos se Portugal é uma democracia, ou se, na verdade, é um pântano onde políticos e banqueiros-que-foram-políticos tudo controlam nas costas de toda a gente.

Como me sinto benevolente não vou insultar este biltre e vou responder às questões:

O mundo empresarial manipula, coage e chantageia o partido que está no poder. E já agora qualquer outro partido meu caro. Sendo mais manipulável o partido PS/PSD. Note-se o singular da última frase se faz favor.

Se quer mesmo saber Portugal é uma poliarquia oligárquica (desculpem o pleonasmo) pantanosa aonde políticos, banqueiros, e demais pessoas ligadas ao tecido corporativista têm de facto poder de decisão. E não o fazem nas costas de toda a gente. Fazem-no bem de frente para que saibamos quem manda.

Sugestões de leitura para um melhor entendimento sobre o que é de facto uma poliarquia ficam aqui:
I
II
III
IV

Outra sugestão que deixo ao autor de tão profundas e prementes questões é que (re)veja o significado destes termos:
Nepotismo
Fisiologismo

Isto está cada vez pior

mas os nossos ouvintes estejam tranquilos, que está tudo bem com a minha pessoa e o Sporting esta semana ainda não perdeu nenhum jogo. Há que estar grato por pelas pequenas coisas da vida.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

De facto, professor, não existe a economia de mercado

"Há 243 mil famílias em Portugal sem acesso a contas bancárias"

Reforços de inverno

The sh** has definitely hit the fan

The hardest thing, Matt, in life is to face reality. When you grow up being educated by myths.

I suggest that the teacher who wants to indoctrinate his students in the traditional role of the scientist as a neutral fact finder should not use historical materials of the kind now being prepared by historians of science: they will not serve his purposes.

A situação acabou de ficar desesperada

A situação é séria, mas não desesperada



domingo, 15 de novembro de 2009

Os meninos à volta da fogueira

A compreensão do universo pode não estar ao alcance do meu cérebro alimentado a cafeína, mas em verdade vos digo que ainda faltam 4 dias para eu pisar solo olissiponense. Mas então porque é que o universo é (não é) compreensível ?. O que é que explica "The unreasonable effectiveness of mathematics in natural sciences" ?

Acho que sei como Bruno se sentiu

"...we must recognize how very limited in both scope and precision a paradigm can be at the time of its first appearance. Paradigms gain their status because they are more successful than  their  competitors in  solving a few problems that the group of practitioners has come to recognize as acute. To be more successful  is not, however, to be either completely successful with a single problem or notably successful with any large number. The success of a paradigm-whether Aristotle's analysis of motion, Ptolemy's computations of planetary position, Lavoisiert application of  the balance, or  Maxwell's mathematization of  the electromagnetic field - is  at the start largely a promise of success discoverable in selected and still incomplete examples. Normal science consists  in the actualization of that promise, an actualization achieved by extending the knowledge of  those facts that  the paradigm displays as particularly revealing, by increasing the extent of the match between those facts and the paradigm's predictions, and by further articulation of the paradigm itself.

Few people who are not  actually practitioners of  a mature science realize how much mop-up work of this sort a paradigm leaves to be done or quite how fascinating such work can provein the execution."

"Nor do scientists normally aim to invent new theories, and they are often intolerant of those invented by others. Instead, normal-scientific  research is directed to  the articulation  of  those phenomena and theories that  the paradigm already supplies."

Está mesmo quente por aqui não acham?

"People have a right to believe whatever they like, including irrational beliefs. In fact, we all have irrational beliefs, in a certain sense. We have to. If I walk out the door, I have an irrational belief that the floor is there. Can I prove it? You know if I’m paying attention to it I see that it’s there, but I can’t prove it. In fact, if you’re a scientist, you don’t prove anything. The sciences don’t have proofs, what they have is surmises. There’s a lot of nonsense these days about evolution being just a theory. Everything’s just a theory, including classical physics! If you want proofs you go to arithmetic; in arithmetic you can prove things. But you stipulate the axioms. But in the sciences you’re trying to discover things, and the notion of proof doesn’t exist."

