De acordo com a crónica da ilustre jornalista, publicada no no Correio da Manhã, 09 Junho 2009, «A verdade é que, no domingo, quando as sondagens foram ultrapassadas pelos votos, Sócrates, esse grande comunicador, foi derrotado por Manuela Ferreira Leite que, para a generalidade dos comentadores, não sabia sequer o que era comunicar.» Constança Cunha e Sá - é impossível pronunciar este nome sem recordar o aguçar dos punhais do poema de Cesário - repete que tudo era já esperado. Tudo é sempre uma confirmação dos dotes de predestinação exercidos pela estimada jornalista. O problema é mesmo ter que, depois, lidar com a língua portuguesa para expressar um pensamento. Aí a situação complica-se, turva-se o céu com as dificuldades que sobem no horizonte como as queimdas a fechar o verão, as ideias fogem-lhe, escorregam da mão como azeite no mármore, rodopiam no caixa cerebral, emigram para longe, esfumam-se. É então que Constança, suada, extenuada, prostrada sobre a secretária, acaba por enviar para a redacção os despojos da batalha mortal que trava com o seu próprio entendimento, perdido lá longe, algures entre um ramos de camélias e as obras completas de Pinheiro Chagas: «Através de Paulo Rangel, foi Manuela Ferreira Leite que foi a votos, nestas eleições. E, ao vencê-las, conquistou dois pontos fundamentais.» Temos aqui uma fusão perfeita entre pneumatologia teológica da melhor estirpe e elaborações sobre os efeitos benéficos no cumprimento das principias regras do basket. Repare-se que Ferreira Leite alcança efeitos intencionais através da acção de indivíduos habitados pelo seu espírito e obtém, com a maior naturalidade, não só um score lúdico, supomos que a partir da linha de lance livre - dois pontos - mas o dado fundamentais da existência, a saber, a vitória no jogo.
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