quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Em louvor de Alan Kardec

Só tenho nove minutos para escrever este post, o que é sem dúvida uma crueldade dada a natureza prolixa que me assiste neste preciso momento, em virtude da muito justa citação que aqui venho comentar, isto num contexto estratégico que para subir as visualizações no Google, eu e o Tolan  estamos a levar a cabo. Vem isto a propósito da citação dessa obra de escultura clássica, desse monumento à domesticação japonesa da realidade e um dos mais insignes registos da potência vital da adolescência, e que não tenho visto referida tantas vezes quanto seria desejável, ou seja, O Tumulto das Ondas, desse ganda maluco do Mishima. Não subescrevo que os leitores brinquem com facas, muito menos com espadas de Samurai, mas a economia do estilo, a vivacidade com que se pinta o furibundo mar, os rebocadores silenciosos ao largo das aldeias de pescadores, as falésias cruas, os faróis solitários que rompem a vegetação densa das colinas, o fervilhar da interrogação perante a violência de um mundo que se compreende pela primeira vez, onde quase somos levados a sentir o frémito dos peitos apaixonados, onde o destino aponta com violência o gume de um punhal, consagra o livro como um momento único da escrita do Samurai Mishima, ganda maluco.
 
 
Quanto à temática das crianças, meus amigos, calma, está tudo bem. Esse apreciador de chapéus feitos de rabo de raposa  mas também de rabos de mulher, fiquemos por aqui, Jean-Jacques Rosseau, não é, ao contrário do que se julga, responsável por ter inventado o bom selvagem - e só quem não leu a magistral Causa das desigualdades entre os decadentes (escusam de corrigir, que está tudo bem) pode desconhecer como Rosseau antecipou a tragédia dos viajantes e das viajens, que também odiava, muito antes desse hino ao espírito humano, Tristes trópicos,  e da absoluta decadência do pensamento antropológico, para não falar do imbecil fascínio pelos analfabetos nus e armados de zagaias com pendericalhos nos meio das pernas e argolas na orelhas até ao umbigo que parece fascinar os maluquinhos de todo o mundo. Muito pelo contrário, esse caminhante solitário - que abandonou uma resma de filhos na roda de um convento - inventou, isso sim, a criança, esse hino à desorientação em ponto pequeno.


Desde então tem sido um nunca mais acabar de problemas, sendo as crianças o mais triste espelho das nossas misérias, o que permitiu inaugurar uma espécie de prática desportiva mundial com tendência a nunca mais acabar de generalizar-se, isto é, uma competição sem tréguas para ver quem consegue de forma mais ridícula projectar a sua própria natureza num projecto pedagógico de salvação dos bébés de todo o mundo, uni-vos. A malta ainda não percebeu que não existindo uma natureza dada, e sendo para nós totalmente cego, do ponto de vista individual, o destino do mecanismo evolutivo, está tudo bem, em todo o lado, e com toda a gente, pelo que podemos todos ir dormir e ouvir histórias, quaisquer que sejam o estilo e elegância dos seus contadores.  

4 comentários:

Anónimo disse...

Pirosão :D

alma disse...

Alguém avisa o Tolan que falta a Condensa de Ségur (aposto que não sabe que era russa :)))

a maravilhosa viagem do nils é mesmo maravilhosa :)

para o anónimo :)
qual é o problema de ser piroso :)

alma disse...

Condessa :))) mal penso fico tensa :)

Anónimo disse...

eu tinha fantasias eroticas com as gémeas do colégio da torre