Esta semana o país leu com entusiasmo mais um clarividente editorial do Director do Público. Ainda que não tenhamos sido brindados com mais uma original “defenestração” da educação pública, pudemos, em ofício de consciência, vilipendiar a revolução e o comunismo, esses dois monstros da história que teimam em agitar as suas mil cabeças, qual hidra virtual a que nenhum justo liberal consegue decepar a cabeça.
Com imagens de belo efeito, o Director Fernandes invocou o exemplo de Robespierre, esse provinciano grotesco, responsável por guilhotinar meio mundo, enquanto o outro meio mundo corria, inedefeso, para se albergar debaixo das protectoras asas da pátria da liberdade – a bela inglaterra, sempre pronta para a glorificação da paz e da justiça.
Com imagens de belo efeito, o Director Fernandes invocou o exemplo de Robespierre, esse provinciano grotesco, responsável por guilhotinar meio mundo, enquanto o outro meio mundo corria, inedefeso, para se albergar debaixo das protectoras asas da pátria da liberdade – a bela inglaterra, sempre pronta para a glorificação da paz e da justiça.
O Director Fernandes zurziu depois com a sua pena justiceira na ignorância dos que, noventa anos depois da revolução russa de 1917, nada aprenderam com esse triste espectáculo de neve, sangue e texos herméticos escritos numa língua esquisita.
Tudo isto devia ser rememorado et in secula seculorum em devida e útil lição de história, multiplicada com ofertas (+ 4, 55 eur) generalizadas por diários credíveis e honrosos que pudessem proteger-nos contra o flagelo do idealismo e da provínciana utopia. Robespierre era um lunático e um patife que nem um saco de batatas conseguiu vender ao seu vizinho de baixo.
Se ao menos se tivesse lembrado de fazer uma multinacional de eficazes guilhotinas a utilizar pelos governos do mundo inteiro (na limpeza dos pouquíssimos e indesejáveis comunistas e revolucionários), possibilitando a milhares de imigrantes o sonho benfazejo de trabalhar no ocidente, disfrutando das maravilhas dos seus contentores, potenciando o desenvolvimento das democracias africanas com matérias primas impecavelmente negociadas em troca de sacos de farinha e a globalização de mini-calendários com estampa dos direitos humanos em inglês, teria salvo a sua honra, limpo o seu ascoroso hálito de provinciano, enfim, importado felicidade e conforto ao seu povo, actos sempre dignos de louvor e aplauso eterno.
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