Face ao clamor público e à coragem do voto contra de António José Seguro do PS, o bloco central de interesses afirma-se agora disposto a rever a legislação que aprovou. É tarde. Com esta lei do financiamento partidário, o parlamento, todo, leiloou o que restava de ética num convite aberto à troca de favores por dinheiro. Em fase pré eleitoral e com falta de dinheiro, o parlamento decidiu pura e simplesmente privatizar a democracia.
Mário Crespo, Jornal de Notícias
Mário Crespo, Jornal de Notícias
Também tu, Brutus, meu caro. O jornalismo de referência, depois de entrevistas alargadas, e sínteses noticiosas, pulvilhadas de neutralidade informativa, vem agora declarar que a democracia foi privatizada. Isto remete o leitor, clara e velozmente, como a água do Vimeiro descendo as encostas do Hotel Golf Mar, para a claustrofobia democrática denunciada por Paulo Rangel, assim como para o notável artigo de Pacheco Pereira, este Sábado, no Público, em que nos revelava a importância da credibilidade, um bem escasso mas objectivo, distribuído com abundância bíblica entre as hostes de Ferreira Leite. Nós agradecemos que a verdade venha já a caminho, aproximando-se das portas da cidade, coroado por louro e ladeada por tribunos e centuriões, de pé sobre o carro alegórico que cavalga para nós. Quem ganhou as eleições foi o PSD, é certo, mas é verdadeiramente escandoloso que o Maradona, mesmo perante as lectures inesquecíveis de João Gonçalves, insista em livros que são manifestamente o resultado de pouca convivência juvenil com discos de Nelson Ned. Isto é, na verdade, irrefutável, ou a sua fidelidade inalienável à lingua portuguesa, dessa convivência decorrente, não lhe permitira qualquer citação à língua de Shakespeare e dos Sex Pistols.
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