terça-feira, 30 de setembro de 2008

A seguir atentamente nos próximos dias

A Dieta Rochemback

Uma boa noite e até amanhã

Mudanças

Entretanto o Pedro Sales acabou com o ZdC e mudou-se para o Arrastão. E foi que soube desta escandaleira das casas municipais. Ouço as claques a cantar. Uma vergonha. Voçês são uma vergonha.

E o baile de bola que estes senhores levaram?

Diz o homem com grande sentido de humor: Jesualdo Ferreira: «Só perdemos três pontos»

O meu portista favorito já comentou. É para rir mesmo.

Que farás América quando tudo arder?

Obrigatório ler. O mestre António.

"...contou do hospital de crianças cancerosas onde trabalhou depois de voltar da guerra de Angola e de como nesse hospital se zangou com Deus, apesar de não ser um homem religioso. Estava lá um miúdo de cinco anos com leucemia, muito bonito, de olhos grandes e, na sua opinião, Deus não tem o direito de pôr uma criança a gritar por morfina. O rapaz morreu e vieram dois homens com uma maca, mas como o morto era muito pequeno, bastou um homem enrolá-lo num lençol e levá-lo ao colo pelo corredor, mas um pé da criança saiu do lençol e ele viu o pé afastar-se, balançando no ar.
- Nesse dia decidi: vou escrever para aquele pé.
Talvez já tenham visto uma plateia de nova-iorquinos, professores, académicos, leitores, intelectuais, as pessoas mais cosmopolitas do mundo, a engasgarem-se nas próprias salivas silenciosas."

Da semana passada

Estive ausente para balanço. Entre serras e caminhos. Onde me sinto bem. Entretanto o mundo continuou. Na américa mais um banco faliu. Cavaco tocou o sino, numa altura em que todo o mundo financeiro colapsa. A montanha pariu um rato. Dificil de engolir. Paul Newman morreu. Um senhor. Na memória "Cool hand luke" que vi por acaso na TV. São sempre surpresas. Especialmente a morte. A subida à Meadinha na Senhora da Peneda é penosa. Especialmente se a fizermos a descer. O Sporting perdeu, e caro Alf vai custar-me dizer isto: perdeu bem. É um elogio à derrota, pode-se assim dizer. Outras coisas se passaram. Umas mais importantes. Outras nem por isso. Passaram e mais nada. Ruy Belo morreu há 30 anos. "A morte é a verdade". Fica aqui um elogio meu, para os que continuam e esperam:



ps para os que foram ao nosso espectaculo, nao encontrei a musica original usada. mas esta acaba-se por adaptar. novos caminhos.

As saudades, meu deus, que eu tenho deste homem



Ora porra!
Então a imprensa portuguesa é
que é a imprensa portuguesa?
Então é esta merda que temos
que beber com os olhos?
Filhos da puta! Não, que nem
há puta que os parisse.
Álvaro de Campos

Humilde Contributo Para Um Rápido e Swingado Controlo Dos Mercados Financeiros

sábado, 27 de setembro de 2008

Post inevitável

Eu te saúdo outono punitivo
sinal desse silêncio que me não permite
desistir de cantar enquanto vivo
Que o vento a névoa a folha e sobretudo o chão
caibam dentro do espaço da minha canção
Ruy Belo


Tem havido comemorações. Ou, pelo menos, a intenção de comemorar os trinta anos da morte de Ruy Belo. Bombardas e charamelas pelas ruas de Lisboa. Só tem faltado a cruz do infante, ou a ordem de São Felisberto de Espada a Tiracolo. Santarém organizou uma exposição na Biblioteca Municipal. Sem dúvida que se aproximou do efeito. O céu, dizia Borges, deve ser uma espécie de livraria. Onde cada um de nós possuirá cartão desconto total e ilimitado, acrescentaria eu, uma vez que o tempo não está para confianças em fundos de investimento. Celebrar a morte de Ruy Belo? Se querem saber o que penso, não conheço ideia mais infeliz. Aliás, devo dizer que este assunto é bem a chave da compreensão de toda a poesia. O poema resulta numa terrível vingança de quem, meus caros, se fartou de levar porrada. Portanto, haveria agora que comemorar a morte desses malogrados espíritos, dessas condoídas personalidades, por meio de uma caridosa reparação da sua voz. Nada mais errado. É que os senhores leitores, mais os presidentes das comissões de festas, mais os ministros da República, mais os gestores das Sociedades comerciais (que às vezes lêem meio livro) cuidam que ainda estamos vivos! Haverá situação mais hilariantemente ridícula? Que ainda estamos vivos… E a comemorar os trinta anos da morte de Ruy Belo. Lamento ser eu o portador da mensagem mas alguém tem que sair de madrugada para recolher a lenha do inverno… nós é que estamos todos mortos, mais ano menos ano. Quanto ao poeta, continuará por aqui, ainda alguns séculos, a comemorar a nossa inútil vida.