E a fogueira continua a arder

"When people talk about what science tells you about human affairs, it’s mostly a joke. Incidentally, I don’t think religion tells you very much either. So it’s not that science is displacing religion, there’s nothing to displace."

Só para deitar mais achas à fogueira

"In fact, if you look at the history of science seriously, in the seventeenth century there was a major challenge to the existing scientific approach. I mean, it was assumed by Galileo and Descartes and classical scientists that the world would be intelligible to us, that all we had to do was think about it and it would be intelligible. Newton disproved them. He showed that the world is not intelligible to us. Newton demonstrated that there are no machines, that there’s nothing mechanical in the sense in which it was assumed that the world was mechanical. He didn’t believe it — in fact he felt his work was an absurdity — but he proved it, and he spent the rest of his life trying to disprove it. And other scientists did later on. I mean, it’s often said that Newton got rid of the ghost in the machine, but it’s quite the opposite. Newton exorcised the machine. He left the ghost.
And by the time that sank in, which was quite some time, it just changed the conception of science. Instead of trying to show that the world is intelligible to us, we recognized that it’s not intelligible to us. But we just say, ‘Well, you know, unfortunately that’s the way it works. I can’t understand it but that’s the way it works.’ And then the aim of science is reduced from trying to show that the world is intelligible to us, which it is not, to trying to show that there are theories of the world which are intelligible to us. That’s what science is: It’s the study of intelligible theories which give an explanation of some aspect of reality."

O homem do autocarro



Carlos Carvalhal confirmado no Sporting

Tenho procurado o amparo e conforto desta senhora



repetidamente, nos últimos tempos. Faltam 5 dias para me pisgar.

sábado, 14 de novembro de 2009

E o otário a dar-lhe

A sério que ele de certeza absoluta que não leu os Federalist Papers. A sério que não...

Aquela merda é um ataque bem sério e frontal à democracia e uma defesa sem pejo nem vergonha de um regime oligárquico.

Mas se calhar o erro é meu ao assumir que aquele biltre pensa que os Federalist Papers são algo de muito democrático.

Este livro devia ser lido por políticos, magistrados e jornalistas portugueses.
 Não, não seu biltre. Este livro devia é ser lido por ti.

Ps: Leiam o capítulo V deste livro se faz favor.

Não, não meu caro... É uma grande responsabilidade mesmo

Na entrevista ao Correio da Manhã/Rádio Clube, que será publicada amanhã, o ex-presidente do CDS considera que a actuação do presidente do Supremo Tribunal de Justiça e do procurador-geral da República no caso das escutas ao primeiro-ministro revela uma grande irresponsabilidade.

E aí vamos nós-todos, outra vez, e a grande velocidade, em direcção à idade média, época em que isto era suficiente e nós-todos chafurdávamos na lama

Depois, é preciso ter em grande consideração o bem comum. Amar alguém é querer o seu bem e trabalhar eficazmente pelo mesmo. Ao lado do bem individual, existe um bem ligado à vida social das pessoas: o bem comum. É o bem daquele « nós-todos », formado por indivíduos, famílias e grupos intermédios que se unem em comunidade social. Pode acrescentar-se que este é mais ou menos o raciocínio de Cristina Caras Lindas naquele seu livro que inclui no título a expressão «sandálias», iniciando-se aqui uma relação simbólica (sandálias, pescadores, encíclicas papais) que não tem sido explorada em toda a sua plenitude, e muito injustamente, diga-se.


