Não pondo desde já a hipótese de eu ser uma nódoa como professor, a minha experiência foi basicamente esta. Quando os alunos têem liberdade para pensar, parecem umas baratas tontas sem saber para onde se virar.
Por isso fica a dúvida: é possível ensinar-se o pensamento crítico ? Talvez. E a universidade actual é o local para isso ? Não. Disso estou eu convicto. Passei seis anos num doutoramento no Técnico, e do que pude vislumbrar do ambiente científico internacional, o pensamento crítico é expressamente proibido. E nem poderia ser de outra, já o Paul Feyerabend dizia que a ciência é sistema mais reacionário e conservador jamais criado pelo ser humano.
1 comentário:
Geração Spoild
Com o rebombar de notícias sobre o caos em que se encontra a nossa economia e as conversas indecentes e até perversas que se ouvem nos portões das escolas e universidades, não posso parar de pensar na herança que nos foi deixada pelas gerações anteriores e as consequências dos seus excessos.
Estando eu incutida grelha cronológica que abrange as crianças que nasceram entre os anos 80 e 90, acho que estou no meu direito de comentar o que me parece ser a ruína destas gerações. Começando pela educação em casa e progredindo até aos restantes estados da vida, considerada “normal” e esperada para um jovem deste século, irei analisar brevemente o resultado da mentalidade incutida na mente da juventude.
Para começar, como podem esperar interesse intelectual ou algum espírito crítico por parte dos actuais teen’s quando muitas mãezinhas, durante nos anos de fresca absorção mental dos seus “preciosos” filhinhos, estavam tão absortas nas suas carreiras, interacções sociais, ginásios e nuances loiras que deixavam a educação de tão puras almas ao cargo das empregadas domésticas e, possivelmente, mais tarde à responsabilidade de colégios privados que se encarregaram de lhes incutir os sábios valores da nossa sociedade. Valores estes que implicam a avaliação do carácter humano pela dimensão dos salários dos seus pais, o tipo de carros que se encontram estacionados às portas da escola naquela tão civilizada “hora de ponta” colegial em que todo o transito pára para que as mães tenham a possibilidade de estacionar o carro…no meio da estrada. Ao fim de alguns anos, este género de entidades paternais apenas poderá esperar que os seus fifis prossigam para uma licenciatura de prestigio onde puderam desenvolver a etapa final da sua tão esmerada e dispendiosa educação!
Estes meninos e meninas que mostram indícios de mentes “bastante abertas” para os mistérios da vida e do mundo material, na sua licenciatura podem ampliar esses conhecimentos para um estado de adoração a tudo o que nutre valor comercial, mas, com ar de doutores. Porque tudo o que o nosso país precisa é de mais licenciados dispostos a entrar para uma empresa que dê o devido valor às suas competências e que isso se traduza num ordenado em proporção aos gastos que estes pensam serem necessários para uma vida normal, como por exemplo: o direito a pelo menos um carro, recursos financeiros que cheguem para um apartamento razoável para o inicio de vida com empregada incluída, fundos para todas as saídas à noite dignas de qualquer profissional que andou a queimar as pestanas numa semana de trabalho e tudo o resto de outras necessidades básicas sem as quais não conseguem imaginar uma vida tolerável.
Talvez o meu discurso esteja ampliado a um extremo, contudo penso que retrata bastante bem a população nacional.
O espírito crítico constrói-se em casa através de pais atentos que compreendem a importância da atenção que devem dar às paixões e humores dos filhos ao invés de tentar compensar a falta de trabalho que esta atenção exige, com um estilo de vida que simplesmente não está há altura das projecções desta economia. Tal como a educação que é adquirida nas faculdade actualmente, não tem qualquer tipo de poder estimulante para criar novos caminhos intelectuais e morais para a minha geração. Apenas dedica-se a confinar as mentes jovens a ideias com cheiro a mofo e sem asas para voar. Como se tudo isto já não fosse mau o suficiente, o que daqui resulta é uma geração sem curiosidade, com bloqueios mentais e sem qualquer vontade de meter as mãos na terra e trabalhar por uma sociedade que aspire a avaliar cada homem pela dimensão da sua alma.
Dito isto, apenas só posso desejar que todos aqueles que vêem laivos de esperança, se juntem e se agarrem aos poucos princípios éticos que ainda se mantém de pé. Pois, para todos os ingénuos, não é a economia que move o mundo mas sim, as ideias.
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