É importante perceber porque esta cagada é efectivamente uma cagada.
Porque todo o texto tem um sabor a reportagem antropológica sobre uma tribo perdida na Amazónia, feita enquanto a autora matava tempo até abrirem as lojas do Sablon e da Avenue Louise. É uma falta de respeito por quem lá vive.
Porque é uma caricatura de um bairro e como tal, apoia-se em esterótipos e preconceitos. É tão idiota caracterizar Molenbeek como um viveiro de terroristas, como é dizer que aquilo é tudo gente de bem. Para criticar certo tipo de esteótipos, a Fernanda Câncio limita-se a utilizar outra classe de estereótipos.
No 40 miutos que estive na Bourse, com um custo monetário de 2.30€ em estacionamento, fui entrevistado pela CNN para a América Latina, estiveram estes marmanjos a gritar e a fazer confusão, nas escadarias da Bourse discursava um senhor, presumo que, paquistanês, ao meu lado estava uma tuga a cortar na casaca de uma colega de trabalho e atrás estava um negro a beijar o BI belga enquanto uma criança loirinha desenhava a giz corações no alcatrão. Para além da minha presença na Bourse e os 2.30 € por 40 minutos de estacionamento, que mais poderemos dizer sobre estes 2400 segundos que não sejam absolutas banalidades sociológicas ? Não será antes preferível o reconhecimento da nossa ignorância, seguido por um esforço continuado em atenuar a dita ?
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