domingo, 29 de junho de 2008

Ruy Belo era uma vez


Mais informações: ermida.associacao.cultural@gmail.com
Reserva de bilhetes: 914623319 ou 966267150

Em homenagem à Espanha campeã

Gabriel Alves, Mundial de Espanha, cerimonia de abertura:
" ...e agora entram as danças sevilhanas da Catalunha..."


ps 1. é última mensagem destas que aqui ponho. prometo. pelo menos até amanha de manhã.
ps 2. e agora que o Euro acabou, vamos ter que voltar a falar de coisas sérias, como do aumento do petroleo, das férias do Ronaldo ou até mesmo a recepção a tiro ao nosso PM.
Que chatice.

O espirito santo actua quer na vertical quer na horizontal

Hoje em conversa com o Alf, falámos de José Nicolau de Melo, homem importante nessa arte plástica que é o comentar de um jogo de futebol. Na final de hoje não está a Itália, mas diria que a Alemanha alinha pelo mesmo sistema vertical:

No jogo Portugal-Itália a contar para o apuramento do Mundial dos EUA, a determinada altura, o dinâmico comentador José Nicolau de Melo, profere o seguinte reparo técnico:
"...Estou em crer que os italianos estão a jogar na vertical de trás para a frente e de frente para trás..."


Alf e outros sigam por aqui e descubram verdadeiras pérolas

quinta-feira, 26 de junho de 2008

Tomem lá white stripes que é como quem festeja mais um golo

Falemos de outra coisa. Futebol por exemplo

Aqui vai mais um texto:

"Acredito que o fascínio do futebol resulta de ninguém perceber ao certo como é que a coisa funciona. Tal como na filosofia, o espanto é o ponto de partida, complementado por um irresistível desejo de encontrar para o resultado uma explicação plausível."
...
Tal como o futebol, também a economia é, por maioria de razões, um sistema dinâmico complexo. Os comportamentos dos agentes individuais propagam-se de forma imprevisível através de uma longa cadeia de interacções, produzindo resultados inesperados e súbitas mudanças ao nível agregado. A instabilidade é a regra."


Vão ler que é bonito.

Os Turcos que o digam

"O futebol é um jogo simples; 22 homens a correr atrás de uma bola durante 90 minutos, e no final a Alemanha ganha sempre" - Gary Lineker, o gentleman da bola.

ps. Ao contrário do Alf, eu gosto de futebol. E vibro com equipas como a Turquia. E como a Rússia. Fazem-me lembrar os jogos na infância, em que ninguém defendia. Naquele bocado de alcatrão com carros a passar. Era o golo pelo golo. Mesmo que se perdesse. O prémio era sempre o mesmo. Um copo de água no café da rua. Simples.

quarta-feira, 25 de junho de 2008

Com um grande charuto...

E depois de ouvir barbaridades de certas figuras do panorama político português, e que quando abrem a boca, dizem coisas que nem interessam ao Menino Jesus. Assim deixo-vos aqui uma música para descontrair depois desses momentos deprimentes.

terça-feira, 24 de junho de 2008

O comentário futebolístico como forma suprema de literatura

Como tenho dito, e reafirmado, não aprecio futebol. Contudo, aprecio frases de belo efeito. Parece que o Garret era capaz das piores porcarias menos de uma frase mal escrita. Há nisto uma espécie de genealogia estilística. Qualquer brasileiro, congolês ou cabo-verdiano, desde que envergando uma camisola de Portugal, é capaz das piores porcarias menos de um passe esbulhado da devida cornucópia ou de um centro sem a necessária revienga à rectaguarda. Daí que seja inconpreensível a forma como o alvoroço “comentarista” - estas magníficas expressões cariocas, e ainda há quem não queira acordos linguísticos - evoluíu no sentido da explicação tecnico-competitiva dos golos sofridos no jogo aéreo. Com efeito, Rui Santos - o frasco de gel ambulante do mundo com mais intuição crítica - fez desfilar diante de nós todos os possíveis argumentos expositivó-expositórios da derrota portuguesa. Quais? Não sei, porque mudei imediatamento o Canal para A Outra, esse hino ao disparate onde Tozé Martinho confirma todas as potencialidades da representação em estilo parece-que-estou-a-ler-ops-gaguejei-mas-não-faz-mal.