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Elogio do mercado (do Bulhão)

Muito haveria a discutir sobre a mais recente crise económica da história ocidental. Contudo, parafraseando o apresentador da Roda da Sorte, não temos tempo. Entre os historiadores é costume discutir-se o grau de cientificidade da sua disciplina profissional. Entre polémicas considerações há, no entanto, um largo consenso sobre uma matéria que aproveitaria tanto à blogosfera como ao mundo impresso da colunata opinius (acabei de inventar a expressão latina para conferir solenidade a este breve texto): o homem está condenado a não entender o seu próprio discurso - disse uma vez o velho Lourenço a propósito de um livro mal-amado de Foucault que, apesar do banzé, estou certo, ninguém leu. Aliás sobre livros não lidos julgo que As Palavras e as Coisas só é suplantado, se bem que com uma vantagem de envergonhar Lance Armstrong, pelo Capital de Marx. Não nos dispersemos. O homem está condenado a não entender os seus próprios discursos. Vem isto a propósito da sensação de vómito (belo efeito estilístico) que já não consigo disfarçar cada vez que se utilizam as expressões “mercado”, “Estado”, “público”, “privado”, “regulação”. Não deveria ser evidente - pelo menos para a população que não frequenta concertos do André Sardet, parafraseando Maradona, ou, se quisermos, concertos da Ana Free - que estes vocábulos possuem o mesmo rigor analítico de uma moca de Rio Maior com que se pretende atingir o interlucutor?

Consideremos a expressão “Estado”. Alguém, verdadeiramente, acredita que isto corresponda a qualquer coisa de efectivo e identificável como actor social? Porque não falar de gestores de empresas, fornecedores industriais, líderes de partidos, direcções gerais, ministros, direcções de informação das televisões, presidentes de associações sindicais, presidentes de associações comerciais? Talvez com estas expressões se explique alguma coisa.

Meu caro leitor: entre muitas perplexidades há uma que me angustia particularmente. Como casar ideias liberais e apologias do indivíduo com estas colectividades nebulosas (como o mercado) que dizem ser a base da nossa liberdade política?

E se os individualistas liberais começassem, finalmente, a falar do indivíduo e dos seus interesses particulares como coisa normal que, não sendo diabólica, deve ser clara e transparente. Talvez nesse dia se compreendessem muitas das contraditórias ideias sobre o mercado.

Devo dizer, de resto, que mercados só conheço o do Bulhão e o da Ribeira uma vez que, hoje em dia, compro tudo no Continente. Fui claro?

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

O liberalismo afectivo de Ana Free através da teoria do significado em Tony Carreira: um estudo comparativo

O funcionamento do mercado tem sido apontado por diversos comentadores como um factor facilitador de progresso. Com efeito, o progresso é assinalável em vários sectores da vida pública. Consideremos por exemplo a escrita de canções. A avalanche inspiradora dos artistas/publicitários, que todos os dias entra na sala de jantar via televisão pela mão da banca de retalho e dos operadores de telecomunicações, é sinal desta vanguarda libertadora da arte. Depois de quase ter sido aprisionada nas garras do marxismo (essa mentira elegante chamada neo-realismo) a arte surje finalmente, e apenas só, pela mão da própria arte. Claro que traz trela e coleira onde se pode ler Millenium, Zon, Optimus, Continente, Nike, SuperBock, além de um cheque de 5 000 euros no bolso. Mas isso que importa a espíritos verdadeiramente livres?
Ana Free e Tony Carreira merecem, a título de exemplo, não ser negligenciados pela crítica literária, enquanto casos deste novo-mundo onde o mercado democratizou o gosto (e também o paracetamol para acalmar a dor e o vómito, com a graça de Deus). O Elogio da Derrota não alinha em reacções e assume as suas responsabilidades, deixando à consideração dos leitores um estudo comparativo sobre a fulgurante novidade (qualitativa) dos artistas consagrados pelo mercado.