Efectivamente, há mesmo aqui um problema sério com o domínio da arte de metaforizar

Não podem só aguentar mais bocadinho este novo José Mourinho e génio do futebol, digamos, só até daqui a duas semanas?


sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Carta aberta a Maradona, precedida de um prognóstico antes do jogo (Villas Boas, Nobre Guedes, Sá Pinto - 0, Aimar e companhia - 2)

É sempre com grande ternura que assisto às piruetas argumentativas de indivíduos com formação em ciências ditas exactas, não obstante a genealidade dos indivíduos em causa, no momento de se aventurarem nos terrenos pantanosos da especulação filosófica sobre o lugar da ciência enquanto prática, ou da sua consagração no altar das dignidades sociais contemporâneas, mesmo reconhecendo desde já que no futebol não há homessexuais, desde que o aforismo valha apenas retrospectivamente e somente até 1982, ano em que Pietra, Toni e Humberto Coelho abandonaram a equipa do Benfica, criando a janela de oportunidade para que inúmeros gays suecos (de pernas e facies rapadas) pudessem passear-se nos relvados portugueses. Que a ciência é uma puta que não deve aborrecer (é uma mulher e ama um guerreiro), já um alienado e pervertido moral como Nietzsche o tinha descoberto, enquanto calcava com as suas botas germânicas as neves dos alpes (o passeio pedestre é a única actividade que permite aos intestinos trabalharem os conceitos sem descambarem numa diarreia em torno da superioridade moral da prática científica); e mesmo sem nunca ter posto a cabeça dentro de um sistema informático, o próprio Fernando Pessoa, entre dois copos de aguardente, e quatro frequências de casas de prostituição no Bairro Alto, foi capaz de rir-se «das ciências, meu deus, das ciências». O ponto sensível da prostituição reside quando o próprio Maradona cede o flanco, afirmando que não vale a pena promover a ciência «para além da exposição do âmbito dos seus métodos e das suas razões», como se «o método e o âmbito das ciências» pertencessem a um albergue espanhol repleto de questões há muito resolvidas. Para além da consciência de que Michael Thomas ter sido o pior trinco na história do Benfica (mesmo tendo em conta Bruno Caires, ou a corredor esquerdo no tempo de Nelo) não existe acordo sobre quase nenhum aspecto da actividade humana, e muito menos dessa actividade progressista e iluminista que agora se compara à prostituição (esta última, a segunda actividade mais progressista e iluminista da história da humanidade). Precisamente porque «está mais que visto que o "acreditar" humano trabalha a muitos niveis, alguns deles significativamente diferentes ou distantes dos trâmites da racionalidade», é que «o âmbito dos métodos e das razões da ciência» não deixam descansados os funcionários da mesma grande multinacional que é a prática científica ortodoxa, normalmente ligada a uma veneranda Universidade, e se desdobram, esses funcionários, em cambalhotas estilísticas cruzadas com argumentos lógicos e parenética científica, o que mais uma vez configura uma fragilidade no teu argumento Maradona, quando mostras perplexidade «extraordinária» por uma suposta Professora Universitária não ser capaz de «reconhecer as fragilidades do seu ofício quando se confronta com a psicologia humana». É da necessidade da manutenção do seu ofício universitário (se quisesse ser eruditos chamar-lhe-ia ciência normal, mas já citei Nelo, o que é suficiente) que nasce o ímpeto cego da defesa da boa ciência (a ciência que ela pratica, entenda-se) e a contínua negação