Salva-nos a blogosfera onde - para salvação da língua portuguesa - se tem feito alguma luz. Que é como quem diz, o único lugar onde todos já sabiam que era imperetrível uma marcação zonal das bolas altas.


«Por outro lado, se a equipa que tem como táctica a instalação de uma ventoinha de anões no seu meio campo, em cujas pás pontificam fabregas, xavis, silvas, iniestas, cazorlas e uma única pessoa com um resto de dignidade a correr-lhe nas veias (Senna), passar das meias-finais do Euro 2008, este blogue acaba também, não por causa das merdas ou por gosto da Russia (o Arshavin tem 27 anos, pelo amor de deus, é uma espécie de Zé Manel à escala global), mas porque não estou para ouvir mais o Luís de Freitas Lobo a falar do "espaço entre-linhas" e de uma certa "ideia de futebol". Em todo o caso, quero que a Alemanha esmague a Turquia (por causa do curdistão), que a Russia esventre a Espanha do País Basco às Canárias e, principalmente, que alguém limpe o sarampo ao Villa, pessoa que nem merece o esforço de uma analogia, apesar de ter uma infinidade delas aqui em carteira», A Causa foi Modificada



«Não me lembro de ver uma equipa da Alemanha festejar de forma tão efusiva uma vitória sobre a selecção portuguesa, ainda por cima nuns meros quartos de final. Aparentemente, eles acharam o desafio mais difícil do que os maníaco-depressivos que nos últimos dias sobre nós derramaram as suas análises.

A verdade é que, entre equipas fortes de nível idêntico, o resultado final depende de uma infinidade de não sei quês, que não só ninguém consegue prever a priori, como, mesmo a posteriori, é muito difícil entender plenamente. Perdemos por quase nada, do mesmo modo que, doutras vezes, ganhámos sem saber como nem porquê.

O racionalismo mecanicista aplicado ao futebol é uma fraude ou, pior ainda, uma anedota». João Pinto e Castro, in ...bl-g- -x-st-

P.S. A transcrição ipsis verbis não se deve a dificuldades com as novas tecnologias. É já o defeito profissional do academismo: a incapacidade de não usar argumentos de autoridade.

sábado, 21 de junho de 2008

The Cowboys



Prepara-se mais confronto titânico na nossa «cidade». Enquanto governam os democratas socialistas, os sociais democratas preparam-se para apresentar - esculpir, agilizar, afinar, construir - toda uma política de inovação social e retoma económica, que digo eu, toda uma política de fulgurante explosão financeira e multiplicada riqueza. Como ? O deputado Frasquilho - enquanto não explica como é possível almejar credibilidade dotado de uma barba incompreensível - dá a receita: o PSD deve distinguir-se com um «projecto estrutural de política fiscal» que inclua a descida progressiva da taxa nominal do IRC até 15 por cento, a aproximação dos impostos sobre os combustíveis às taxas cobradas em Espanha e a redução para três dos escalões do IRS. Porém, se não compreendemos a sua barba, como entender a sua política fiscal.
Frasquilho terminou a sua intervenção lançando um emocionado grito de solidariedade à líder do partido: «Dra. Manuela Ferreira Leite, pode contar comigo para ajudar a melhorar Portugal».