O texto de Tony Carreira, «Eu sem ti», lança-nos no verdadeiro universo da autocrítica althusseriana, não através do corte epistemológico da ciência marxista mas, desta feita, por meio da reconversão burguesa do afecto amoroso. A própria sintetização simbólica do título «Eu», onde se junta a ausência do sujeito amado (da sujeita, entenda-se, nada de más interpretações) «sem ti», revela-nos a precária existência do homem dominado pelo amor. A sensação de desorientação é, aliás, uma das marcas mais significativas da ausência de valores. Carreira recorre à ideia de luz numa sugestão imagética invulgar: a contraposição trevas/ luz, desorientação/ encontro. Quanto o poeta afirma «se não fosse a tua luz/ esse olhar que me conduz/ simplesmente eu era mais um caso perdido» fica patente uma associação entre o encontro com a amada, o passar do tempo e a mudança radical do valor conferido pelo poeta à sua própria pessoa. A celebração do reencontro com um projecto de vida transforma-se no verdadeiro mote de todo o texto. Sinal desta nova realidade é a repetição final do refrão. «Eu era», com acentuação longa na última sílaba onde o poeta sugere: «Eu era» mas já não sou. Como quem diz: eu era «um eterno vagabundo à tua espera» mas deixei de ser, talvez devido às maravilhas do subprime e da generosidade do crédito hipotecário. Portanto, ao sugerir a afirmação reflexiva «Eu era» é como se perguntasse retoricamente: quem era eu antes desse encontro com a luz? Seria um homem sem casa (um pequeno T2)? Ao que responde «um Inverno sem sinais de Primavera». A casa, por onde o sujeito poético deixou a vagabundagem, é a própria amada e ele uma nova Primavera talvez já com sinais do Verão. Com efeito, o leitor pergunta-se sub-repticiamente: Não eras o quê? Não era um caso perdido. Porém, todo o poeta, e Tony Carreira não deixa de o afirmar constantemente, vive sempre na iminência de se transformar num caso perdido. Eu, da minha parte, confesso que o sou há já muito tempo.

Por sua vez, Ana Free traz consigo toda uma galeria de sugestões poético-económicas. Na canção que confere profunda originalidade ao seu nome artístico, «Free», somos transportados para um carrocel de sensações só equiparável à turbulência dos mercados financeiros. «Spinning round /I never thought that I'd find you (no)/ Running round/ In circles, I try not to, not to (oh)». Repare o caro leitor na subtileza das interjeições (no) e (oh) como se o sujeito poético recusasse a dor de entalar o dedo na porta ou mesmo o toque desprevenido da sopa quente na língua. Através desta rica sugestão, ficamos a saber que rodopiar é uma das mais eficazes formas de encontrar alguma coisa, mesmo que seja apenas um poste ou um muro onde possamos bater com a cabeça («oh», «no»). Depois, temos uma aproximação à ideia Carreiriana do encontro-salvação, uma alegada influência cristológica onde o amado é comparado a uma «life-line» que permite reconfigurar o sentido da existência. Ana Free não nos recorda apenas que o encontro, depois de um bom rodopio, se pode associar ao alívio do maluco quando interrompe as cabeçadas na parede. «Now I see you show me what it means, to be free». Na verdade, o leitor pode constatar que o amado revela ao sujeito poético o que realmente significa ser livre: rodopiar, andar por aí, até encontrar um referente de sentido. A profundidade da sugestão remete para o linguistic turn dos anos oitenta, onde, finalmente, impulsionada pela «morte de Deus», nietzscheanamente informada pela superação da moral universal, a poeta reconhece o coração humano como único lugar passível de ser a forja das tábuas da lei. Ela demonstra, aliás, por meio desta invocação contraditória (liberdade/prisão) que o amado vem descodificar os sentidos ocultos das coisas (uma forma cristológica do logos grego salpicado pelos textos marxistas e revolucionários que pariu já coisas tão fabulosas como a teologia da libertação). Assim, ao invocar a necessidade de permanecer junto do amado, Ana Free mostra-nos, originalmente, diga-se, que o amor é um contraditório lugar de paradoxos. Repare o leitor na forma como, no refrão final, Ana Free associa a necessidade («I just need you beside me») com a sensação de liberdade («that's free») numa recontrução gramatical que pode também ser lida com uma dádiva (é de graça). Mais uma vez, a influência dos estudos económicos conferem novas cores ao universo metafórico:
«To be free, I need you close to me
Please don't leave when you complete me
Cuz I don't need to worry, it's so crazy how you change me
I just need you beside me, and that's free
I just need you beside me, and that's free yeah
I just need you beside me, and that's free
I just need you beside me, and that's free»

O amor apresenta-se como território de liberdade, conferindo sentido a todo o mundo real, sendo, de resto, de graça. Esta influência do liberalismo na produção dos significados vai revolucionar a literatura mundial. Para quê pagar aquilo que pode ser de graça?

