A propósito do doutoramento honoris causa do engenheiro Belmiro de Azevedo: note-se de passagem o empreendorismo latente que vem já comportado no nome «Belmiro». O facto de alguém se chamar Belmiro é já uma vantagem comparativa assinalável. Sem desistirmos, queremos assinalar as declarações de Marques dos Santos da Faculdade de Engenharia. O ilustre reitor afirmou que Belmiro "É um excelente exemplo, criou riqueza, criou emprego. Se cada um olhar para aquele modelo e procurar fazer o mesmo, certamente que a riqueza no país será maior". Com efeito, continua a surpreender-me este conceito de riqueza. Se criarmos riqueza, Portugal será mais rico. Mas se a economia liberal, ou socialismo democrático - o que é a mesma coisa - possibilita um desenvolvimento comum, resta a pergunta: mas rico em relação a quê? Rico em relação a quem? Se todos ganharmos 1000, que grandeza pode ser atribuída a este 1000? Se todos ganharmos amanhã 50, não será aquele que ontem ganhava 500 mais rico do que um outro que ganhava 300 quando todos ganhavam 2000, mas infinitamente mais pobre do que um terceiro que ganha 5 quando todos passaram a ganhar 1? Para quando a constatação de a riqueza é sempre uma relação de forças? Para quando a constatação de que o valor não é da ordem da paz mas tem a sua natureza fundada na guerra?
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