Como o leitor imaginará, é o registo de um western, filmado algures entre o Texas e Nevada. É o pôr do sol, os bandidos fugiram com a família de “Portugal” - Portugal é uma espécie de avô, fragilizado, que não pode já embarcar em perseguições de carabina e noites de relento - e Frasquilho, olhando o horizonte pleno de catos e cascalho, oferece o seu conhecimento sertanejo para cumprir a espinhosa missão. O “Estado”, esse bandido que assombra os maviosos ranchos das famílias e dos negociantes, cavalga com a sua matilha de burocratas, a fim de passar a fronteira a buscar auxílio junto dos perigosos índios selvagens, os «totalitários defensores do estatismo».


Entretanto, na penumbra crepuscular do acampamento, Borges e Beleza aquecem a refeição e o café, em recipiente de alúminio, confortados pela coragem do viril Frasquilho, da solene senhora Leite, e da brisa de Verão, que junto a um rio de seixos e pacíficas águas correntes, traz os ecos de épicas conquistas democráticas. Enquanto recordam douradas missões junto ao Mississipi, colonizações pioneiras em busca do desenvolvimento, a construção de um país contada aos netos, torcem pelos bravos que perseguem os ameaçadores da liberdade. Eles são homens e mulheres de coragem, eles estão ali por Portugal, eles sacrificaram a vida em busca de um sonho, eles sabem que podem contar uns com os outros.

sexta-feira, 20 de junho de 2008

Ensaio sobre o jogo aéreo

Como é sabido, não aprecio futebol. Prefiro a dança, a ópera, ao Domingo - chuva miudinha, peles e brilhantina - no S. Carlos. Vê-se dali o quarto do Fernando Pessoa. Há o sino da minha aldeia que, como todos igualmente sabem, é branca e tem gatos estendidos ao sol. Também estes gatos não gostam de futebol. Preferem o sol. Por vezes, o Fernando vem à janela abanar a cabeça…Relembra as indicações do mestre Caeiro. Maus cruzamentos, falta de objectividade, a tal ausência mística do bigode. A verdade é que não aprecio futebol. Não obstante, é óbvio que todos sabemos que no jogo aéreo, como na vida, é preciso empurrar, partir os dentes, agarrar a camisola. Ou escrever poemas e regressar a casa derrotado.

Por vezes, o Fernando vem à janela abanar a cabeça e já se vê que o problema reside na heteronímia: Beckenbauer afirmou que é nos jogos a eliminar que as selecções mostram a verdadeira cara e se vê quem tem mentalidade ganhadora. Nós (Alemanha) temos».
Ora, é evidente, é por demais evidente, que é preciso ter mentalidade ganhadora. Daí a minha preferência pela Ópera. A título de exemplo veja-se Die Zauberflöte, a obra onde Mozart (esse outro viciado no elogio da derrota) se delicia com a revolução. A dado momento, digamos que entre um centro rasgado e uma bola parada, alguém pergunta se Tamino, sendo um distinto princípe, suportaria as duras, as exigentes provas imperetrivelmente necessárias para entrar no templo dos eleitos. Sarastro responde que ele é «mais que um príncipe, é uma pessoa». Ser uma "pessoa" é inverter os princípios do jogo. É dizer: virá a morte é certo (que é como uma espécie de derrota) mas eu não entro em lances definitivos. Fico por aqui com a minha contigência. Alguém diz: tudo ou nada? E a pessoa (o Pessoa) responde: depende. De modo que vem a morte (a derrota) e nós a pensar se vamos ou ficamos. E nisto acaba o jogo. Prémio? Não há. Mas houve uma "pessoa". Sem consolação.
Traduzido: aí está outro, este Sarastro, que não tinha mentalidade ganhadora. Porque a meio dessa coisa chamada "mentalidade ganhadora" ou “espírito competitivo” ou “excelência” ou o que quer que queiram vossas excelências apreciadoras de setubalenses ressabiados, aparecem umas nuvens estranhas, uns pensamentos distorcidos, umas guinadas psiquiátricas.

Eu sei! Vão acusar-me de estar a invocar a velha táctica da vitória moral. Mas não se trata de vitória moral. Trata-se de uma área de Ópera. Com chuva miudinha e o Fernando, de cabeça baixa, na janela.