da fragilidade do conhecimento, o que, naturalmente, impede os ministros da ciência (magister) de reconhecer que a multicplicidade dos «trâmites da racionalidade são por vezes imunes à aplicação da razão à própria racionalidade». Em suma, caro Maradona, (e com isto é preciso notar que ainda julgo que és, neste momento, um dos maiores autores de língua portuguesa, ainda que com claras fragilidades no campo argumentativo, o que, sejamos sinceros, é perfeitamente aceitável num indivíduo cujo cultivo da metáfora está condicionado pela prática da estética e não da técnica), parece evidente que nunca deixámos nem velha filosofia, (mesmo que seja ela, e sempre, a puta mais competente, e a que menos aborrece) nem a pergunta sobre a possibilidade do ensino da virtude: debaixo desta discussão sobre as virtualidades do método científico, ou mesmo do possibilidade de atribuir o direito de cidade a actividades exotéricas capazes de gerar bem-estar social, está sempre o problema da verdade, autêntica pedra no sapato dos cientistas, mesmo os que, como tu, têm uma perspectiva esclarecida da ciência: permitir-me-ás que num blog erudito como o teu, haja lugar para invocar um filósofo erradamente rotulado de pós-moderno, homossexual, cujo único defeito foi não ter sido contratado para a direcção técnica do Benfica, nesse momento melancólico que acompanhou a chegada de Artur Jorge (foi o fim da ciência benfiquista): é que a ciência sustenta-se num suporte institucional (normalmente as Universidades), onde é ao mesmo tempo reforçada e reconduzida, disciplinada por um conjunto de práticas, mais ou menos passíveis de credo racional, mas com amplas fragilidades irracionais – a pedagogia, a edição, o peer review, as sociedades de sábios, os laboratórios, a selecção dos fundos das Bibliotecas, a adaptação ao mercado, a utilidade, o que não impede que a ciência apenas veja reconhecida a dignidade do seu âmbito metodológico através da forma como o seu saber é valorizado, distribuído, repartido e aplicado nesse conjunto de indivíduos humanos a que chamamos sociedade; é o velho princípio grego que podemos considerar a título metafórico: «a aritmética pode ser tema das cidades democráticas, pois ela ensina as relações de igualdade, mas somente a geometria deve ser ensinada nas oligarquias, pois demonstra as proporções na desigualdade». Não falo sequer daquele tipo com óculos estilo Rui Santos, da Gulbenkian, ganhador do euromilhões dos cientistas, que quer estudar mecanismos de decisão humana em ratinhos, ideia totalmente compatível com a desproporcionalidade estética dos seus óculos, mas totalmente hilariante numa perspectiva, digamos por facilidade de expressão, minimamente informada, não porque junte ratinhos e humanos, uma vez que não os separa qualquer dimensão teológica ou simbólica que impeça as comparações, penso até que os ratinhos sõa bem mais dignos da atenção da ciência, mas porque separa humanos e ratinhos um problema técnico da mais alta relevância: a complexa diferenciação entre espécies ao nível dos mecanismos da linguagem (e sabendo a importância desta na definição de quadros neurológicos) mais uma vez se confirma que os defensores da boa ciência têm qualquer coisa de padre de Boticas e não são certamente as paletes de estilo que emergem dos óculos escuros com que se dão entrevistas ao jornal da Tarde, transmitido, todos os dias, com densa aparelhagem tecnológica – ou seja, recorrendo à mais debochada prostituição -, a partir do Monte da Virgem, nessa cidade invicta que é o Porto.

