quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

O conflito das interpretações IV

Vejamos mais um exemplo sem contaminações hermenêuticas onde se torna clara a confusão intelectual daquele que dizem ser um dos maiores intelectuais. Numa recente comunicação aos professores universitários europeu afirmou Beto XVI que “se não conhecermos Deus em e com Cristo, toda a realidade se tornará um enigma indecifrável”. Continua no mesma tonalidade: “a ciência jamais pode limitar-se meramente ao saber intelectual; pois ela inclui também uma renovada capacidade de observar as coisas de uma maneira livre de preconceitos e de superstições, e de permitir que fiquemos “admirados” com a realidade, cuja verdade pode ser descoberta mediante a união entre a compreensão e o amor. Somente Deus dotado de um rosto humano, que se revelou em Jesus Cristo, pode impedir que ponhamos limite à realidade (…)” Termina com a “salvaguarda materna de Maria, Sede da Sabedoria”. Discurso do papa bento XVI aos participante no 1º encontro europeu de professores universitários 23 de Junho de 2007


Se restam dúvidas, o discurso da Universiade de Roma que não chegou a ser acrescentava que a "mensagem cristã, segundo suas origens, tem que ser sempre um empurrão rumo à verdade e uma força contra a pressão do poder e dos interesses'.” Ora o próprio Bento XVI representa um interesse e um poder fortíssimos. Logo, apenas me parecem válidas uma de duas conclusões: ou é intelectualmente inconsistente (uma vez que a defesa da mensagem cristã deve ser uma força contra pressão do poder, sendo que um Papa é, portanto, a suprema contradição, como bem viu Nietzsche no Anticristo, lendo bem que o sacerdote era o tipo social mais violentamente atacado pela vida pública de Jesus) ou é um poder intrusivo procurando lutar dentro da universidade por uma apologética da verdade irrefutável. Nos dois casos os universitários de Roma terão sempre razão na sua vontade de reclamar o direito de decidir sobre quem fala na sua Universidade.

Sem comentários: