sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Sou uma pessoa de coração puro, formei-me na Ilíada, na desgraça, no contacto com o perigo e as coisas belas.

Em suma, os argumentos esgrimidos sinteticamente pela Izzy e mais demoradamente pelo ngonçalves concorrem para a mesmíssima e elegante idéia, a saber, que não nos devemos preocupar com os malucos, que o país precisa de malucos, que à semelhança dos pobres, malucos sempre haverá, mas a mim só me tereis por mais alguns dias. Sim, é verdade, mas não constitui um programa para a nossa ética discursiva. Prometo que vou responder com brevidade a esta solicitação e sem recorrer a personagens do Terceiro Reich. Ora, eu sou uma das poucas pessoas que ainda acredita nas virtudes do debate, no método científico, na importância da identificação de falácias e no combate ao carreamento de doses maciças de ignorância para o debate público. Longe de mim advogar o amordaçamento de pessoas tão criativas como o maluco do Pedro Arroja (peço desculpa) mas se regressarem ao seu blogue verão que não só é um indivíduo que mete medo, como o centro de propaganda que dirige recebe uma média de mais de 900 visitas diárias, enquanto este estupendo, bem informado, crítico, ponderado, imaginativo e internacional blogue continuar a manter-se com muita dificuldade pouco acima das 100 visitas diárias. Se eu acredito que isso diz alguma coisa sobre a qualidade da nossa vida pública, intelectual e genital? Sim, acredito. Se eu acho que devemos cinicamente enterrar as nossas capacidades numa espécie de inexistência perante o facto das coisas serem o que são? Não, não acho.
 
Depois de ver o discurso do Professor Doutor Almirante Capitão Comandante Geral e em Força das Tropas, Tanques, Espingardas e Furgonetas Militares, Aníbal Cavaco Silva, depois de assistir ao delírio argumentativo anti-policial dos comunistas, depois de assistir ao debate parlamentar sobre a pertinência de esfolar ou não esfolar o Marco António Costa no caso de uma revolução popular, penso (e atenção que eu sou daqueles que penso) que não é o tempo para a paz, como diz o Livro do Eclesiastes, nem o tempo para deixar os malucos à solta como acaba de dizer este post. Que falem, sim senhora, mas que tenham a resposta em conformidade com o seu grau de maluquice, afinal de contas, eu gosto muito de proporcionalidades, pelo que por cada post em que se refira Jesus Cristo, ou o Padre Gonçalo Portocarrero de Almada, deviamos nós postar aqui a sua justa complementaridade. Já agora, que é feito da Kylie Minogue?
 

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