Faltam 7 noites

para me ir embora donde estou. Não tenho biografia intelectual.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Regina Spektor que estás comigo às 23h35


O momento menos marcante da minha biografia intelectual, emocional, racional, passional, irracional e tudo o mais que termine em al e sirva para rotular um qualquer aspecto da psique humana

Numa aula de Geografia o nosso comportamento tinha sido mesmo mau. Não havia nem rei nem roque e cada qual fazia o que queria.

Às tantas, imensamente chateada, a professora pôs cobro a situação e obrigou-nos a fazer uma composição aonde devíamos avaliar o nosso comportamento e o da turma.

No dia seguinte, quando a professora leu os textos, ficámos a saber que toda a gente achava que se tinha portado mais ou menos bem, mas que o resto da turma se tinha portado mal...


O acontecimento mais marcante da minha biografia intelectual (sim tive dois acontecimentos mais marcantes na minha biografia intelectual)





Li este livro até me fartar e depois li-o mais umas quantas vezes. Agora que penso nisso acho que está na altura de o ler mais uma vez...

Já que estamos a partilhar: eis o acontecimento mais marcante da minha biografia intelectual


Mousa: [as Rambo prepares to play Afghan game 'buzkashi'] God must love crazy people.
Rambo: [getting on horse] Why?
Mousa: He make so many of them!

Mais aqui

Apareçam

Clique aqui em baixo e descubra em apenas dez segundos porque é que o leitor deve vomitar se voltar a ouvir um argumento liberal de ataque à leitura

Solução

O acontecimento mais marcante da minha biografia intelectual





Calma que ainda são 15 horas e treze minutos, pelo que o dia não estará perdido se desde já fores fazer algo de útil

Uma das vantagens substanciais em ler os textos da Ana de Amsterdam é ficarmos a saber, entre variadíssimas e preciosas pérolas, que: a) o pai de Ana tem uma secretária que veio de Moçambique; b) arranjou um corrector goês que lhe trata dos investimentos na bolsa indiana; c) entra na cozinha muito alegre a pedir um beijinho à mulher, o que na teoria hermenêutica da família de Ana de Amsterdam significa que as «coisas têm corrido bem»; d) tem uma prótese fixa, amanhada algures num país exótico; e) há batalhas que já não merecem ser travadas, referindo-se ao casamento homessexual. Vejo-me forçado a concordar, sobretudo com esta última conclusão: mais que todas, a batalha do talento é uma batalha perdida desde a primeira hora. Mesmo quando a perseverança se revela uma virtude elegante e necessária, nada salva uma frase escrita com uma intenção mal fundamentada, isto é, pouco apoiada nessa coisa indeterminada que é a inequívoca sensação de tranquilidade (o que explica os encómios a Paulo Bento na hora da despedida,) que inunda todos os que sempre souberam que «nada se perde por mais que aconteça/ uma vez já tudo se perdeu».


O acontecimento mais importante da minha biografia intelectual foi a compra deste postal na feira do Fundão no fim do Verão do ano de 1985


Em primeiro lugar, que diria Francisco José Viegas se tivesse que apresentar um livro cujo tema fosse o comentário técnico-literário a cada um destes prodigiosos criadores do meio intelectual português, fotografados nesta pose masculina, agora que os profissionais do futebol parecem todos nascidos na Quinta da Marinha e até ostentam nomes como Vilas-Boas? É claro que a apresentação desse livro imaginário não poderia ser precedida da interpretação em quarteto de cordas do Nocturno de Borodin, sendo bem mais apropriada a audição do inesquecível tema «O que é que você vai fazer Domingo à tarde» de Nelson Ned. Mas atente o leitor na veracidade telúrica desta equipa, considerando, a título de exemplo, o trio Nené, Humberto Coelho, Toni, antes de voltar a expressar qualquer entusiasmo perante uma cabriolagem de Di Maria ou um espasmo muscular de David Luiz. É que, como diria Herberto Helder, havia aqui «uma essência de oficina», tanto como a energia da «madrugada e a noite triste tocada em trompete», e isso, meus caros, não se repete todos os dias, mesmo se Javi Garcia representa para todos os homens portugueses uma secreta esperança de que o futebol volte a ser o que era, agora que se pretende a legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo. Além de que o comentador hodierno, inspirado pelas influências homossexuais do proto-director desportivo Luís de Freitas Lobo, ao entender o futebol como articulado de pernas depiladas e passos de dança amaricados, esquece frequentemente a máxima de Bela Gutman: o futebol é 50% técina e 50% força, o que só reforça a ideia (se pensarmos que a técnica pode condensar nos seus 50%, outros 25% de destreza - que não deixam de ser uma categoria de força) de que qualquer um destes jogadores, acima representados, poderia esmagar com uma só mão o crâneo de Futre, Juari, Gomes, Domingos Paciência ou Kostadinov, o que explica a ignominiosa debácle do Benfica no final dos anos 80 e a minha definitiva inclinação para os poetas melancólicos.

