Eu tinha um texto longo, e lindo, sobretudo lindo, todo preparado sobre a crise, a TSU, e a estranha correlação positiva entre os resultados do Sporting e do Real.
Mas hoje fiquei a saber de mais um amigo que levou com a crise em cima. Não estou a falar de ter perdido o emprego, embora tenha sido isso que aconteceu. Sem emprego, e com alternativas que nem sequer pagam a sandocha do almoço, instalou-se o desespero. E uma raiva crescente contra tudo e todos, incluíndo ele próprio.
Infelizmente, não é o primeiro no meu círculo de amigos. Há já algum tempo que venho a assistir a este drama, pessoas que de um momento para o outro se vêem sem nada. Trabalho, esperança, vida. Passado pouco tempo, entra o desespero e relações pessoais que acreditávamos estarem sólidas esboroam-se, tal qual arribas algarvias.
Mais do que a falta de emprego, estou preocupado com a falta de dignidade que vou sentindo e vendo. Na altura em que a rede de relações pessoais é mais necessária, aquilo em que nós, tugas, supostamente somos bons, só vejo cada um pelo seu prato de lentilhas.
É altura dos cínicos, como eu, confortavelmente instalados na sua concha, como eu, irem à luta pelos outros. Como e onde, não sei. Ainda.
2 comentários:
Trabalho e saúde os dois bens essenciai que não dependem só de nós. Faltando um falta-nos o essencial.
O que fazer?
Resta-nos o tempo e o amor :)
Prestar atenção aos outros, por vezes basta a disponibilidade para ouvir.
sobreviver em tempos dificeis é para heróis, não sendo nós heróis podemos sempre, tentar descobrir o melhor que há em nós e dar a mão a quem precisa dela.
"É altura dos cínicos, como eu, confortavelmente instalados na sua concha, como eu, irem à luta pelos outros. Como e onde, não sei. Ainda."
May I suggest...uma guilhotina de plastico?
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