terça-feira, 2 de junho de 2009

O perigo residia na provável percepção de "fracasso" na carreira do Martim, que se criaria na eventualidade remota de isto ser importante

Em Agosto do ano passado, no rescaldo da compra do Económico pela Ongoing do Nuno Vasconcellos, fui chamado de urgência ao Hotel Pestana Palace para uma reunião com o Francisco Santos e o Martim Avillez Figueiredo. Não sabia do que se tratava. O Francisco, conselheiro do Grupo Lena, meu cliente na altura, fez questão de não levantar o pano antes de eu chegar. O Martim na altura já tinha aceite o convite para fazer um novo jornal e já tinha informado Paulo Azevedo que iria sair do Grupo Sonae, onde estava fazia muito pouco tempo.
Estávamos por isso perante um dilema de comunicação: A informação sobre a saída do Martim da Sonae estava eminente, mas não se podia falar do novo projecto. O perigo residia na provável percepção de «fracasso» na carreira do Martim, que se criaria se a informação da sua saída da Sonae fosse tornada pública de forma descontextualizada e sem um projecto de fundo no horizonte. É que a saída do Martim para a Sonae já tinha provocado um «ruído de fundo» sobre se as reais razões da sua saída do Económico seriam ou não iguais às que alguns percepcionavam. A guerra entre a PT e a Sonae, um ano antes, esteve no centro dessa polémica.
O meu alerta ao Martim foi imediato: «não podes deixar cair a informação na rua sem ter um gancho. Uma vez que já informaste a Sonae da tua intenção de sair, temos menos de uma semana antes que haja uma fuga para os jornais»
Na altura a notícia podia ser escrita de duas formas:
1. Martim AF abandona Sonae seis meses depois de ter entrado. (E pondera lançar um jornal com grupo de investidores);
ou
2. Martim lança projecto editorial de referência com grupo de investidores (e por isso sai da Sonae)
Penso que todos concordam que as interpretações seriam muito diferentes de um caso para outro. Mas, impedidos de revelar a participação do Grupo Lena pelo menos por mais duas semanas, não houve alternativa: Tínhamos de avançar para a segunda hipótese. Não era perfeita, houve quem não a entendesse, mas era o menor dos males.
Foi o que fizemos. Foi a segunda versão que saiu e desde ai que o projecto do jornal do Martim (depois apelidado de Jornal do Grupo Lena) não parou de crescer em expectativa. Hoje está na rua e na minha opinião está muito bom. Tem boas histórias, escritas por bons jornalistas, é bem editado e tem pinta. A Lift já não comunica o Grupo Lena, pelo que já não tenho qualquer ligação ao projecto. Minto: tenho lá muitos e bons amigos, que são também excelentes jornalistas. A minha expectativa continua alta.
Esta merda vem contada numa coisa on-line assinada por Salvador Cunha, de acordo com o próprio, um indivíduo que é «mais do que um ex-jornalista convertido à comunicação, um quase economista (Católica) que sempre quis ser empresário e deu de caras com o Jornalismo ainda em criança por influência materna». Porém, ninguém chegou a saber se o fracasso de Martin ocorreu na realidade, se o Jornal "I" é uma espécie de fracasso em formato Continente, ou seo Continente vai passar a distribuir, como bride anexo ao atum ramirez, o novo jornal, ou ainda se a Sonae já não comunica com palavras, passando a adoptar sinais de fumo ou mesmo a agitação, de forma sincopada, de um chouriço de Seia, isto a partir de pontos elevados como o Monte da Virgem ou a Serra do Pilar.

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