Frases cujo efeito inspira no leitor um profundo sentimento de caridosa piedade

"O mundo não é aquilo que pomos no ecrã"

O acontecimento mais importante da minha biografia intelectual de adolescente foram quatro nespras gamadas numa noite de Agosto num quintal do bairro

O poeta e matemático M.S. Lourenço, no momento da sua morte, mereceu grandes encómios a Francisco José Viegas, para não falar da edição de toda a obra pela Assírio e Alvim, edição cujo peso (literalmente) serve tanto de arma de defesa pessoal como de contrabalanço para erguer uma eventual gaiola de papagaio no quintal a partir dos princípios de Arquimedes, desde que se ache nas imediações, claro está, um ponto fixo. Mas o acontecimento que me obrigou a escrever algumas linhas e a abandonar aquele momento do Trio de Ataque, em que Rui Moreira procurava explicar como é que, não estando em causa a justiça da vitória do Benfica, se podia observar uma manifesta interferência de Lucílio Baptista no lance da falta sobre Angelito, prende-se com uma entrevista de M.S. Lourenço, em que o poeta, e especialista na obra matemática de Godel, afirmava que o acontecimento mais importante da sua biografia intelectual de adolescente foi ter encontrado numa livraria em Sintra um livro em francês (o leitor encontra-se já agoniado perante a conjunção de factores como intelectual, adolescência, livro em francês e Sintra, o que me leva, desde já, a endereçar um pedido de desculpas), «cujo título continha uma combinação de palavras tão enigmáticas como a esfinge: Introduction à la Philosophie Mathemátique de Bertrand Russel». No momento em que estas palavras foram convocadas pela acção descontrolada do meu sistema nervoso periférico, com polarizações e despolarizações eléctricas de todas as minhas membranas celulares, tornou-se claro que M.S. Lourenço, sendo um gigante do pensamento lógico, quis transportar para a literatura este tipo de epifanias retrospectivas acerca da importância dos livros na adolescência. Não seria necessário indagar muito mais, depois de lidas as declarações onde o mesmo Lourenço se refere a uma «certa concepção afrancesada da filosofia como uma forma inconsciente de história universal das ideias vagas», uma vez que o problema dos anglófilos e da sua incapacidade congénita de entender a tradição francesa (que tanto pariu o discurso do método de Descartes, quanto todos debitavam a metafísica aristotélica, como pariu a crítica do discurso de Foucault, quando todos debitam a metodologia cartesiana do método) é tão clássico como a dificuldade dos revisores da linha de Cascais em entender as razões que levam alguns passageiros a viajar sem bilhete, até porque não é necessário qualificar a crítica, quando o argumento se desqualifica a si próprio. Remeto antes o autor para os versos fulgurantes de M.S. Lourenço, do poema «O sutra de Patrícia Rimpoche», publicado na revista Colóqui Letras, e reeditados pela Assírio Alvim no referido calhamaço: «O choque da inspiração global,/ A descarga contínua da corrente,/Rasga o cérebro em carne viva./ Instantânea, pois, a descoberta./ Mas o milagre é cagar de manhã,/ Espontâneo, e limpar o cu à relva.» Não sei se terá sido a erudita formação em Oxford, ou a experiência alucinogénea de Berkeley, o facto é que isto é mau, muito mau, precisamente porque pretende fundar num terreno de supostas ideias vagas, a poesia, a oposição a valores que M.S. Lourenço não admitiria na sua disciplina de especialidade, a lógica. Como tão bem sabe um ex-guarda-redes alemão do Benfica, a quem esta época, se o objectivo é conquistar o título, eu trocaria já por Di Maria, a vida é fodida; expande-se para segmentos cerebrais onde nem os dotes taumatúrgicos de Jesus Cristo, soprando ou assobiando, nos valem a salvação da tragédia que é estar vivo e não ter nada a dizer, porque tudo é tão simples, como o facto de que nem sempre querer é poder.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Digam-me que não fui o único...

