quinta-feira, 23 de maio de 2013

Mas quem raio é Georges Moustaki?

É supreendente que um raro leitor da blogosfera como eu tenha sido assaltado inapelavelmente por desejos contínuos de visitar blogues nos últimos dias, tal é o desvario do mais recente caso na viral propagação de irrelevâncias que caracteriza, ou parece caracterizar, a era digital, e refiro-me aos comentários à singela e simpática troca de palavras entre a cansativa Raquel Varela (pinta-se mal e fala muito, é uma pena) e Martim Neves (um tolinho que se caracteriza por estar a levantar Portugal da crise económica com uma receita soprada ao ouvido pelos ciganos de Carcavelos) e não consigo, juro que não consigo compreender um fenómeno cuja magnitude devemos respeitar: a capacidade das pessoas se ridicularizarem a si próprias com retumbante estrondo e um infinito esforço de fazer cansar a mais zeloza das formigas. Se é verdade que no tempo das tabuinhas de argila, os custos de interiorização do alfabeto cuneiforme impediam fenómenos de replicação em série, é bem provável que já a idade do manuscrito, com a sua propagação epistolar, tenha sido capaz de transformar qualquer paixoneta adolescente num tema não digo de pertinência nacional, que as nações estavam ainda em formação a tiros de canhão em Austerlitz e feridas amorosas na Corte imperial russa, mas ao menos de forte incidência regional, polémicas de cordel atadas por fiozinhos, destruindo corações juvenis, irritando recatadas senhoras bordadeiras à lareira de mansões rurais, enfurecendo zelosos e responsáveis pais burgueses, afundados em jornais financeiros e relações de preços das principais praças coloniais do império.


O ódio manifestado entre os apoiantes de ambos os contendores revela a indigência mental do chamado público português, deus nos valha. A verdade é que o assunto me tem paralizado de tal forma que nas horas disponíveis me vejo incapaz de redigir o prometido post sobre a economia clássica e a degradação humana em Primo Levi, pois só me ocorre refletir biliosamente sobre o empreendorismo tendeiro e o pragmatismo serôdio nos Lusíadas. Oxalá o dia de amanhã nos permita o esquecimento. Perseverança caros leitores, perseverança.

5 comentários:

Cuca, a Pirata disse...

É fácil de explicar: O povo encontra reencontra no puto de 16 anos a esperança pátria perdida com D. Sebastião. Os que têm a mania que não são povo saltam imediatamente para o outro lado da barricada.

Desbocado disse...

Eu sou um puto de 15, um dia irei ter a tua idade, quanto mais esperança depositarem em nós melhor para vós:) Mas concordo com a parte do povo. Não que te interesse mas bom texto alf

DESBOCADO!

condenado disse...

C*******, a palavra viral é que se tornou viral nos últimos dias. Cada vez que a leio reacende-se uma dor de cabeça demoníaca; isto agora já é irremediável. E é assim e com uma valente dor de cornos, que faço um apelo às pessoas de bom gosto para não a retornarem a utilizar.

E agora, como diz o outro, vou ali tomar um banho de água fria.

Vincent Poursan Reloaded disse...

Oh alf, porra pá!... não batas mais no ceguinho!!!

A coisa foi mais ou menos assim:
Lançado o repto “empreendam ou emigrem”, a genética social e política deste caixote merdoso darwiniza a dinâmica coisa, e avança esbelta e confiante pró futuro ao som do hino “o futuro ao mais apto”.
Neste entrementes, uma gaja de 35 até bastante papável (não me venham com merdas a dizer que não) com um curriculum académico mais extenso que o “expresso” dos anos 90 mete-se com um puto de 16 meio analfabeto, que aos 15 conseguiu que “as raparigas mais giras da escola vestissem a roupa”. O puto é um mutante empreendedor (aos 15 normalmente tenta-se que as raparigas mais giras da escola dispam a roupa). Ela uma doutora dominadora (mas bastante papável não me venham com merdas a dizer que não). A coisa parece que não dá. O diálogo é impossível por uma questão de linguagem.

Ora isto quando muito é furo para o correio da manhã, questão de costumes e tá a andar. Mas não, não há cão nem gato que aceda á net que não venha com uma puta duma opinião.
Pra mim a questão de tanto chinfrim (e perguntem ao eduardo lourenço se não tenho razão) é a tendência lusomerdosometafórica pra cenas que metam casais. Foi o pedro e a inês, o sérgio e a adriana, agora é a raquel e o martim, amanhã é o aníbal e a maria… fodaçe!!! deixa-te de merdas e vamos lá então ao levi.

Anónimo disse...

o martim é o poiares maduro do empreendedorismo sub-17.

com este pensamento retiro-me para uma merecida noite de sono não sem antes comer meia dúzia de bolachas de chocolate.

vicent poursan, tu consegues melhor pá. isso dos casais telenovelescos até tem muito que se lhe diga. há literatura sobre isso e tudo. o alf explica.