Graça a Deus (mil graças ao Santo Deus) que não gosto de futebol.

Um escuro e longo inverno

O caro leitor terá reparado que não há banda portuguesa que não faça uma perninha publicitária. Contudo, o sucesso não é necessariamente inimigo da inteligência. Não tem que ser. Nada tem que ser. Esta edição de imagem sobre a bela canção dos coldplay talvez aponte para isso mesmo. O que é a credibilidade? Ter sucesso ou regressar a casa, sob a neve, depois de mais uma derrota? Aqui fica, uma vez mais, o elogio do insucesso. Talvez seja esse o dia mais glorioso a que pode o homem aspirar.

O novo elogio da derrota

Portugal perdeu. E bem. E não digo mais.

quinta-feira, 19 de junho de 2008

Retrato de um país

Marco Paulo é fã de Cristiano Ronaldo

Tudo isto é essencial:

"Não é adepto de nenhum dos três grandes, mas Marco Paulo confessa que vibra com a Selecção e sobretudo com os golos de Cristiano Ronaldo.

É amigo de Ronalda, cantora e irmã do jogador, e ficou muito sensibilizado quando ela lhe revelou que lá em casa sempre se ouviram os discos de Marco Paulo.

O popular cantor romântico dá uma entrevista de vida à “Sábado”, hoje nas bancas. Outros temas da edição: os maiores erros das dietas, a Selecção pós-Scolari, ou as melhores desculpas para não fazer sexo.
"

Mais logo basta um assim



é a mística do bigode em acção.

Campeões da Europa

a gastar em restaurantes e cafés

Pormenor interessante: gastamos mais em cafés do que com os filhos.

Em relação ao jogo de hoje

"Schweinsteiger.

É um nome estranho.
"Steiger" não sabia o que queria dizer, mas fui ver e agora acho que já sei: é "tractor".
Já o que significa "Schwein" tira-se logo pela fronha do indivíduo. Fui confirmar. Afinal é um exagero. Tira-se, mas também não é assim tanto, pronto.

É um indivíduo estranho. Penso que poderia participar, desde que se maquilhasse, numa sequela daqueles excelentes filmes com o Bruce Willis, tipo "Assalto ao arranha-céus". Podia ser, por exemplo, o primeiro dos maus a levar com um gancho de grua nas ventas."

Mais tiradas destas no sitio do costume. O besugo é um senhor.

terça-feira, 17 de junho de 2008

Em relação ao jogo contra a Suiça

"Dificilmente se poderia pedir a Luiz Felipe Scolari uma confirmação mais eloquente da sua falta de carácter. No rescaldo de uma derrota (mesmo não contando para nada tratou-se de uma derrota), em vez de procurar justificar o que correu mal, contenta-se em insinuar que estava tudo decidido de início, e que o resultado mais não foi do que um presente de despedida para a selecção Suíça. Com a maior das ligeirezas, pôs em causa a integridade moral quer da equipa de arbitragem quer da organização do evento. É triste constatar como Scolari tão rapidamente assimilou a mentalidade lusa: quando ganhamos, é porque somos os mais fortes, quando perdemos é porque o árbitro não nos deixou ganhar (árbitro esse que, bem entendido, não passa de um testa-de-ferro de interesses escondidos, dos "grandes", desses que não perdoam que os "pequenos" portugueses andem por aí a chegar a finais de campeonatos).

Haja dó. Mau perder e falta de categoria é o que não falta em Portugal. Compreende-se mal a necessidade de importar treinadores e de lhes pagar três milhões por mês. Qualquer tuga bigodudo da divisão de honra fazia o mesmo por cem vezes menos, mais umas imperiais de vez em quando."

Retirado daqui

Outro dos problemas do mundo

É a morte:

Romania village elects dead mayor

Elegeram um homem morto porque não queriam que o rival ganhasse. É a democracia divina.