... a ver o jornal 2 no dia 10 de Novembro de 2009. Por favor digam-me isso!

Vou só esperar que o vídeo fique disponível no site da rtp e cá ponho a parte que interessa.

E prontoxe... Era só isto.

O beliscão na sociologia do Sacramento: algumas consequências

Não tenho muitas ideias sobre a concretização institucional da vontade amorosa entre indivíduos do mesmo sexo, da mesma forma que sou tentado a hesitar sobre se Jorge Jesus deve retirar imediatamente a titularidade a Quim e promover Júlio César, que já mostrou capacidades técnico-psicológicas de índices superiores às demonstradas por Silvino ou mesmo as de Manuel Galrinho Bento, em época anterior ao uso do bigode, ou esperar por uma espectacular frangalhada de Quim, a fim de pontapear este último para o banco de suplentes, onde normalmente decorrem os momentos mais animados de um jogo de futebol, e, enfim, promover, perante o assentimento geral da comunidade benfiquista, a titularidade do brasileiro com feições nordestinas, muito próximas do tipo Tafarel, o que só pode ler-se como um bom augúrio romano perante as entranhas de aves de rapina. Embora possa duvidar-se de tudo, desde o teorema de pitágoras, passando pela exploração capitalista de Antigo Regime, até ao verdadeiro número ostentado por Vata quando marcou um prodigioso golo a uma equipa de Marselha, o facto é que, não tendo a instituição família nascido ontem, há indivíduos que parecem ter nascido há dois minutos e meio, tendo apenas tempo para verificar o funcionamento do frigorífico, engolir uma banana e ler as obras completas do cardeal D. José Policarpo numa versão para executivos sem tempo para ler as obras do cardeal D. José Policarpo. Se não, veja-se o caso de Afonso Azevedo Neves ao afimar: «o Sacramento que celebrei com a minha mulher na presença de Deus não fica minimamente beliscado com o contrato civil que o Joaquim e o Zé querem celebrar, já vivem juntos há anos, pois que casem.» Desconheço se o Joaquim e o Zé beneficiam desta graça de que Afonso Azevedo Neves e sua mulher tão condignamente beneficiam, sequer se vão aceitar o repto e casar, restando a preocupação sobre se o Sacramento será ou não beliscado perante a vontade do Joaquim e do Zé. Várias questões: o Joaquim e o Zé querem celebrar algum Sacramento? O Joaquim e o Zé pretendem estar na ditosa presença do Senhor? O Joaquime o Zé já vivem juntos há algum tempo, é que ninguém me tinha dito. A verdade é que tudo dependerá do local onde o referido Sacramento for beliscado (na cabeça, por exemplo, não costuma ser razão para preocupações com a sintomatologia; no rabo, pode eventualmente resultar num edema o que implicará medidas profiláticas; se for nas partes genitais, o Sacramento pode sentir-se na necessidade de retaliar, de acordo com as santas regras da natureza, e aí o Joaquim e o Zé que se cuidem, pois mesmo vivendo juntos há anos não é impunemente que se belisca um fenómeno estabelecido na presença de Deus. O Sacramento costuma ver o Benfica no mesmo café que eu e é um gajo lixado. Por outro lado, suponhamos que o Sacramento era celebrado na presença de Luís de Matos: podia efectivamente falar-se na probabilidade de toda a gente sair beliscada pelo simples facto de Luís de Matos ser uma criatura que faz descer, automaticamente, o índice de audiência de qualquer programa ou evento que estabeleça uma relação de parenteco com o mágico, o que nos levaria a considerações de ordem sociológica, mas o tempo da Igreja, que não se coaduna com discussões que impliquem argumentos, pertence à família de acontecimentos cronológicos cuja rapidez pode ser colocada no tipo de intervalo temporal que Caicedo leva desde que a bola chega às imediações do seu raio de acção até que qualquer coisa no espaço fisício aconteça entre a referida bola e qualquer outro corpo em deslocação num raio de pelo menos 150 metros.

