A credibilidade rejubilou durante o fim de semana. Quando tudo parecia encaminhar-se para uma mortífera deriva populista eis que os portugueses do maior partido da oposição (até quando, não sabemos) decidiram inflectir e mergulhar na sobriedade dos grandes momentos.
A solendidade justifica-se plenamente. Houve abraços emocionados a comentadores políticos e dirigentes desportivos. Contudo, esta é das nossas e por isso tem credibilidade. Houve fugas a Londres para felicitar nascimentos de bebés. Porém, esta é das nossas e por isso tem credibilidade. Houve debates tão esvaziados de conteúdos como qualquer saco de hipermercado. No entanto, esta é das nossas e por isso tem credibilidade.
Apesar da nossa impante confiança na economia de mercado (por arrasto de uma coisa indefinida a que chamam o primado da liberdade – mas não para todos, claro, que isso é populismo) as estruturas históricas, essas ondas obscuras tão vilipendiadas pelos historiadores liberais, teimam em vir rebentar nesta praia atlântica.
Tivemos Salazar (a sobriedade, o dever, o sacríficio em prol da nação, o professor recolhido na solidão da sua missão inadiável, a CREDIBILIDADE). Desde então mais não temos feito que peregrinar, dolorosamente, digo eu, em busca do super-salazar, agora em modelo democrático e americanizado. Desde então a história da democracia tem mostrado como a inversão sinistra dos conceitos se transforma em curiosas apropriações do discurso. Grande parte dos que agora clamam a todo o momento por liberdade (de ensino, de comércio, de despedimento) são os mesmos, ou pertencem à família política dos mesmo que durante muitos anos não se preocuparam com a liberdade. Nem na sua forma mais elementar: a de poder falar em público, fundamento primeiro da dignidade do homem. Na década de 60, enquanto alguns (para não falar desses horrendos comunistas) sacrificavam a vida pessoal pelo prazer da vida cívica, outros sacrificavam a vida cívica, em prementes carreiras universitárias acompanhados pelo remanso tranquilo da prazenteira vida pessoal.
A política é sempre o prazer de erguer a voz na cidade, de pensar em conjunto a resolução das perguntas que só serão colocadas no próprio exercício da política.
Sem políticos não há polis, não há cidade. Na vida pública portuguesa pensamos como quem chega à ruralidade do silêncio, onde tudo é missão, recolhimento, credibilidade, sacríficio, cristos das lágrimas, nossas senhoras dolorosas das sete espadas, sagrados corações do défice resolvido, miraculosas dores espirituais das liberdades fiscais, martirizadas águas bentas da livre escolha em aprender.
Claro que no primeiro momento de efectiva possibilidade de mudança, a social-democracia trasnforma-se no desmantelamento do Serviço Nacional de Saúde e do Ensino Estatal, essas duas perigosas ameaças à liberdade.
Mas esta candidata é das nossas e por isso tem credibilidade.
A solendidade justifica-se plenamente. Houve abraços emocionados a comentadores políticos e dirigentes desportivos. Contudo, esta é das nossas e por isso tem credibilidade. Houve fugas a Londres para felicitar nascimentos de bebés. Porém, esta é das nossas e por isso tem credibilidade. Houve debates tão esvaziados de conteúdos como qualquer saco de hipermercado. No entanto, esta é das nossas e por isso tem credibilidade.
Apesar da nossa impante confiança na economia de mercado (por arrasto de uma coisa indefinida a que chamam o primado da liberdade – mas não para todos, claro, que isso é populismo) as estruturas históricas, essas ondas obscuras tão vilipendiadas pelos historiadores liberais, teimam em vir rebentar nesta praia atlântica.
Tivemos Salazar (a sobriedade, o dever, o sacríficio em prol da nação, o professor recolhido na solidão da sua missão inadiável, a CREDIBILIDADE). Desde então mais não temos feito que peregrinar, dolorosamente, digo eu, em busca do super-salazar, agora em modelo democrático e americanizado. Desde então a história da democracia tem mostrado como a inversão sinistra dos conceitos se transforma em curiosas apropriações do discurso. Grande parte dos que agora clamam a todo o momento por liberdade (de ensino, de comércio, de despedimento) são os mesmos, ou pertencem à família política dos mesmo que durante muitos anos não se preocuparam com a liberdade. Nem na sua forma mais elementar: a de poder falar em público, fundamento primeiro da dignidade do homem. Na década de 60, enquanto alguns (para não falar desses horrendos comunistas) sacrificavam a vida pessoal pelo prazer da vida cívica, outros sacrificavam a vida cívica, em prementes carreiras universitárias acompanhados pelo remanso tranquilo da prazenteira vida pessoal.
A política é sempre o prazer de erguer a voz na cidade, de pensar em conjunto a resolução das perguntas que só serão colocadas no próprio exercício da política.
Sem políticos não há polis, não há cidade. Na vida pública portuguesa pensamos como quem chega à ruralidade do silêncio, onde tudo é missão, recolhimento, credibilidade, sacríficio, cristos das lágrimas, nossas senhoras dolorosas das sete espadas, sagrados corações do défice resolvido, miraculosas dores espirituais das liberdades fiscais, martirizadas águas bentas da livre escolha em aprender.
Claro que no primeiro momento de efectiva possibilidade de mudança, a social-democracia trasnforma-se no desmantelamento do Serviço Nacional de Saúde e do Ensino Estatal, essas duas perigosas ameaças à liberdade.
Mas esta candidata é das nossas e por isso tem credibilidade.
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