Nestes últimos dias vários comentadores (Helena Matos e José Pacheco Pereira) têm defendido a sua posição sobre a invasão do Iraque. O assunto é complexo e contraditório. Em parte, ultrapassa a nossa capacidade de análise, dada a escassez de informação. Embora todos suspiremos de alívio pelo facto dos EUA fazerem o trabalho sujo que nos garante (claro que mais a uns dos que a outros) um nível de vida que sabemos ser insustentável se alargado a todos os habitantes do planeta. Contudo, não é a posição sobre guerra o que mais me espanta.
Espanta-me o facto de se chamar coragem à defesa de uma qualquer posição sobre um assunto que decorre a milhares de quilómetros de distância. Não será, talvez, a perversão máxima da política?
Coragem, quanto muito, poderão invocar os soldados dos EUA que todos os dias arriscam a vida num cenário de ódio explícito ao seu país.
Talvez fosse bom aprendermos alguma coisa com Kant e passarmos a considerar as boas posições políticas como aquelas que, sujeitas ao exercício de sermos nós o seu alvo, continuassem, em todas as ocasiões, a ser por nós suportadas como benéficas.
Mas devo estar enganado. Escrever um artigo no jornal Público é, com efeito, uma tarefa de alto risco.
Como uma vez disse Rui Zink, é como quando um economista que vence de ordenando 5 000 euros chama privilegiado a um funcionário público que vence de ordenado 900 euros.
Parafraseando Rui Tavares, são grande homens, estes.
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