Aletria com atum

Continuo a achar que António Pedro Vasconcelos é muito melhor comentador de Camilo Castelo Branco, mormente o Camilo das disputas entre velhos senhores de Entre Douro e Minho por vínculos da jurisdição de Felgueiras, do que analista de jogadores, sobretudo porque a leitura de prefácios a obras de Camilo ou Teixeira de Pascoaes não pressupõem a audição daquele sibilar que lembra os ventos das penedias de Viseu a roçar, ao de leve, nas faces graníticas da serra. Se um indivíduo afirma que Maxi Pereira não tem classe para jogar no Benfica, e atenção ao timing em que digo isto, após, provavelmente, a pior exibição do Uruguaio ao serviço das águias (para os leigos, este recurso da invocação do timing - em que o opinador invoca a sua própria ombridade e coragem por efectuar uma crítica num contexto de grande adversidade, tendo em conta o sentido lógico da sua argumentação - é um dos recursos mais prestigiados do cronista desportivo hodierno, sobretudo se foi capaz de engolir três minutos da análise de Luís de Freitas Lobo sem coçar, preocupadamente, o alto da cabeça) dizia eu que se um indivíduo afirma que Maxi Pereira não tem classe para jogar no Benfica (note-se que os conceitos «classe» e «não tem» remetem para gravíssimos problemas, quer da ordem da evolução histórica da teoria da propriedade, quer para as complexas identificações da estratificação social, agravadas neste caso por se tratar de uma estratificação dentro de um segmento profissional, o que nos levaria à questão da avaliação dos professores não fosse o facto de estar prestes a iniciar-se mais uma edição de Trio de Ataque em que Rui Oliveir e Costa vai repetir duzentas e dez vezes a expressão «ponto» para, precisamente, pontuar o final de cada ideia) dizia eu que é impensável que António Pedro Vasconcelos, realizador dos Imortais, o filme mais conseguido de toda a história da produção portuguesa com o final menos conseguido de toda a história da produção portuguesal, tenha um dia pensado que Maxi Pereira não tenha classe para jogar no Benfica. Porque isso nos levaria à consideração, quer dos problemas da ambição política das classes inferiores, quer dos problemas em torno do mérito desportivo, para não falar das angústias em atletas de alto rendimento, e isso não se coaduna com a aletria com atum que tenho ao lume neste momento, a ponto de queimar meia lata de atum Ramires. Além de que Maxi Pereira é, indiscutivelmente, o único jogador do plantel do Benfica cujo corte de cabelo nos lembra uma lixa de marceneiro, o que não sendo uma desvantagem, não deixa de ser uma invocação das origens do clube, tão contrárias às origens brasonadas, e famílias de boa cepa, de outros emblemas bem mais refinados na hora de definir o perfil dos atletas a contratar, ou, como diria Carlos Azenha, a contratualizar no iniciar de cada época desportiva.

Pensava eu que ia concordar com este labrego pela primeira vez, mas ainda bem que ele tratou de desfazer o meu engano

A III República está montada de forma a legitimar a promiscuidade entre a política e os negócios. É o próprio regime que transforma uma coisa 'ilegítima' - essa promiscuidade - numa coisa 'legal'.

Mau pensei eu. Será que vou ter que dar a mão a palmatória e dizer a alguém que uma vez concordei com aquela cavalgadura?!

Pior ainda: Será que vou ter que mudar a minha opinião só para não concordar com este biltre?!

Felizmente que o bom do Henrique tratou de me mostrar que não era necessário tomar medidas tão drásticas:

A promiscuidade entre partidos e empresas públicas é o nó górdio da corrupção que marca a nossa vida política. Se queremos diminuir a intensidade da corrupção, então, temos de privatizar essas empresas, as esquinas onde os corruptos gostam de cochichar.

Texto na íntegra.