Um dos problemas do mundo

é a matemática:

O autarca recebeu 351 mil euros e depositou 1,321 milhões

A solução para muitos problemas do mundo

Isto é de facto extraordinário:

Scientists find bugs that eat waste and excrete petrol

quarta-feira, 11 de junho de 2008

Após o jogo

Posso dizer que marcou o minino Deco, o cubano da Madeira e o cigano. Mais pluralidade era dificil. Até os comemos. Até amanha.

Feliz dia da raça atrasado

e daqui a bocado ganhamos. E em homenagem à raça com golos do Bosingwa, Deco, Nani e já agora do Nuno Gomes. Com Cavaco no coração.

sábado, 7 de junho de 2008

Ginástica Sueca II


Vem isto a propósito de mais um magnífico editorial de José Manuel Fernandes. A prosa inicia com esta singela confissão. «Não há nada como passar uns dias num país nórdico, como a Suécia, para perceber que o problema português é exactamente o oposto daquele que, em nome da auto proclamada “esquerda”, se defendeu esta semana no comício do Teatro da Trindade, em Lisboa». Varias coisas. Em primeiro lugar, o recorrente argumento provinciano: eu estive na Suécia e vocês não, seus marroquinos vermelhos, por isso, caluda e oiçam quem tem a experiência da realidade. Para comentar o texto do director teríamos que ocupar várias páginas, tal é a sabujice do mesmo.

Contudo, deixo ao leitor três pérolas de Fernandes e algumas questões da minha própria lavra:
«E se tudo está organizado e limpo, isso não sucede porque prevalece a autoridade, mas porque não se imaginam irresponsabilidades que ultrapassem os excessos alcoólicos de sábado á noite».

1. Mas não era a ASAE que estava prestes a ser imolada por tudo querer limpo e desinfectado?
2. Mas não era a autoridade que iria resolver o problema do combate professores-alunos em busca dos telemóveis e do carjacking?
3. Será por não imaginarem outras irresponsabilidades que se suicidam tanto?

«E a naturalidade com que, no dia seguinte, muitos se juntam numa igreja, não longe do relvado onde muitos se estendiam, em fato de banho, para beneficiar de um raro dia de calor, para contribuírem para uma obra social».

1. Pela santa espada de Thor, de onde vem esta associação entre a igreja, o fato de banho e a obra social?
2. Porque será que os portugueses depois das noites alcoólicas de sábado não vão para uma igreja não muito longe e se precipitam para o “guincho” e a “piriquita”?
3. Será porque não têm fatos de banho apropriados às cores dos tempos litúrgicos?

«Tudo antes de, segunda-feira, se apresentarem na fábrica da Volvo de forma pontual, para trabalharem com rigor e elevada produtividade».

1. Como é que os suecos conseguem beber cerveja no sábado, ir à Igreja no Domingo, e estar às oito horas na fábrica da Volvo para trabalhar com rigor?
2. Porque será que os portugueses não trabalham com o rigor com que José Manuel Fernandes pensa?
3. Quanto tempo vamos levar a perceber que não há nada como uma sueca de fato de banho, mesmo que seja ao Domingo na Igreja, para nos fazer estar à porta da Volvo às 8h00 de segunda-feira?

Ginástica Sueca


A menina na foto é sueca e chama-se Heidi Klum. Agora que captei a atenção do leitor, passemos a algo menos vistoso.

«Globalization and Taxation: Challenges to the Swedish Welfare State» é um curto artigo de Sven Steinmo sobre a evolução do sistema fiscal sueco. Steinmo, que não tem a felicidade de pertencer à redacção do Público, acaba recentemente de publicar uma outra coletânea de estudo, Growing Apart?America and Europe in the 21st Century, Cambridge University Press 2008, onde se podem econtrar desenvolvimentos sobre a evolução dos estados capitalistas e as suas diferentes “respostas” aos problemas institucionais.