Numa palavra: de envergonhar Camões.

Digo muitas vezes que isto só se resolve com metralhadora e confesso que tenho uma certa admiração pelo meu colega de profissão Che Guevara

O título que acaba de surpreender o caríssimo leitor resulta de declarações que o Elogio da Derrota deixa à consideração do Ministério da Administração Interna. Terão sido proferidas na Quinta da Fonte? Terão sido o resultado de ilegais mal adaptados à Península de Setúbal? Terão sido o desabafo de um radical bloquista animado por erva de fazer rir em pleno festival da Zambujeira? Terão sido o que ficou de um baile organizado pelo PCP no Grupo Recreactivo de Baleizão depois de três pipas de vinho tinto?
Não. Quem assim fala é Fernando Nobre, o Presidente da Assistência Médica Internacional. Como diria Pacheco Pereira, mais um populista preso na garras da demagogia. Portugal está perdido. Salvam-se os varões responsáveis e a credibilidade que voltou ao horizonte público pela mão da família Ferreira Leite. Um século depois aí está mais um "Dias Ferreira" cavalgando o governo e prometendo operar maravilhas.
E ainda há quem duvide das "estruturas".

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

o video parvo que faltava

A história do mendigo do Chiado

Sobre a calçada preta,
tu gritavas,
e gemias no erotismo do beijo;
E que quando escapavas,
pelo exotismo das ruelas,
da poesia do toque
todas as verdades piedosas dançavam,
e bailavam por entre a valsa do alívio,
porque se afastavam de mim
as tormentas do ser amado
Não por aquilo que esperava-mos eu ser
Mas sim, por apesar do que era
E assim
Todo este conto que me fazia mendigar
era o mais sincero dos diários
que fazia exultar o teu, todo, instante

domingo, 14 de setembro de 2008

Binary solo

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00100000011000100110100101101110111000010111001001101001011011110010111000100000
01010000011000010111001001100001001000000111000101110101011001010110001001110010
01100001011100100010000001100011011011110110110100100000011011110010000001100011
01101001011000110110110001101111001000000110010001100001011100110010000001110000
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01110100011000010010111000100000010001010111001101110100011011110111010100100000
011001000110010100100000011101100110111101101100011101000110000100101110

ps: ajuda na tradução aqui

I'm back

Depois de três semanas fora do país. Estou de volta. Com novo nome. A silly season está no seu fim e há que agitar as águas paradas por estas bandas. Até já.

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

O profeta de Nietzsche

Pastor que procureis no trigo
que geravas do caos?
Ceifar o que há do saber e do
conspurcar pelo que é digno?

Mas que saber existe
para a natureza do homem?
É preciso ser...
Ser o animal

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

It's not unusual

concordar com o maradona. O Tom Jones é um senhor.



Veja-se este também.

Os dias correm devagar

Lá fora o tempo está assim:

No fim de semana houve oportunidade de ver o sol e passear mais um pouco. Dar um salto à Estónia e conhecer Tallinn. A zona antiga da cidade de tempos medievais, mantêm-se quase intacta, e acabou por ser uma lufada de ar fresco neste cinzento frio de Helsínquia.

A análise ao país continua. A TV aqui também não presta. Há big brother e novela mexicana. Juro. E o canal de desporto passa a vida a mostrar corridas de cavalos (mais apostas presumo). Muitas mais semelhanças haverá. Sendo assim e se esta malta está rodeada do mesmo que nós, onde é que nós falhamos? A resposta poderá estar numa coisa simples: a honestidade das pessoas.
Falar de honestidade é falar de corrupção. Segundo esta organização que mede a corrupção nos países do mundo, a Finlândia está em número 1 (de O a 10 tem 9,4). Portugal surge na posição 28 (6,5). Vejam o estudo e tirem-se conclusões.

Entretanto apresento-vos o novo modelo da Nokia. 100% reciclável. :)

terça-feira, 2 de setembro de 2008

Gelado com xarope de alcatrão

Comi a sobremesa mais estranha de sempre. A sensação é a de comer gelado com algo queimado lá dentro. Acabei por pesquisar um pouco mais e descobri este dado curioso:

In Northern Europe, the word "tar" refers primarily to a substance that is derived from wood. In earlier times it was often used as a water repellent coating for boats, ships, and roofs. It is still used as an additive in the flavoring of candy, alcohol and other foods. Wood tar is microbicidial and has a pleasant odor.

segunda-feira, 1 de setembro de 2008