Um dos problemas que me tem ocupado ultimamente o hiato temporal que vai de Paço de Arcos ao Cais do Sodré, está relacionado com a identificação entre mérito e reconhecimento, como sabem um dos grandes problemas que sempre preocupou as peixeiras da lota de Matosinhos na hora de achar consensos sobre quem é a detentora do peixe mais fresco. Na verdade, as lotas têm um classificador de peixe que tem como missão separar o peixe pelo tamanho e espécie, a faneca de um lado, a dourada além, o carapau aqui, a sardinha ali. Apesar das tipologias não serem propriamente uma hierarquização, isto indica que talvez fizesse falta um classificador de peixes. Aos que neste momento já gritam - fascista de merda - respondo que na ausência de classificadores de peixe, a definição da relação de forças no cardume é feita pelos graúdos. A questão está em descobrir o que é um peixe graúdo dentro de um cardume com comportamentos selecionados a partir de acções mais aleatórias do que uma resposta de Pedro Passos Coelho a uma entrevista do Jornal de Notícias. Assim, o mérito é um conceito tão escorregadio como o equipamento epidérmico da solha pelo que me vejo frequentemente confrontado com perplexidades que, e isto é claro, apenas do meu ponto de vista podem constituir supresa. Como haver quem ache que apenas hoje vivemos em «tempos de "protagonismo", de ambição pessoal e de interesses, que se tornaram um desvalor em política». Como se ontem estivéssemos de mão dadas e amanhã nos esperasse o banquete dos eleitos á mesa do pai. Isto não é um sintoma de mágoa advindo da idade adulta. É apenas um post confuso e de objectivos mal definidos. Vou comer peixe frito.
Sem comentários:
Enviar um comentário