Apenas um pormenor me chamou a atenção do entrevista ao irmão do Abdeslam Salah, o tipo que se acobardou aquando dos atentados de Paris e se presume estar escondido em Bruxelas.
Quando a entrevistadora perguntou ao irmão se não notou nada de estranho no comportamento dos irmãos, uma vez que os dois participaram nas atrocidades do passado 13 de Novembro. E a resposta foi, que efectivamente não tinha reparado em nada de estranho e que não tem sequer a possibilidade de andar a seguir o que os irmãos faziam. Embora eu acredite que Mohamed Salah esteja a ser sincero, a frase que serve de título não está la por acaso.
A senhora da foto escreveu no ínicio dos anos noventa Islam and Democracy, em parte como catarse após a primeira guerra do Golfo. A ideia que passa é a de que as sociedades muçulmanas estão ainda na fase da adolescência. Confusas, perdidas e zangadas com tudo e todos. Bem sei que as generalizações devem ser evitadas, mas é difcíl quando se fala sobre um livro que trata ao de leve algo tão complexo como a grande comunidade muçulmana (a Umma) ao longo dos séculos.
Embora a autora revele ela própria sinais de grande confusão, acertou na mouche quando aponta um dedo às cleptocracias que geralmente ocupam o poder nos países muçulmanos e mantêm a gleba sem outra esperança que a da sobrevivência diária. O outro está apontado a nós, os ocidentais (o Edward Said que me desculpe) por pactuarmos com ditadores do outro lado do Mediterrâneo. Digo ditadores porque o livro foi escrito nos anos 90, hoje provavelmente seria a indeferença que mostramos para com os conflictos sangrentos que lá sucedem.
Fica portanto a pergunta, serei eu o guardador do meu irmão ?
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