Passemos ao que interessa clarificar. Steinmo resume de forma genérica a tese corrente sobre a globalização. Esta tese, como é sabido, relaciona a concorrência com a competitividade fiscal, sendo que os países com índices tributários mais elevados veriam a sua economia sofrer perdas graves que levariam à implosão do estado social.

Ora, como devia ser claro para todos: «Not all analysts agree however». Embora, José Manuel Fernandes, Lobo Xavier - assim como os mais variados economistas que vão desfilando pela mão de Fátima Campos Ferreira - se esforcem por vestir de “interesse público” os seus interesses pessoais, convém “abrir a pestana” e dar por findado o festim.

A começar, duas heresias. Steinmo começa por lembrar: «First, Sweden is one of the most heavily taxed countries in the world». O caro leitor ainda aí está? Vou repetir para os que, distraidamente tenham saltado a linha: «First, Sweden is one of the most heavily taxed countries in the world». Primeiro, a Suécia é um dos países do mundo mais fortemente tributados.

Refere ainda outra informação surpreendente: «Swede as have long been noted for (and proud of) their commitment to a broadly redistributive welfare state».

Se o leitor permaneceu fixado ao ecrã e teima em acompanhar-me ficará a saber como Steinmo faz depois a síntese do modelo sueco no pós-guerra. A tradução livre é minha. «O compromisso no pós-guerra pode ser representado como uma acordo entre o trabalho, o capital e o governo social-democrata onde não só o capital seria permitdo, enquanto os socialistas estivessem no poder, como esses mesmos socialistas e os seus sindicatos aliados promoveriam estratégias salariais e políticas fiscais que explicitamente favorecessem “corporate capital” ». [Até aqui tudo bem. Agora vem a heresia]. «O outro lado deste acordo corporativo implicava que sindicatos alargados “and a big state” seria tolerado, o emprego seria assegurado e quando a mudança económica fosse necessária, “the individual worker and his family would be fully compensated for economic costs of structural transformation”». Seriam introduzidas políticas específicas favorecendo os sindicatos assim como um larga variedade «public insurance, education, and welfare programs were established and expanded ».
Concluindo. A responsabilidade subentende a transversalidade social e uma economia em desenvolvimento a partir da satisfação das pessoas. Boa negociação, bom compromisso. Os suecos não se levantam para trabalhar porque são parvos. Levantam-se para trabalhar porque esperam algo, vislumbram objectivos, sentem capacidade de intervir no real.
Iniciativa aos negócios mas com a devida redistribuição. Sem hieraquia de prioridades. Como devia ser claro, as coisas vão a par. Não colhe a tese de que é necessário liberalizar para depois colher. A liberdade é um conceito que implica responsabilidade. Mas uma responsabilidade que tanto implica com o rendimento mínimo como com a massa salarial desproporcionada do sistema bancário, para referir um exemplo óbvio. Responsabilidade não só de quem produz o trabalho mas também de quem regula o trabalho, de quem tem de assegurar que o trabalho servirá para enriquecer todos, mesmo os que trabalham menos ou aqueles que não chegam numa primeira geração à exceleência e à competitividade. Não vale a pena, como faz recorrentemente Rui Ramos, opôr responsabilidade individual a paternalismo colectivo: como é evidente são duas faces da mesma moeda.
Na Suécia dos anos 40-70 houve uma considerável injecção de educação pública, segurança social, liberalismo económico e de alta tributação: os conceitos que em Portugal nasceram mortos. Antes de o ser, já não o eram.

sexta-feira, 6 de junho de 2008

Futorologia futebolistica VII

Portugal ganha. Vai ser difícil. Mas ganha.

A fechar a semana

Depois de uma semana ocupada no trabalho com noites a lembrar outros tempos. Chega o fim de semana comprido. Para os resistentes que nos visitam procurem antes uma janela aberta. Ou uma porta. E apanhemos sol e ar fresco. Bom fim de semana.

Escrito na pedra por Ruy Belo

"A morte é a verdade e a verdade é a morte"

terça-feira, 3 de junho de 2008

Venha participar no Concurso "Quem é mais parecido com Salazar?"

A credibilidade rejubilou durante o fim de semana. Quando tudo parecia encaminhar-se para uma mortífera deriva populista eis que os portugueses do maior partido da oposição (até quando, não sabemos) decidiram inflectir e mergulhar na sobriedade dos grandes momentos.

A solendidade justifica-se plenamente. Houve abraços emocionados a comentadores políticos e dirigentes desportivos. Contudo, esta é das nossas e por isso tem credibilidade. Houve fugas a Londres para felicitar nascimentos de bebés. Porém, esta é das nossas e por isso tem credibilidade. Houve debates tão esvaziados de conteúdos como qualquer saco de hipermercado. No entanto, esta é das nossas e por isso tem credibilidade.

Apesar da nossa impante confiança na economia de mercado (por arrasto de uma coisa indefinida a que chamam o primado da liberdade – mas não para todos, claro, que isso é populismo) as estruturas históricas, essas ondas obscuras tão vilipendiadas pelos historiadores liberais, teimam em vir rebentar nesta praia atlântica.

Tivemos Salazar (a sobriedade, o dever, o sacríficio em prol da nação, o professor recolhido na solidão da sua missão inadiável, a CREDIBILIDADE). Desde então mais não temos feito que peregrinar, dolorosamente, digo eu, em busca do super-salazar, agora em modelo democrático e americanizado. Desde então a história da democracia tem mostrado como a inversão sinistra dos conceitos se transforma em curiosas apropriações do discurso. Grande parte dos que agora clamam a todo o momento por liberdade (de ensino, de comércio, de despedimento) são os mesmos, ou pertencem à família política dos mesmo que durante muitos anos não se preocuparam com a liberdade. Nem na sua forma mais elementar: a de poder falar em público, fundamento primeiro da dignidade do homem. Na década de 60, enquanto alguns (para não falar desses horrendos comunistas) sacrificavam a vida pessoal pelo prazer da vida cívica, outros sacrificavam a vida cívica, em prementes carreiras universitárias acompanhados pelo remanso tranquilo da prazenteira vida pessoal.

A política é sempre o prazer de erguer a voz na cidade, de pensar em conjunto a resolução das perguntas que só serão colocadas no próprio exercício da política.

Sem políticos não há polis, não há cidade. Na vida pública portuguesa pensamos como quem chega à ruralidade do silêncio, onde tudo é missão, recolhimento, credibilidade, sacríficio, cristos das lágrimas, nossas senhoras dolorosas das sete espadas, sagrados corações do défice resolvido, miraculosas dores espirituais das liberdades fiscais, martirizadas águas bentas da livre escolha em aprender.

Claro que no primeiro momento de efectiva possibilidade de mudança, a social-democracia trasnforma-se no desmantelamento do Serviço Nacional de Saúde e do Ensino Estatal, essas duas perigosas ameaças à liberdade.

Mas esta candidata é das nossas e por isso tem credibilidade.

segunda-feira, 2 de junho de 2008

Pão e circo


Ontem assisti ao momento mais alto da televisão portuguesa. 4 canais (contando com a SIC noticias) mostravam esta imagem. Antes um avião parado numa pista à espera de levantar. E o jornalista sem nada para dizer. Esta espera não é muito normal dizia. De facto. Porque não há nada para dizer. Até à exaustão. Antes já tínhamos assistido a outro momento alto, em que Simão escolhia um aperitivo, entre um sumo de laranja (havia de maça também, dizem-nos).
É tudo um país parado à espera de algo melhor. Ao menos que algo lhes dê alegria. Estive a semana passada no Coliseu em Roma. Pão e Circo. Os Romanos é que sabiam. Há 2 mil anos. Nos dias de hoje apenas ganhou asas.